Tenho tido tantas experiências com meu
Deus que é até difícil começar...
Conheci Jesus com oito anos de idade
através de minha tia Madalena que me levava para a sua igreja nos dias de
festividade. Esta foi a primeira vez que “aceitei à Cristo”. Com dezesseis anos
eu já era catequista, dava aula para quem ia se casar e tinha que fazer a
primeira comunhão e a crisma.
Um ano depois, ao estudar as sagradas
escrituras me deparei com um texto de Isaías onde Deus dizia que iria destruir
todos os altares com imagens, e que não deveria ser feito nenhum tipo de
imagem, nem no céu, nem na terra e nem debaixo das águas. Fiquei apavorada...
Procurei o padre Daniel e ele me disse
que eu tinha descoberto a verdade e que deveria seguir o meu caminho. Perguntei
porque ele não dizia a verdade para a sua congregação, ele me respondeu: -
“Porque serei linchado. Fui preparado para falar sobre isto”. Nós abrimos a
Bíblia e lemos o texto de João8:32, onde o Senhor Jesus disse: “Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará”. Ele olhou pra mim e disse: - “Você
está livre!”
Fiquei muito triste por descobrir que
vivi anos em uma mentira e preocupada com o que eu ia dizer a minha família.
(Passado os anos, o padre Daniel também largou a batina, se casou, converteu-se
e hoje é pastor em uma igreja evangélica)
Fui então para a igreja de uma de
minhas tias em São José dos Campos. Ali os costumes eram muito rígidos e
praticamente tudo era considerado pecado. Com dezessete anos eu fui batizada
com o Espirito Santo, um grande presente de Deus pra mim e logo depois conheci
meu esposo Evandro. Como ele não era da igreja, meu pastor me disse que eu não
o poderia namorar, e caso quisesse insistir no namoro, teria que escolher entre
meu namorado e a igreja. Bom, eu escolhi o Evandro e me afastei da igreja...
Fiquei quatro longos anos afastada
quando voltei para a igreja já estava casada e com dois filhos pequenos (a
Jaqueline tinha três anos e o Jonatas, um aninho). Nesta época eu estava no
fundo do poço, morando no fundo da casa de minha mãe, o Evandro trabalhava na
lavoura colhendo laranja, ele bebia demais todos os dias, e gastava boa parte
do salário no bar. Tentei me suicidar 2 vezes, mas ouvi uma voz que dizia que
me amava e que tinha um plano na minha vida, que tudo ia mudar e que era pra eu
olhar meus filhos e ver o quanto eles dependiam de mim.
Nesta mesma época eu comecei a ver
e a falar com “espíritos mortos” e foi aí que busquei ajuda na igreja mais
próxima da minha casa, a Quadrangular. Mergulhei de cabeça nos estudos e na
obra de Deus, decidida a não ser enganada outra vez. Sofri muito preconceito
por estar sempre sem meu marido e apenas com meus filhos, poucos falavam comigo
ou me cumprimentavam e para piorar, de vez em quando, o Evandro aparecia lá
bêbado brigando comigo pra eu ir embora.
Entrei na campanha das Primícias e
escrevi uma carta para Deus dizendo:
“Senhor eu não tenho dinheiro, arruma pra mim nem
que seja um mês de trabalho... Eu quero ver meus pais e meu marido na tua
presença, junto comigo na sua casa... O meu desejo é poder dizer que eu e
minha casa servimos ao Senhor... Prepara um novo trabalho para o meu marido...
Ele ganha R$ 350,00 e eu quero que ele ganhe R$ 700,00... Eu sei que é muito,
mas para o Senhor não é... Eu quero provar para a minha família que o Senhor é
o Deus verdadeiro... O Deus dos impossível...”
Eu morava num cômodo bem apertadinho e
sonhava com uma casa grande. Só depois de quatro anos conseguimos construir uma
cozinha, mas passado uma semana da minha conversa com Deus, passou um velhinho
na minha rua procurando uma empregada. Trabalhei para ele exatamente um mês, e
então ele me dispensou. Nem pude reclamar, Deus tinha me dado exatamente o que
pedi... Um mês. Peguei o salário mínimo de R$ 120,00; coloquei num envelope e
levei para a igreja. Ao chegar em casa meu marido pediu o dinheiro para ver o
que se poderia pagar com ele. Contei que tinha dado tudo pra Deus e ele, é
claro, ficou furioso, chamou o meu pai e os dois brigaram muito comigo. Ouvi
palavras duras, me chamaram de louca e disseram que iriam me internar. Chorei
muito, mas disse a eles que um dia eles seriam loucos como eu.
Exatamente um ano e três meses depois, lá estava a minha família se
batizando. O Evandro com um salário de R$ 1000,00 e eu morando em uma casa
grande.
Muitas coisas aconteceram em nossa vida
desde então, porém 2012 é um ano que jamais esquecerei. Janeiro, Ano Novo e meu
sogro na UTI. Ele teve um primeiro infarto e outros se seguiram. No dia 5 de
fevereiro passamos o dia todo com ele no hospital e eu também comecei a sentir
muitas dores por causa de pedras nos rins. Fiquei ali tomando soro com minha
mãe me fazendo companhia e meu esposo fazendo companhia ao meu sogro. Acabei
ficando vinte e cinco dias de cama e hospital. Tomei mais de vinte injeções,
sempre cedo e a tarde. Na segunda feira de carnaval, o Evandro chegou da EETAD
e eu estava passando muito mal, tendo um começo de infarto. Perdi os movimentos
do meu corpo, conseguia ouvir mas não podia falar. Me lavaram para a Santa Casa
já nos aparelhos.
Dentro da ambulância eu ouvia hinos e
comecei a cantar – “Não desanimes, Deus provera... Deus cuidara de ti”
... Foi lindo, mas o Evandro ficou muito preocupado e o enfermeiro dizia que
era por causa da febre. Passados os dias eu disse ao meu marido que já estava
boa e que não queria mais ficar no hospital, pois Jesus havia me curado. Um
domingo antes foi ceia em nossa igreja e o Pr. Wilson Gomes orou para que eu
fosse curada e pediu a toda igreja para crer e concordarem com aquela determinação. Ao
mesmo tempo eu vi um anjo do Senhor ao lado da minha cama e ele me disse que
iria operar-me assim que meu marido me trouxesse a ceia. O Evandro chegou,
trouxe o pão e o vinho para mim, eu ceei, cri e fui curada... Fiz os exames e
fui pra casa. O inimigo veio para matar, roubar e destruir... Mas Jesus veio para
dar vida eterna.
No dia vinte e cinco de fevereiro eu já
estava bem melhor e fui para a igreja. O dia estava chuvoso e na esquina eu
cai. Minha filha Jaiane tentou me ajudar e acabou caindo por cima de mim.
Ficamos ensopadas, mas não fomos embora. Cheguei na igreja toda
encharcada (lembra irmã Edna Avile?) e o pregador era o Pr. Maximiliano
Machado, ele chamou a mim e a meu esposo Evandro e nos disse que a luta tinha
sido grande, que tinham sido muitas provações, mas que ainda não tinha
terminado, haveria mais, só que o Senhor estaria ao nosso lado e que não
deveríamos temer.
Isto foi no sábado, e já na quinta
feira o meu esposo, que é caminhoneiro, foi sequestrado e passou muito tempo em
poder dos criminosos. No domingo seguinte, meu sogro teve mais um
infarto e passamos o dia com ele, oramos juntos e entregamos sua vida na mão do
Senhor, já que na segunda feira ele iria para São Paulo passar por uma
cirurgia. Foi a última vez que falamos com ele, pois no dia trinta de março,
nosso Senhor o recolheu. O Evandro estava em Porto Alegre e veio de avião para
ver o pai pela última vez. Foi o pior dia de sua vida, ainda mais do que as
quinze horas em que ele esteve em poder dos bandidos sem saber o que iria
acontecer, apenas certo que Deus estava com ele. Só que agora havia uma certeza
muito triste: ele nunca mais veria seu pai.
Passados apenas vinte dias chegou a
data marcada para o tão aguardado casamento da minha filha mais velha, só que
na família não havia clima para festa. Estava tudo preparado, mas a Jaqueline
queria adiar a data. Ela não tinha culpa de nada, as coisas simplesmente
aconteceram, e continuariam a acontecer, independentemente do que fizéssemos. E
apesar de tudo, seu casamento foi muito lindo e Jesus operou grandes maravilhas
na sua festa.
Logo, 2013 foi um ano de recomeços e
reestruturação, com novos desafios e novas oportunidades, e ainda naquele ano,
fui presenteada com um netinho. Um ano de muitas vitórias, que nos revigorou
para enfrentar com confiança 2014.
O que posso dizer para concluir meu
relato?
Deus é bom e sua misericórdia dura para
sempre!
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