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terça-feira, 29 de julho de 2014

Testemunho: Um Novo Rumo (Cátia Caldeira)





A Paz do Senhor irmãos. Meu nome é Cátia de Souza Caldeira Moreira, e eu nasci em São Caetano do Sul –SP. Minha história começa numa infância simples, na qual eu crescia ao lado de meus pais e dos meus dois irmãos. Mas em um dia de páscoa, no ano de 1989, aconteceu uma tragédia que mudou completamente nossas vidas.

Naquele dia, meu pai e meu irmãozinho, de apenas nove anos resolveram aproveitar o feriado para pescar com alguns de nossos familiares, e no final do passeio, ignorando o perigo do lugar, meu irmãozinho resolveu entrar na água para nadar. Ele então foi pego por um redemoinho, e começa a se afogar. Ao ouvir os gritos desesperados de um dos meus primos, meu pai mergulha para salvar meu irmão, só que a força da água é tão grande, que naquele momento trágico, os dois perdem a vida. Minha família literalmente se dilacera... Minha mãe se acaba em tristeza, meu irmão mergulha no mundo das drogas; e eu fico completamente sem rumo, pois era muito apegada com meu pai.

Sem muitos recursos, tivemos que ir morar em um quartinho na casa da minha vó, ali, eu e minha mãe nos isolamos num cantinho, onde amedrontadas, dormíamos juntas. Minha mãe vivia desesperada, sem saber o que fazer da vida, pois além da dolorosa perca de um filho e do marido, agora se via as voltas com um drogado violento dentro de casa, que em suas crises, quebrava as poucas coisas que tínhamos. Eu sofria muito por achar que minha mãe não me amava, e preferia meu irmão; afinal, nunca recebi um abraço dela, e não tenho lembranças de ouvi-la me chamando de filha, mas hoje entendo que a criação que ela teve e as perdas que enfrentou, a transformaram em uma mulher amargurada. Aos trancos e barrancos nossa vida foi seguindo, até que num dia de 1998, minha mãe passou muito mal, e neste dia pela primeira vez, eu a ouvi me chamando de filha, porém nem fazia ideia que seria a primeira e única vez. Eu a levei ao médico, que após examina-la, nos mandou de volta para casa. A noite chegou e minha mãe ainda sentia fortes dores na região do coração. Lembro que estava muito quente, e mesmo assim, ela tremia de frio. Como era fumante, me pediu um cigarro, e eu a lembrei das palavras do médico que a proibira de fumar. Minha mãe virou-se para mim e me disse que aquele seria o último. E foi...

Ela era sempre a primeira a se levantar, mas na manhã seguinte, eu a vi dormindo de um jeito diferente, e quando fui acordá-la, ela não respondeu. Coloquei a mão sobre sua pele, e ela estava gelada... Minha mãe faleceu durante aquela noite e lembro de ouvir uma das minhas tias me dizendo que se eu não tivesse dormido, ela ainda estaria viva.  

Ali começava minha verdadeira angústia, onde eu sem rumo e sem saber o que fazer, já não conseguia ficar naquele quartinho. Conheci uma mulher que precisava de alguém para morar na casa dela e cuidar de seus filhos. Morei ali por cinco anos, tendo folgas apenas a cada quinze dias. As tias dessa senhora frequentavam a igreja, e muitas vezes, por não ter para onde ir, passava o final de semana na casa delas. Passei a ir na igreja com elas, e confesso que aceitei Jesus umas três vezes, sem nunca entender o que isso significava, e assim continuava fumando e bebendo Nesta minha dolorosa jornada, eu sofri muito, tanto que lendo a Bíblia, me identifico com a história de Jó, pelo fato desta patriarca ter perdido tudo o que tinha, e também com José, que viveu uma vida de muitas humilhações.

Embora eu estivesse sem um rumo na vida, sei que Deus sempre esteve atento aos meus passos. A família da minha mãe era evangélica, e exceto pelos meus pais, todos ali serviam a Deus, e creio que meus avós sempre oravam por mim. Quando quis voltar para a casa de minha avó, fui muito humilhada por uma tia que tinha alugado o quartinho em que eu morava antes. Ela me dizia que nada dali era meu, pois a minha mãe não havia deixado nenhum papel assinado que me desse algum direito. Assim, fiquei de casa em casa, num sofrimento que não tinha fim.  Resolvi então ir para Mogi Guaçu, pois minha tia Nancy naquela cidade. Passei a morar com ela, que era evangélica e frequentava a Assembleia de Deus do Jardim Novo I. Eu até ia na igreja com minhas primas Simone e Raquel, mas ainda saia para bagunçar, beber e fumar, e foi aí que Deus enviou um vaso para falar comigo. Jamais me esquecerei do dia que a irmã Marli chegou até mim, e contou detalhes de minha vida que somente eu sabia. Confesso que fiquei um pouco confusa, mas tomei a decisão de ir para a igreja de forma definitiva.

Então Deus começou a trabalhar em minha vida. Em três comecei a sentir vontade de me batizar, mas ainda fumava. Entretanto, na exata época do batismo, Deus me libertou completamente do vício do cigarro, e também fui batizada com o Espírito Santo. Pensei comigo que minha tristeza tinha acabado, mas ali, no lar onde morava, comecei a ser humilhada também, e mais uma vez, acabei muito machucada. Fui morar na casa de uma irmã da igreja, mas também não me sentia bem ali. Sou muito grata a Deus, pois neste tempo, ele colocou a família Reis no meu caminho. Fui morar na casa do saudoso Pr. Geraldo José dos Reis, e ali a irmã Maria me tratava como uma verdadeira filha, me ajudando em tudo que eu precisava. Infelizmente, mas uma vez me envolvi em uma briga e novamente acabei sendo desprezada, e mergulhei numa tristeza que só me fazia chorar, até mesmo quando eu estava indo para igreja, pois sabia que mesmo ali, eu seria humilhada.

Foi aí que eu realmente clamei ao Senhor com meu coração quebrantado e desabafei: Senhor eu não aguento mais, me arruma um cantinho que seja meu, para que eu possa ficar em paz.

Deus, lá dos altos céus ouviu esse clamor e me deu condições de pagar meu próprio aluguel. Era difícil, passava por provas, as lutas eram intensas, mas Deus sempre estava lá segurando em minha mão e me dando forças para prosseguir, e pude experimentar em minha vida as palavras de Jesus: “No mundo tereis aflições, mas eu venci e vocês vencerão também”. Assim, dia após dia, o Senhor ia cuidando de mim...

Me concedeu o meu cantinho, me deu condições de pagar o meu aluguel, me vestia e me dava o que comer. Deus também começou a me honrar na igreja, e passei a liderar o departamento de jovens da minha congregação. Senti então que estava na hora de casar, e com este desejo no meu coração, iniciei uma campanha na congregação do Ype Pinheiros, e “passei” para o Senhor, a discrição da pessoa que eu queria, e o primeiro item da minha lista era que fosse um servo do Senhor, mas um detalhe era crucial: tinha que ser um “negrão”!

Os irmãos davam risada, e diziam que de tanto pedir um negrão, eu ia me casar com um branquelo que nem poderia sair no sol, por que senão ficaria vermelho. Mas eu dizia a todos que Deus era fiel, e que ele ia me mandar o negrão dos meus sonhos. E como é bom esperar no Senhor, pois ele sempre tem o melhor para a gente, e mais uma vez Deus ouviu meu clamor, e ele me enviou o Ev. Carlos Alberto, um negrão risonho lindo e abençoado, temente ao Senhor, servo de Deus, que gosta de fazer a obra, que cuida de mim com todo carinho e que me ama de verdade. Deus nos uniu e nosso casamento foi moldado na presença do Senhor.

Não vou dizer que não temos luta ou que estamos imunes a provas e tribulações, porque temos enfrentado muitas delas. A diferença é que hoje eu sei que não estamos sozinhos e Jesus faz parte da nossa vida. Estou passando por um momento pessoal muito delicado, e não sei o que vai acontecer no amanhã... Mas sei que até aqui Deus nunca me desamparou e tenho certeza que jamais me desamparará, e que se este sonho que ainda não realizei estiver nos planos do Senhor, certamente em breve eu vou cantar o canto das vitórias...

Pode sim ser impossível para o homem, mas o meu Deus é o Deus do impossível e ele cuida daqueles que são seus.  Agradeço a Deus por ter dado um novo e maravilhoso rumo para minha vida. Glorifico e louvo ao seu nome, pois só ele é digno de todo louvor.

Glórias à Deus por tudo... Amém!

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