Autor Miqueias Daniel Gomes |
Em
sua oração sacerdotal (João 17), a grande preocupação de Jesus era o futuro de
seus discípulos, pois naquele instante, havia uma névoa densa e escura sobre as
próximas semanas daqueles homens. Como eles reagiriam a ausência de seu grande
mentor?
Ao
longo de três intensos anos, eles andaram com Cristo. Dormiram sobre o mesmo
teto, comeram da mesma porção, caminharam os mesmos caminhos, conheceram as
mesmas pessoas, frequentaram as mesmas festas... Olhavam para os olhos do
próprio Mestre enquanto bebiam da fonte de seu inesgotável saber. Viram os
lírios se vestirem com tal elegância que excedia aos reis. Contemplaram as aves
se refestelando em seu banquete matinal. A visão de cada um se voltou para a
cidade edificada sobre a rocha e sentiram seus olhos doeram com a ideia da
lasca de uma madeira enterrada ali. Descobriram que a felicidade está nas
pequenas coisas, que ser é muito mais importante que ter. Quantos preconceitos
tiveram que vencer para jantar junto aos pecadores. Aprenderam que o zelo é primordial,
mas que o amor e a misericórdia suplantam as convenções e são as bases que
sustentam a fé. Cada ensinamento, cada palavra de vida eterna chegou primeiro
aos seus ouvidos, receberam afago e carinho. Desfrutaram da beleza que há na
correção feita em amor e da doçura existente numa severidade empática. Homens
privilegiados com um chamado exclusivo e pessoal, testemunhas oculares de cada
milagre, participantes de cada página da mais bela história já registrada.
Tinham motivos de sobra para crer, mas por um instante duvidaram, pois
aparentemente seu Mestre tinha ido embora numa viagem sem retorno e agora eles
estavam sozinhos, a mercê da própria sorte. O caminho fora interditado, a
verdade tinha sido sepultada e a vida estava morta.
O
sepulcro frio e escuro só conteve Jesus por três dias. Um Cristo vivo e
radiante aparece a Maria Madalena e ordena: -
Vá e diga aos outros que eu ressuscitei! Mas chegando ao túmulo aqueles
homens nada veem além de um lugar vazio... Tão vazio quanto seus lúgubres
corações.
Um
grupo desfalcado se reúne as portas fechadas, onde embora “juntos” sentem-se em
total solidão. Medo, frustração e decepção são os sentimentos que imperam entre
eles, mas de repente, sem avisos prévios o Mestre se faz presente – A minha Paz vos dou! Que momento de felicidade... Jesus estava de
volta... Diferente, é verdade, mas ainda assim o mesmo Messias amável e benigno
que conheciam tão bem. Outra vez Jesus os visita, quando todos, sem exceção,
estão reunidos, mas então, como alguém que já não se importa mais, Jesus parece
ter se afastado de vez. Embora fossem eles os escolhidos, ainda não estavam
preparados. Criam, mas não confiavam. Foram devidamente instruídos, mas não
estavam capacitados. Aqueles eram homens especiais, escolhidos pelo próprio
Cristo, pois havia dentro de cada um potencial para pavimentar a estrada do
evangelho que se estenderia pela posteridade, mas sem alguém para pegá-los
pelas mãos e conduzi-los constantemente, com certeza, iriam errar o caminho.
Bastaram
poucos dias sem uma manifestação corpórea do Jesus ressuscitado para que seus
discípulos perdessem o foco prioritário de sua missão espiritual, tirassem da
aposentadoria suas redes e se lançassem ao mar para uma boa noite de
pescaria. É comum ao homem que se sente
longe de Deus seguir seus próprios instintos, confiar em suas habilidades
naturais e tomar decisões por conta própria. Assim sendo, Pedro, Tomé,
Natanael, Tiago, André, João e outro discípulo não identificado, decidem que é
hora de voltar aos velhos hábitos, retornar as origens e se dedicarem a uma
atividade mais prática, num mundo que eles conheciam muito bem. Ali na
imensidão azul se sentiam grandes, importantes, senhores da situação, líderes
de suas próprias vidas, e afinal de contas, pra que se preocupar em pescar homens
se existem tantos peixes disponíveis no mar?
É
claro que nestas circunstâncias os resultados não seriam os melhores, e apesar
dos seus muitos esforços, nenhum peixe se apanhou. Ao romper do dia, quando
retornavam frustrados e decepcionados (pois até o mar os abandonara), avistaram
junto à praia alguém que os perguntou se a pescaria tinha sido produtiva:- Quem dera... A noite foi difícil meu
amigo. Na verdade nem um único peixe conseguimos apanhar – Respondeu Pedro.
- Por que vocês não jogam as redes novamente?
Mas desta vez joguem para o lado direito do barco, e com certeza os peixes
estarão lá – Orientou a homem que estava na praia.
Sem
nada a perder, os discípulos jogam as redes e milagrosamente os peixes começam
aparecer às dezenas. Corações acelerados com uma grata sensação de “já vi isto antes”. João é o primeiro a
entender o que está acontecendo e avisa aos demais: - É ele... É Jesus! Pedro se lança nas águas e em largas
braçadas chega à praia antes mesmo do barco.
Ali
o Mestre os aguarda com pão e peixe assado. Como era seu costume, Jesus
alimenta corpo e alma ao mesmo tempo, e enquanto come com eles, os encoraja a
serem fortes e perseverantes, pois um novo tempo está para começar. Era chegada
a hora dos alunos assumirem o lugar do professor, de discípulos se tornarem
apóstolos. São estes homens os responsáveis por transmitirem a mensagem do
Evangelho ao mundo. São eles que constroem (sobre a pedra que é Cristo), os
pilares que sustentaram o cristianismo ao longo dos séculos. Daquele círculo de
patriarcas são emitidas as cartas que até os dias de hoje norteiam a fé cristã.
Com o AMÉM em Apocalipse, a revelação foi concluída. Quando João, o último
apóstolo vivo, finalmente descansou em Éfeso, no ano 103, o Ministério
Apostólico se findou e a autoridade que residia nos Apóstolos passou a residir na Palavra
Escrita, que pela igreja foi herdada. Sendo que agora, nenhum homem pode se impor, querendo exercer uma autoridade acima da PALAVRA DE DEUS. Não existem mais
“revelações” a serem feitas, nem “diretrizes” a serem ensinadas, senão aquelas
que já estão registradas no Livro Santo - A Bíblia.
Logo,
todo cristão que se preze deve ser um assíduo leitor da Bíblia. Não são os
líderes eclesiásticos que definem a verdade e nem escolhem o que é santo ou
pecaminoso. Estes são precedentes exclusivos da Palavra de Deus, que aponta o
caminho ao céu e os atalhos que devem ser evitados, pois conduzem ao inferno. Tudo que é relevante está ali... Como já dito pelo pré
reformador John Huss a mais de quinhentos anos atrás: - A nenhum cristão pode se impor alguma coisa além das Escrituras.
Que a Bíblia seja nossa única regra de fé, e nosso parâmetro para todo é qualquer ensinamento recebido. Os homens erram, mentem e omitem, mas a Bíblia revela a verdade absoluta. Viveremos sim dias nebulosos, de incertezas e questionamentos. Mas nunca dias sem respostas. Pois em meio a escuridão dos sentimentos humanos surge a luz resplandecente do Evangelho. Hoje Jesus não está presente de forma corpórea, mas a sua PALAVRA o releva tão perfeitamente, como foi conhecido em loco pelos próprios discípulos.
Que a Bíblia seja nossa única regra de fé, e nosso parâmetro para todo é qualquer ensinamento recebido. Os homens erram, mentem e omitem, mas a Bíblia revela a verdade absoluta. Viveremos sim dias nebulosos, de incertezas e questionamentos. Mas nunca dias sem respostas. Pois em meio a escuridão dos sentimentos humanos surge a luz resplandecente do Evangelho. Hoje Jesus não está presente de forma corpórea, mas a sua PALAVRA o releva tão perfeitamente, como foi conhecido em loco pelos próprios discípulos.
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