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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O que a Bíblia diz sobre a Quaresma?

De acordo com a tradição de alguns ramos do cristianismo, a QUARESMA é um período de quarenta dias que corresponde ao tempo decorrente entre a Quarta Feira de Cinzas (que em teoria visa uma reflexão sobre a mortalidade humana) até a Páscoa, data em que o cristianismo celebra a ressurreição de Jesus. Está pratica foi estabelecida ainda no século IV, sendo que em sua origem, deveriam ser guardados 46 dias, onde os cristãos deveriam dedicar-se a um período de jejum, oração, moderação, abstinência da carne e auto negação. Até mesmo as vestimentas eclesiásticas deveriam ter outra cor no período (roxo), afim de expressar o contristamento provocado por este resguardo espiritual. Durante a Quaresma, os participantes comem com moderação ou abrem mão de um determinado alimento e/ou hábito. Não é incomum que pessoas deixem de fumar durante o período, ou façam promessas de desligar a televisão, parar de comer doces ou deixar de mentir. Em tese, seriam seis semanas de auto-disciplina e aproximação com Deus pela penitencia.

A Quaresma supostamente baseia-se no jejum de 40 dias feito por Jesus depois de seu batismo,  e começou como uma forma de cristãos católicos (e algumas ramificações do protestantismo) se lembrarem do valor do arrependimento, sendo que as ações do período deveriam se  assemelhar com as atitudes de pessoas no Antigo Testamento que  jejuavam e se arrependiam em sacos e cinzas. Contudo, através dos séculos, valores muito mais “sacramentais” foram se desenvolvendo. Muitos cristãos acreditam que deixar de fazer algo na Quaresma seja uma maneira de ganhar a bênção de Deus. Entretanto, a Bíblia ensina que a graça não pode ser alcançada por nossos esforços, pois ela é “o dom da justiça” (Romanos 5:17).
 
Biblicamente falando, não existe nenhum versículo que incentive esta prática ou nos de qualquer instrução acerca da Quaresma. É preciso também,  ter o conhecimento que ao se isolar no deserto, Jesus estava se preparando ministerialmente, e não estabelecendo uma tradição ritualística. Além disso, Jesus ensinou que o jejum deve ser feito de forma discreta, e não usado como uma “bandeira” publicitária: “E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mateus 6:16-18).
 
Em resumo, a guarda da Quaresma não é uma ordenança Bíblia, mas as práticas atreladas a ela são. O jejum realizado com sabedoria é benéfico, oração é necessidade em nossa vida diária, abnegação e sacríficos de louvor são inerentes a caminhada cristã, e obviamente Deus se agrada quando nos arrependemos de hábitos pecaminosos. Não há absolutamente nada de errado em tirar um tempo para se meditar na morte e ressurreição de Jesus,  no entanto, arrepender-se do pecado é algo que devemos fazer todos os dias do ano, e não apenas durante os dias da Quaresma.
 
O cristão deve portanto “estender” sua Quaresma para os 365 dias do ano, dedicando sua vida a piedade, a justiça, ao arrependimento e a comunhão irrestrita com Deus. Tudo isto de forma voluntária e sincera, sem a necessidade de dias previamente determinados ou ritos estabelecidos por um clero. 
 
 
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