De acordo
com a tradição de alguns ramos do cristianismo, a QUARESMA é um período de
quarenta dias que corresponde ao tempo decorrente entre a Quarta Feira de
Cinzas (que em teoria visa uma reflexão sobre a mortalidade humana) até a
Páscoa, data em que o cristianismo celebra a ressurreição de Jesus. Está
pratica foi estabelecida ainda no século IV, sendo que em sua origem, deveriam
ser guardados 46 dias, onde os cristãos deveriam dedicar-se a um período de
jejum, oração, moderação, abstinência da carne e auto negação. Até mesmo as
vestimentas eclesiásticas deveriam ter outra cor no período (roxo), afim de
expressar o contristamento provocado por este resguardo espiritual. Durante a Quaresma,
os participantes comem com moderação ou abrem mão de um determinado alimento e/ou
hábito. Não é incomum que pessoas deixem de fumar durante o período, ou façam
promessas de desligar a televisão, parar de comer doces ou deixar de mentir. Em
tese, seriam seis semanas de auto-disciplina e aproximação com Deus pela
penitencia.
A
Quaresma supostamente baseia-se no jejum de 40 dias feito por Jesus depois de
seu batismo, e começou como uma forma de
cristãos católicos (e algumas ramificações do protestantismo) se lembrarem do
valor do arrependimento, sendo que as ações do período deveriam se assemelhar com as atitudes de pessoas no
Antigo Testamento que jejuavam e se
arrependiam em sacos e cinzas. Contudo,
através dos séculos, valores muito mais “sacramentais” foram se desenvolvendo.
Muitos cristãos acreditam que deixar de fazer algo na Quaresma seja uma maneira
de ganhar a bênção de Deus. Entretanto, a Bíblia ensina que a graça não pode
ser alcançada por nossos esforços, pois ela é “o dom da justiça” (Romanos
5:17).
Biblicamente
falando, não existe nenhum versículo que incentive esta prática ou nos de
qualquer instrução acerca da Quaresma. É preciso também, ter o conhecimento que ao se isolar no
deserto, Jesus estava se preparando ministerialmente, e não estabelecendo uma
tradição ritualística. Além disso, Jesus ensinou que o jejum deve ser feito de
forma discreta, e não usado como uma “bandeira” publicitária: “E, quando jejuardes, não vos mostreis
contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos
homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não
pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mateus 6:16-18).
Em
resumo, a guarda da Quaresma não é uma ordenança Bíblia, mas as práticas
atreladas a ela são. O jejum realizado com sabedoria é benéfico, oração é necessidade
em nossa vida diária, abnegação e sacríficos de louvor são inerentes a caminhada
cristã, e obviamente Deus se agrada quando nos arrependemos de hábitos
pecaminosos. Não há absolutamente nada de errado em tirar um tempo para se meditar
na morte e ressurreição de Jesus, no
entanto, arrepender-se do pecado é algo que devemos fazer todos os dias do ano,
e não apenas durante os dias da Quaresma.
O cristão
deve portanto “estender” sua Quaresma para os 365 dias do ano, dedicando sua
vida a piedade, a justiça, ao arrependimento e a comunhão irrestrita com Deus.
Tudo isto de forma voluntária e sincera, sem a necessidade de dias previamente
determinados ou ritos estabelecidos por um clero.
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