A maioria de
nós não lida bem com rejeição, especialmente naqueles momentos em que estamos
mais vulneráveis. Todos nós passamos por isso, seja na família, entre amigos, quando
não temos a atenção que necessitamos, ou mesmo em consequência de estarmos
vivendo a vida cristã. A palavra rejeição conota a ideia de ser descartado; desprezado, renegado por quem
deveria nos valorizar, como se não tivessemos nenhum mérito. É como ouvir
alguém falar: "Eu não quero você...
você não tem valor; você não serve pra ser meu amigo! Você não é certo”... O
que acontece para uma pessoa nessa situação é muito triste, afinal, Deus não nos criou para sermos rejeitados. Ele
nos criou para sermos aceitos, amados e apreciados.
Muitas pessoas de todas as partes do mundo sofrem a dor da rejeição. E um
segmento surpreendentemente grande da sociedade e da “igreja” têm experimentado
vez ou outra esse sofrimento, tornando a rejeição
em uma das feridas emocionais mais comuns. A sensação de ser rejeitado
assemelha-se a ser jogado na lata do lixo da vida, é algo que machuca e deixa
marcas que perseguem o indivíduo ao longo dos anos, condenando-o a um estado
permanente de medo, tristeza e isolamento (Gênesis 3.9-10).
O sentimento
de rejeição pode ter origens em diversas situações: convivência familiar,
escola, amizades, trabalho e relação amorosa; existindo muitas causas que podem disparar este sentimento: abuso
(incluindo abuso físico, verbal, sexual e emocional), conflitos no lar, adoção,
abandono, infidelidade no casamento, divórcio, rejeição de colegas, etc. Todas
estas situações são dramáticas e desencadeam muitas conseqüências
desagradáveis. Basicamente, a
rejeição nasce em situações de decepção (especialmente com pessoas valiosas
para nós) nas quais nos sentimos desvalorizados, injustiçados, como se não se
importassem com nossos sentimentos nem reconhecessem nossos esforços. Enfim, a raiz do sentimento de
rejeição está na frustração de nossas expectativas sobre os outros.
Muitas pessoas
sofrem com sentimento de rejeição originados durante a infância, por situações
como, por exemplo, o favoritismo (real ou imaginário) de um dos pais ou dos
dois, por um filho, em detrimento de outro. Se exacerbado, esses sentimentos
podem causar insegurança e carência afetiva e ainda podem ser reforçados ao
longo do desenvolvimento do sujeito (Gênesis 37.3). Assim, os sentimentos de
rejeição acompanham a pessoa em seus relacionamentos interpessoais, ela sente
dificuldade em sentir-se amada, aceita e valorizada. É importante ressaltar que
o ponto crucial para a origem do sentimento de rejeição é a “interpretação” que
a pessoa faz de estar sendo rejeitada (exemplo do irmão mais velho do filho
pródigo – Lucas 15:19)) e não necessariamente, ela estar realmente sendo
preterida (exemplo dos filhos de Jacó – Genesis 37:3)). Não se pode pensar que
somos rejeitados por todas as pessoas, isso não é verdade, pois existem aqueles
que se agrada de nós da maneira que somos. É claro que cada pessoa
reage de forma distinta e peculiar aos elementos que constituíram sua história
(Juízes 11.1-6). A rejeição possui múltiplas faces e a
pessoa que se sente rejeitada, por exemplo, pode canalizar o sentimento em duas
direções distintas: uma interna e outra externa.
Rejeição internalizada: Embora nem toda pessoa tímida ou introvertida
tenha histórico de rejeição, há pessoas que internalizam o sentimento de
rejeição e de não aceitação, gerando diversos outros sentimentos, como culpa e
baixa autoestima. Outras consequências possíveis são timidez, complexo de
inferioridade e dificuldade de se expressar ou expor sua opinião, gerando
sofrimento para a pessoa (Jó 32.6).
Rejeição externalizada: Entretanto, o sentimento de rejeição também pode
ser externalizado. Nesse caso, a pessoa canaliza agressividade para fora, como
um mecanismo de defesa. Isto é, para defender-se da carência afetiva causada
pela rejeição, a pessoa adota comportamento agressivo e arredio, justamente
como estratégia para não mostrar sua fragilidade. Muitos são os exemplos de
pessoas agressivas, soberbas, maledicentes ou aproveitadoras que, na realidade,
encontraram nessas atitudes que humilham, agridem ou tiram vantagem do outro
uma forma de lidar com seus próprios sentimentos de rejeição.
Pensar que
ninguém gosta da gente é estratégia do inimigo querendo nos afastar da comunhão
e nos deixar isolado. É verdade que ninguém consegue agradar a todos, mas
importante é saber que temos disponível
o que verdadeiramente precisamos: o amor de Jesus Cristo. De fato, sua opinião
a nosso respeito é o que realmente conta e nos conforta. Procedimentos de práticas e ações
desagradáveis na tentativa de “superar o sentimento de rejeição” não irá
solucionar o problema, ao contrário, agravará mais ainda a situação. O que
realmente precisamos é nos achegar a Deus, que "está perto dos que sofrem
e salva os de espírito abatido" (Salmo 34:18). O sofrimento pode ser bom
quando nos faz pedir a ajuda de Deus, e o nosso coração recebe a cura que Ele
quer promover em nossas vidas.
Em alguns
casos, o sentimento de rejeição pode se tornar uma arma perigosa, visto que o
indivíduo, por se achar rejeitado, pode entrar em disputa contra aquele que ele
pensa que o rejeitou. No entanto, nem sempre a disputa é maldosa: ao se colocar
em disputa com alguém, o indivíduo pode não estar querendo, conscientemente,
prejudicar alguma pessoa, mas sim apresentando um sintoma de sentimento de
rejeição, tentando ser notado a qualquer preço. Assim, o sujeito acaba por
ferir sentimentos de algumas pessoas que estão à sua volta e que são
prejudicadas por seus atos (Lucas 15:28-31). A oração e a
leitura da Palavra de Deus são o caminho para superar todos os sentimentos que causa
males na vida de alguém, devemos abrir o coração e deixar Deus trabalhar em
nossa vida e moldar nossos sentimentos e atitudes, somente assim, a pessoa é
liberta e torna-se equilibrada.
Inevitavelmente, somos frequentemente rejeitados em diversos momentos e por
diversas pessoas, ao menos que façamos tudo perfeitamente. Como nenhum de nós
tem a habilidade de ser perfeito, somos feridos e precisamos lidar com a
rejeição. O sentimento
de rejeição pode ser provocado por diversos motivos, dos quais muitos, sequer
foram citados aqui. Contudo nenhum deles é suficiente para vencer o poder de
Deus na vida do servo fiel, que tem certeza das promessas de Jesus. Graças a Deus, temos também a certeza que Jesus nos ama, e por Ele, jamais
seremos rejeitados (João 6:37). Embora possamos ter experimentado a rejeição
por outros e mesmo que ainda hoje as pessoas possam rejeitar-nos ocasionalmente,
o poder da rejeição não consegue mais operar em nós ! A rejeição
pode estar aí, mas não irá nos afetar, pois cremos apenas no que Deus diz e em
nada mais.
Através do
profeta Isaías, o Senhor nos dá a certeza de que nunca se esquecerá do seu
povo. O profeta usa a figura da mãe para exemplificar a profundidade do amor de
Deus em relação aos que são seus (Isaías 49:15). Jamais seremos esquecidos ou
desamparados. Assim, não há razão para nos sentirmos rejeitados. O caminho para
a cura está em crermos que Deus se importa conosco, apesar das nossas
imperfeições, Ele nos ama profundamente. Antes de sermos concebidos no ventre
materno, fomos gerados no coração de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário