Quando Ninrode
arquitetou o projeto mais audacioso da história da humanidade, ao tentar
construir uma torre que alcançasse os céus, e assim, se tornasse um refúgio
seguro caso um novo dilúvio fosse enviado sobre a terra, todos os homens de sua
geração prontamente atenderam ao chamado.
Apesar da complexidade daquela
empreitada, a obra prosperou vertiginosamente, pois todos estavam “unidos” e
“falavam uma só língua”.
Os construtores desenvolveram técnicas especiais para
queimar os tijolos afim de lhe dar maior resistência, e utilizavam o piche como
liga entre eles, dando condições para que as imensas fileiras de tijolos se
sustentassem uma sobre as outras. O campo de trabalho era próspero e o povo
esforçado, tanto que o próprio Deus decidiu visitar o “canteiro de obras”.
O relato de Gênesis
11:6 expressa a admiração do Criador pela organização dos construtores, sendo
que o próprio Deus testifica que se assim continuassem, em breve, não haveria
limites para o que os homens pudessem fazer. Exatamente por isso, uma reunião é
convocada nos céus, afim de avaliar o portentoso empreendimento, e uma questão
importante é trazida para a pauta central. Tudo está indo muito bem, a
obra prospera, o povo é unido e se comunica com perfeição, “mas a motivação”
esta deturpada. A intenção de Ninrode com a construção da gigantesca torre era
“ajuntar os homens em um único lugar” e “engrandecer o seu próprio nome”. Os
homens se esqueceram completamente do nome de “Deus” e agora almejavam
perpetrar seus próprios nomes na história. Ao intentar “reunir” os homens em
uma única cidade, Ninrode contrariava a ordem divina de multiplicar e “encher”
a Terra (Gênesis 1:28). O povo trabalhava corretamente, mas a “MOTIVAÇÃO”
estava errada. Assim, conhecendo a força de uma motivação enraizada profundamente
no coração humano, Deus decide intervir, e confunde a língua dos homens, e sem
poder se comunicar entre si, os construtores não tiveram outra opção a não ser
interromper a construção, e cada família se viu obrigada a migrar para regiões
diferentes da terra.
Infelizmente, muitos
homens têm construído verdadeiros “impérios”, fazendo uso indevido da Palavra
de Deus. Interpretam a Bíblia ao bel prazer, aplicando textos isolados como
regras de fé para justificar seus engôdos doutrinários. Muitos homens têm se colocado
acima do próprio Cristo, com muitas denominações tendo como seu estandarte um
líder religioso e não mais o Salvador Ressurreto. Obras megalomaníacas ofuscam
a simplicidade do Evangelho. Rituais abolidos pelo próprio Cristo são trazidos
de volta com intenções puramente comerciais. A fé do povo tem sido tratada como
moeda de troca e milagres são barganhados por bens materiais. Homens amantes de
si mesmo, que por puro hedonismo e interesse pessoal são verdadeiros
“profissionais” da fé, e com isso, pastores se tornam animadores de plateias e
levitas são elevados a status de ídolos. Obviamente, quando isto acontece, a
Bíblia é posta no centro de um cabo de guerra de intenções escusas. Nestes
casos, a motivação está claramente deturpada, sendo lapidada pelos mesmos
falsos profetas que Jesus nos alertou que estariam em nosso meio (Mateus 24:11).
Se tem uma lição que
Babel nos ensinou, é que quando as motivações estão deturpadas, a obra pode até
prosperar, mas um dia, essa ostentação se transformará em ruína. O orgulho
humano precede a queda e a avareza é um anuncio antecipado da miséria. Que
possamos voltar ao Evangelho puro e simples que Jesus nos ensinou, onde o amor
é o maior mandamento e corações limpos são cartões de visita para o trono de
Deus. Onde os valores são medidos pela voluntariedade e não por cifras
monetárias. Onde o que somos testifica do Evangelho e não apenas o que temos.
Um Evangelho onde Cristo seja o centro e homens sejam apenas servos. Um
Evangelho onde a Bíblia seja amada, lida e meditada com fervor e paixão, e não
garimpada descompromissadamente, apenas em busca de argumentos que justifiquem
as motivações libidinosas de homens que se comprometem apenas com o próprio
ego.
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