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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

EBD - Lições de uma vida pródiga



Texto Áureo
Isaías 60:1
Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti.

Verdade Aplicada
Não é difícil perceber a fraqueza daqueles que nos rodeiam; difícil é não ter a capacidade de enxergar a fraqueza que existe em nós mesmos.

Textos de Referência
Lucas 15:26-30

E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.
Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.


As parábolas de Jesus

Durante todo o seu ministério, Jesus utilizou dezenas de parábolas para ilustrar alguns de seus mais memoráveis sermões. Podemos definir a parábola como uma história terrena com significado espiritual, sendo uma ferramenta pedagógica muito utilizada pelos mestres judaicos. Usando elementos culturais, personagens fortes muito bem contextualizados e cenários comuns aos ouvintes, as parábolas eram de fácil memorização e possuíam grande praticidade educacional. Como grande parte da sociedade de seu tempo não estava preparada para assimilar o Reino dos Céus, Jesus se fez valer de diversas histórias repletas de analogias gráficas que traziam em seu bojo verdades espirituais de valor inestimáveis. Quando Jesus contou a famosa parábola da semente e dos tipos de solos (Mateus 13:3-8), nem mesmo os seus discípulos conseguiram assimilar o ensinamento intrínseco, sendo necessária uma explicação particular. Aqueles homens, então, decidiram questionar o seu mestre sobre o método de ensinamento escolhido, falando por metáforas ao invés de palavras literais. Então, Jesus revelou a seus discípulos que somente para eles seria dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas não aos escribas e fariseus, pois se tratando de coisas espirituais, a quem já tivesse seria dado, e este teria em grande quantidade, mas quem não nada possuia, até o que tivesse lhe será tirado:  Por essa razão eu lhes falo por parábolas: ‘Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem’. Neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria’. Mas, felizes são os olhos de vocês, porque vêem; e os ouvidos de vocês, porque ouvem” (Mateus 13:10-17).

Jesus, deste ponto em diante no seu ministério, sempre ensinava o sentido das parábolas apenas aos seus discípulos. Entretanto, aqueles que continuamente rejeitavam a sua mensagem foram deixados em sua cegueira espiritual se perguntando a respeito do que Jesus queria dizer. Ele fez uma distinção clara entre aqueles que tinham sido dados "ouvidos para ouvir" e aqueles que persistiam em descrença – sempre ouvindo, mas nunca realmente entendendo e "sempre aprendendo, mas não conseguindo nunca de chegar ao conhecimento da verdade" (II Timóteo 3:7). Em suma, Jesus falava em parábolas para que apenas aqueles que almejassem enxergar riquezas espirituais pudessem ser impactados e transformados pelo poder da mensagem. Os discípulos desenvolveram este discernimento espiritual pelo qual as coisas do Espírito ficavam-lhes claras. Porque aceitavam a verdade de Jesus, eles receberam mais da verdade. Ouvidos incautos entendiam aquelas histórias contadas por Cristo apenas como fábulas com boa retorica do locutor, porém, quem se proponha a enxergar nas entrelinhas, encontrava um profundo oceano de maravilhosas revelações celestiais. Através das parábolas, Jesus filtrava seus ouvintes, descartando gente perniciosa e reduzindo sua audiência a um público mais qualificado, desejoso para ouvir a voz de Deus. Para aqueles com uma verdadeira fome de Deus, a parábola é um veículo tanto eficaz quanto memorável para a transmissão das verdades divinas.

Uma das mais conhecidas parábolas de Jesus é sobre um pai e seus dois filhos. Eles formavam uma família feliz que vivia em plena harmonia, até que o mais novo deles decide abandonar o lar para conhecer o mundo. Com o coração pesaroso, o velho homem entrega ao seu caçula, a parte da herança que lhe era de direito, e vê, com lágrimas nos olhos, seu filho afastar-se rumo a uma vida de sonhos coloridos e enganosos. Enquanto o moço vivia inconsequentemente, gastando todos os bens que herdou; o pai mantinha plantão constante no portão da casa, com os olhos fixos na estrada, certo que um dia o seu filho iria voltar. Com o passar do tempo, o dinheiro acabou, e o pródigo se viu sozinho no mundo, desamparado e sentindo muita fome. Quando chegou ao fundo do poço, decidiu voltar para casa e pedir ao pai que o contratasse com um empregado, e com este pensamento, começou a trilhar o caminho de volta. Quando ainda estava longe de casa, o pai, que ainda aguardava no portão, o avistou e correu ao seu encontro, abraçando e beijando carinhosamente o filho. Ele ordenou a seus criados que dessem um banho no moço, cortassem seu cabelo e aparassem sua barba. Deu a ele roupas limpas, sapatos novos e pôs em seu dedo o anel da família. Então, o pai convocou uma festa para comemorar aquele esperado reencontro.... Seu filho estava perdido, mas foi achado. Estava morto e reviveu.


 “Teu filho”, e não “meu irmão”

A figura do irmão mais velho e bastante incomodado com a festa é uma representação dos fariseus. Eles acreditavam que eram perfeitos e preferiam antes a destruição de um pecador do que a sua salvação. A parábola do filho pródigo nos fala mais do amor de um pai que do pecado de um filho. Ela tem por base o perdão de Deus, que é estendido a todo aquele que se arrepende de coração. Nesta lição, nos deteremos apenas nas ações do irmão mais velho, que ficou indignado ao saber que seu pai havia matado o bezerro cevado e preparado uma festa para seu irmão pródigo (Lucas 15:13). Segundo o doutor teólogo Kenneth E. Bailey, na Palestina, pedir herança ao pai vivo era afrontá-lo. Significava o mesmo que desejar sua morte. Outra grave afronta é que, pedindo parte da herança, o pai deveria vender uma parte da fazenda, porque, segundo os costumes da época, os funcionários ali residiam. Fica evidente que o pródigo recebera tudo o que lhe cabia, não tendo mais direito a nada em termos de herança. É por esse motivo que, ao “cair em si”, ele pensa em voltar como um dos jornaleiros de seu pai. O escravo comum era em certo sentido um membro da família, mas o jornaleiro podia ser despedido no dia. Não era absolutamente alguém da família (Lucas 15:19). O pai do filho pródigo não lhe deu oportunidade de formular seu pedido, antes disso, ele o interrompeu. A túnica simboliza a honra; o anel a autoridade, porque se um homem dava a outro o anel com seu selo era como se o designasse seu procurador; os sapatos diferenciam o filho do escravo, uma vez que os filhos da família andavam calçados e os escravos não. Sendo assim, realizou-se uma festa para que todos se alegrassem com a chegada do filho que se havia perdido.

Em momento algum são citados os danos, os prejuízos ou o desequilíbrio moral do filho mais novo (Lucas 15:20-24). O pai não lança em seu rosto os seus desvarios e, mesmo tendo ele falhado e causado tantos danos à família, o pai o aguardava, acreditava em sua restauração, o que demonstra um amor ilimitado por um filho que, na interpretação de muitos, de nada era merecedor. Assim como o pai agiu com esse filho, Deus também age conosco. É a misericórdia, a graça, o dom imerecido de Deus que recai sobre todos os seres viventes. Assim como Deus age, temos também que agir. Não precisamos buscar respostas, precisamos apenas obedecer. Essa é a vontade de Deus (Efésios 2:8-9). Deus, na figura do Pai tem paciência com seus filhos pecadores. O pai descrito na parábola é muito paciente com o absurdo que o filho mais novo fez. Ele não estava preocupado com os bens materiais que se perderam, mas com o crescimento do filho. Esse pai soube esperar o filho crescer e se arrepender de seus pecados. A paciência de Deus visa dar tempo para cairmos em si e nos arrependermos dos nossos erros. Deus sempre nos recebe de braços abertos quando somos humildes e nos arrependermos. Quando o pai vê a volta de seu filho arrependido, manda preparar uma festa (Lucas 15:32).

Ao chegar do campo e ver a música e as danças, o irmão mais velho ficou indignado. Sentiu-se injustiçado e não acreditou que o pai fosse capaz de receber a seu pródigo irmão com uma festa (Lucas 15:25-28). Ele não conhecia o poder do perdão. Em vez de se alegrar-se, ficou enciumado, desprezando não somente a festa, mas a alegria de seu pai. Sua mágoa era por causa do bezerro cevado. Era porque nunca teve uma festa. Porém, ele nunca saiu do aprisco, nunca viveu os pesadelos e as desventuras de seu irmão. Nunca perdeu tudo e mendigou, nunca foi escarnecido por seus erros, nunca se expôs ao ridículo, nem esteve do outro lado. É por isso que ele nunca teve uma festa de reconciliação. O pai saiu de casa duas vezes. Primeiro, ele saiu para receber um filho perdido e fazê-lo entrar em casa. Na segunda vez, ele saiu para atender um filho problemático que não queria entrar. Esse filho deveria estar ausente da casa há muito tempo porque uma festa não acontece da noite para o dia. Geralmente, os maiores causadores de problemas sempre estão fora da agenda da casa. Infelizmente, pessoas como esse filho preferem conviver com a indignação do que entrar na casa (Lucas 15:28-29).


A Graça e a Misericórdia

Deus é misericordioso e se manifesta em multiforme graça. Embora tenham significados que até se confundam pela paridade dos conceitos, Graça e Misericórdia são coisas bem distintas. Para um entendimento mais pragmático, podemos dizer que a “misericórdia” impede Deus de nos castigar e a “graça” o leva o nos abençoar. Aqui é preciso lembrar que todos os homens pecaram e foram destituídos da glória de Deus (Romanos 3:23). A Bíblia é categórica ao afirmar que o salário do pecado é a morte (Ezequiel 18:4 / Romanos 6:23), logo, todo homem está sob a égide desta terrível dívida, caminhando a passos largos para uma sepultura eternal. A morte do pecador não passa por nenhum tipo de autoritarismo divino, e nada mais é, do que a execução da justiça em sua forma mais pura e terna. Por nossas escolhas e práticas pecaminosas conscientes, merecemos sim morrer, inda que a vontade de Deus vá exatamente na direção oposta (João 13:16). A misericórdia do Senhor surge como um facho de luz em meio as trevas, uma segunda chance de vida no exato momento que a mão da morte toca nosso pescoço. Por seu amor, Deus escolhe suspender temporariamente a sentença que pesa contra o homem, NÃO lhe dando o castigo do qual é merecedor. O profeta Jeremias louva ao Deus de Israel por este gesto de benevolência quando diz que as misericórdias do Senhor são as causas de não sermos consumidos, pois mesmo que não tenham fim, se renovam todos os dias (Lamentações 3:22). Já o salmista Davi, consciente das consequências de seus pecados, recorre ao único tribunal que pode modificar a sentença lavrada ainda no Jardim do Éden: - Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor, por tua grande compaixão, apaga as minhas transgressões, lava-me de toda a culpa e purifica-me do meu pecado (Salmo 51:1-2). Só a misericórdia de Deus tem a autonomia para suspender o julgamento que nos é devido, e conceder ao culpado um perdão que ele não faz por merecer.

Já a “graça”, nada mais é do que um favor imerecido, um presente pelo qual não esperamos, uma “promoção” que não tencionávamos receber. Deus não nos deve absolutamente nada e não está obrigado a nos conceder qualquer tipo de favor. Mesmo assim, além de nos livrar da sentença merecida, o Senhor passa a conceder a seus servos bens e favores que não mereciam receber. Alguém disse certa vez, que se Deus decidisse que a partir de hoje não nos concederia uma única benção, fechando para sempre as janelas dos céus sobre nossa vida, ainda assim, teríamos que agradece-lo uma toda eternidade por tudo que já nos fez. Mas a graça do Senhor é tão intensa e abundante, que ele continua vertendo mananciais de nossos ventres.

O filho pródigo entendeu o conceito da misericórdia e a abraçou. Em seu julgamento prévio, ele havia determinado que o máximo de benevolência que merecia ter era o posto de um trabalhador esporádico na fazenda para a qual um dia deu as costas. Mas a misericórdia do pai anulou o resultado deste julgamento, não concedendo a ele o posto merecido, mas sim restituindo-lhe a condição de filho, mesmo que aparentemente não houvesse justiça praticada ali. A beleza da misericórdia é exatamente a leitura que ela faz da própria justiça, já que é o credor quem acaba pagando a própria conta, e logo, a dívida deixa de existir. O pródigo não questionou a atitude do pai, ele apenas a aceitou de bom grado, consciente que o mérito não estava nele (detentor de uma vida pregressa e pueril), mas sim no amor incondicional de seu pai. Quem se deixa ser abraçado pela misericórdia, passa a desfrutar da graça. Ao não nos dar o que era merecido, Deus substitui o “presente funesto” por outros muito mais agradáveis e que sequer poderíamos ousar sonhar. O filho que voltou para casa recebeu sua posição de volta, foi ornado com jóias e celebrado com festas. Ele desfrutou de cada momento com grande alegria, pois compreendeu que a “graça” impõem uma condição: ser aceita sem questionamentos.


A má interpretação da graça divina

Quando soube da festa que seu pai havia promovido, o irmão mais velho ficou tão indignado que assentou em seu coração não fazer parte da festa. Seu pai muito insistiu para que fizesse parte daquele momento tão especial, mas ele, por não compreender o valor daquele momento, apresentou ao pai suas críticas. Ele rejeitou o banquete porque carnalmente não entendia o motivo da festa. Ignorou o arrependimento do irmão e a bondade do pai. A única coisa que ele visualizou foi um cabrito (I Coríntios 2:12-14). Era, na verdade, uma pessoa rica, coberta por uma pobreza de espírito. Enquanto o pai sacrificou o bezerro cevado, o filho brigava por um cabrito! É triste ser rico sem saber. Enquanto ele discutia por um cabrito, seu pai dizia: “Todas as minhas coisas são tuas” (Lucas 15:31 / Apocalipse 3:17). O que o pai está dizendo é que o filho, mesmo vivendo com ele, jamais reconheceu o potencial que possuía. Pessoas que brigam por um cabrito jamais podem ver o que um cordeiro pode produzir. Talvez, no pensamento do irmão mais velho, seu irmão tivesse voltado como se nada tivesse acontecido e ainda havia ganhado de brinde uma festa. Comente com eles que ele não sabia o que estava no coração de seu irmão. A passagem indica que ele se arrependeu e que estava disposto a voltar como funcionário e não como filho (Lucas 15:17- 21). Devemos evitar fazer juízos precipitados.

 “Vindo, porém, este teu filho...” (Lucas 15:12a). Devemos observar essa frase com muita atenção porque, às vezes, sem entender a obra que Deus está realizando em uma vida, agimos como esse jovem, que achou injusta a recepção e o calor humano dado ao seu perdido irmão. Há tanta gente assim, doente no meio da Igreja, que não aceita ver Deus levantando gente que um dia foi escória da sociedade (I Coríntios 1:28 / 4:10). Assim, não entram na festa, fazem biquinho e não sentem o calor do culto. Todos pulam, louvam, dançam e se divertem, mas eles estão mumificados, bocas fechadas, corações empedrados e, a cada dia, mais mortos espiritualmente (Atos 7:51). Como o filho mais velho, muitas vezes focamos no menos importante ao invés do mais importante. O filho mais velho fica extremamente preocupado com sua própria justiça e zelo e com os bens materiais que seu irmão desperdiço, achando-se superior. Estava tão cego que não conseguia enxergar a conversão de seu irmão, pelo contrário, dá a entender que preferia que seu irmão permanecesse no mundo (Lucas 15:29-30).

Tudo o que o pai desejava era ter o filho de volta. Não importava o que gastasse. Para o pai, o filho era mais importante que a própria fazenda. Esse é o exemplo claro do caráter de Deus. Ele perdoa os erros que cometemos mesmo quando lhe causamos prejuízos. A graça de Deus é indescritível e foi isso que o irmão mais velho nunca entendeu (Lucas 15:30). Como pode uma pessoa desperdiçar tudo e ser restaurado? A resposta está na graça. Ela é um dom oferecido exatamente a quem nunca fez por merecer (Romanos 5:8 / Efésios 2:12). Valorizamos muito os dons espirituais, mas esquecemos de que todos eles desaparecerão e a única coisa que subsistirá será o amor. O maior exemplo de amor é Jesus Cristo, vemos isso através de sua vida, suas palavras e suas atitudes (Efésias 3:19). Esclareça para eles que, assim como Deus, aquele pai esperava que houvessem uma parte de sua essência em seu filho para que ao menos entendesse o motivo de sua alegria (João 3:16; Romanos 8:35).


Diante de um pai amoroso e perdoador

Enquanto o irmão mais novo sai de uma vida de vergonha para um banquete, o mais velho fica travado na porta, expondo sua indignação diante dos funcionários de seu pai. Seu pai usa de muita sensibilidade no falar e, com muito amor, lhe convida a fazer parte da festa e a se alegrar junto a ele (Lucas 15:32). Com um tom de insatisfação pelo glamour da festa, o irmão mais velho desconsidera o momento de alegria, perdão e regozijo. Ele se mantém como filho, mas não se considera irmão daquele que retornou do fracasso (Lucas 15:30). E, com muita sensibilidade, o pai lhe diz: “Este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se” (Lucas 15:32). A intenção do pai era reintegrar o filho perdido a família com todos os direitos de filho, pois, mesmo tendo ele desperdiçado tudo, jamais havia deixado de ser filho. Por razões egoístas, irmãos podem deixar de ser irmãos, mas filho jamais deixará de ser filho. Até que esse encontro acontecesse, o tempo certamente passou. É bem provável que nesse tempo, o irmão mais velho trabalhou, reconstruiu a fazenda, alargou os termos e prosperou. É possível compreender o porquê de sua insatisfação. Ele não queria dividir o que conquistou. Ele só não contava com uma coisa: tudo era do pai e, enquanto o pai estivesse vivo, este não desampararia um filho arrependido. Assim é a graça de Deus (Romanos 11:6).

Em outras palavras, o pai está dizendo: “Filho, você deveria estar feliz juntamente comigo; todos os de fora estão alegres (Lucas 15:9, 10, 25). Você é irmão dele! Deveria abraça-lo, chorar com ele. Dizer que sentiu muito sua falta, dizer que sentiu muito sua falta, dizer que o perdoa e está feliz pelo seu retorno. Filho, você tem vida, mas seu irmão estava morto. Será que você não possui sensibilidade? Filho, ele já sofreu bastante, esteve longe de nós, quase comeu bolotas de porcos! Viveu momentos de opressão, sentiu o sabor de derrota. Mas teve coragem de passar por cima do fracasso, do orgulho e voltou para se reconciliar” (Romanos 8:31-39). A sutileza da sabedoria de Jesus ao contar a Parábola do filho pródigo impressiona. O patriarca, um homem de andar lento e solene, corre em direção ao filho, abraça-o e beija-o no rosto, na frente de todos. Aquela cena chocante contrariava todas as tradições do patriarcado. Por amor ao filho, o pai se humilha perante aldeia naquele gesto público. Naquela região, até hoje, quando há um conflito, uma forma comum de resolução é a mediação, feita por uma pessoa de confiança dos litigantes. Se a questão for resolvida, o gesto que sela a paz é exatamente o beijo no rosto.

Enquanto ele discutia por um bezerro, seu pai dizia: “Tudo o que eu tenho te pertence”. Em outras palavras: “Você tem o mesmo direito potencial que eu tenho. Você é meu filho”. Essa palavra também indica que o pai tinha esperança de que seu filho mais velho tivesse sua essência, seu carisma, seu amor e sua compreensão. No entanto, enquanto seu irmão reconhecia seus erros, se humilhava e voltava para pedir perdão, ele buscava um reconhecimento pelos serviços prestados a seu pai (Lucas 15:29. A razão pela qual o bezerro cevado teve que morrer foi a alegria do pai em receber seu filho de volta são e salvo (Lucas 15:27). Isso o irmão mais velho nunca entendeu. Aqui estão representados dois tipos de cristãos: os que procuram acertar, reconhecendo seus erros e confessando seus pecados: e os que justificam, cobrando os serviços prestados a igreja.


A Grande Família de Deus

A grande família de Deus é composta de inúmeros filhos, e todos os servos do Senhor são partes importantes desta grande pole. Através do sacrifício de Jesus, fomos feitos herdeiros de Deus. Paulo é veemente quando diz aos irmãos romanos que o Espírito atua intensamente no intuito de nos trazer para o meio da grande e divina família, e em Gálatas 4:1-7 o apóstolo testifica que nos tornamos filhos pela fé em Cristo Jesus. Paulo nos ensina que recebemos do altíssimo o Espírito de Adoção, e que através deste privilégio, podemos nos referir a Deus como “Aba-Pai”. No aramaico, Aba-Pai era uma forma carinhosa e ao mesmo tempo respeitosa de se referir ao pai na intimidade do lar, algo parecido com nosso “papai” ou “papaizinho”. O termo “adoção” usado pelo apóstolo é a palavra grega “uiothesia” que pode ser transliterada como “em lugar de filhos”. Some estes fatos e podemos concluir que pela fé voltamos a nascer. Desta vez como filhos legítimos de Deus. A questão é: temos sido bons filhos?   No livro do profeta Oséias, Deus deixa bem claro o que enxerga quando nos vê: “Quando Israel era menino eu o amei... Eu ensinei a andar Efraim; tomei-o pelos braços... Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor (Oséias 11:1-4) ” Somos como crianças aos olhos de Deus, crianças birrentas, teimosas e desobedientes, e mesmo assim cuidadas e amadas por um pai que não mede esforço para nos fazer feliz.

Deus nos acompanha diariamente com carinho e dedicação anotando em seu livro todos os nossos atos.  E para quê? Para registrar nossos pecados e falhas?  Não! Ele não precisa disso, pois, faz questão de apagar nossos pecados de sua memória.  Deus está ali para nos abraçar em nossos momentos heroicos, históricos e inesquecíveis, como por exemplo, na decisão de voltar para casa ou de entrar na festa. Deus nunca teve vergonha de se orgulhar de seus filhos. Quando Jesus nasceu pobre e solitário numa manjedoura de Belém, ele não deixou o momento passar despercebido.  Enviou anjos para cantar, anunciando à rudes pastores que seu menino havia nascido: - Ei, não fiquem aí parados, venham ver como meu menino é especial! E quando Jesus desceu as águas do batismo ele explodiu de felicidade, rasgou os céus e gritou para quem quisesse ouvir: - Esse é o meu garoto! Estou orgulhoso dele! Jesus é o primogênito de Deus. Eu e você somos o restante da prole. E assim como acompanhou passo a passo o dia a dia de seu filho na terra, Deus também acompanha os passos dessas crianças levadas que ele adotou, e os tornou em filhos tão legítimos quanto o próprio Cristo: Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participarmos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória (Romanos 8:17).

Irmãos às vezes têm divergências, mas mesmo assim tendem a cooperar entre si.  Se rirmos ou choramos juntos uns dos outros, lá está Deus nos observando com ternura, tirando uma foto para o álbum de família. Quando engolimos nosso orgulho e pedimos perdão a alguém, lá está Deus sorrindo para nós... Quando aprendemos que somos capazes de abrir a porta com a chave da oração, lá está ele do outro lado de braços abertos. Se vencermos nosso medo e damos os primeiros passos em direção a ele (mesmo que seja por cima de águas), lá estará ele nos esperando, ansioso por um abraço apertado. Quando imitamos nosso irmão mais velho em suas atitudes, gestos, palavras e pensamento, chegaremos em casa e encontraremos um pai extremamente orgulhoso e feliz. Orgulhar a Deus é imitar a Cristo, o exemplo de filho perfeito. É claro que nunca seremos iguais a Jesus, pois ele foi (e ainda é) perfeito; e enquanto habitarmos neste corpo carnal nunca alçaremos a perfeição. Entretanto, Deus se orgulhará de nós, se pelo menos tentarmos sermos melhores a cada dia.  Se não podemos ser iguais a Cristo, podemos pelo menos tentar ser parecido, começando com as pequenas atitudes:
Seja grato pelo dia que se inicia. 
Obedeça a um superior e respeite um inferior. 
Abrace alguém que não gosta de você. 
Evite um pecado por dia. 
Seja mais sincero. 
Não conte aquela mentira. 
Cante um hino ao invés de reclamar. 
Visite um enfermo. 
Pratique a generosidade. 
Empreste sem esperar receber de volta. 
Diga a alguém que Jesus o ama. 
Diga a alguém que você o ama. 
Diga a Deus o quanto ele é especial para você.


Conclusão

A grande verdade dessa parábola é que o filho regressou havia voltado à condição antiga de todo ser humano (Colossenses 2:13 / Efésios 2:5). O irmão mais velho não precisou sair para morrer. Ele estava morto dentro da própria casa. A parábola termina com um filho arrependido, mas não diz que o ouro entrou na casa.




Participe da EBD deste domingo, 22/11/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista: Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade Espiritual 
Lição 8

Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes





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