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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O tabú da infertilidade



Em regra geral, o organismo feminino “clama” pela maternidade, tornando o desejo de ser “mãe” em um poderoso sentimento instintivo. Logo, a incapacidade de ter filhos, causa na mulher uma grande frustração.  Vários são os recentes diagnósticos para a esterilidade feminina, tais como síndrome dos ovários poliquísticos, endometriose, obstrução tubar, muco cervical incompetente, anomalias do cariótipo, patologia uterina, fibromiomas, hiperplasia benigna do endométrio, hipoplasia do endométrio, endometrite, sinéquias, tumores malignos, malformações anatómicas, gravidez ectópica, auto-anticorpos e tantas outras.  Ana, porém, viveu em um período onde a infertilidade era considerada uma enfermidade punitiva da parte de Deus, em decorrência de pecados cometidos pela mulher. Uma esposa que não gerava filhos, era descriminalizada pela sociedade, e muitas vezes, desprezada pelo marido, já que a poligamia era usual na antiguidade.

Ana desfrutava de um privilégio que poucas em seu tempo obtiveram. Mesmo sendo estéril, e seu marido tendo uma segunda esposa que lhe dava filhos, Elcana, seu esposo, amava Ana acima de qualquer coisa, e dava a ela prioridades em tudo. Mesmo assim, aquela mulher se sentia profundamente angustiada e externava incisivamente sua tristeza, pelo fato do direito da maternidade lhe ter sido negado. Esta constante debilidade emocional de Ana, começou a criar um certo desgaste na própria relação marido/mulher, tanto que Elcana a inquiriu com certa rispidez, dizendo: Meu amor não te vale mais do que 10 filhos? 

Outro fator agravante para a avanço depressivo de Ana, foi a atuação deliberada de Penina, a outra esposa de Elcana, que aproveitando-se do fato de gerar filhos, buscava constantemente posição de destaque dentro da casa, utilizando a infertilidade de Ana como uma arma ofensiva, pois sempre que este tema era evocado na família, a esposa “mais” amada ficava em posição de inferioridade, enfraquecida e fragilizada. Deus atraiu Ana para si através de sua dor e sofrimento, Ele não somente mudou sua vida pessoal, mas alterou o curso da história dos judeus, que naqueles dias passavam por um declínio espiritual terrível, pois a nação vergonhosamente chafurdava no pecado e na corrupção.

Além de Ana, a Bíblia apresenta uma vasta gama de mulheres que padeceram deste mal, tais como Sara, Rebeca, Raquel, Léia, Mical, Isabel e ainda outras que não tiveram seus nomes revelados, como por exemplo, a mãe de Sansão e a mulher de Suném. Porém, a grande maioria delas, geraram vida por intermédio da intervenção milagrosa de Deus, tendo filhos que impactaram profundamente a própria história da humanidade, como Isaque, Jacó, Judá, José, Sansão, Samuel e João Batista.


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