Jacobus
Arminius (Jacó Armínio) foi um teólogo holandês (1560 - 1609), nascido em Oudewater, Utrecht.
Muito jovem tornou-se órfão de pai (Hermann Jakobs), que deixou uma viúva com
três filhos pequenos para criar. A sua mãe (Angélica), irmãos e parentes
morreram durante o massacre espanhol em Oudewater em 1575. O pastor Theodorus
Aemilius adotou Armínio e o enviou para ser instruído em Utrecht, após a sua
morte, coube ao professor Rudolph Snellius trazê-lo a Marburgo e o qualificar
para estudar teologia na recém-fundada Universidade de Leiden (1576-1582).
A
sua formação teológica em Leiden, entre 1576 a 1582, incluiu os professores
Lambertus Danaeus, Johannes Drusius, Guillaume Feuguereius e Johann Kolmann. Este
último, ensinava que o hiper-calvinismo transformava Deus em um tirano e
homicida, sob a sua influência Armínio começou a elaborar uma teologia que
competiria com teologia reformada dominante de Calvino.
Em
1582, Armínio tornou-se aluno de Theodoro de Beza em Genebra. O uso do método
filosófico ramista o forçou a mudar-se para Basileia (1582-1584), onde assistiu
às aulas de J. J. Grynaeus. De volta a Genebra, Armínio fez amizade com
Johannes Uyttenbogaert, que viria a ser o seu principal aliado nas futuras
discussões teológicas. Durante estes anos, em Genebra ele gozou de uma boa
relação com Beza, que respondendo a uma carta vinda de Amsterdã (Junho de 1585)
disse o seguinte:
“Deus
lhe deu um apto intelecto tanto ao que concerne a apreciação quanto ao
discernimento das coisas. Se, doravante, este for regido pela piedade,...
inevitavelmente este poder intelectual,... irá produzir os mais ricos frutos.”
A
sua estadia em Genebra foi novamente interrompida (1586/1587) por uma viagem à
Itália que durou alguns meses. Em Pádua ele assistiu as aulas de filosofia de
Tiago Zabarela. Por ter passado em Roma os seus acusadores lhe infamaram,
dizendo que tinha “perdido a fé (calvinista)” devido à exposição dos jesuítas.
Em
1588, ele foi chamado para ser pastor em Amsterdã, a partir de então, Armínio
ganhou reputação como um promissor teólogo, bem educado em Marburgo, Leiden,
Genebra, Basileia, Pádua e recomendado por Beza. Em 16 de setembro de 1590 ele
se casou com Lijsbet Reael, uma aristocrata que lhe garantiu circular entre os
comerciantes e líderes mais influentes da cidade. Em 1591, no entanto, ele se
envolveu em uma disputa com um imigrante flamengo chamado Petrus Plancius (1552-1622),
onde foi necessário a intervenção do consistório, pelos burgomestres de
Amsterdã, para manter a paz e abafar as divisões na população.
A
fama de Armínio como homem bem instruído na Sagrada Escritura o fez ser
recrutado pelos líderes da igreja de Amsterdã para refutar as ideias do teólogo
Dirk Koornhert. Segundo este teólogo, o calvinismo é inaceitável, pois a sua
doutrina sobre a predestinação nega a justiça de Deus. Com o objetivo de
refutar Koornhert, Armínio estudou os seus escritos e comparou-lhes com as
Escrituras, com a teologia dos Pais da igreja e de outros teólogos protestantes
de influência. Ao final dessa empreitada, Armínio se convenceu que algumas das
ideias de Koornhert estavam corretas.
A
morte quase simultânea em 1602 de dois professores da Universidade de Leiden,
Franciscus Junius e Lucas Trelcatius o ancião, abriu espaço para que Armínio em
1603 fosse chamado para ensinar teologia. Armínio e Lucas Trelcatius foram
admitidos, mas Franciscus Gomarus (1563-1641) cautelosamente aprovara Armínio
por suspeitar de heterodoxia. A admissão de Armínio trouxe um novo período de
debates teológicos e teve apoio político por parte de Johannes Uyttenbogaert e
Johan van Oldenbarnevelt.
Armínio
permaneceu em Leiden como professor de 1603 até sua morte em 1609. Durante este
tempo, ele envolveu-se numa árdua disputa com o seu colega teólogo Franciscus
Gomarus, que representava a teoria supralapsariana da eleição. Segundo esta
teoria, Deus decretou a eleição de alguns e a condenação de outros, e depois
permitiu a queda como meio pelo qual essa eleição e reprovação teriam efeito. Armínio
não negava que a Bíblia falava sobre predestinação, mas afirmava que Deus
predestinou aos eleitos porque sabia de antemão quem teria fé em Jesus Cristo.
Gonzalez explica o seguinte sobre a teologia de Armínio: “...o grande decreto
da predestinação determinava que Jesus Cristo seria o mediador entre Deus e os
seres humanos. Esse era um decreto soberano, que não dependia da resposta
humana. Mas o decreto referente ao destino de cada pessoa se baseava, não na
vontade soberana de Deus, senão em seu conhecimento de qual seria a resposta de
cada pessoa ao oferecimento da salvação em Jesus Cristo.”
Em
1607 Armínio apelou aos Estados da Holanda, para que através de um concílio ou
sínodo estes problemas pudessem ser resolvidos com dignidade e com base
bíblica. Então, em março de 1608, a Suprema Corte colocou Armínio e Gomarus
frente a frente para ouvi-los. O veredito foi que, não tendo a controvérsia
relação com os pontos principais referentes à salvação, então que cada um fosse
indulgente com o outro. A não desistência de Gomarus em atacar Armínio levou os
Estados da Holanda a propor aos dois oponentes uma reunião de reconciliação.
Essa reunião seria realizada em Haia (agosto de 1609), mas Armínio que estava
com tuberculose viu-se forçado a voltar para Leiden, onde morreu em outubro
1609.
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