Quintus Septimius Florens
Tertullianus (Tertuliano),nasceu em Cartago (na África) por volta de 150 e 155
d.C., filho de família pagã abastada. Seu pai, um militar pagão, preocupou-se
em dar-lhe boa formação intelectual, inserindo-o na carreira jurídica. Estudou
Direito e exerceu a profissão em Roma, tendo o domínio da língua grega e
possuía grande erudição em filosofia e história.
Foi também ali que, por
volta de 195, sob condições que permanecem obscuras, abraçou a fé cristã.
Sabe-se que era um jovem entregue à imoralidade e ao desregramento e que a
paciência e heroísmo dos cristãos, bem como a moral do evangelho, haviam
causado uma forte impressão sobre ele que, curioso, passou a ler freqüentemente
a Escritura. Os detalhes, porém, de sua
conversão, não chegaram até nós.
Passou então a dedicar-se
ao estudo da literatura cristã, tanto ortodoxa quanto herética. Pouco tempo
depois voltou a Cartago, onde foi ordenado presbítero e lá viveu até a sua
morte que ocorreu entre os anos 222 e 225 d.C.
Dentre os chamados Pais
da Igreja, Tertuliano de Cartago merece destaque especial, seja como teólogo
que lida com temas controvertidos como a Trindade, num tempo em que as grandes
formulações teológicas estavam em fase embrionária, seja como defensor do Cristianismo,
tanto diante dos hereges como em face de seus perseguidores.
Foi atuando como advogado
da igreja diante das autoridades romanas que Tertuliano compôs a sua Apologia. Trata-se de uma obra prima na qual
o autor revela toda a sua perspicácia, conhecimento, clareza de raciocínio e
audácia. De fato, todo o talento de Tertuliano pode ser vislumbrado nesse
clássico da literatura cristã antiga.
Tertuliano esteve
vinculado à Igreja de Roma, no período em que houve uma grande perseguição
contra os cristãos movida pelo Imperador Sétimo Severo no Norte da África, em
202 d.C. que reacendeu o puritanismo natural em Tertuliano, levando-o a simpatizar-se
com o montanismo. O que mais chamava à atenção neste movimento eram os seus
aspectos ascético e anti-mundanos. Em torno do ano 200 d.C. Tertuliano rompeu
com a Igreja Católica, passando a criticá-la veemente, em reiterados protestos.
Entre 197 e 220 d.C,
Tertuliano, dedicou-se a carreira literária de defesa e explicação do
cristianismo. Foi o primeiro escritor eclesiástico mais importante da língua
latina. Seu estilo era muito bom de ler, porque a sua escrita era vívida,
satírica e fácil de fácil leitura. Seu método era muito parecido com o de um
advogado expondo em um tribunal. O intenso fervor espiritual que demonstrava
tornava-o sempre admirável o que escrevia. Foi intitulado de o pai da teologia
latina.
Tertuliano, não era um
teólogo especulativo. Seu pensamento se baseava no dos apologistas como Irineu
e também no de guardiães da tradição da Ásia Menor, tanto as idéias estóicas
como os conceitos jurídicos. Dava o sentido de ordem e de autoridade o que era
peculiar aos romanos. Todos os assuntos que escrevia eram formulados com
clareza e definição peculiar à mente jurídica. Por esse motivo ele foi
considerado mais do que qualquer outro escritor anterior, emprestando precisão
a muitos conceitos teológicos até então pouco compreendidos.
Para Tertuliano, o
cristianismo era uma grande loucura divina, porque era mais sábio do que a
sabedoria filosófica humana, difícil de ser equacionado por qualquer sistema
filosófico. Para ele o cristianismo consistia no conhecimento de Deus. Com base
na razão e na autoridade que está sediada na Igreja ortodoxa, que segundo ele a
única que possui a verdade, declarada no credo, bem como o direito de usar as
Escrituras.
Tertuliano, afirmava que
o cristianismo era uma nova lei pregada por Jesus Cristo com a nova promessa de
reino do céu. O seguidor de Jesus era admitido na igreja pelo batismo, mediante
o qual todos os seus pecados anteriores foram apagados. Tertuliano conseguiu
demonstrar para a igreja o profundo sentido de pecado e da graça.
Tertuliano, como ninguém
o havia feito até então em seu trabalho principal chamado de “Contra Práxeas”,
define Divindade em termos que anteciparam a conclusão a que chegaria o
Concílio Niceno mais de um século depois. “Todos são de um, por unidade de substância,
embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade
numa Trindade, colocando em sua ordem os três, Pai, Filho e Espírito Santo;
três, contudo... não em substância, mas em forma, não em poder, mas em
aparência, pois eles são de uma só substância e de uma só essência e de um
poder só, já que é dom de Deus que esses graus e formas e aspectos são
reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo”.
Tertuliano descreveu
estas distinções da Divindade como “pessoas”, termo que não tem a conotação,
que nos é familiar, de personalidades, mas de modos objetivos de ser.
Tertuliano saiu em defesa
dos cristãos e da sua fé com uma habilidade e força notórias.Tinha uma natureza
inclinada para a disciplina e o rigor ascético, tratava sua esposa e as demais
mulheres com severidade e rigor, e em decorrência de sua postura irredutível e
temperamento sisudo, aparentemente teve uma velhice solitária
Tertuliano deixou marcas
significativas na teologia latina, sendo um homem de forte personalidade,
impetuoso, de inteligência penetrante e de caráter exaltado e intransigente,
sendo que seus escritos, dão mostras de seu gênio.
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