O
homem é um ser tridimensional dotado por corpo, alma e espírito.
O
“corpo” é a parte externa, corruptível e mortal. Foi originada no pó da terra,
lugar para onde deve regressar posteriormente (Eclesiastes 12:7). Perecível e
finita, esta carcaça é composta basicamente por água e uma vasta gama de
elementos químicos, que apesar de sua preciosidade em vida, deixa de ter
qualquer valor quando passa pelo processo da morte, deteriorando-se até
retornar ao nada.
Já
o “espírito do homem” é sua parte eternal. Foi confiada a ele por Deus ainda no
Jardim, e será requerida pelo Criador assim que deixar o corpo para traz. É
nossa ligação direta com o mundo espiritual, e está sempre inquieto por Deus,
já que por essência, se opõem aos desejos carnais.
Se
corpo e espírito são contrapontos de uma batalha épica dentro do homem, a
“alma” é o fiel da balança, decidindo quem será o grande vencedor.
O
livro do Gêneses nos conta que após ter formado o homem do pó da terra, Deus
soprou o fôlego de vida em suas narinas (espírito), e ele se tornou “alma
vivente”. É exatamente em nossa alma que estão centralizadas as emoções, os
sentimentos, os desejos e o intelecto.
A
alma é o epicentro de nossa vontade, e também de nossa personalidade. Nela é
forjado nosso caráter, estabelecida nossa postura e definida nossas
inclinações. A alma pode ser ambígua, funcionando tanto quanto uma ancora para
corpo (Lucas 12:19-20) ou uma alavanca para nosso espírito (Salmo 42:1).
A
alma está em constante ebulição, intempestiva e imprevisível. Uma prova desta
verdade pode ser constatada nas páginas do livro dos Salmos. Em primeiro lugar,
precisamos compreender que este compilado de cânticos e poemas são oriundos dos
sentimentos e anseios de seus compositores. Por isso, quando iniciamos sua
leitura, é como se embarcássemos em uma verdadeira “montanha russa emocional”,
num sobe e desce frenético de emoções e sentimentos. Se um verso expressa
toda a confiança do salmista em Deus, outro logo ali na frente, o mesmo parece
depressivo e derrotista.
Por exemplo, o Salmo 4:3 é radiante em felicidade,
dizendo que na presença de Deus os justos se regozijam e folgam em alegria e o
Salmo 116:3, expressa uma angustia profunda, já que o salmista se sente
“amarrado com cordas de morte, apoderado pelas angustias do inferno, vivendo em
aperto e tristeza”. Paradoxal? Nem tanto. Os Salmos são reflexos da alma humana,
cheia de sombras e suscetível as intempéries da vida. Nossa verdade absoluta
muda ao sabor das circunstâncias e acabamos influenciados por elementos
externos e seculares. Nossa fé por vezes se mostra oscilante, o ânimo se torna
dobre e mãos esforçadas insistem em fraquejar.
Nossa
alma é pega neste “cabo de guerra” entre carne e espírito, e dependendo de quem
estiver exercendo maior força, mudamos os discursos e as ações. Jesus
é o ponto de equilíbrio para nossa alma. Ele nos assiste nas alegrias e nos
conforta nas tristezas. Os salmistas, embora estivessem vivendo situações
adversas uns dos outros, tinham sempre um ponto em comum. Na caverna de Adulão,
privado de todo conforto e passando necessidade, Davi traz a memória o “pastor
que sustenta suas ovelhas” (Salmo 23:1). Um Asafe cujo corpo está desfalecido,
testifica que o seu coração é fortalecido pelo Senhor (Salmo 73:26). Os filhos
de Coré, constantemente assombrados por erros do passado, se regozijam na
bondade Deus que tem sido escudo sobre eles (Salmo 84:11). Um Moisés calejado
pelos anos no deserto solta a voz para exaltar ao Senhor que “cuida do pobre e
do necessitado” (Salmo 40:17).
Deus
é o único que pode acalentar a alma, fazendo a sossegar mesmo em tempos de
aflição: - Amo
ao SENHOR, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica. Porque inclinou a
mim os seus ouvidos; portanto, o invocarei enquanto viver. Os cordéis da morte
me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e
tristeza. Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha
alma. Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia. O Senhor
guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou. Volta, minha alma, para o
teu repouso, pois o Senhor te fez bem (Salmo
116:1-7).
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