Dorcas era uma mulher generosa, que
mesmo depois da morte, colheu frutos gloriosos por suas excelentes obras, sendo
o primeiro caso de ressurreição depois da ascensão de Jesus. O milagre
aconteceu porque os irmãos da cidade de Jope (principais beneficiados pela
bondade de Dorcas), se mobilizaram em clamor, recorrendo a Pedro para que este
orasse pelo “improvável” milagre. E o milagre aconteceu. Boas obras dão início
a um ciclo glorioso de bem-aventuranças que nem mesmo a morte pode interromper
(I Timóteo 4:7). Pensar no próximo antes de nós mesmos pode ser a chave para as
nossas maiores conquistas. Jó passou cerca de 40 capítulos tentando encontrar
respostas para suas mazelas e tragédias pessoais, e neste tempo, sua situação
continuou caótica e sem solução. Mas bastou “um” versículo orando pelos seus
amigos, para que seu cativeiro fosse virado e a restituição batesse em sua
porta (Jó 42:7).
A ajuda prestada a
outros mostra que a Palavra de Deus está na vida do servo de Deus. O cuidado
com as necessidades diárias das pessoas prepara o solo do coração delas para
que a Palavra de Deus crie raízes. Dorcas era fervorosa e abnegada. Para ela,
tudo era fácil. Ela não contava o tempo, nem media esforços. Não barganhava com
a s pessoas, nem com Deus. O que ela tinha não era absolutamente dela e sentia
um prazer tremendo em ajudar os outros, em deixar os outros felizes. Dorcas era
uma pessoa que procurava sempre elevar o espírito e o ânimo daqueles que a
rodeavam. Ela sabia como suprir as necessidades de cada um. Era extremamente
caprichosa e tudo quanto fazia refletia sua beleza interior.
Para Dorcas, ser cristã
era uma aventura nova a cada dia. Na verdade, ela não era assim antes de sua
conversão. Foi Jesus que implantou nela essa vida abundante e, todos aqueles
que conviviam com ela, podiam beber dessa fonte de água viva que fluía do seu
interior. Ela era verdadeiramente a mulher virtuosa (Provérbios 31:10). Ela era
uma discípula notável. Onde Dorcas colocava as mãos, ficavam as marcas de sua
graça e beleza interior. Sua dedicação nos leva a uma introspecção sobre nosso
próprio primeiro amor com Jesus. Será que Dorcas não lembra um pouco nós
mesmos? Não sentíamos uma alegria transbordante por ler a Palavra de Deus,
orar, poder ir aos cultos, poder estar com os irmãos, ajuda-los em suas
necessidades, poder contribuir, ser consolo e esperança para as pessoas? Tudo
na nossa vida possuía brilho muito intenso e sentíamos um gosto muito grande
pela vida e era verdadeiramente feliz. Essa Tabita ou Dorcas está ainda
conosco?
Em Atos 9:36 a Bíblia
diz que Dorcas era uma “discípula” – uma pessoa da Igreja que se dedicava a
aprender e viver os ensinamentos de Jesus Cristo. Após sua morte, um grupo de
discípulos teve a ideia de mandar chamar o apóstolo Pedro que estava em Lida, cidade
vizinha a Jope, cerca de 14 Km de distância (Atos 9:38). No decorrer do texto,
os discípulos são chamados de “os santos” – separados para Deus (Atos 9:41).
Assim, Dorcas era uma
discípula de Jesus, fazia parte de uma comunidade de santos e tinha o testemunho
de todos, especialmente de um grupo de viúvas, do quão bondosa e prestativa ela
era. Dorcas era uma serva de Deus que revelava compromisso com o Mestre,
sendo chamada de discípula. A palavra que a descreve é “matheria” usada
somente no Novo Testamento e significa discípulo feminino. Dorcas nos desafia a
também sermos servos discípulos de Jesus em nosso tempo e em nossa geração.
Como tem sido nosso modo de vida como servo(a) do Senhor? Temos sido cristãos
devotados e dedicados ao Senhor? O Mestre pode nos confiar como discípulos as
tarefas e o cuidado de pessoas e de sua obra?
Dorcas é um exemplo na
Bíblia de como devemos viver nossas vidas. A Palavra de Deus afirma que há
pessoas de quem “o mundo não é digno” (Hebreus 11:38). Ou seja, gente especial,
útil, que dignifica a existência humana. Prova disto é que a igreja em Jope
decidiu buscar em Deus algo até então inédito: a ressurreição da discípula
morta. Inédito porque, desde que Jesus fora para o céu, este milagre ainda não
havia acontecido. Será que ainda podemos achar pessoas das quais o mundo não é
digno? Sem dúvida, nos nossos dias ainda vivem pessoas que obedecem a uma ética
superior. Elas não vivem o “olho por olho, dente por dente” que tem regido a
humanidade por gerações. Quando ofendidas, perdoam. Quando ameaçadas, decidem
orar. Coisas assim soam como loucura aos ouvidos de uma geração que tem provado
de um mundo perverso. Nem por isso deixam de ser verdadeiras. Este mundo não é
digno dos peregrinos porque eles não andam segundo os seus “brutais costumes”,
mas obedecem à lei do amor.
Aprendemos com esta
passagem bíblica que Dorcas era uma serva que ajudava financeiramente os mais
pobres. Ela expressava sua piedade e amor ao Senhor cuidando dos mais
necessitados. Muitas pessoas ganharam de presente de Dorcas as roupas de que
precisavam e gostavam muito dela. Dorcas amava ao Senhor Jesus e fazia tudo com
amor e boa vontade. A lição que podemos extrair da vida desta abnegada mulher é
que, sempre que fazemos alguma coisa, devemos fazer com amor, porque fazemos
para o Senhor. Essa generosa serva do Senhor nos desfia a amarmos mais a Deus e
as pessoas do que ao dinheiro ou os bens materiais (Mateus 6:33).
O mundo já se esqueceu
de muitas coisas que aconteceram, mas as obras de Dorcas sempre serão
lembradas, pois são citadas na Palavra de Deus (I João 217). A ferramenta de
Dorcas era uma agulha com a qual trabalhava para vestir os pobres. A discípula
que pregava o evangelho com a agulha era Dorcas e fazia isto porque amava Jesus
e amava os pobres. A nossa pregação somente por meio de palavras pouco vale. Se
amamos a Jesus nunca nos esqueceremos da beneficência (Hebreus 13:16),
principalmente para com os domésticos da fé (Gálatas 6:10). Não importa qual
seja nosso dom.
O que importa é saber
manejá-lo bem, para o progresso do Reino de Deus e não para nosso próprio
interesse. Dorcas usava seu talento com a maior graça. Após sua ressuscitação,
certamente Dorcas voltou a servir às viúvas, aos órfãos e todos que
necessitavam dela. Ela poderia interromper seu ministério, mas seu amor pela
obra de Deus nos permite concluir que ela continuou servindo ao Senhor com
alegria (Salmo 100:1).
Será que as nossas obras
são tais que na nossa saída deste mundo, a Igreja sentirá tanta falta a ponto
de chorar? Entre um pequeno grupo de seguidores de Jesus, um milagre aconteceu
e isto trouxe gozo indescritível para todos. Como será então quando ocorrer o
arrebatamento? A ressurreição de Dorcas foi um milagre de Deus, o mesmo Deus
que servimos. Ele não mudou. Deus fez o choro se tornar alegria.
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