Charles Wesley, que compôs mais de seis mil hinos, não só
acompanhou seu irmão John
Wesley nas
cruzadas, como também é considerado o maior compositor do reavivamento Wesleyano.
É certo que o talento não é hereditário, mas é fato que sempre existiram vários
casos de irmãos que se tornaram famosos graças aos dons incomuns nas áreas mais
variadas. Eles brilham na mesma época e até em profissões semelhantes. Na
História da Igreja, uma dupla de irmãos, John e Charles Wesley, não fez por
menos. Eles foram escolhidos por Deus para a missão de pregar Sua Palavra como
evangelistas.
John Wesley tornou-se o mais famoso dos pregadores por falar e escrever
com rara eloquência. No entanto, Charles Wesley (1707-1788), seu irmão mais
novo, não apenas deu suporte àquele ministério, apoiando e criticando John
quando necessário, como também fez das partituras seu principal púlpito.
Charles Wesley é considerado o grande compositor do reavivamento Wesleyano:
compôs mais de seis mil hinos, que eram cantados em cruzadas evangelísticas.
Muitos deles causaram estranheza por terem influência dos ritmos populares,
comuns nas tavernas e casas de ópera da Inglaterra. Não foi à toa que, certa
vez, alguém escreveu que, se George Whitefield ficou conhecido como o orador do
metodismo, e John Wesley seu organizador, podia-se afirmar que Charles Wesley
foi seu poeta.
O poeta Charles nasceu em 18 de dezembro de 1707, na cidade de Epworth, no condado de Lincolnshire, na Inglaterra. Filho de Samuel, reitor da Faculdade de Epworth, e de Susanna Wesley, Charles foi marcado por Deus para uma obra muito específica desde cedo. Tinha apenas um ano e três meses de vida quando o prédio da reitoria da faculdade foi totalmente destruído pelo fogo. Charles, assim como John, foi resgatado do verdadeiro inferno em que se transformou o edifício tomado pelas chamas.
O poeta Charles nasceu em 18 de dezembro de 1707, na cidade de Epworth, no condado de Lincolnshire, na Inglaterra. Filho de Samuel, reitor da Faculdade de Epworth, e de Susanna Wesley, Charles foi marcado por Deus para uma obra muito específica desde cedo. Tinha apenas um ano e três meses de vida quando o prédio da reitoria da faculdade foi totalmente destruído pelo fogo. Charles, assim como John, foi resgatado do verdadeiro inferno em que se transformou o edifício tomado pelas chamas.
Na adolescência, enquanto John estudava na Escola de Charterhouse,
Charles foi estudar na Escola de Westminster, mesmo colégio do irmão Samuel.
Lá, provou ser um excelente aluno. Criado sob rígida educação familiar
evangélica, Charles fora ensinado a defender a justiça e, por isso, logo se
envolveu em diversas causas na escola.
Não houve, entretanto, alguém que pudesse duvidar do impacto da
experiência de sua conversão, em 1738, aos 31 anos. Sua vida espiritual logo se
voltou para a compaixão pelos homens perdidos. Assim, pregou de improviso pela
primeira vez na Igreja de Saint Antholin, em Bristol.
No ano seguinte, tornou-se publicamente defensor do ministério do grande
pregador George Whitefield, que, embora tivesse grande impacto, era alvo de
críticas ferozes em Londres e em Bristol. Charles Wesley juntou-se a Whitefield
quando este falou a uma enorme multidão na cidade de Blackheath sob o título:
“O que Satanás tem ganhado ao manter você fora das igrejas?” Charles Wesley
repetiria o feito ao lado de seu irmão John, à frente de multidões nas vilas da
região inglesa de Essex. “Sua pregação era como um trovão e um relâmpago”,
diziam a respeito da retórica de Charles Wesley. Mas sua força não estava
apenas na pregação: sua música tornou-se, de fato, sua melhor ‘retórica’. Em
1739, a primeira seleção de seus hinos foi publicada e tornou-se logo muito
popular.
Os hinos de Charles possuíam uma mensagem fundamentada na piedade
cristã, própria para as reuniões devocionais e também para os grandes
agrupamentos ao ar livre. Eles destacavam o fervor da fé e tornavam a mensagem
inesquecível.
Suas composições eram inspiradas nas melodias seculares de Purcell e de
Haendel e, embora destinadas a congregações, eram editadas como solos. Eram
melodias populares ou adaptadas da música das óperas que abundavam na época. A
contextualização da música dos hinos de Wesley chocou muitos elementos
conservadores da Igreja, mas foi bem aceita pelo povo.
Seus hinos também eram fundamentados no lema da Reforma Protestante –
Sola Scriptura (Só as Escrituras) – ou seja, enfatizavam que a Bíblia é a única
regra de fé do cristão. Charles Wesley também escreveu hinos para combater a
concepção calvinista da predestinação, como Redenção universal, e ainda chegou
a pregar um sermão intitulado Graça gratuita. Escreveu hinos para as grandes
festas da igreja, como os conhecidíssimos Cantam anjos harmonias e Cristo já
ressuscitou, aleluia. Preocupou-se também com um acervo de hinos para os
sacramentos da igreja, como a Santa Ceia, e com a koinonia (a comunhão cristã).
Paralelamente à música, Charles Wesley investiu todo o seu tempo para
salvar os homens distantes de Deus. Charles, assim como seu irmão John, não deu
importância nem mesmo às pressões eclesiásticas e viajou muito, especialmente
para a Irlanda, a Escócia e o País de Gales. Ao lado do irmão, Charles pregou
contra o consumo de bebidas alcoólicas, a guerra e a escravidão, e incentivou a
medicina humanitária, a abertura de novas escolas e uma reforma penitenciária.
Mesmo com a “agenda” tão cheia, Charles arrumou tempo para casar-se, em abril
de 1749, com Sarah Gwynne. O casal se estabeleceu em Bristol, mas sempre que
podia Sarah acompanhava Charles em suas excursões de pregação da Palavra. Seus
contemporâneos ficavam espantados ao ver seu ministério itinerante, que também
incluiu os Estados Unidos, onde, em 1760, fundou com John as primeiras missões.
Em 1771, depois de centenas de idas e vindas, Charles e Sarah, então,
mudaram-se para Londres. O ministério de Charles continuou, embora mais voltado
para o âmbito local. Em Londres, eles também puderam ver muito mais de perto o
crescimento dos dois filhos, Charles e Samuel, músicos excepcionais que se
tornaram “alvos” de muitos convites para concertos.
Em 1786, já com 79 anos, Charles Wesley, que já percorrera 365 mil
quilômetros em seu ministério e havia participado de 46 mil cultos, cruzadas e
reuniões evangelísticas, assumia novas responsabilidades na igreja. Foi ele
quem enviou, naquele ano, os primeiros missionários para a Índia.
Quase dois anos depois, Charles Wesley faleceu. O dia 29 de março de
1788, data de sua morte, tornou-se, entretanto, apenas mais um fato dentro de
uma história de vitórias e de milhares de hinos cantados até hoje. Ele também
deixou para todos os cristãos uma lição de vida e amor ao Evangelho, além de
uma marca pessoal indelével. Dizia-se dele: “Se houve um ser humano que
repugnou o poder, a proeminência e encolhia-se ao elogio, esse foi Charles
Wesley". Um verdadeiro herói da fé.
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