Vivemos numa época de
muitos conflitos em todas as áreas da vida. Mas nada é tão terrível, e
epicentro dos mais explosivos embates familiares, do que o descontrole
financeiro. Um mal muito sutil, porém devastador, e que vem se alastrando
vertiginosamente no âmago das famílias desta geração.
E falar sobre este
assunto nunca é fácil, pois atinge diretamente todos os membros de uma família,
seja em contextos bem abrangentes ou pontos muito específicos. A grande
verdade é que a falta de controle nas finanças está atrelada a indisciplina na
vida diária das pessoas. Dois elementos distintos, porém intrínsecos, e que
juntos, vem desencadeando males quase que irreparáveis no núcleo familiar. A
falta de planejamento financeiro é uma das maiores desgraças desse mundo
pós-moderno, regido por um consumismo voraz e incontrolável. Famílias
desequilibradas financeiramente também se desequilibram emocionalmente, pois
nossas emoções são influenciadas pelo ambiente em que vivemos.
O assunto aqui tratado é
oportuno e de grande relevância para nós cristãos, pois remete a valores como o
zelo na mordomia, a fidelidade e a liberalidade, virtudes renegadas por muitos
“crentes” hodiernos, mas que precisam estar latentes em nossa vida, pois
estamos vivendo as vésperas do arrebatamento da Noiva do Cordeiro.
Infelizmente, diante deste quadro de caos emocional e financeiro que as
famílias estão vivendo (e que desvirtua nossos esforços do que é primordial), é
lamentável que o Dia do Senhor, pegue muitos cristãos de surpresa, afundados em
problemas pessoais e familiares, e não tendo tempo disponível para se dedicarem
ao Senhor Jesus, e nem se fortalecerem em sua Graça.
O desequilíbrio
financeiro nos leva a um esforço demasiado visando uma única área da vida, pois
todos os recursos disponíveis serão concentrados na resolução destes problemas
orçamentários, ou na busca por uma formula miraculosa para sair do vermelho. É claro
que nossas finanças carecem de muita atenção, porém, devemos ter o cuidado de
velar por nossa vida em todas as dimensões existentes. Uma coisa não pode
justificar a omissão com outra.
A perca de sono, a dor
de cabeça, o mau humor, a perda de concentração, as brigas por falta de
recursos e a fragilidade do planejamento financeiro dentro de uma casa, tem
roubado a paz das famílias e criado situações conflituosas de finais trágicos.
Tudo isto poderia ser evitado com lápis, papel, calculadora e uma boa planilha
para controle de despesas. Gastamos o que não ganhamos, compramos o que
não necessitamos, e com isso temos sido rebeldes aos ensinos do Senhor.
Provérbio 15.16 diz: Melhor é o pouco, havendo o temor do Senhor, do
que grande tesouro onde há inquietação (perturbação).
Queremos tudo que os
nossos olhos vêem e com isso não pensamos nas consequências. E quando estamos a
beira do colapso financeiro, entramos em desespero, e muitas vezes, tomamos
atitudes perigosas. Um exemplo clássico é recorrer a empréstimos, cheques
especiais e cartões de créditos. E isso tem sido a ruína de muitas famílias.
Lares totalmente destruídos, pessoas desequilibradas, filhos machucados
emocionalmente, tudo em decorrência da falta de planejamento financeiro.
Lucas 14:28-30 nos dá um
ensinamento profundo: Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,
não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para vê se tem como
acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não
podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este
começou a edificar e não pôde acabar.
A crise ou o
desequilíbrio financeiro é um ladrão que tem roubado a alegria de muitas
famílias. E o mais triste é saber que esse mal tem atingido famílias cristãs,
sinceras e comprometidas com a obra de Deus, mas displicentes em suas próprias
finanças. É realmente lastimável essa situação. Que o Senhor tenha piedade de
nós e nos conceda a oportunidade de rever nossos valores, e nos favoreça em sua
misericórdia, para que haja o entendimento fundamental de que “com Deus, nosso
pouco pode ser muito”.
Muitas famílias têm sido
ludibriadas com promessas de riqueza e sucesso financeiro obtido a partir de
verdadeiras “barganhas” com Deus. O Evangelho proposto por Cristo nunca priorizou
“o material” e nem deixou promessas mirabolantes de fortunas e riquezas
terrenas. A prosperidade (do latim prosperĭtas), pode ser definida
como o êxito naquilo se pretende fazer, e entendida como uma situação
favorável, de boa sorte ou sucesso. Pois é exatamente isso que a Bíblia promete
para aqueles que se mantém fieis ao Senhor e buscam seu reino acima de tudo.
Entretanto, muitas pessoas têm confundido “prosperidade” com “riqueza
material”, e este erro, infelizmente, deteriora a fé de ouvintes incautos, que
erroneamente tem se proposto a viver do Evangelho por achar que assim, todos os
seus desejos serão realizados e que irão, em tempo integral, navegar em mar de
rosas sob céu de brigadeiro.
Davi foi categórico ao
afirmar que em toda a sua vida nunca havia visto um justo desamparado ou os
seus filhos mendigando pão (Salmo 37:25). Mas ter pão em casa, não significa
necessariamente que haverá uma mesa farta para o café da manhã. A promessa para
o cristão fiel é de prosperidade sim, e isso significa que Deus proverá aos
seus filhos os “viveres básicos”, como roupas e alimentos.
Um texto que explicita
está verdade, está registrado em Mateus 6:33 -Buscai, assim, em primeiro
lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas. Muitos pregadores modernos usam este verso para ensinar seus
ouvintes que uma vez buscado o Reino de Deus, todas as coisas serão agregadas
automaticamente em suas vidas num miraculoso sucesso financeiro. Esta é uma
interpretação incorreta do ensinamento de Jesus. Aqui, o mestre não fala sobre
“todas as coisas”, mas sim de “estas coisas”. E que “coisas”
seriam estas?
Basta uma leitura do
contexto para entender que Jesus ensinava aos seus discípulos o A-B-C do
cristianismo, e percebendo neles certa preocupação com os subsídios materiais
para pôr em prática está fé (abandonar as redes certamente abriria um
rombo no orçamento doméstico), lhes expôs uma nova realidade
espiritual: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao
vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que
nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.
Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os
seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário,
por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não
trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que
hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós,
homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que
comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas
coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas. Buscai, assim, em primeiro lugar, o
Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas (Mateus 6:25-33).
Jesus faz sim uma
promessa de prosperidade aos seus discípulos, dizendo a eles que sua
“fidelidade” na busca pelo Reino de Deus resultaria em provisão diária do
que comer, beber e vestir. O grande Jeová Jireh cuida de seus
filhos providenciando os víveres básicos do dia a dia (lembre- se da oração
modelo: “o pão nosso de CADA DIA nos daí HOJE”). Se estamos alimentados,
saciados e vestidos, Deus tem sido fiel com sua promessa, e de quebra nos dá um
novo alvorecer a cada dia repleto de novas possibilidades, renova nossas forças
e nos propicia o fôlego de vida, para que possamos lutar por regalias
adicionais. A despensa do crente pode estar vazia, mas sobre sua mesa haverá
alimento, se Ele priorizar o Senhor em sua vida. Mesmo em tempos de guerra, ele
encontrará regaços de paz e ainda que o mundo a sua volta esteja desmoronado,
ele permanecerá firme e em pé.
Para que uma família
consiga ir além do “essencial” garantido por Deus, faz-se necessário muito
trabalho, empenho e uma administração inteligente e equilibrada de sua renda.
De forma bem pragmática, podemos dizer que ao sermos fieis ao Senhor,
(inclusive no que tange ao dízimo), Deus nos garante um pequeno capital de giro
(o pão de cada dia). É nossa capacidade de gerenciar esta provisão diária que
nos possibilita a conquista de “confortos” adicionais. Para o sucesso
financeiro de uma família, mais do que fé e oração, é preciso aprender a
administrar seu orçamento e equilibrar os seus gastos.
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