Já imaginou um jogador que bate o escanteio e ao mesmo tempo
corre para cabecear a bola? Impossível não é? Ele jamais daria conta de fazer
as duas coisas ao mesmo tempo. Assim estava Moisés, solitário, prestando
assistência ao povo, desde a manhã até o pôr do sol (Êxodo 18:14). Uma fila
enorme de pessoas para atender e responder às suas necessidades, sem ter sequer
um auxiliar.
Não importa quão excelente seja
um líder, a unidade é tudo em um ministério aprovado. Uma das maiores lições
que um líder precisa aprender é que ninguém pode fazer tudo sozinho. Do mesmo
modo que uma equipe necessita de bons jogadores para ganhar, uma organização
também necessita de bons líderes para alcançar êxito.
Em uma visita a seu genro, Jetro
observou Moisés julgar o povo, e percebeu que ele exercia a plena função de
juiz para estes mais de dois milhões de pessoas, sem dividir a responsabilidade
com os outros. Jetro questionou a sabedoria de Moisés em servir só e manter as
pessoas esperando o dia todo para terem seus casos resolvidos.
Moisés apresentou suas
razões para fazer o trabalho assim: primeiro disse que ele buscava a
vontade de Deus para resolver as questões, e também aproveitava a ocasião para
ensinar ao povo os estatutos de Deus e as suas leis. Considerando que ele era o
único com quem Deus falava, ele achava necessário agir diretamente com as
pessoas em relação a todos os problemas. Mas Jetro não ficou satisfeito com
estas explicações, pois entendia que o método utilizado por Moisés não era
bom.
Mesmo um homem de sua força não
podia esquecer que era um simples humano e com este tipo de procedimento mais
atrapalhava do que ajudava, e então aconselhou: - Não pode fazer tudo este trabalho
sozinho, pois ele é pesado tanto para você, quanto para o povo - Moisés deveria saber acerca
disso, mas ele, como tantos outros, precisava de um amigo para lhe mostrar a
realidade. Este método não só era trabalhoso em si, mas também causava
dificuldades para as pessoas que eram forçadas a esperar na fila por muitas horas.
Jetro não negou a posição de
Moisés como porta-voz de Deus; ele ainda estaria pelo povo diante de Deus, quer
dizer, representaria o povo perante Deus. Também continuaria sendo tarefa de
Moisés ensinar os estatutos e as leis e dirigir o povo no caminho em que
deveriam andar e no que deveriam fazer. Contudo, para cumprir sabiamente os
propósitos de Deus, Moisés deveria escolher homens capazes, tementes a Deus,
“homens de verdade”, que aborrecessem a avareza, e colocá-los sobre o
povo por maiorais de mil, de cem, de cinquenta e de dez. Talvez estes números
se refiram a famílias e não a pessoas. Os homens serviriam na função de juízes
de tribunal inferior e tribunal superior, cada líder de grupo menor responsável
a quem estava acima dele. Quem não estivesse satisfeito com uma sentença de
instância inferior poderia apelar para um tribunal superior. Isto significaria
que inumeráveis sentenças não chegariam a Moisés.
Moisés percebeu a praticidade e
sensatez do plano sugerido por Jetro e fez tudo quanto tinha dito. Supomos que
Moisés buscou e obteve a permissão de Deus para praticar este método. Escolheu
os homens necessários e os pôs por cabeças sobre o povo. Estes homens eram
maiorais e julgavam o povo em todo tempo. Os assuntos mais difíceis traziam a
Moisés, mas cuidavam das questões menores. Em Deuteronômio 1:9-23, Moisés
narrou detalhadamente a nomeação destes juízes, ali chamados “capitães” e
“governadores”.
Foram nomeados na ocasião em que
Israel estava a ponto de deixar o monte Sinai após o recebimento da lei. Esta
informação pode significar que, embora Jetro desse o conselho antes do monte
Sinai e do recebimento da lei, a organização só foi implementada em sua
totalidade quando Israel estava pronto para prosseguir viagem.
Nas Escrituras, encontramos
inúmeros exemplos do ato de delegar - Deus delegou Moisés para libertar o povo
do governo egípcio; Moisés instituiu líderes que julgassem o povo; Josué foi
delegado para ser sucessor de Moisés; Jesus delegou seus discípulos para
evangelizarem a Israel, Paulo delegou muitos obreiros para trabalharem em
várias regiões, por exemplo, enviou Timóteo a Éfeso, enviou Tito a Creta e Epafras
a Colossos. Quando um líder entende que é limitado e que precisa expandir a
visão além de si mesmo, ele delega poderes a outros e assim a sua capacidade se
multiplica: - E as
palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a
homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (II Timóteo 2:2).
Obviamente, não basta a um líder
apenas entender que possui limitações, e que precisa ser representado para
aumentar seu raio de ação. Um líder precisa ser claro quanto ao que o seu
representante vai fazer. Jetro interveio na liderança de Moisés, dando-lhe
claras explicações de como deveria interagir - E tu dentre todo o povo procura
homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza; e
põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta,
e maiorais de dez; Para que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo
o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a
ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo (Êxodo 18:21-22).
Jetro aconselhou e Moisés seguiu
o que havia dito. Com isso, ele ganhou agilidade e pode servir melhor, e em
contra partida os liderados se ocuparam, e todos passaram a trabalhar num
objetivo comum.
Diferente desse modelo, hoje, em
muitas igrejas, encontramos dois grupos de pessoas nomeadas: os que não sabem o
que fazer, e os que querem fazer o que não lhes foi determinado. Todo líder
precisa compreender a responsabilidade que está sobre seus ombros ao dar poder
a alguém para agir. O poder pode mudar a mentalidade de uma pessoa, como no
fato narrado em Atos 8:19-21, quando um homem chamado Simão, tentou adquirir o
poder do Espírito Santo através de bens materiais - e disse: “Deem-me também este
poder, para que a pessoa sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo”.
Pedro respondeu: “Pereça com você o seu dinheiro! Você pensa que pode comprar o
dom de Deus com dinheiro? Você não tem parte nem direito algum neste
ministério, porque o seu coração não é reto diante de Deus...
Um líder precisa observar se além
de capacidade, o tal também possui uma chamada da parte de Deus. A posição pode
mudar o status, mas pode não resolver o problema para o qual foi designado. Um
certificado de médico não resolve o problema de um doente. O conselho de Jetro
era para que Moisés buscasse pessoas capazes, e os nomeasse conforme a
capacidade de cada um: “põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de
cem, chefes de cinquenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo
tempo”. Se a
capacidade dos encarregados for negligenciada bem como outras qualidades o
prejuízo será de todos.
A visão de Reino é diferente de
uma visão particular. Quando se pensa no Reino, se é capaz de viver acima dos
caprichos e da ignorância. Um líder centrado sabe que, para o crescimento e
expansão do Reino, é preciso que surjam novos líderes e novas ideias. É claro
que isso deve ser visto com cuidado e se promova outros líderes com critérios.
Quando Jetro aconselhou a Moisés a procurar homens que tratassem das questões
legais entre o povo, ficou claro que, para o desempenho daquela função, não
caberia qualquer pessoa.
Antes deveriam ser pessoas com perfil adequado para aquela função. Jetro demonstrou um excelente tino administrativo ao dizer: “procure homens...”, visto que é necessário um olhar investigativo, observador para identificar a pessoa adequada para a função auxiliar. Antes, porém, Moisés os deveria preparar, declarar, ensinar-lhes os estatutos.
Antes deveriam ser pessoas com perfil adequado para aquela função. Jetro demonstrou um excelente tino administrativo ao dizer: “procure homens...”, visto que é necessário um olhar investigativo, observador para identificar a pessoa adequada para a função auxiliar. Antes, porém, Moisés os deveria preparar, declarar, ensinar-lhes os estatutos.
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