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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Em busca da cura para a alma


Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. 

Davi era apenas o oitavo filho de Jessé, moço ruivo e franzino, designado para cuidar de ovelhas enquanto seus irmãos serviam na guerra. O pastorzinho se tornara insignificante em uma casa de heróis nacionais, o que lhe rebaixava ao posto de filho menos notável e párea de seus iguais.

Davi não experimentou do carinho do pai, não recebeu afagos de seus irmãos mais velhos e jamais foi recompensado pelo bom trabalho realizado nos pastos. Sua insignificância dentro da família era tanta, que nem mesmo após ser ungido pelo próprio profeta Samuel, como o novo rei de Israel, ele ganhou o respeito de sua família. Pelo contrário; na manhã seguinte a sua unção, lá estava o ruivinho no campo, lidando com animais e distante do calor paternal.

O tempo passou e após muitas batalhas, Davi finalmente ascendeu ao trono de Israel, se tornando o maior rei daquela nação. Mas, se sobrava experiência militar para conduzir seu exército às grandes vitórias, faltava experiência familiar, e Davi acabou conduzindo sua própria casa para um caminho de fracassos e derrotas.

Refletindo o descaso que sofrerá na juventude, o Rei não concede privilégios ao velho Jessé. Seus irmãos, veteranos de guerra e heróis nacionais não obtém nenhum reconhecimento real.

Sem grandes parâmetros provindo de berço, Davi se casa com diversas mulheres e com elas gera mais de 20 filhos, criando dentro de sua casa uma verdadeira guerra civil por poder e posição. Filho de pai ausente, Davi se torna um pai ausente, que não percebe os olhos lascivos de seu primogênito AMNON para com a própria irmã, TAMAR. Devido ao descaso de DAVI, o perverso AMNON sucumbe a seus desejos carnais, e após colocar em prática um malicioso plano, ele violenta sua irmã, e depois de deflorá-la, sentindo uma imensa repulsa pela moça, a expulsa de casa, jogando-a ao relento. Ao saber do fato, DAVI fica furioso, entretanto, mais uma vez é relapso e não toma qualquer atitude em relação ao estupro incestuoso. Não pune AMNON, e sequer, presta qualquer amparo a TAMAR, sua própria filha.

Um de seus outros filhos, chamado ABSALÃO, é que se encarrega de cuidar das feridas físicas e emocionais de TAMAR, e astuciosamente, elabora um plano para se vingar de seu irmão AMNOM. Durante uma festa, onde todos os príncipes estão reunidos e embriagados, os homens de ABSALÃO atacam de surpresa, e matam AMNON. Com a morte do futuro rei, DAVI se enfurece e exige que o assassino seja punido, e assim, ABSALÃO se vê obrigado a fugir para Gesur. Num mesmo dia DAVI perde dois de seus filhos mais queridos.

Pais tentem a perdoar os filhos com certo imediatismo, porém, DAVI demora três anos para conceder o perdão real a ABSALÃO, e quando este volta para casa, Davi não o trata como filho, mais sim, como um dos muitos nobres de Israel. Ressentimentos afloram no jovem príncipe e silenciosamente ABSALÃO começa uma revolução nas ruas. Sua estratégia dá resultados, e ele é declarado rei de Hebrom, e com um exército a sua disposição, parte para um ataque surpresa contra seu pai. Desprevenido, DAVI perde o palácio para seu próprio filho, que além de tomar para si o trono de Israel, humilha o velho rei estuprando em público as mulheres de seu pais. A guerra civil gerada devido a conflitos familiares, só termina quando após um trágico incidente, ABSALÃO morre, provocando ainda mais dor em DAVI.

Dramas e traumas. Sofrimento e dor. Descaso e lágrimas... Davi é um péssimo exemplo de pai, mas um grande exemplo de como devemos nos portar diante do Todo Poderoso, já que conseguia desfrutar plenamente da Graça de Deus, que é capaz de curar nossas dores mais agudas, e ser imerso pelo Amor de nosso Senhor, que tem o poder de cobrir uma multidão de erros. Assim, de cada experiência ruim e traumática, Davi se fortalecia através do perdão, e apesar de seus muitos pecados, através do arrependimento, conseguia construir a estrada que o levava de volta para os braços de Deus.

E é exatamente este o maior exemplo que Davi nos deixou. Somos vitimados por diversas enfermidades emocionais que deterioram nossa alma e, em muitas situações, nos impedem de realizar a vontade de Deus. No entanto, ao nos depararmos com o Salmo 139:23-24, escrito pelo próprio Davi, começamos a entender muito da verdadeira alma humana. O sentimento do salmista aqui expressado nos mostra o seu desejo de servir e fazer a vontade de Deus, mas, com uma certeza: O coração, há de estar totalmente curado de todos os males que afligem seu interior.

O Criador sempre quer o melhor para nós, pois sempre está nos preparando algo especial (SaImo 139:17). Em nenhum momento, o Senhor quer ver um servo com sentimento de culpa, angustiado, sofrendo com o medo, insegurança, dificuldade de dizer não, falta de reconhecimento de culpa entre outros sintomas que poderão produzir um afastamento do indivíduo de sua presença e consequentemente a falta de intimidade com Ele.

O texto proposto por Paulo, em II Coríntios 5:17, nos dá a nítida noção de que, ao aceitarmos a Cristo, estaremos livres de tudo que nos fazia mal no passado, e ele está totalmente correto. No entanto, em Romanos 12:2, vemos o mesmo Apóstolo nos apresentando a necessidade da renovação de nosso entendimento. O que entendemos a partir daí?

Durante a sua expressão de louvor, Davi declara que a sua alma sabe do que Jeová é capaz (SaImo 139:14). Ao longo das lições estudadas, podemos aprender como o sofrimento da alma pode ferir, de maneira profunda, o indivíduo, levando-o a uma condição, em alguns casos, deploráveis, mas ainda assim, se tal indivíduo se apresentar ao Criador com o coração contrito, experimentará o melhor de Deus em sua vida.

Existem técnicas de tratamento eficazes para solução das enfermidades da alma, todavia estar com o Senhor e reconhecer o seu poder podem evitar que o homem chegue ao fundo do poço, mergulhando em crises existenciais que ele mesmo desconhece. Entretanto, para algumas pessoas, isso se torna muito difícil, daí a necessidade da ajuda de alguém com conhecimento científico específico em áreas que estudem o comportamento humano para que, com tratamento terapêutico, ajude o indivíduo a identificar as causas de suas crises (Tiago 5:16).

O versículo de segunda aos Coríntios nos garante uma mudança total em nossa estrutura espiritual, enquanto o texto da carta aos Romanos nos mostra à necessidade de mudança e cura em nossa estrutura emocional. Só depois de passarmos por essas duas transformações, poderemos gozar plenamente da perfeita vontade de Deus e experimentar totalmente as maravilhas de vivermos debaixo de suas asas.

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