Senhor...
Dai-me paciência! Esta é uma oração que vez ou outra fazemos, sem ao menos nos
atentarmos que segundo Romanos 5:1-4, a paciência nasce de nossos sofrimentos,
seu desenvolvimento é aprovado em nós pelo próprio Deus, e a partir dela, a
esperança é criada. Então, podemos
concluir que o Senhor não nos dá “paciência”, e sim, “exercícios” para que ela
seja desenvolvida e aprimorada. Exatamente por isto, uma das facetas do Fruto
do Espírito que devemos amadurecer é a longanimidade (Galatas 5:22)
Quem ora
pedindo por “paciência”, incautamente pede por “provações”. A longanimidade
nada mais é do que o “exercício prático” desta paciência. Considerando que ser
paciente com os filhos é um dever paterno/materno, ser paciente com o cônjuge é
um dever matrimonial, ser paciente com o próximo é um dever fraternal e ser
paciente com a congregação um dever ministerial; logo a longanimidade é a
capacidade de exercitar a paciência mediante uma situação conflituosa. A grande
questão aqui é como lidamos com nossas crises.
Qual é
nossa reação mediante o desemprego, uma perda familiar ou um diagnóstico
devastador? É exatamente nessas horas que essa característica do Fruto
Espiritual se sobressai, nos mantendo fortes durante a fraqueza e confiantes
durante as incertezas; determinados a esperar que Deus cumpra em nós seu querer
no tempo oportuno, mesmo que o nosso tempo pareça estar findando. Toda a vida
na terra é hoje conduzida e cronometrada dentro do “CRONOS”, o tempo humano. Enquadramo-nos
em agendas e calendários, espremendo nosso dia entre os ponteiros de um
relógio. Por isto quando algo inesperado compromete esse nosso cronograma vital,
nos desesperamos e perdemos o compasso.
Ora, Deus
não se encaixa em nosso tempo, pois ele é atemporal. Sua existência é de
eternidade em eternidade e diante de seus olhos nossa vida é como um breve
sopro. Ele a tem como uma fagulha em suas mãos, com conhecimento profundo sobre
nosso passado, presente e futuro; sabendo quando e onde agir em nosso favor...
Mas seu socorro não esta comprometido como o nosso CRONOS, e se desenrola no
KAIRÓS, o tempo perfeito de Deus.
A
palavra longanimidade vem do termo grego MAKROTHUMIA, que remeta
a ideia de alguém
que sabe esperar o momento certo para falar ou agir, sem reagir de forma
subconsciente ou explodir em ira quando provocado. Em
resumo, quem é longânime, sabe “contar até dez”, escuta mais do que fala e
pensa antes de agir. Segundo Provérbios 25:15, a longanimidade persuade o
príncipe, e a língua branda esmaga os ossos.
Paulo era
insistente com Timóteo para que ele desenvolvesse a longanimidade como elemento
crucial de seu ministério (I Timóteo 1:16 / II Timóteo 3:10). Escrevendo a
igreja de Éfeso, o apóstolo nos alertou que o cristão não pode deixar que a sua
“ira” (ou fúria) se transforme em pecado. Por vezes, até podemos nos irar
(assim como Deus se ira), porém não devemos ser dominados por ela, aplacando-a,
através da longanimidade (Efésios 4:26-27).
Desta maneira, evitamos o altíssimo risco de executarmos uma atribuição
exclusivamente divina, pois se a “vingança” na mão de Deus é “justiça”, em mãos
humanas, é um pecado mortal (Romanos 12:19).
Neste
contexto, a longanimidade revela nossa confiança plena em Deus,
nos dando tranquilidade para aguardar o cumprimento de sua vontade, em nós e
por nós.
A longanimidade nos faz entender
e se entregar ao Kairós de Deus, cientes que depois da tempestade, o Senhor colocará
no céu de nossas vidas o seu arco (Gênesis 9:16) e que no tempo exato (do ponto de vista
da eternidade), o Senhor virá em nosso socorro. Muitas vezes queremos enfrentar
nossos gigantes com a força existente em nosso próprio braço, vestimos nossa
armadura de bronze, empunhamos nossa espada afiada, e movidos pela irritação,
pela ira, pelo revanchismo e até pela vingança, atacamos descoordenadamente.
Como resultado, acabamos ainda mais feridos, e infelizmente, alguns encontram a
própria morte.
Provérbios 16:32 nos diz que vale
mais o paciente do que o guerreiro e que controlar o próprio espírito vale mais
que conquistar uma cidade. É claro que existem circunstâncias onde é preciso
guerrear, mas haverá casos em que a batalha não cabe a nós, é sim ao próprio
Deus (Êxodo 14:14). E neste caso, a “arma” mais eficiente para termos em mãos é
exatamente o exercício da longanimidade. A capacidade de esperar Deus agir.
Colaboração: Pb. Miquéias Daniel Gomes
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