A última característica
do Fruto Espiritual listada por Paulo em Galatas 5:22 é EGKRATEIA. Este termo
grego tem como raiz etimológica a palavra “kratos”, que literalmente significa
“ter domínio ou autoridade sobre algo ou alguém”. No hebraico, a mesma
expressão se translitera para APHAQ, e se refere a alguém que consegue
controlar suas próprias emoções (Gêneses 43:30-31).
Na língua portuguesa,
seus equivalentes mais conhecidos são os termos Domínio Próprio e Temperança,
que basicamente, expressam a idéia de um indivíduo que tem controle sobre as
suas paixões, sobriedade em suas atitudes e decisões, e que consegue evitar os
excessos em seus apetites, seus desejos e vontades. Apesar da redundância,
podemos dizer de forma resumida, que Domínio Próprio nada mais é que
autocontrole.
Embora pareça fácil
alcançar plenamente o autocontrole, obter domínio próprio é extremamente
complexo, e se faz necessária à intervenção auxiliadora do Espírito Santo.
Somos constituídos de corpo, alma e espírito. Deus deseja operar nestas três
esferas de nossa vida (pensamentos, vontades e ações), mas para que isso
aconteça, precisamos entregar esse “pacote” à Ele.
Para podermos doá-los ao
Senhor, primeiro precisamos ter controle sobre ele e para tal se faz necessário
uma amortização da carne, um refinamento de alma e uma constante renovação
espiritual. Se tudo isto acontecer, então o homem consegue perseverar em
oração, jejuar, meditar na Bíblia e assim encontrar os meios (e a força
necessária) para manter seus impulsos e instintos em stand by. O Domínio
Próprio não elimina nossas fraquezas e defeitos, mas as tranca em uma caixa
espiritual, de onde não podem mais agir, embora continuem vivos e ativos lá
dentro.
Outro termo usado para
definir esse autocontrole é TEMPERANÇA. Desenvolver esta virtude significa
equilibrar seus sentimentos; colocar limites aos próprios desejos;
controlar a atração por prazeres; assegurar o domínio da vontade espiritual
sobre os instintos carnais e corrigir desvios temperamentais.
Relevantes estudos da psicologia cristã revelam quatro tipos básicos de
temperamentos individuais, sendo que todos possuem seus deméritos, sendo eles:
melancólico, fleumático, colérico e sanguíneo.
Um indivíduo que
amadureça Frutos Espirituais não eliminará de seu temperamento os aspectos
negativos inerentes à ele; mas poderá equilibrá-los com as demais virtudes
presentes no Fruto. Por exemplo: Um cristão que tenha o temperamento melancólico
terá tendências para a autodepreciarão, tristeza constante e inclinação a um
quadro depressivo, mas compensa estas fraquezas com outras virtudes do Fruto
Espiritual, tais como amor, alegria e paz. O fleumático tende a ser calculista,
materialista e sistemático, mas equilibra suas ações através do amor, da
longanimidade, da benignidade e da bondade.
O colérico, inclinado ao
preconceito, ao rancor e a ansiedade, equilibra seu caráter mediante o amor, a
fidelidade e a mansidão. Já o sanguíneo, impulsivo e intolerante, corrige seus
desvios de personalidade ao exercer amor, benignidade, longanimidade e
mansidão. Exatamente por este motivo, não podemos considerar como genuíno, um
fruto onde esteja ausente qualquer uma das características indicadas.
Este fruto pode ser
descrito como uma tangerina com nove gomos ou um belo cacho com nove uvas muito
viçosas, sendo esta uma condição irrevogável e sem concessões. Um fruto com
apenas oito gomos ou um cacho com apenas oito uvas, logo é um fruto defeituoso,
produzido por uma árvore de qualidade duvidosa.
Uma árvore que produza
frutos incompletos será desqualificada, desarraigada e lançada ao fogo. Assim,
a avaliação de nosso caráter para fins de juízo ou galardão se dará pelo
minucioso exame dos frutos que produzimos ao longo de nossas vidas. A sabedoria
de Deus é tão maravilhosa, que uma das características do Fruto do Espírito é
responsável por “equilibrar” todas as outras de forma homogênea, linear,
cíclica e duradoura.
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