O Coração do velho Abraão pulsava despedaçado.
Moriah já estava ao alcance dos olhos. Seus pensamentos divagavam a procura de
resposta, afinal, pai e filho estão imersos em porquês e mais porquês. Mesmo
assim, nenhum deles ousa questionar as ordens de seu Deus. Já no cume da
montanha, Abraão estava pronto para realizar o impensável, oferecendo seu filho
Isaque em sacrifício ao Senhor.
Ele prepara o holocausto, cuidadosamente ajeita a
lenha, amarra Isaque “carinhosamente” e o deita sobre o altar. Apesar da dor, o
velho patriarca tem uma certeza que lhe conforta o coração: - Nem que seja
das cinzas, eu sei que Deus trará meu filho de volta! (Hebreus 11:17-18)
Não por acaso, Abraão é conhecido como o Pai da Fé,
pois em sua vida se cumpriu integralmente a definição de FÉ que o inspirado
escritor da epístola aos hebreus redigiu: - FÉ é a certeza das coisas que
se esperam e a prova daquilo que não se pode ver (Hebreus 11:1).
Mas, falar de fé ao cristão pode parecer
redundante, pois se cremos na divindade de Cristo, em seu nascimento virginal,
sua vida, seu evangelho, sua morte, sua ressurreição, sua ascensão e seu
vindouro retorno, sem que ao menos exista sequer uma única evidência
cientificamente comprovada de sua existência, então nossa vida já é baseada em
fé.
Na verdade, segundo as escrituras, o justo deve
“viver” por FÉ (Romanos 1:16-17). Na pratica, todo homem nasce dotado de FÉ, a
qual podemos chamar de FÉ NATURAL. Poderíamos definir esta fé mais como
um “ACREDITAR” do que propriamente “CRER”. É esta fé que leva grande parte das
pessoas a acreditarem em DEUS. Todo cristão, em algum ponto de sua vida, também
desenvolveu uma FÉ SOBRENATURAL em Cristo Jesus, e é esta FÉ que nos leva a
obter salvação através da Graça (Efésios 2:8).
Alguns indivíduos do Corpo de Cristo, através do
Espírito Santo, recebem uma capacitação especial para desenvolver uma fé que
excede a da grande maioria, e foi a esse tipo de FÉ que Jesus se referiu quando
disse que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa
daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível (Mateus 17:20).
Essa FÉ específica, é a capacidade de se confiar em Deus de uma maneira
completa e sobrenatural e se manifesta apenas em ocasiões especiais, em um
número reduzido de pessoas, visando à realização de obras extraordinárias em
tempos de crise, desafios e emergências. A este “fenômeno” damos o nome de
"Dom da Fé". Em muitas oportunidades essa FÉ opera em conjunto
com outras manifestações espirituais, como é o caso dos dons de curar e do dom
de operar maravilhas (I Coríntios 12:7-11).
Porém, se em alguns casos a fé pode obter picos de
rara elevação, inegavelmente, todo cristão precisa desenvolver a FÉ, pois sem
ela, o Fruto do Espírito fica incompleto.
Quando listou as características do fruto
espiritual, Paulo usou a palavra grega PISTIS, que para a língua portuguesa,
pode ser transliterada por FÉ ou FIDELIDADE, dependendo da versão bíblica.
Ambas, estão intimamente ligadas, e não é possível exercer uma delas se a outra
não estiver latente em nossa conduta.
A Fidelidade é uma qualidade que o Espírito Santo
molda em nosso caráter, e que aperfeiçoamos diariamente em nossa peregrinação
rumo ao céu. Ela nos faz “fiel em “tudo”. Quando pensamos em fidelidade como
fruto espiritual, logo imaginamos se tratar de uma fé devotada ao Senhor, mas
na verdade, devemos ir muito além deste conceito. Ser fiel a Deus implica em
exercer a fidelidade em todas as esferas de nossa vida. Jesus nos ensinou que a
fidelidade de um discípulo é medida primeiramente nas coisas pequenas e que
mediante aprovação nestes “testes” seriamos promovidos a coisas maiores (Mateus
25:21).
A fidelidade é a característica do fruto espiritual
que nos leva a ser fiel não somente ao Senhor, mas também ao próximo e a nós
mesmo. Fiéis nos dízimos, nas ofertas, no tempo, nos pensamentos; no
relacionamento, na vocação, nas virtudes; entregando corpo, alma e espírito,
sentir e agir, pensamentos e atitudes para Deus.
Ninguém é fiel a Deus sendo infiel ao seu cônjuge
ou ao seu ministério. Ninguém é leal a Deus negando lealdade ao seu líder ou
para com seu trabalho. Nada disto, porém, é possível sem o exercício
diário e continuo da Fé.
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