Páginas

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Testemunho - Nunca mais solidão (Marli das Graças Benedito Valias)




Tenho hoje 63 anos, mais ainda me lembro bem de minha infância. Meu pai biológico abandonou minha mãe quando ela estava gravida, e depois que nasci, o novo companheiro dela não aceitava seus filhos, e por isso, fomos enviados a um orfanato.

Ao saber deste acontecimento, uma tia nos buscou para morarmos com sua família, mas infelizmente, logo ela ficou viúva, e as dificuldades se acentuaram. Neste tempo, meu pai reapareceu e nos levou para morar com ele, porém, não havia estabilidade, pois mudávamos de casa em casa, sempre se hospedando em casas de amigos.

Quando tinha sete aos anos, meu pai se casou novamente, e apesar de ter uma madrasta, me tornei logo cedo numa dona de casa. Meu pai se mostrou muito respeitoso como seus dois filhos e com os quatro enteados, e esta foi uma lição que levei para vida: respeitar as pessoas.

Com nove anos de idade fui trabalhar de pajem, com doze anos já era a responsável pela maioria dos afazeres domésticos, exceto cozinhar. Me casei muito cedo, e com dezesseis anos já era mãe.

Apesar das dificuldades, mesmo sem conhecer Jesus, fiz um voto com Deus, que independente do que acontecesse em minha vida, eu nunca iria abandonar meus filhos, pois jamais deixaria que eles experimentassem da mesma dor que experimentei por duas vezes, sendo abandonada por meu pai ainda no ventre, e depois por minha mãe, que em decorrência de sua paixão por um homem, nos deixou num orfanato.

No ano de 1984, eu já tinha cinco filhos, e neste tempo, fui acometida de uma anemia profunda, que me levou para o Vale da Sombra da Morte, pois os médicos me davam apenas três meses de vida. Eu era uma nova convertida, e pouco entendia sobre o espiritual, mas com minha pouca fé, falei para Deus que não queria morrer e deixar meus filhos desamparados, mas que fosse feita a sua vontade.

Minha grande preocupação era dar aos meus filhos aquilo que nunca tive, uma infância e uma adolescência feliz. Ao invés de brincar, tudo o que a vida me ensinou na mais tenra idade foi trabalhar e rezar a deuses estranhos, depositando minha fé em novenas e rezas com terços, carregando água de um lado para o outro em épocas de estiagem. Esta era minha vida e tudo o que conheci do mundo.

Mas mesmo em minha simplicidade, Jesus ouviu minha oração. Ele me curou, salvou minha vida e tocou na minha alma, permitindo que ainda hoje eu esteja aqui, testificando de seu amor, grata o Senhor pelos seis filhos e dezessete netos que ele me confiou... Nunca os abandonei, e Deus nunca me abandonou!


Nenhum comentário:

Postar um comentário