Em 2012, o IBGE
divulgou um estudo que levou a comunidade evangélica no país a um verdadeiro
frenesi, afinal, havíamos crescido cerca de 62% em apenas uma década. Pela
primeira vez na história, um órgão oficial apontava para uma tendência: A maior
nação católica do mundo estava se tornando evangélica.
O primeiro culto
evangélico realizado no Brasil aconteceu em 10 de março de 1557, três dias depois
da chegada de missionários franceses enviados ao país por João Calvino. Em
1630, foi inaugurada a primeira igreja em terras brasileiras, filiada a Igreja
Reformada Holandesa. Depois vieram os anglicanos, os luteranos, os metodistas,
e em 1858, inaugurou-se a Igreja Evangélica Fluminense, a primeira no país no
estilo congregacional. Os próximos a se
estabelecerem no país foram os presbiterianos, os batistas e os adventistas.
Estas novas denominações são historicamente importantes, pois
investiram em educação cristã e na imprensa evangélica.
Em 1911, é inaugurada a
primeira igreja pentecostal do Brasil, chamada inicialmente de Missão da Fé
Apostólica, que mais tarde viria a se chamar Assembleia de Deus. Outras grandes
denominações do gênero se estabeleceram nos anos seguintes, como a Igreja de
Cristo Pentecostal no Brasil (1937), a Igreja do Evangelho Quadrangular (1951)
e a Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962). A partir de 1977, com a fundação da
Igreja Universal, deu-se início a um movimento chamado de neo-pentecostal (ou
pentecostalismo moderno), cujos maiores expoentes são a Igreja Internacional da
Graça (1980) e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo (1986). Mais
recentemente, as comunidades evangélicas também se mostraram um segmento
bastante atrativo para novos crentes (Sara
Nossa Terra, Projeto Vida, Fonte da Vida, Igreja Mundial do Poder de Deus, Bola
de Neve Church, Plenitude do Trono de Deus, entre outras). Calcula-se que
hoje, a cada quatro brasileiros, um seja evangélico, e as projeções mais
otimistas indicam que até 2022, já seremos pelo menos metade da população
brasileira.
Porém, mesmo com
tamanha variedade de denominações, gêneros e estilos eclesiásticos, nos últimos
anos tem crescido exponencialmente o chamado MSI “Movimento dos sem igreja”,
formado por antigos adeptos de diferentes denominações, que optam por servir ao
Senhor sem participar de nenhuma comunidade eclesiástica, cultuando apenas em
casa, ou em pequenos grupos familiares. Com isso, desvinculam-se completamente
de qualquer igreja. A grande maioria dos adeptos deste movimento alegam
decepção com as instituições evangélicas e seus líderes, bem como a cristandade
em geral. É claro que o movimento
desperta críticas severas a sua ideologia, pois historicamente, o cristianismo
tem sido praticado em comunidade, já que a igreja é identificada nas escrituras
como sendo o “Corpo de Cristo”, assim, qualquer membro fora do corpo, estaria
fadado a aniquilação (I Coríntios 12:27).
Segundo o respeitado
site de estudos Got Question, a Bíblia ensina que
precisamos ir à igreja para que possamos adorar a Deus com outros crentes e ser
instruídos em sua Palavra para nosso crescimento espiritual (Atos 2:42; Hebreus
10:25). A igreja é o lugar onde os crentes podem amar uns aos outros (I João
4:12), exortar uns aos outros (Hebreus 3:13), “estimular” uns aos outros
(Hebreus 10:24), servir uns aos outros (Gálatas 5:13), instruir uns aos outros
(Romanos 15:14), honrar uns aos outros (Romanos 12:10) e ser bondosos e
misericordiosos uns com os outros (Efésios 4:32).
Servir ao Senhor e
prestar-lhe culto é um exercício diário, praticado inclusive na solitude do
próprio quarto (Mateus 6:6). Entretanto é inegável que o fato de estar
congregando junto a irmãos de fé, é uma atividade de vital importância para a
vida espiritual do crente, pois o templo sempre foi um catalisador de nossa
espiritualidade. Quando lemos o Salmo 73, encontramos Asafe lutando sozinho com
seus dilemas e questionamentos espirituais, e o resultado quase é uma tragédia
pessoal (versos 2 e 3). Em sua solidão, o salmista se mostra fraco para lidar
com questões complexas, como o senso de justiça humano em paradoxo com a
justiça divina, e em decorrência destes dilemas, ele vê a própria fé se
extinguir (versos 4-14). Seu coração apenas se aquieta quando ele toma a
atitude de se levantar e ir ao "santuário", e é na Casa de Deus, que
Asafe encontra as respostas que procurava (versos 16 e 17). Foi no templo que
sua fé se fortaleceu, o mesmo efeito experimentado por Ana em I Samuel 1.
A vida em comunhão no
templo é amplamente aconselhada pelos escritores neo-testamentário, que
ressaltam inclusive os benefícios terapêuticos da união fraternal (Romanos
12:15 / Tiago 5:16). Então, ao invés de evitar a comunhão do Corpo de Cristo em
nome da justiça própria, o cristão deve sempre priorizar a vontade do Senhor
Jesus, que era ver a sua igreja unida como um organismo único e funcional (João
17:11).
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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