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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Prova de Fogo (Testemunho - João Vicente Garcia)



Entrei pela primeira vez em uma igreja evangélica no ano de 1988, quando visitava o ainda distrito de Estiva Gerbi. Senti algo diferente naquela noite, e ao sair do culto, já tinha dentro do meu coração o desejo de servir ao Senhor.

Me mudei definitivamente para Estiva Gerbi, e comecei uma batalha contra alguns vícios que tinha. Bebia muito e fumava desde os seis anos de idade. Foram oito longos anos até a total libertação. Mas, valeu a pena. Ao longo deste processo, ganhei minha esposa para Jesus.

Embora tivesse minha casa própria, a situação financeira da família não ia bem. Mesmo assim, continuávamos firmes aos pés do Senhor. E nossa fé seria posta à prova.

Durante uma atividade na escola, minha filha de apenas onze anos, sofreu um pequeno acidente, chocando seu joelho com outra colega. Assim que ela chegou em casa, começou a reclamar de dor. E o que pensamos ser apenas o incomodo pela pancada sofrida, se mostrou um problema muito mais grave. Durante um exame, os médicos constataram que havia um tumor maligno em seu joelho.

Nos próximos seis meses, entre viagens constantes para tratamento com quimioterapia em São Paulo, vi minha filha se definhando rapidamente. Foram dias de muita tristeza. Certa noite, pude ouvir minha filha orando por toda nossa família. Me emociono ao lembrar deste momento.

Para se ter uma compreensão de como sua saúde estava debilitada, basta dizer que já não era possível encontrar veias em seu braço para tirar sangue. Então, durante um exame de rotina, o médico fez um pequeno corte em seu braço para realizar a coleta. Infelizmente, ela não resistiu ao ferimento e faleceu.

A dor que sentimos é impossível de descrever. Só estamos aqui porque o Espírito de Deus nos fortaleceu.

Tentando esquecer esse trauma, comecei a trabalhar com muito mais intensidade. As portas começaram a se abrir, e minha vida financeira foi se estabilizando. Comprei um carro novo e me tornei dono de uma das primeiras linhas telefônicas da cidade. Inicialmente, eu apenas transportava madeira, mas, decidi investir em minha própria carvoaria. Deu certo. Nunca tinha ganhado tanto dinheiro na vida. Comprei um sítio, um grande pátio e um barracão equipado.

Porém, com tantas atividades seculares, mal tinha tempo para cultuar ao Senhor, mesmo sendo um obreiro da igreja. Materialmente eu estava voando. Espiritualmente estava acomodado.

Eu tinha um pátio onde ensacava o material produzido. Havia cerca de quarenta toneladas de material em estoque, quando um incêndio avassalador tomou conta do local. As labaredas devoraram toda a matéria prima, os consumíveis, os equipamentos, os caminhões e os maquinários. Com o calor, algumas telhas do barracão voaram a mais de 30 metros de distância. Tudo virou cinzas.

O ano era 2002, e meu prejuízo ultrapassou a marca dos R$ 200.000, 00. Orei ao Senhor buscando um direcionamento. O que fazer?

Comecei a re-projetar minha vida. Demite alguns funcionários, renegociei dividas, acionei antigos fornecedores, procurei os clientes mais fiéis, e entendi que minha única opção era trabalhar com ainda mais afinco. Aos poucos, fui me reestruturando.

Com a graça de Deus, consegui reabrir a carvoaria em outro lugar. Para isso, precisei de novas licenças e aprovações. Mesmo assim, uma série de denúncias maldosas, motivadas por interesses pessoais de um ex-vereador de Mogi Guaçu, complicaram a minha vida.

Um juiz da mesma cidade mandou lacrar minha empresa. Por dois anos não pude entrar numa propriedade que era minha, e mesmo assim, diversas pessoas entravam na propriedade para realizar pequenos furtos. Perdi clientes e gastei com advogados. Tinha que provar o que os documentos já diziam. Um absurdo.

Neste período de embate jurídico, abri uma carvoaria em Martinho Prado, afim de atender os clientes que ainda possuía. Mas, a justiça de Deus não falha. Depois de enfrentar a burocracia dos tribunais, provamos o erro do juiz, e minha empresa estava novamente liberada para trabalhar. Até mesmo os fiscais da CETESB e os promotores que avaliaram a carvoaria, testemunharam ao meu favor. Grande vitória.

E nesta fé, temos trabalhado com zelo e temor até os dias de hoje. Estamos enfrentando a maior crise econômica da história, mas, não vou me deixar abalar. Já passei por tantos caminhos de dificuldade, que tenho plena confiança no cuidar do meu Deus.

Cair é uma oportunidade que temos para levantar ainda mais forte.

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