Depois dos eventos ocorridos em Cades- Barnéia,
quando já na fronteira de Canaã, os israelitas temeram os cananitas e, por
medo, desprezaram a terra prometida, Deus os fez retornar até o Mar Vermelho,
para dali, tomar um novo caminho. Desde a saída do Egito, Deus havia colocado
sobre os viajantes uma grandiosa nuvem que lhes proporcionava sombra no meio do
deserto.
Durante a noite,
miraculosamente, a nuvem se transformava numa coluna de fogo, que fornecia luz
e calor. Até Cades-Barnéia, a nuvem acompanhou o povo na direção que escolheram
seguir. Agora, na nova rota, eram os israelitas que teriam de seguir a nuvem,
acampando onde ela parasse, e se locomovendo quando ela se movia, sem avisos
prévios. Este trajeto durou quarenta anos, e o propósito desta longa jornada,
era eliminar a geração que saiu do Egito, a mesma que se negou a entrar na
terra da promessa por temer os gigantes (Números 13-14).
A incredulidade
de Israel no livramento do Senhor, ofendeu grandemente ao Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. A ira do Todo Poderoso se levantou contra aquela gente ingrata,
que menosprezou as promessas e escolheu retroceder. E se existe uma ação humana
que fere a honra do Senhor, é exatamente olhar para traz, ignorando o histórico
da fidelidade que Deus estabelece em suas relações (Hebreus 10:38).
De imediato, o
Senhor desejou exterminar toda aquela geração através de pragas e pestilências,
e iniciar em Moisés, uma nova nação, ainda mais forte e poderosa (Números
14:11-12). Moisés, então, clamou pela misericórdia do Senhor, e por amor a seu
servo, Deus não destruiu aquela gente. Mesmo assim, deixou muito claro que,
dentro todos os israelitas que saíram do Egito com mais de 20 anos, apenas
Josué e Calebe entrariam em Canaã (Números 14:22-24).
Poucos são os
registros históricos deste período. Os quarenta anos de peregrinação estão
resumidos em Números 16-33, e mesmo assim, este breve relato nos deixa
evidências da dureza do coração daquela gente, ao ponto de Deus se retirar do
meio deles. Assim que chegaram ao Mar Vermelho, o povo se reuniu para ouvir
Moisés explanar novamente os principais pontos da lei. Dali, seguiram para o
deserto de Sim, Dofca, Alus e Redifim, até chegaram ao deserto do Sinai. Era
apenas o começo daquela jornada disciplinadora, que visava limpar a nação de
corações ingratos e endurecidos (Números 33:11-15).
Um dos primeiros
eventos deste período é exatamente a rebelião liderada por Coré, Datã e Abirão,
que se levantaram contra Moisés e Arão, requerendo para suas famílias, posições
privilegiadas e postos elevados de liderança. Inflamados, os levitas se
revoltaram exigindo para si status de sacerdotes. Mais de 250 chefes tribais se
aliaram a rebelião, requerendo para cada um, a liderança de Moisés. Com mais da
metade da nação apoiando o levante, Deus precisou intervir e destruir os
cabeças deste motim político-religioso. Num único dia, mais de 14.000 homens
morreram (Números 16).
No deserto de
Zim, Moisés viveu duas experiências desagradáveis. Primeiro, perdeu sua irmã
Miriã, que ali faleceu e foi sepultada. Ainda enlutado, enfrentou um novo
levante popular, desta vez, porque o povo não tinha água para beber. Depois de
clamar ao Senhor, Moisés foi orientado a reunir os israelitas juntos a uma
rocha de Meribá, e então, diante de todos os olhos, falar com a rocha, afim de
que a mesma vertesse água. Com as emoções afloradas, Moisés corrompe está
ordem, e perante todo o povo, bate violentamente na pedra. É possível perceber
nas entrelinhas, que naquele momento, Moisés se deixa dominar pelo ego, e
transforma um milagre proveniente de Deus, numa mágica performance de
autoafirmação. Moisés tomou para si uma glória destinada a Deus, e este erro,
custou sua entrada em Canaã (Números 20:10-11 / Deuteronômio 32:48-52).
Ao longo deste
caminho, Deus sempre cuidou dos israelitas. Enquanto os mais velhos morriam,
novas crianças nasciam, e mesmo com toda uma geração sendo enterrada nas
areias, a nação ficava cada vez maior e mais forte. As roupas e os sapatos
cresciam no corpo e não se gastavam. Pés e pernas não se inchavam mesmo após
longas caminhadas. Inimigos surgiam e eram milagrosamente derrotados. Deus
cuidava do seu povo a todo instante, fazendo chover pão do céu e brotar água de
rochedos.
Mesmo assim,
muitos ainda ansiavam por voltar ao Egito, e murmuravam contra as provisões de
Deus. Por isso, próximo a terra de Edon, Deus enviou ao arraial uma praga de
serpentes venenosas, e mais uma leva de murmuradores pereceu (Números 21:4-9).
Em Baal Peor, alguns israelitas foram influenciados pelos ensinos perniciosos
de Balaão. A desobediência aos mandamentos do Senhor culminou em mais uma
tragédia nacional, onde uma nova praga matou mais de 24 mil homens
desobedientes (Números 25).
Após derrotar medianitas e moabitas, Israel estava de volta ao limiar da terra prometida. Quarenta anos depois, Canaã surgia diante dos olhos da nação. Milhares de corações ingratos ficaram para traz, sepultados nas areias do deserto. Uma nova geração estava pronta para conquistar e habitar na terra. Então, Moisés reuniu seu povo para uma última conversa, onde os instruiu acerca dos mandamentos do Senhor, relembrou os feitos portentosos de Deus, e os alertou sobre os erros de seus pais. Eles deveriam olhar para o passado, afim de construírem um futuro diferente das gerações que se perderam em suas incredulidades e ingratidões.
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Após derrotar medianitas e moabitas, Israel estava de volta ao limiar da terra prometida. Quarenta anos depois, Canaã surgia diante dos olhos da nação. Milhares de corações ingratos ficaram para traz, sepultados nas areias do deserto. Uma nova geração estava pronta para conquistar e habitar na terra. Então, Moisés reuniu seu povo para uma última conversa, onde os instruiu acerca dos mandamentos do Senhor, relembrou os feitos portentosos de Deus, e os alertou sobre os erros de seus pais. Eles deveriam olhar para o passado, afim de construírem um futuro diferente das gerações que se perderam em suas incredulidades e ingratidões.
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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