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quinta-feira, 8 de maio de 2014

EBD - A Crise Existencial e a necessidade de aceitação

Texto Adaptado:
Revista Jovens e Adultos nº 91
Lição 6 (Editora Betel)


Se existe alguma coisa aparentemente contraditória na Bíblia Sagrada, é o fato de Provérbios e Eclesiastes coexistirem.
Provérbios nos revela uma visão otimista da vida, onde; o homem bom irá prosperar e o mal encontrará a ruína, sendo que o esforço será sempre recompensado e todo o trabalho bem executado com certamente trará resultados positivos. Eclesiastes parece desmistificar tudo o que foi dito até ali. Por mais que se esforce, ao final de sua jornada, o que sobra para o homem honesto é apenas enfado e canseira; pois tudo na vida é efêmero e ilusório.

Mas afinal, qual dos livros traz uma visão correta da vida? Seria nossa jornada o caminho florido descrito em Provérbios ou a estrada obscura relatada em Eclesiastes?

Ambos. Afinal, podemos fazer este caminho como quisermos.

Provérbios foi escrito por um jovem rei Salomão... Sonhos, planos e projetos audaciosos povoavam a mente e coração do sábio monarca. Havia uma vida pela frente... O seu reino era próspero e feliz. Seu templo era suntuoso, seu palácio causava mudez em quem o vi-a pela primeira vez, seus servos mais humilde exalavam nobreza e as mulheres mais lindas da terra se acumulavam em seu harém. A cada novo sucesso ele vislumbrava um amanhã ainda melhor. Um trabalho concluído com primor era apenas o início de um outro ainda mais ousado e desafiador... Tudo ia bem com o bondoso Rei. A vida era linda e bela, com promessas de melhorias contínuas.

A inspiração portanto era permanente. Ao todo, credita-se a ele, cerca de 1005 cânticos e mais de 3000 provérbios. Em seus escritos Salomão dissertou sobre a vida, sobre a morte, sobre o comportamento humano, sobre a sabedoria e a tolice, sobre relacionamentos pessoais e interpessoais, sendo ora um erudito da lei, ora um psicólogo competente, ora um conselheiro matrimonial, ora um sociólogo especializado. Mas inegavelmente, Provérbios, é de uma visão realisticamente positiva sobre ações e reações, enaltecendo a honestidade, a sabedoria e a fidelidades como caminhos que conduzem a plena felicidade.

Mas os gigantes também caem. E Salomão se deixou cair em armadilhas que ele mesmo construiu, desobedecendo duas normas a respeito dos reis:

O rei não deverá ter muitas mulheres, pois isso o levaria a abandonar a Deus; e nem ajuntar muita prata e ouro para si. (Deuteronômio 17:17)

Não contrair matrimônio com os filhos de nações pagãs.
(Deuteronômio 7.3; 2 Reis 11.2).

Salomão se enamorou por  muitas mulheres estrangeiras e a elas se apegou pelo amor, fossem moabitas, amonitas, edonitas, sidôneas e hetéias; além da filha de Faraó , chegando ao total de 700 mulheres e trezentas concubinas. Além disso, amontou para si prata,  ouro, tesouros de reis e de províncias (I Reis 11:3, II Reis 3:1, 11:1-2, Eclesiastes 2.8). 

As mulheres estrangeiras lhe perverteram o coração e ele deixou de ser fiel para com o Senhor. Foi nessa ocasião que Salomão cometeu a loucura de construir santuários para os deuses de cada uma delas, algo proibido irrestritamente pela lei de Deus (I Reis 11.5-8, Êxodo 20.3). Uma vez balançados os alicerces do temor do Senhor, Salomão entrou numa grande depressão, e literalmente, perdeu o prazer de viver.

E é exatamente aí que nos deparamos com o texto melancólico de Eclesiastes. Os bens até então acumulados não tiveram mais significado, fossem casas, vinhas, jardins, pomares, açudes, escravos comprados e escravos nascidos em casa, rebanhos de gado e ovelhas, prata, ouro, tesouros, cantores e cantoras, mulheres à farta, grandeza e muita fama. Salomão queixou-se da eterna mesmice dizendo que “o que aconteceu antes vai acontecer outra vez, o que foi feito antes será feito novamente, não há nada de novo neste mundo”. Afirmou que tudo é vaidade: a vaidade das possessões, a vaidade da sabedoria, a vaidade do trabalho, a vaidade das riquezas; a finitude da vida e que trabalhar e se esforçar para conseguir algo é como correr atrás do vento, atrás do nada. (Eclesiastes 1:9-14, 2:1-26; 5:8-6.12 , 17:26). 

Salomão ficou emocionalmente enfermo.

A doença era complexa, desgastante e prolongada. Ele experimentou uma Crise Existencial pavorosa, relacionada com a crise religiosa dela decorrente. Esse mal corroeu muitos anos de vida sua vida, e só pode ser vencido quando já em sua velhice, Salomão teve um reencontro com seu Deus, recuperando assim sua integridade emocional, entendendo que de fato, o que define a felicidade e o sucesso do homem é o temor ao Senhor (Eclesiastes 12).

Estaremos abordando, nesta lição, as diversas questões acerca de uma Crise Existencial, quando a vida se apresenta sem motivos, sem alegria e “sem graça”. Muitas pessoas, a despeito da posição que ocupam na sociedade, têm dificuldade de aceitação e, por isso, vivem suas vidas de forma sombria e sem prazer. No entanto, quando descobrem o quanto podem ser importantes para um determinado projeto, mudam as suas vidas e a dos que estão a sua volta.

O maior projeto existente para o homem, é aquele desenvolvido pelo próprio criador (Salmo 139:16). Inevitavelmente, todas as vezes que o ser humano tenta viver dissociado de Deus, acaba mergulhado numa profunda Crise Existencial, o que na prática é um estado emocional em que o homem vê a própria vida sem sentido ou significado. Ela causa um profundo sofrimento que só é resolvido quando a pessoa encara o seu real sentido na vida.


A constante busca por Aceitação

No momento da concepção o indivíduo, já pode experimentar o seu primeiro sentimento de aceitação (Jeremias 1:5). Isso dependerá do desejo da mãe, que poderá desenvolver um sentimento positivo ou negativo em relação ao novo ser, mesmo que ainda não tenha tido contato com ele. Ainda no ventre, já começa a se definir qual será a real importância do filho para ela e para o pai, em que momento ele está chegando e o que irá significar para eles (Lucas 2.27-30). A dependência desenvolvida pelo indivíduo desde o ventre da mãe irá produzir efeitos emocionais que poderão repercutir na personalidade dele, tal dependência deve ser trabalhada de maneira que o indivíduo seja separado da mãe de forma não brusca para que não se desenvolva nenhum trauma.

Dentre todas as espécies de animais existentes, o ser humano é o único que nasce em completa dependência de quem será responsável para cuidar dele. Do desenvolvimento dessa relação, irá depender como esse indivíduo se comportará em relação ao mundo externo, pois, uma vez que este sai de uma condição de homeostasia, na qual vivia em uma condição de simbiose com a mãe, terá que, a partir do momento que nasce, gradualmente buscar meios de sobrevivência próprios e traçar a sua caminhada, para uma vida terrena vitoriosa.

Ao longo da vida, o homem se vê diante de diversas situações que o farão refletir acerca de si. Quem ele pensa que é e o que ele realmente se transformou virão à tona, por intermédio de suas próprias atitudes. Não adianta se apresentar como alguém de valor se suas atitudes não confirmarem esse fato (Mateus 12:14-17). Os relacionamentos interpessoais sempre foram um grande problema para a humanidade  e no meio do povo de Deus não é diferente. Em muitos momentos, deparamo-nos com alguns irmãos que têm dificuldade em se relacionar. São pessoas que não valorizam o outro pelo fato de não valorizarem a si mesmas e que, por várias situações passadas ao longo dos anos, perdem o amor próprio se tornando amargas e intratáveis. Outros parecem “camaleões emocionais”, cujo mudanças de atitudes momentâneas causam insatisfação nos amigos e nas pessoas do convívio diário, abalando seus relacionamentos (Provérbios 26.4).

Autoconhecimento

Ser verdadeiro é a melhor maneira de alcançar a credibilidade em um convívio social. O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o conhecimento que o indivíduo tem de si mesmo. A prática de conhecer-se melhor faz com que uma pessoa tenha controle sobre suas emoções, permitindo-lhe evitar sentimentos de baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional, entre outros (Romanos 14.22). O autoconhecimento nos permite ampliar a nossa tolerância em relação ao próximo. Suas possíveis falhas e dificuldades de relacionamento são percebidas como algo aceitável, uma vez que enxergamos nossos próprios defeitos. E assim aprendemos a avaliar a situação e o momento vivenciado pelo próximo antes de emitir qualquer comentário ou crítica. Ao demonstrar empatia pelo próximo, o indivíduo estará mostrando o seu lado mais sublime, demonstrando conhecer a si mesmo. Mas, para isso, é preciso que exista, em cada um de nós, o sentimento de amor próprio, onde desencadeará toda a sua significação para o mundo (Mateus 22:39).

Mesmo em meio a uma Crise Existencial, é possível  que o individuo faça uma “viagem introspectiva” de autoconhecimento, a fim de encontrar nuances de sua personalidade ainda não reveladas. Nesse encontro consigo mesmo, potenciais desconhecidos podem sim ser descobertos, uma vocação adormecida pode ser despertada e novos propósitos de vida podem sim, ser estabelecidos. Uma Crise Existencial originada por questões de ordem profissional, como por exemplo, a dificuldade de se realocar no mercado, de trabalho pode revelar um espírito empreendedor, uma mente desbravadora com muita criatividade e força de vontade. No entanto, caso essa crise persista, a situação irá se complicar cada vez mais. Isso poderá se configurar em um conjunto de doenças da alma. Se o indivíduo não tiver força criativa e o desejo profundo de sair dessa crise, ela poderá evoluir para uma depressão e o sentimento de angústia poderá levá-lo a muitos caminhos tortuosos, tais bebidas e drogas podendo surgir, inclusive, pensamentos suicida.

No caso de Salomão, foi necessário ao desesperanço rei um reencontro com o homem que ele fora outrora. O velho sábio reagrupou seus provérbios, reviu conceitos, voltou as suas origens espirituais e encontrou forças para dar um novo sentido a sua já finita vida. Talvez uma nova motivação para lutar tenha nascido de um pequeno texto que ele mesmo escrevera anos antes: “Quem se mostra fraco numa crise, torna-se realmente fraco” (Provérbios 24.10). 

Em alguns casos, é necessário que pessoas com dificuldade de aceitação busquem apoio profissional, pois, através do tratamento terapêutico, irão aprender a lidar com seu sentimento negativo em relação a si. O tratamento irá focar no reforço de sua autoestima promovendo a melhora sistemática do indivíduo, produzindo nele a capacidade de perceber e entender quem realmente é.

Empatia

O mandamento de Jesus “amar o próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39), implica em dizer que ninguém será capaz de entender as imperfeições dos outros, sem antes realizar uma auto análise (Gálatas 6:3-4). Há, no meio do povo de Deus, pessoas que, com muita facilidade, criticam os irmãos, entretanto essas mesmas pessoas seriam execradas por si próprias se olhassem para seus defeitos como se fossem dos outros (I Coríntios 11.28). O texto sagrado, “mas nós, que somo fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos” (Romanos 15.1), mostra-nos que saber entender e suportar as fraquezas do próximo é uma virtude que deve ser cultivada. No entanto muitos não conseguem agir assim, por acharem-se incapazes de amar, uma vez que desenvolvem um sentimento de autocomiseração. Este sentimento daninho anda na contramão do amor próprio, sendo uma grave enfermidade da alma, principalmente porque, na maioria dos casos, leva o indivíduo a se acostumar com a situação que está vivendo, e muitas vezes, usa isso para comover os que estão próximos a ele. A autocomiseração cria uma barreira impedindo que sintamos amor pelo próximo, uma vez que nos achamos os mais coitadinhos de todos. Essa enfermidade nos dificulta entender e aceitar quem nós somos e, ao invés disso, sentimos pena de nós mesmos (II Samuel 9:8).

O Pr. Ismael Maia (comentarista deste trimestre da EBD), registra em seus comentários adicionais um depoimento revelador: - “Em muitos casos que atendo no gabinete em meu consultório, recebo pessoas com relacionamentos afetados por falta de amor próprio, mulheres que sofrem violência familiar e homens que são desrespeitados por suas companheiras. Em ambos os casos, a fala se repete, “eu não posso viver sem ele, ou sem ela”, realmente isto é uma realidade infeliz e não irá mudar, pois essas pessoas, na verdade, não se amam, prova disso é que se permitem ser aviltadas, demonstrando que amam demais e não se amam. Não pode haver amor pelo próximo se esse não existir primeiro por nós”.

Quando o indivíduo toma a decisão de vencer a Crise Existencial, o relacionamento com o próximo é automaticamente melhorado. Isso ocorre porque na busca pela aceitação, torna-se necessário uma atitude de empatia para ter maior conhecimento sobre aquilo que é melhor para o outro; e que exponencialmente também será benéfico para ele. Surge ai a necessidade de amor e valorização do próximo, uma vez que o indivíduo estará buscando sua própria valorização e reconhecimento, e uma coisa depende da outra como disse Jesus em Mateus 12:33 e  22.39.

Buscando a Cura da Crise Existencial

O primeiro passo para nos livrarmos dessa enfermidade da alma, está em, justamente, entendermos o tamanho do amor expresso por Cristo em nosso favor.   Quando em João 13:34, Ele diz que um novo mandamento nos é dado, não está desvalorizando o decálogo, ao contrário, “o” está confirmando, uma vez que, em algumas de suas citações, Moisés literalmente diz que não devemos fazer aos outros o que não queríamos que fizessem a nós (Êxodo 20.13-17). Valorizar-se é a melhor maneira que o indivíduo tem para entender a necessidade do outro e expressar amor.

Quando o homem aceita sua verdadeira condição, aprende a lidar com os seus mais íntimos sentimentos. Especialistas afirmam que “aceitar-se é honrar o ser que você é”, e essa postura é consequentemente o início de uma boa convivência com o outro (Atos 10.26). A partir de então, o indivíduo busca controlar seus sentimentos, impedindo que estes venham dominá-lo (Gênesis 4.7). Tal prática permite ao homem enxergar os fatos como de fato o são e, assim, adquire maior capacidade para amar ao próximo como ele é e não como gostaria que ele fosse. Em muitas situações, encontramos pessoas capazes de negar amor por não quererem se expor; pois sabem que, ao fazerem isso, irão transparecer o que realmente pensam acerca de si. Quando nos conhecemos e admitimos que não somos o pior dos piores e nem pobres coitados, então aprendemos a lidar com isso, e aí passamos a ter consciência de que o amor de Deus em nossas vidas é capaz de nos livrar de todo e qualquer sentimento negativo, fazendo com que possamos nos conhecer o suficiente para poder expressar bons sentimentos em relação aos outros.

Uma história Inspiradora

A Bíblia, nosso referencial de fé, aponta para a história de uma mulher que tinha tudo para sentir-se perdida e abandonada: Rute.

Ela era uma jovem moabita, que se casou com um dos filhos de Elimeleque. Esse belemita, imigrou com sua família para Moabe em decorrência da fome em Belém, mas passados 10 anos, uma tragédia se abateu sobre sua casa, quando um acidente o matou juntamente com seus filhos Malom e Quiliom, deixando sua esposa Noemi, bem como suas noras Orfa e Rute desamparadas.

Noemi sugeriu aquelas moças que retornassem à casa de seus pais, afinal, ainda eram jovens e bonitas e poderiam conseguir um outro bom casamento. Quanto a ela, retornaria para Belém, a fim de pelo menos, morrer em sua terra natal.

Orfa prontamente acatou a sugestão, mas Rute se negou a abandonar Noemi, realizando uma das mais belas declarações de amor de todos os tempos: Não me peças para que eu te abandone, ou deixe que sigas seu caminho sozinha; porque aonde quer que você for eu irei junto, e onde quer que dormires, eu dormirei também, o teu povo será meu povo e o teu Deus será meu Deus. Onde você morrer eu morrerei também, e junto a ti serei sepultada, nada além da morte, me separará de ti...

Ao chegar em Belém, uma terra estranha e desconhecida, Rute se propôs a trabalhar para sustentar sua sogra, e fazendo uso da Lei do Respigo (que exigia que uma parte da colheita fosse deixada para os necessitados), ela passou a garimpar seu alimento nas terras de uma homem rico e gentil chamado Boáz. Ora, esse moço era um parente de Elimeleque, e ao avistar aquela bela jovem trabalhando esforçadamente em sua plantação, tratou logo de facilitar o trabalho da moça e posteriormente a contratou como sua própria funcionária. Mas não ficou apenas nisso.

Um ato de generosidade da Rute, ao cuidar de Boás após o mesmo ter “exagerado” um pouco no vinho, foi suficiente para que o fazendeiro, se rendesse aos seus encantos. Ele se colocou a disposição da moça, para realizar um favor em paga de toda a generosidade por ela demonstrada. Rute, devidamente instruída por sua sogra Noemi, pediu a Boás que ele usasse sua influência para recuperar as terras de Elimeleque.

Fazendo se valer da lei do “Parente Remidor” (que permita que qualquer terra outrora vendida poderia ser comprada de volta por um parente do dono original), Boás solicitou a um dos anciãos da família que comprasse de volta as terras e mais do que isso, também pedisse a mão de Rute em casamento para ele. Assim, Noemi pode recuperar as terras de sua família, vivendo o resto dos seus dias em bonança.

Quanto a Rute e Boás, eles se casaram e tiveram um filho a qual chamaram de Obede.

O Resto desta história provavelmente você já conheça... Obede foi pai de Jessé, e Jessé por sua vez teve oito filhos, e ao menorzinho deu o nome de Davi.

As lições aprendidas com Rute

A atitude de Rute demonstra segurança e determinação de alguém que sabe exatamente do que era capaz de fazer. Isso se torna claro quando, antes mesmo de saber das leis de Israel acerca da figura do remidor, não teve dúvidas, ao decidir permanecer ao lado de sua sogra Noemi. A moabita acompanhou-a, certa de sua atitude. Sua autoconfiança, certamente, já era a ação do Espírito de Deus em sua vida que lhe garantia a certeza e a coragem do controle divino sobre todas as coisas (Rute 1.1). Por isso, a jovem foi capaz de expressar um amor incondicional à Noemi.

Embora não conhecesse intimamente a Deus para saber que estava sendo guiado pelo seu Espírito, sua atitude demonstrou segurança e o reflexo de uma personalidade que não tem dificuldade de doar-se em favor de alguém. Tal comportamento reflete autoconhecimento e amor próprio. Seu testemunho nos mostra como uma pessoa aparentemente sem valor pode se tornar uma peça importante no plano de Deus Ao contrário de Orfa, Rute não temeu ficar com sua sogra, mesmo que isso pudesse significar o abando total, tanto por parte dos moabitas quanto por de si mesma em favor de outrem. Esse tipo de amor só pode ser expressado por quem verdadeiramente se conhece e se ama (Rute 1.15-17). O comportamento de Rute deixou claro que ela não tinha nenhum problema com sua autoimagem, uma estrangeira no meio de um povo extremamente conservador e cumpridor de suas regras. O fato de ela se aceitar como era, fez com que pudesse demonstrar um imenso amor.

E qual deve ser a autoimagem do servo de Deus?

Infelizmente, não é raro, entre os cristãos, encontrar pessoas que se apresentam diante de Deus como pobres coitados. Tal condição não os faz capazes de atenderem ao mandamento de Cristo Jesus “amar o próximo como a si mesmo”, uma vez que demonstram claramente em sua própria fala, que  não enxergam seu valor pessoal. Essa condição jamais foi o propósito de Deus para o homem, pois Ele não deseja contemplar esse tipo de comportamento. Ao contrário, Ele é o primeiro a transformar a condição de vida daqueles a quem escolhe. O criador levanta o pobre do pó e da sepultura levanta o necessitado, para que o mesmo possa assentar-se com os príncipes (Salmo 113:7-8).

O desfecho da história de Rute demonstra o resultado de uma vida segura e consciente de si mesma. O amor ao próximo fez dela uma vencedora, pois o verdadeiro amor lança fora todo medo (I João 4:18). Por isso, mesmo sem nenhuma garantia de que sua vida ao lado de Noemi seria promissora, ela decidiu segui-la. Entretanto escolheu enfrentar todos os desafios de uma nova jornada, sem abandonar Noemi. O resultado foi surpreendente, pois Deus providenciou para ambas uma vida abundante de bênçãos (Rute 4:3-15).
Quem se apresenta diante de Deus com amor no coração certamente será usado por Ele. Para expressão desse amor, o Senhor ainda hoje busca, na Terra, pessoas com tal sentimento suficiente para realização dos seus propósitos, no caso de Rute, foi assim; era necessário que a linhagem do Messias não se perdesse. Logo, Rute foi instrumento usado para que a geração não fosse interrompida, e isso se conseguiria através do amor por ela expressado.

Quando nos dispomos a andar debaixo do mandamento do Senhor Ele providenciará tudo que for necessário para que tenhamos uma vida abençoada, daí a importância de nos aceitar como somos, pois só assim o Espírito Santo fará as mudanças necessárias para termos uma vida vitoriosa. Buscar ajuda de um profissional habilitado em questões emocionais também irá ajudar o indivíduo a se conhecer e se valorizar diante do Senhor.
  
Texto Áureo
E o segundo, semelhante a este é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. 
Marcos 12:31

Verdade Aplicada
A melhor maneira para se demonstrar amor ao próximo é estando bem consigo

Texto de Referência
Rute 11:8,12,14,16 e 17

Disse Noemi às suas duas noras: ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usaste com os falecidos e comigo.
Tornai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido, e ainda tivesse filhos,
Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou sogra; porém Rute se apegou a ela.
Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, onde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus.
Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

Para maior entendimento sobre Crise Existencial, seus sintomas e a busca pala cura, participe neste domingo, 11/05/2014, da Escola Bíblica Dominical.

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