Texto Adaptado:
Revista Jovens e Adultos nº 91
Lição 6 (Editora Betel)
Se existe alguma coisa aparentemente contraditória na Bíblia Sagrada, é o fato de Provérbios e Eclesiastes coexistirem.
Provérbios
nos revela uma visão otimista da vida, onde; o homem bom irá prosperar e o mal
encontrará a ruína, sendo que o esforço será sempre recompensado e todo o trabalho
bem executado com certamente trará resultados positivos. Já
Eclesiastes parece desmistificar tudo o que foi dito até ali. Por mais que se
esforce, ao final de sua jornada, o que sobra para o homem honesto é apenas
enfado e canseira; pois tudo na vida é efêmero e ilusório.
Mas
afinal, qual dos livros traz uma visão correta da vida? Seria nossa jornada o caminho florido descrito em Provérbios ou a estrada obscura relatada em
Eclesiastes?
Ambos. Afinal, podemos fazer este caminho como quisermos.
Provérbios
foi escrito por um jovem rei Salomão... Sonhos, planos e projetos audaciosos
povoavam a mente e coração do sábio monarca. Havia uma vida pela frente... O
seu reino era próspero e feliz. Seu templo era suntuoso, seu palácio causava
mudez em quem o vi-a pela primeira vez, seus servos mais humilde exalavam
nobreza e as mulheres mais lindas da terra se acumulavam em seu harém. A cada
novo sucesso ele vislumbrava um amanhã ainda melhor. Um trabalho concluído com
primor era apenas o início de um outro ainda mais ousado e desafiador... Tudo ia
bem com o bondoso Rei. A vida era linda e bela, com promessas de melhorias
contínuas.
A
inspiração portanto era permanente. Ao todo, credita-se a ele, cerca de 1005
cânticos e mais de 3000 provérbios. Em seus escritos Salomão dissertou sobre a
vida, sobre a morte, sobre o comportamento humano, sobre a sabedoria e a
tolice, sobre relacionamentos pessoais e interpessoais, sendo ora um erudito da
lei, ora um psicólogo competente, ora um conselheiro matrimonial, ora um
sociólogo especializado. Mas inegavelmente, Provérbios, é de uma visão
realisticamente positiva sobre ações e reações, enaltecendo a honestidade, a
sabedoria e a fidelidades como caminhos que conduzem a plena felicidade.
Mas
os gigantes também caem. E Salomão se deixou cair em armadilhas que ele mesmo
construiu, desobedecendo duas normas a
respeito dos reis:
1º O rei não deverá ter muitas mulheres, pois isso o levaria a
abandonar a Deus; e nem ajuntar muita prata e ouro para si. (Deuteronômio 17:17)
2º Não contrair matrimônio com os filhos de nações pagãs.
(Deuteronômio 7.3; 2 Reis 11.2).
Salomão se enamorou por muitas mulheres estrangeiras e a elas se
apegou pelo amor, fossem moabitas, amonitas, edonitas, sidôneas e hetéias; além
da filha de Faraó , chegando ao total de 700 mulheres e
trezentas concubinas. Além disso, amontou para si prata, ouro, tesouros de reis e de províncias (I
Reis 11:3, II Reis 3:1, 11:1-2, Eclesiastes 2.8).
As mulheres
estrangeiras lhe perverteram o coração e ele deixou de ser fiel para com o
Senhor. Foi nessa ocasião que Salomão cometeu a loucura de construir santuários
para os deuses de cada uma delas, algo proibido irrestritamente pela lei de
Deus (I Reis 11.5-8, Êxodo 20.3). Uma vez balançados os alicerces do temor do
Senhor, Salomão entrou numa grande depressão, e literalmente, perdeu o prazer
de viver.
E é exatamente aí que nos deparamos com
o texto melancólico de Eclesiastes. Os bens até então acumulados não tiveram
mais significado, fossem casas, vinhas, jardins, pomares, açudes, escravos
comprados e escravos nascidos em casa, rebanhos de gado e ovelhas, prata, ouro,
tesouros, cantores e cantoras, mulheres à farta, grandeza e muita fama. Salomão
queixou-se da eterna mesmice dizendo que “o
que aconteceu antes vai acontecer outra vez, o que foi feito antes será feito
novamente, não há nada de novo neste mundo”. Afirmou que tudo é vaidade: a
vaidade das possessões, a vaidade da sabedoria, a vaidade do trabalho, a
vaidade das riquezas; a finitude da vida e que trabalhar e se esforçar para
conseguir algo é como correr atrás do vento, atrás do nada. (Eclesiastes 1:9-14,
2:1-26; 5:8-6.12 , 17:26).
Salomão ficou emocionalmente enfermo.
A doença era complexa, desgastante e prolongada.
Ele experimentou uma Crise Existencial
pavorosa, relacionada com a crise religiosa dela decorrente. Esse mal corroeu
muitos anos de vida sua vida, e só pode ser vencido quando já em sua velhice, Salomão
teve um reencontro com seu Deus, recuperando assim sua integridade emocional,
entendendo que de fato, o que define a felicidade e o sucesso do homem é o
temor ao Senhor (Eclesiastes 12).
Estaremos
abordando, nesta lição, as diversas questões acerca de uma Crise Existencial,
quando a vida se apresenta sem motivos, sem alegria e “sem graça”. Muitas
pessoas, a despeito da posição que ocupam na sociedade, têm dificuldade de
aceitação e, por isso, vivem suas vidas de forma sombria e sem prazer. No
entanto, quando descobrem o quanto podem ser importantes para um determinado
projeto, mudam as suas vidas e a dos que estão a sua volta.
O
maior projeto existente para o homem, é aquele desenvolvido pelo próprio
criador (Salmo 139:16). Inevitavelmente, todas as vezes que o ser humano tenta
viver dissociado de Deus, acaba mergulhado numa profunda Crise Existencial,
o que na prática é um estado emocional em que o homem vê a própria vida sem
sentido ou significado. Ela causa um profundo sofrimento que só é resolvido
quando a pessoa encara o seu real sentido na vida.
A constante busca por Aceitação
No
momento da concepção o indivíduo, já pode experimentar o seu primeiro
sentimento de aceitação (Jeremias 1:5). Isso dependerá do desejo da mãe, que
poderá desenvolver um sentimento positivo ou negativo em relação ao novo ser, mesmo
que ainda não tenha tido contato com ele. Ainda no ventre, já começa a se definir qual
será a real importância do filho para ela e para o pai, em que momento ele está
chegando e o que irá significar para eles (Lucas 2.27-30). A dependência
desenvolvida pelo indivíduo desde o ventre da mãe irá produzir efeitos
emocionais que poderão repercutir na personalidade dele, tal dependência deve
ser trabalhada de maneira que o indivíduo seja separado da mãe de forma não
brusca para que não se desenvolva nenhum trauma.
Dentre
todas as espécies de animais existentes, o ser humano é o único que nasce em
completa dependência de quem será responsável para cuidar dele. Do
desenvolvimento dessa relação, irá depender como esse indivíduo se comportará
em relação ao mundo externo, pois, uma vez que este sai de uma condição de
homeostasia, na qual vivia em uma condição de simbiose com a mãe, terá que, a
partir do momento que nasce, gradualmente buscar meios de sobrevivência
próprios e traçar a sua caminhada, para uma vida terrena vitoriosa.
Ao
longo da vida, o homem se vê diante de diversas situações que o farão refletir
acerca de si. Quem ele pensa que é e o que ele realmente se transformou virão à
tona, por intermédio de suas próprias atitudes. Não adianta se apresentar como
alguém de valor se suas atitudes não confirmarem esse fato (Mateus 12:14-17).
Os relacionamentos interpessoais sempre foram um grande problema para a
humanidade e no meio do povo de Deus não
é diferente. Em muitos momentos, deparamo-nos com alguns irmãos que têm
dificuldade em se relacionar. São pessoas que não valorizam o outro pelo fato
de não valorizarem a si mesmas e que, por várias situações passadas ao longo
dos anos, perdem o amor próprio se tornando amargas e intratáveis. Outros parecem
“camaleões emocionais”, cujo mudanças de atitudes momentâneas causam
insatisfação nos amigos e nas pessoas do convívio diário, abalando seus
relacionamentos (Provérbios 26.4).
Autoconhecimento
Ser
verdadeiro é a melhor maneira de alcançar a credibilidade em um convívio
social. O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o conhecimento que
o indivíduo tem de si mesmo. A prática de conhecer-se melhor faz com que uma
pessoa tenha controle sobre suas emoções, permitindo-lhe evitar sentimentos de
baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional,
entre outros (Romanos 14.22). O autoconhecimento nos permite ampliar a nossa
tolerância em relação ao próximo. Suas possíveis falhas e dificuldades de
relacionamento são percebidas como algo aceitável, uma vez que enxergamos
nossos próprios defeitos. E assim aprendemos a avaliar a situação e o momento
vivenciado pelo próximo antes de emitir qualquer comentário ou crítica. Ao
demonstrar empatia pelo próximo, o indivíduo estará mostrando o seu lado mais
sublime, demonstrando conhecer a si mesmo. Mas, para isso, é preciso que
exista, em cada um de nós, o sentimento de amor próprio, onde desencadeará toda
a sua significação para o mundo (Mateus 22:39).
Mesmo
em meio a uma Crise Existencial, é possível que o individuo faça uma
“viagem introspectiva” de autoconhecimento, a fim de encontrar nuances de sua
personalidade ainda não reveladas. Nesse encontro consigo mesmo, potenciais
desconhecidos podem sim ser descobertos, uma vocação adormecida pode ser
despertada e novos propósitos de vida podem sim, ser estabelecidos. Uma Crise
Existencial originada por questões de ordem profissional, como por exemplo,
a dificuldade de se realocar no mercado, de trabalho pode revelar um espírito
empreendedor, uma mente desbravadora com muita criatividade e força de vontade.
No entanto, caso essa crise persista, a situação irá se complicar cada vez
mais. Isso poderá se configurar em um conjunto de doenças da alma. Se o
indivíduo não tiver força criativa e o desejo profundo de sair dessa crise, ela
poderá evoluir para uma depressão e o sentimento de angústia poderá levá-lo a
muitos caminhos tortuosos, tais bebidas e drogas podendo surgir, inclusive,
pensamentos suicida.
No
caso de Salomão, foi necessário ao desesperanço rei um reencontro com o homem
que ele fora outrora. O velho sábio reagrupou seus provérbios, reviu conceitos,
voltou as suas origens espirituais e encontrou forças para dar um novo sentido
a sua já finita vida. Talvez uma nova motivação para lutar
tenha nascido de um pequeno texto que ele mesmo escrevera anos antes: “Quem se
mostra fraco numa crise, torna-se realmente fraco” (Provérbios 24.10).
Em
alguns casos, é necessário que pessoas com dificuldade de aceitação busquem
apoio profissional, pois, através do tratamento terapêutico, irão aprender a
lidar com seu sentimento negativo em relação a si. O tratamento irá focar no
reforço de sua autoestima promovendo a melhora sistemática do indivíduo,
produzindo nele a capacidade de perceber e entender quem realmente é.
Empatia
O
mandamento de Jesus “amar o próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39), implica em
dizer que ninguém será capaz de entender as imperfeições dos outros, sem antes realizar
uma auto análise (Gálatas 6:3-4). Há, no meio do povo de Deus, pessoas que, com
muita facilidade, criticam os irmãos, entretanto essas mesmas pessoas seriam
execradas por si próprias se olhassem para seus defeitos como se fossem dos
outros (I Coríntios 11.28). O texto sagrado, “mas nós, que somo fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e
não agradar a nós mesmos” (Romanos 15.1), mostra-nos que saber entender e
suportar as fraquezas do próximo é uma virtude que deve ser cultivada. No
entanto muitos não conseguem agir assim, por acharem-se incapazes de amar, uma
vez que desenvolvem um sentimento de autocomiseração. Este sentimento daninho
anda na contramão do amor próprio, sendo uma grave enfermidade da alma,
principalmente porque, na maioria dos casos, leva o indivíduo a se acostumar
com a situação que está vivendo, e muitas vezes, usa isso para comover os que
estão próximos a ele. A autocomiseração cria uma
barreira impedindo que sintamos amor pelo próximo, uma vez que nos achamos os
mais coitadinhos de todos. Essa enfermidade nos dificulta entender e aceitar
quem nós somos e, ao invés disso, sentimos pena de nós mesmos (II Samuel 9:8).
O Pr.
Ismael Maia (comentarista deste trimestre da EBD), registra em seus comentários
adicionais um depoimento revelador: - “Em
muitos casos que atendo no gabinete em meu consultório, recebo pessoas com relacionamentos
afetados por falta de amor próprio, mulheres que sofrem violência familiar e
homens que são desrespeitados por suas companheiras. Em ambos os casos, a fala
se repete, “eu não posso viver sem ele, ou sem ela”, realmente isto é uma
realidade infeliz e não irá mudar, pois essas pessoas, na verdade, não se amam,
prova disso é que se permitem ser aviltadas, demonstrando que amam demais e não
se amam. Não pode haver amor pelo próximo se esse não existir primeiro por nós”.
Quando
o indivíduo toma a decisão de vencer a Crise Existencial, o relacionamento
com o próximo é automaticamente melhorado. Isso ocorre porque na busca pela
aceitação, torna-se necessário uma atitude de empatia para ter maior
conhecimento sobre aquilo que é melhor para o outro; e que exponencialmente
também será benéfico para ele. Surge ai a necessidade de amor e valorização do
próximo, uma vez que o indivíduo estará buscando sua própria valorização e
reconhecimento, e uma coisa depende da outra como disse Jesus em Mateus 12:33 e
22.39.
Buscando a Cura da Crise
Existencial
O
primeiro passo para nos livrarmos dessa enfermidade da alma, está em,
justamente, entendermos o tamanho do amor expresso por Cristo em nosso favor. Quando em João 13:34, Ele diz que um novo mandamento nos é dado, não está desvalorizando o decálogo, ao contrário, “o” está confirmando, uma vez que, em algumas de suas citações, Moisés literalmente diz que não devemos fazer aos outros o que não queríamos que fizessem a nós (Êxodo 20.13-17). Valorizar-se é a melhor maneira que o indivíduo tem para entender a necessidade do outro e expressar amor.
Quando
o homem aceita sua verdadeira condição, aprende a lidar com os seus mais
íntimos sentimentos. Especialistas afirmam que “aceitar-se é honrar o ser que
você é”, e essa postura é consequentemente o início de uma boa convivência com
o outro (Atos 10.26). A partir de então, o indivíduo busca controlar seus
sentimentos, impedindo que estes venham dominá-lo (Gênesis 4.7). Tal prática
permite ao homem enxergar os fatos como de fato o são e, assim, adquire maior
capacidade para amar ao próximo como ele é e não como gostaria que ele fosse.
Em muitas situações, encontramos pessoas capazes de negar amor por não quererem
se expor; pois sabem que, ao fazerem isso, irão transparecer o que realmente
pensam acerca de si. Quando nos conhecemos e
admitimos que não somos o pior dos piores e nem pobres coitados, então
aprendemos a lidar com isso, e aí passamos a ter consciência de que o amor de
Deus em nossas vidas é capaz de nos livrar de todo e qualquer sentimento
negativo, fazendo com que possamos nos conhecer o suficiente para poder
expressar bons sentimentos em relação aos outros.
Uma história Inspiradora
A
Bíblia, nosso referencial de fé, aponta para a história de uma mulher que tinha
tudo para sentir-se perdida e abandonada: Rute.
Ela
era uma jovem moabita, que se casou com um dos filhos de Elimeleque. Esse belemita,
imigrou com sua família para Moabe em decorrência da fome em Belém, mas
passados 10 anos, uma tragédia se abateu sobre sua casa, quando um acidente o matou
juntamente com seus filhos Malom e Quiliom, deixando sua esposa Noemi, bem como
suas noras Orfa e Rute desamparadas.
Noemi
sugeriu aquelas moças que retornassem à casa de seus pais, afinal, ainda eram
jovens e bonitas e poderiam conseguir um outro bom casamento. Quanto a ela,
retornaria para Belém, a fim de pelo menos, morrer em sua terra natal.
Orfa
prontamente acatou a sugestão, mas Rute se negou a abandonar Noemi, realizando
uma das mais belas declarações de amor de todos os tempos: Não me peças para que eu te abandone, ou deixe que sigas seu caminho
sozinha; porque aonde quer que você for eu irei junto, e onde quer que
dormires, eu dormirei também, o teu povo será meu povo e o teu Deus será meu
Deus. Onde você morrer eu morrerei também, e junto a ti serei sepultada, nada
além da morte, me separará de ti...
Ao
chegar em Belém, uma terra estranha e desconhecida, Rute se propôs a trabalhar
para sustentar sua sogra, e fazendo uso da Lei do Respigo (que exigia que uma parte da colheita fosse deixada para os
necessitados), ela passou a garimpar seu alimento nas terras de uma homem
rico e gentil chamado Boáz. Ora, esse moço era um parente de Elimeleque, e ao
avistar aquela bela jovem trabalhando esforçadamente em sua plantação, tratou
logo de facilitar o trabalho da moça e posteriormente a contratou como sua
própria funcionária. Mas não ficou apenas nisso.
Um
ato de generosidade da Rute, ao cuidar de Boás após o mesmo ter “exagerado” um
pouco no vinho, foi suficiente para que o fazendeiro, se rendesse aos seus
encantos. Ele se colocou a disposição da moça, para realizar um favor em paga
de toda a generosidade por ela demonstrada. Rute, devidamente instruída por sua
sogra Noemi, pediu a Boás que ele usasse sua influência para recuperar as
terras de Elimeleque.
Fazendo
se valer da lei do “Parente Remidor” (que
permita que qualquer terra outrora vendida poderia ser comprada de volta por um
parente do dono original), Boás solicitou a um dos anciãos da família que
comprasse de volta as terras e mais do que isso, também pedisse a mão de Rute
em casamento para ele. Assim, Noemi pode recuperar as terras de sua família,
vivendo o resto dos seus dias em bonança.
Quanto
a Rute e Boás, eles se casaram e tiveram um filho a qual chamaram de Obede.
O
Resto desta história provavelmente você já conheça... Obede foi pai de Jessé, e
Jessé por sua vez teve oito filhos, e ao menorzinho deu o nome de Davi.
As lições aprendidas com Rute
A
atitude de Rute demonstra segurança e determinação de alguém que sabe
exatamente do que era capaz de fazer. Isso se torna claro quando, antes mesmo
de saber das leis de Israel acerca da figura do remidor, não teve dúvidas, ao
decidir permanecer ao lado de sua sogra Noemi. A moabita acompanhou-a, certa
de sua atitude. Sua autoconfiança, certamente, já era a ação do Espírito de
Deus em sua vida que lhe garantia a certeza e a coragem do controle divino sobre todas as coisas (Rute 1.1). Por isso, a jovem foi capaz de expressar um amor incondicional à
Noemi.
Embora
não conhecesse intimamente a Deus para saber que estava sendo guiado pelo seu
Espírito, sua atitude demonstrou segurança e o reflexo de uma personalidade que
não tem dificuldade de doar-se em favor de alguém. Tal comportamento reflete
autoconhecimento e amor próprio. Seu testemunho nos mostra como uma pessoa
aparentemente sem valor pode se tornar uma peça importante no plano de Deus Ao
contrário de Orfa, Rute não temeu ficar com sua sogra, mesmo que isso pudesse
significar o abando total, tanto por parte dos moabitas quanto por de si mesma
em favor de outrem. Esse tipo de amor só pode ser expressado por quem
verdadeiramente se conhece e se ama (Rute 1.15-17). O comportamento de Rute
deixou claro que ela não tinha nenhum problema com sua autoimagem, uma
estrangeira no meio de um povo extremamente conservador e cumpridor de suas
regras. O fato de ela se aceitar como era, fez com que pudesse demonstrar um
imenso amor.
E
qual deve ser a autoimagem do servo de Deus?
Infelizmente,
não é raro, entre os cristãos, encontrar pessoas que se apresentam diante de
Deus como pobres coitados. Tal condição não os faz capazes de atenderem ao
mandamento de Cristo Jesus “amar o próximo como a si mesmo”, uma vez que
demonstram claramente em sua própria fala, que não enxergam seu valor pessoal.
Essa condição jamais foi o propósito de Deus para o homem, pois Ele não deseja
contemplar esse tipo de comportamento. Ao contrário, Ele é o primeiro a
transformar a condição de vida daqueles a quem escolhe. O criador levanta o
pobre do pó e da sepultura levanta o necessitado, para que o mesmo possa
assentar-se com os príncipes (Salmo 113:7-8).
O
desfecho da história de Rute demonstra o resultado de uma vida segura e
consciente de si mesma. O amor ao próximo fez dela uma vencedora, pois o
verdadeiro amor lança fora todo medo (I João 4:18). Por isso, mesmo sem nenhuma
garantia de que sua vida ao lado de Noemi seria promissora, ela decidiu
segui-la. Entretanto escolheu enfrentar todos os desafios de uma nova jornada,
sem abandonar Noemi. O resultado foi surpreendente, pois Deus providenciou para
ambas uma vida abundante de bênçãos (Rute 4:3-15).
Quem
se apresenta diante de Deus com amor no coração certamente será usado por Ele.
Para expressão desse amor, o Senhor ainda hoje busca, na Terra, pessoas com tal
sentimento suficiente para realização dos seus propósitos, no caso de Rute, foi
assim; era necessário que a linhagem do Messias não se perdesse. Logo, Rute foi
instrumento usado para que a geração não fosse interrompida, e isso se
conseguiria através do amor por ela expressado.
Quando
nos dispomos a andar debaixo do mandamento do Senhor Ele providenciará tudo que
for necessário para que tenhamos uma vida abençoada, daí a importância de nos
aceitar como somos, pois só assim o Espírito Santo fará as mudanças necessárias
para termos uma vida vitoriosa. Buscar ajuda de um profissional habilitado em questões
emocionais também irá ajudar o indivíduo a se conhecer e se valorizar diante do
Senhor.
Texto Áureo
E o
segundo, semelhante a este é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes.
Marcos
12:31
A
melhor maneira para se demonstrar amor ao próximo é estando bem consigo
Texto de Referência
Rute
11:8,12,14,16 e 17
Disse Noemi às suas duas
noras: ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de
benevolência, como vós usaste com os falecidos e comigo.
Tornai, filhas minhas,
ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse:
tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido, e ainda tivesse
filhos,
Então,
levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou sogra; porém Rute se
apegou a ela.
Disse,
porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, onde
quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu;
o teu povo é o meu povo, o teu Deus.
Onde
quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e
outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
Para maior entendimento sobre Crise Existencial, seus sintomas e a busca pala cura, participe neste domingo, 11/05/2014, da Escola Bíblica Dominical.
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