quinta-feira, 30 de junho de 2016

EBD - Mateus: O Evangelho do Reino



Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 100 - Editora Betel
Mateus  - Lição 01
Comentarista: Bp. Manuel Ferreira

Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley


Texto Áureo
Mateus 4:23
E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

Verdade Aplicada
O evangelho de Mateus demonstra que o Senhor Jesus é o Rei prometido previsto no Antigo Testamento.

Textos de Referência
Mateus 4:23-25

E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe, todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos e ele os curava.
E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além do Jordão.


Visão Panorâmica 
dos quatro Evangelhos
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

A palavra “EVANGELHO” tem sua origem no grego EVANGELION, e significa "Boa Notícia", "Boa Nova" ou "Boa Mensagem". No Cânon Sagrado, “OS EVANGELHOS” é a primeira classe de livros do Novo Testamento, sendo um conjunto de quatro obras distintas que abordam o mesma tema: A chegada do Reino dos Céus  através de Jesus Cristo. Quando os três primeiros evangelhos são comparados – Mateus, Marcos e Lucas – percebe-se que as narrativas são bem semelhantes em conteúdo e expressão, por isso, eles são chamados de “Evangelhos Sinóticos”. A palavra “sinótico” significa basicamente "ver juntos com uma visão comum". Todos eles apresentam elementos da humanidade de Cristo, seu ministério terreno, seus ensinamentos, seus familiares e sua atuação social. O quarto Evangelho foi escrito por João, e apresenta uma visão diferente de Cristo, focando-se em sua divindade. Os evangelhos canônicos são as maiores fontes históricas sobre Jesus, tecendo um panorama geral sobre de sua vida, desde a anunciação de seu nascimento, até as últimas instruções a seus discípulos após a ressurreição. Até existem diversos relatos paralelos sobre a vida de Jesus, incluindo alguns "evangelhos", que foram excluídos do Cânon Sagrado por suas discrepâncias teológicas e doutrinárias, (sendo os mais conhecidos deles, “O Proto-Evangelho de Tiago”, “O Evangelho de Tomé”, “O Evangelho de Felipe”, “O Evangelho Gnóstico de João”, o “Evangelho de Maria Madalena” e o “Evangelho de Judas”); mas nenhum deles apresenta credibilidade canônica .  Para um livro estar no cânone sagrado foram observados alguns elementos cruciais. No caso do Velho Testamento, foi considerado se o livro fazia parte do cânon hebraico, se ele foi citado por Jesus ou seus discípulos e se seus ensinamentos não contradiziam outros livros.  Para o Novo Testamento os critérios foram ainda mais exigentes.

O autor precisaria ser um apóstolo ou ter tido ligação direta com um deles. O livro precisaria ser aceito pelo Corpo de Cristo como um todo. O conteúdo obrigatoriamente deveria ser de consistência doutrinária e ensino ortodoxo. O livro teria que conter provas de alta moral e valores espirituais que refletissem a obra do Espírito Santo. Foram exatamente estes critérios que separaram o que hoje consideramos “sagrados” dos chamados “apócrifos”. Após este filtro, apenas quatro evangelhos resistiram ao exigente crivo, tomando parte na versão definitiva do Novo Testamento a partir do ano 363 d.C. Mas, apesar da uniformidade encontrada nos evangelhos, cada escritor usou recursos literários bem específicos para abordar aspectos diferentes da vida de Jesus. Assim, estudando todos eles em conjunto, temos um panorama completo do ministério de Cristo. É importante entender que os evangelhos não apresentam apenas um quadro das atividades de Jesus, nem tampouco são biografias técnicas. 

Mateus escreveu para uma audiência hebraica, por isso fez questão de destacar a genealogia de Jesus e o cumprimento das profecias do Velho Testamento, que comprovavam o fato de Cristo ser o tão esperado Messias. Mateus é enfático ao indicar a linhagem real de Jesus, identificando-o como o “Filho de Davi” que ocuparia para sempre o trono de Israel (Mateus 9:27; 21:9). Marcos, era sobrinho de Barnabé, amigo de Pedro e discípulo de Paulo, o que fez dele uma testemunha ocular dos eventos da vida de Cristo. Escrevendo para os pagãos, enfatizou Jesus como o servo sofredor, aquele que veio não para ser servido, mas para servir e entregar sua vida como resgate por muitos (Marcos 10:45).  Lucas, o “médico amado”, era um pesquisador esmerado, exímio historiador e amigo íntimo de Paulo. Ele compilou cronologicamente os principais eventos da vida de Cristo baseado no testemunho daqueles que acompanharam em loco os eventos por ele pesquisados (Lucas 1:1-4). Lucas é o mais “histórico” e “preciso” dos Evangelhos, e se refere com frequência a Cristo como o "Filho do Homem", enfatizando sua humanidade. O Evangelho do João é o mais teológico de todos, identificando Jesus Cristo como o “Filho de Deus”. Num período da história onde os gnósticos proclamavam que Jesus fora apenas “humano”, João escreve seu testemunho pessoal, enfatizando a divindade de Cristo: - Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (João 20:30-31).


Quem foi Mateus?

Teremos ao longo desta primeira lição a fascinante oportunidade de estudar e meditar no evangelho de Mateus, também denominado: evangelho do Reino. Tradicionalmente, Mateus é o autor do primeiro evangelho do Novo Testamento, como se configura em nossas Bíblias. Seu nome significa “dom de Deus”. Ele foi cobrador de impostos antes de se converter em discípulo do Senhor Jesus. Ele apresenta Jesus e Seus discursos da maneira mais pedagógica possível. O seu evangelho é o do Reino dos Céus. Mateus trabalhava na coletoria de impostos para o governo romano (Mateus 9:9), um cargo publico. Por esse motivo, ele era chamado de “o publicano” (Mateus 10:3). Devemos compreender que cobrar impostos para um império pagão e opressor era considerado ato de traição. Daí o motivo de os publicanos serem objetos de ódio dos judeus em geral. Mas, ao que parece, Mateus não era um publicano comum, pois logo que passou a seguir a Jesus Cristo muitos publicanos foram ouvi-lo com apreço (Mateus 9:9-13). Muito provavelmente, ele foi um chefe de recebedoria de impostos. Isso significa que ele tinha outros publicanos os quais chefiava. Porém, se isso não for verdade, ficava claro que de qualquer maneira Mateus era um homem de grande influência em seu setor de trabalho. Isto porque, ao seguir o Senhor Jesus, muitos se dirigiam para ouvir o Mestre de Nazaré. Dessa maneira, Jesus teve que defendê-los das críticas farisaicas que os taxavam como pecadores e traidores da nação, ou seja, pessoas indignadas de se buscar convivência (Mateus 18:17; 21:31).

Ao atender o chamado do Senhor Jesus, Mateus veio a ser um dos doze apóstolos. Ele é citado em parceria com Tomé quando enviado a evangelizar “as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10:3: Marcos 3:18 / Lucas 6:15). Os evangelhos não demonstram grande participação de Mateus no dia a dia do ministério do Mestre. Isso, porém, não significa que ele não fosse participativo. Pelo que foi visto acima, ele conduziu várias almas ao Senhor Jesus, assim como Tomé, seu companheiro, que tinha vários condiscípulos (João 11:16). Originalmente, Mateus é chamado de Levi filho de Alfeu, no evangelho de Marcos e Lucas (Marcos 2:14-17 /  Lucas 5:27-31). Não se sabe o porquê Mateus é chamado de Levi primeiramente. Os fatos narrados por Marcos e Lucas em relação à conversão de Levi são os mesmos contados no primeiro evangelho. Tiago também era chamado de filho de Alfeu, mas isso não significa que Levi e Tiago fossem irmãos. Caso fossem, isso seria apontado mais claramente, assim como no caso de Tiago e João, filhos de Zebedeu. O mais importante aqui é notar como uma pessoa odiada e desprezada pode se tornar-se tão útil ao entregar-se ao Senhor Jesus Cristo. Essa discussão sobre o nome (Mateus ou Levi) e sobre ser ou não irmão de Tiago é, portanto, uma discussão inócua, nada acrescenta.

Sem dúvida, o evangelho de Mateus é de inestimável valor. Não é à toa que o evangelho de Mateus foi aceito e popularizado pela Igreja Primitiva. O fato de o escritor ter pertencido ao grupo dos doze apóstolos, ser uma testemunha ocular de boa parte dos fatos e ter um  estilo didático de escrever contribuiu para que essa obra fosse tão amplamente lida, aceita e amada. Alguns atestam que este evangelho fora primeiramente escrito em aramaico e depois traduzido para o grego. Infelizmente, hoje não restam documentos que comprovem isso. Todavia, o certo é que desde bem cedo a Igreja identificava o escrito como o “Evangelho de Mateus”. O fato de Mateus ser uma testemunha ocular contribuiu para a aceitação e popularidade de sua obra entre as igrejas dos primeiros séculos. O apóstolo Mateus se ocupou em escrever de modo didático, isto é, de maneira, que facilitasse a assimilação do seu conteúdo. Com essa didática, o livro favorece inclusive a memorização do seu conteúdo.


Peculiaridades do 
Evangelho de Mateus
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Não era fácil ser cristão vivendo entre os judeus. Quando Jesus começou a ministrar na Galileia, colocou em polvorosa o judaísmo, com uma mensagem que ia de encontro a pontos salientes do sistema político-religioso dos judeus. Numa sociedade machista, Jesus agregava mulheres ao seu círculo privilegiado de discípulos. Para a milenar lei do “olho por olho”, Cristo apresentou uma alternativa nada ortodoxa: “amar seus inimigos”. Jesus fez amizade com publicanos e foi amigável com mulheres pecadoras, e com isso, “afrontou” a poderosa classe farisaica, pilar da religião predominante em Israel. Incompreendidos pelos religiosos e temidos pelos políticos, os cristãos se tornaram uma seita controversa, gerando uma “curiosidade temorosa” em boa parte da população. Mateus escreveu seu evangelho exatamente para “eliminar” as dúvidas existentes sobre a pessoa de Jesus, e tornar pública a história que os líderes religiosos tentavam esconder. A introdução de seu livro apresenta Jesus como “filho de Davi”, traçando uma linha linear da genealogia de Jesus, passando por 42 gerações, até o patriarca Abraão. Com isso, deixa claro que Cristo é por direito o REI DOS JUDEUS, o ocupante definitivo do Trono de Davi (II Samuel 7:12). 

Seguindo a visão agregadora de Jesus, Mateus surpreende seus leitores listando em sua genealogia não apenas o nome dos patriarcas de cada família, mas também inserindo nela algumas mulheres notáveis: Raabe,  Rute, Bete-Seba e Maria. Algo lindo a ser notado em meio ao emaranhado de nomes relacionados em Mateus 1:2-16, é notar que entre figuras históricas e heróis nacionais (Isaque, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias e Zorobabel), aparecem também alguns nomes improváveis para a árvore genealógica  de um “Messias”. Raabe foi uma meretriz (Hebreus 11:31), Rute era moabita (povo abominado por Deus em decorrência de suas perversidades - Hebreus 23:3), Salomão era filho de um casal adúltero (Davi e Bete-Seba), Manassés e Amom foram reis de grande depravação moral, e Jeconias era portador de uma maldição sobre sua descendência (Jeremias 22:30). Mesmo assim, o Cristo emerge triunfante desta geração, provando que nele reside o poder de suplantar toda maldição e apagar todos os pecados.

Ao contrário de outros evangelistas, Mateus não ocupa seu tempo em explicações sobre costumes judaicos, o que nos dá a certeza que seu público alvo conhecia bem todos estes ritos. Emprega constantemente as terminologias judaicas “Reino dos Céus” e “Pai Celestial”, realçando o papel de Jesus como Filho de Davi. Mateus se mostra determinado a comprovar que em Cristo se cumpriam as profecias concernentes ao Messias Prometido desde os tempos antigos. Para isso, o evangelista faz 29 referências ao Antigo Testamento, sendo que em 13 delas, ressalta que o acontecimento “se deu para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas”. Com isso, Mateus pode ser considerado o Evangelho da transição, ou seja, uma ponte que liga o Antigo ao Novo Testamento, tornando sua localização dentro da Bíblia muito mais simbólica e estratégica.

Mas embora Mateus tivesse como destinatários originais os judeus, seu Evangelho tem inegável alcance universal. Mateus registra a visita dos sábios vindos do oriente, evidenciando que a chegada de Jesus ao mundo foi uma benção destinada a toda humanidade. Seu Evangelho é também uma referência no que tange a grande comissão de Jesus, ordenança que abarca cristãos de todas as eras e em todos os tempos - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28:19).  Segundo estudiosos, os escritos de Mateus podem ter servido como manual de ensino para as primeiras comunidades eclesiásticas, sendo que por esta razão, o Evangelho de Mateus se mostrou popular já em meados do século II, sendo o preferido da igreja primitiva .


As origens e o 
propósito do Evangelho

As questões apresentadas a seguir quanto ao Evangelho são esclarecedoras para o importante estudo das Escrituras Sagradas. Veremos que, embora em nossas bíblias o evangelho de Mateus seja o primeiro do Novo Testamento, ele não foi de fato o primeiro evangelho a ser escrito. O evangelho de Mateus foi escrito depois do de Marcos. A data provável para que o evangelho de Marcos tenha sido escrito foi 50 d.C. ou pelo menos uma data antes do ano 60. Enquanto que o de Mateus foi escrito por volta de 70 d.C., logo após a queda do templo de Jerusalém. É importante compreender que essas datas não são categóricas, mas apenas aproximadas. Porém é levado em consideração vários depoimentos dos escritores dos primeiros séculos chamados de “pais da Igreja”. Mesmo assim, não se tem a certeza de em qual ano foi escrito este maravilhoso evangelho. O evangelho de Mateus tem credibilidade total por parte dos cristãos desde os primórdios da Igreja cristã. Diferente de outros que, por exemplo, não entraram para o Cânon (rol) dos livros considerados inspirados, tais como o evangelho de Pedro, o evangelho de Tomé, etc.

O livro de Mateus foi escrito para a cristandade em geral, porém, quando o autor o escreveu, ele pensou primeiramente nos cristãos judeus, mas não deixou de fora os gentios, visto que a essa época o cristianismo já alcançara projeção no Império Romano a ponto de sofrer perseguição por parte de Nero. Se considerarmos o fato de que Mateus evangelizou prioritariamente os judeus após a ascensão do Senhor Jesus, o que, segundo alguns estudiosos, ele fez em um trabalho de quinze anos, não é de causar admiração que ele tenha escrito esse evangelho como um documento mostrando quem era Jesus de Nazaré. Além de evangelizar os judeus por longos quinze anos, Mateus preocupou-se em deixar um legado escriturístico. O fato dele ter já desempenhado a sua missão evangelizadora entre eles talvez fosse o suficiente. Todavia, o senso de responsabilidade para com aquelas almas o levou mais além, isto é, levou-o a escrever o evangelho.

O evangelho de Mateus cumpre vários propósitos simultaneamente, pois trata-se prioritariamente de um registro histórico do ministério do Senhor Jesus e em suas linhas o autor mostra que Jesus é o Rei e Messias prometido. Porém, a julgar o contexto em que foi escrito, pode-se concluir que este evangelho foi escrito para não ficar apenas na tradição oral, porque esta poderia sofrer alterações com o tempo e adquirir versões corrompidas da pessoa do Senhor Jesus, ou versões do propósito e de Seu trabalho profético e messiânico. Dessa maneira, o registro fiel e concatenado dessas coisas contribuiria no sentido de impedir tais deturpações até certo ponto, visto que não impediria o surgimento das versões irreais da pessoa de Jesus. Vários anos se passaram até que Mateus resolveu escrever o seu evangelho. A preocupação do escritor era apresentar o Senhor Jesus de acordo com os fatos verdadeiros, pois com o tempo poderia surgir um fantástico e lendário Jesus nos contos populares que não correspondesse com a realidade do Mestre de Nazaré. O apóstolo Mateus não poderia ignorar a capacidade da mente humana de deturpar os fatos e nem ignorar a capacidade de Satanás inspirar os corações a fazerem isso. Isso é ilustrado com as muitas discussões quanto à pessoa e natureza do Senhor Jesus Cristo na época dos pais da Igreja.


A Síntese de um Evangelho
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley

Sabemos que o Evangelho segundo Mateus foi escrito para os crentes judaicos, com a finalidade de mostrar que de fato Jesus era o Messias esperado.  Para isso, Mateus apóia-se nas revelações, promessas e profecias do Antigo Testamento. É a Bíblia testificando a própria Bíblia. Outro fato interessante neste Evangelho é o uso da genealogia, onde Mateus faz a linhagem de Jesus retroceder até Abraão.  O evangelista declara repetidas vezes que Jesus é o "Filho de Davi" (1:1; 9:27; 12:23; 15:22; 20:30-31; 21:9-15; 22:41-45). em resumo, o Jesus dá história também é histórico. Este evangelho, porém não é exclusivamente judaico, sendo profícuo através dos seculos por todo o planeta . A data e o local onde ele foi escrito são incertos. Mateus escreveu para prover seus leitores de um relato da vida de Jesus por uma testemunha ocular, para assegurar aos seus leitores que Jesus é o Filho de Deus.  Mateus apresenta Jesus como o cumprimento da esperança profética de Israel. Neste Evangelho temos o célebre sermão do monte com suas famosas bem-aventuranças, e todo o contexto de uma visão clara sobre extensão e expansão do Reino de Deus.

Neste Evangelho, encontramos com detalhes o ministério de Jesus desde o seu nascimento até sua ressurreição. Temos no próprio livro o registro do encontro de Mateus com o "Mestre dos mestres", evento que mudou sua vida. De cobrador de impostos à discípulo de Jesus. Nele também conhecemos o homem chamado de precursor do Messias - "João Batista". Mateus nos dá informações preciosas da vida e mensagem desse grande homem de Deus. Os milagres de Jesus registrado neste livro possuem minuciosos detalhes que nos impressionam mesmo depois de repetidas leituras.

Mateus tem uma vibrante conotação didática e ao mesmo tempo linguagem simples que facilita nossa compreensão acerca do Reino de Deus. Vale lembrar que ao estudarmos esse Evangelho, todos nós teremos um encontro com verdades soterradas pelos cuidados da vida como nos mostra o próprio Mateus em seus registros (Mateus 13 -  parábola do semeador). O Evangelho do Reino é de muita importância para nós que vivemos às vésperas do arrebatamento da igreja, pois também possui relevantes mensagens proféticas e escatológicas. . Então vamos apertar os cintos e prosseguir nessa nova aventura de fé, crescimento e grandes descobertas.


Contexto histórico 
inicial do Evangelho

Vimos o cuidado de Mateus quanto a preservação dos fatos em torno da pessoa de Jesus. Mas, quem era Jesus e o que pretendeu? Outrossim, o que se destaca mais no evangelho de Mateus em relação a pessoa do Senhor Jesus? É o que veremos a seguir. O contexto histórico apresentado por Mateus para a pessoa do senhor Jesus situa-se no tempo de Herodes, o Grande (Mateus 2:1). Nessa época, a política de Israel estava sob a sua responsabilidade, porém ele era rei vassalo de Roma, governada pelo imperador César Augusto, cujo nome verdadeiro era Gaio Júlio Cesar Otaviano. O Senhor Jesus nasceu num tempo chamado de pax romana (paz romana), porém Paulo trata essa época como “a plenitude dos tempos Deus” Galatas 4:4). O rei Herodes, o Grande, era um homem cruel, bárbaro e sanguinário. Jesus nasceu num contexto histórico real. A partir da pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo, a história universal foi mudada e reescrita, tendo como pano de fundo o vasto Império Romano e um reino vassalo a Roma. Jesus Cristo apareceu num tempo determinado por Deus, que é o ponto central de toda a história (Galatas 4:4).

Nascido em Belém, mas morando em Nazaré, estava um jovem carpinteiro. Ele tinha vários irmãos e irmãs e vivia de maneira comum a seus compatriotas, até que, de repente, ele se destaca de todos. O moço da carpintaria desponta-se na região e em todo o Israel com uma sabedoria e milagres jamais vistos. Então, quem é Ele de fato? Enquanto Marcos procurou enfatizar o Jesus operador de milagres e Messias, Mateus em seu evangelho vai ressaltar os ensinos do Mestre Nazaré. Ele apresenta Jesus como o Messias da linhagem davídica que haveria de vir, o profeta maior do que Moisés. O Evangelho de Marcos já circulava em diversos lugares, inclusive Roma. Enquanto Marcos apresenta Jesus como o Messias e operador de milagres, Mateus apresenta-o ressaltando os seus ensinos. É claro que há vários registros de milagres em Mateus, mas o livro também ressalta  a genealogia de Jesus, as abundantes citações do Antigo Testamento e a maneira essencialmente pedagógica de seus ensinos, a começar pelas bem-aventuranças. Enfim, nele Jesus é o Filho de Deus, o verdadeiro Rei prometido.

O Reino dos Céus apresentado por Mateus tem dois aspectos gerais: o presente e o futuro. No aspecto futuro, descrito em Mateus 24, o seu propósito em mente ao narrar acontecimentos futuros é falar sobre a segunda vinda de Jesus. No denominado “o sermão do templo”, Mateus narra situações que já sucederam, como a queda do templo de Jerusalém e outras que ainda sucederão. Porém, toda a mensagem é em si uma advertência para que os discípulos estejam atentos, sempre em oração e vivendo em constante cuidado. Cuidado esse para que não fossem enganados e também cuidado consigo mesmos para que não se entregassem a todo o tipo de dissoluções. O texto de Mateus 24 descreve fatos que já se cumpriram, alguns que estão se cumprindo e outros que ainda se cumprirão. Por exemplo, os fatos ligados aos falsos profetas e os falsos ensinos que se cumpriram, mas que continuam a se cumprir até atingir uma escalada universal, concluída somente na volta do Senhor Jesus Cristo. Merece ser especialmente esclarecido que todos os sinais descritos no capítulo 24 de Mateus apenas criam o ambiente para a manifestação do grande sinal, isto é a pregação do Evangelho até os confins do mundo (Mateus 24:14, 28.18-20). Então virá o fim.

Conclusão

O Reino dos céus é apresentado por Mateus de forma surpreendentemente didática, convincente e com ampla aceitação. Sem dúvida, trouxe um grande legado não só para a cristandade, mas ao mundo inteiro onde o evangelho chegou.



A imagem que Mateus nos apresenta de Jesus é a de um homem que nasceu para ser Rei. Sua intenção é mostrar o senhorio de Jesus Cristo e que, com toda autenticidade, o Reino, o poder e a glória são dEle. Mateus entrelaça o Antigo Testamento ao Novo, com a preocupação de revelar aos judeus: que em Jesus se cumpriram todas as palavras do profeta, que Ele é o Rei por excelência e o Messias de Seu povo. Para saber mais sobre as profundas verdades existentes em cada linha deste evangelho, participe neste domingo, 03 de Julho de 2016, da Escola Bíblica Dominical.





quarta-feira, 29 de junho de 2016

Quarta Forte com Lucas Paulo


A Quarta Forte deste dia 29/06/2016 foi abençoadíssima, e muito musical, com a participação das cantoras Helen Duarte e Juscileine Alves, além da honrosa presença do Pr. José Ataíde da Silva, líder de missões da IEAD Madureira em Mogi Guaçu SP.

A ministração da noite ficou a cargo do cantor Lucas Paulo, que aliando o poder existente na pregação da palavra e a virtude que exala do louvor, proporcionou à igreja uma oportunidade inigualável de se quebrantar aos pés do Senhor. E o mais importante... Almas se renderam ao Céus! Deus realmente habita onde seu nome é louvado!

Lucas 23 relata alguns eventos posteriores a morte de Jesus. O mundo estava diferente, mais escuro e triste. Os seguidores de Cristo se encontravam amargurados e emocionalmente perdidos. Entre eles, dois discípulos decidiram voltar para Emaús, e ali, recomeçar suas vidas.

Enquanto caminhavam desorientados, lamuriavam sobre a má sorte que sobre eles se abatera.  A desesperança se transformou em medo, e amedrontados tomaram uma decisão precipitada, se esquecendo da promessa feita pelos profetas antigos.

Enquanto choravam e lamentavam, um terceiro viajante se juntou a eles, e logo os indagou sobre o motivo de tamanha tristeza. Os discípulos enlutados se admiraram com a ignorância daquele homem, pois toda Jerusalém fervilhava com a morte do Mestre Galileu. Seus olhos estavam cegos para a verdade, e se quer perceberam que o próprio Jesus ressuscitado caminhava  lado a lado com eles.

Jesus começou a lembra-los sobre as profecias relativas ao Messias, de como Ele deveria entregar sua vida de forma sacrificial, mas que a morte não seria o fim de sua história, e sim o começo de seu Reino Glorioso.

Enquanto ouviam as palavras daquele desconhecido, os discípulos se sentiam cada vez mais confortados e esperançosos. Seus corações enegrecidos começavam a receber lampejos de luz. Uma doce paz os abraçou.  Quando chegaram a Emaús, já estavam com o rosto iluminado. – Fica conosco senhor, pois já é muito tarde...

Jesus entrou na casa daqueles discípulos ainda sem ser reconhecido por eles. Então, foi convidado a tomar assento na mesa, e em suas mãos foi entregue o pão, para que rendesse graças. No partir do pão, eles reconheceram Jesus, que milagrosamente desapareceu diante de seus olhos...

Ainda hoje, por muitas vezes perdemos nosso rumo e esquecemos das promessas. Deixamos para traz Jerusalém, e optamos por voltar as nossas bases passadas. Nós mudamos... Jesus não...

Séculos já se passaram, e Jesus continua nos surpreendendo a beira da estrada. Mesmo que não o reconheçamos, ELE sempre está por perto, acalmando nossos anseios, alentando nossos medos, afagando nossas desesperanças. Ele nos fez uma promessa e tem sido fiel em cumpri-la piamente...

- Eu estou com vocês todos dos dias.... Até a consumação do século.


Equilíbrio Financeiro


Vivemos numa época de muitos conflitos em todas as áreas da vida. Mas nada é tão terrível, e epicentro dos mais explosivos embates familiares, do que o descontrole financeiro. Um mal muito sutil, porém devastador, e que vem se alastrando vertiginosamente no âmago das famílias desta geração.

E falar sobre este assunto nunca é fácil, pois atinge diretamente todos os membros de uma família, seja em contextos bem abrangentes ou pontos muito específicos.  A grande verdade é que a falta de controle nas finanças está atrelada a indisciplina na vida diária das pessoas. Dois elementos distintos, porém intrínsecos, e que juntos, vem desencadeando males quase que irreparáveis no núcleo familiar. A falta de planejamento financeiro é uma das maiores desgraças desse mundo pós-moderno, regido por um consumismo voraz e incontrolável. Famílias desequilibradas financeiramente também se desequilibram emocionalmente, pois nossas emoções são influenciadas pelo ambiente em que vivemos.  

O assunto aqui tratado é oportuno e de grande relevância para nós cristãos, pois remete a valores como o zelo na mordomia, a fidelidade e a liberalidade, virtudes renegadas por muitos “crentes” hodiernos, mas que precisam estar latentes em nossa vida, pois estamos vivendo as vésperas do arrebatamento da Noiva do Cordeiro. Infelizmente, diante deste quadro de caos emocional e financeiro que as famílias estão vivendo (e que desvirtua nossos esforços do que é primordial), é lamentável que o Dia do Senhor, pegue muitos cristãos de surpresa, afundados em problemas pessoais e familiares, e não tendo tempo disponível para se dedicarem ao Senhor Jesus, e nem se fortalecerem em sua Graça.

O desequilíbrio financeiro nos leva a um esforço demasiado visando uma única área da vida, pois todos os recursos disponíveis serão concentrados na resolução destes problemas orçamentários, ou na busca por uma formula miraculosa para sair do vermelho. É claro que nossas finanças carecem de muita atenção, porém, devemos ter o cuidado de velar por nossa vida em todas as dimensões existentes. Uma coisa não pode justificar a omissão com outra.  

A perca de sono, a dor de cabeça, o mau humor, a perda de concentração, as brigas por falta de recursos e a fragilidade do planejamento financeiro dentro de uma casa, tem roubado a paz das famílias e criado situações conflituosas de finais trágicos. Tudo isto poderia ser evitado com lápis, papel, calculadora e uma boa planilha para controle de despesas.  Gastamos o que não ganhamos, compramos o que não necessitamos, e com isso temos sido rebeldes aos ensinos do Senhor. Provérbio 15.16 diz: Melhor é o pouco, havendo o temor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação (perturbação).

Queremos tudo que os nossos olhos vêem e com isso não pensamos nas consequências. E quando estamos a beira do colapso financeiro, entramos em desespero, e muitas vezes, tomamos atitudes perigosas. Um exemplo clássico é recorrer a empréstimos, cheques especiais e cartões de créditos. E isso tem sido a ruína de muitas famílias. Lares totalmente destruídos, pessoas desequilibradas, filhos machucados emocionalmente, tudo em decorrência da falta de planejamento financeiro.

Lucas 14:28-30 nos dá um ensinamento profundo: Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para vê se tem como acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este começou a edificar e não pôde acabar. 

A crise ou o desequilíbrio financeiro é um ladrão que tem roubado a alegria de muitas famílias. E o mais triste é saber que esse mal tem atingido famílias cristãs, sinceras e comprometidas com a obra de Deus, mas displicentes em suas próprias finanças. É realmente lastimável essa situação. Que o Senhor tenha piedade de nós e nos conceda a oportunidade de rever nossos valores, e nos favoreça em sua misericórdia, para que haja o entendimento fundamental de que “com Deus, nosso pouco pode ser muito”.

Muitas famílias têm sido ludibriadas com promessas de riqueza e sucesso financeiro obtido a partir de verdadeiras “barganhas” com Deus. O Evangelho proposto por Cristo nunca priorizou “o material” e nem deixou promessas mirabolantes de fortunas e riquezas terrenas. A prosperidade (do latim prosperĭtas), pode ser definida como o êxito naquilo se pretende fazer, e entendida como uma situação favorável, de boa sorte ou sucesso. Pois é exatamente isso que a Bíblia promete para aqueles que se mantém fieis ao Senhor e buscam seu reino acima de tudo. Entretanto, muitas pessoas têm confundido “prosperidade” com “riqueza material”, e este erro, infelizmente, deteriora a fé de ouvintes incautos, que erroneamente tem se proposto a viver do Evangelho por achar que assim, todos os seus desejos serão realizados e que irão, em tempo integral, navegar em mar de rosas sob céu de brigadeiro. 

Davi foi categórico ao afirmar que em toda a sua vida nunca havia visto um justo desamparado ou os seus filhos mendigando pão (Salmo 37:25). Mas ter pão em casa, não significa necessariamente que haverá uma mesa farta para o café da manhã. A promessa para o cristão fiel é de prosperidade sim, e isso significa que Deus proverá aos seus filhos os “viveres básicos”, como roupas e alimentos.  

Um texto que explicita está verdade, está registrado em Mateus 6:33 -Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Muitos pregadores modernos usam este verso para ensinar seus ouvintes que uma vez buscado o Reino de Deus, todas as coisas serão agregadas automaticamente em suas vidas num miraculoso sucesso financeiro. Esta é uma interpretação incorreta do ensinamento de Jesus. Aqui, o mestre não fala sobre “todas as coisas”, mas sim de “estas coisas”. E que “coisas” seriam estas?

Basta uma leitura do contexto para entender que Jesus ensinava aos seus discípulos o A-B-C do cristianismo, e percebendo neles certa preocupação com os subsídios materiais para pôr em prática está fé (abandonar as redes certamente abriria um rombo no orçamento doméstico), lhes expôs uma nova realidade espiritual: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas. Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6:25-33).

Jesus faz sim uma promessa de prosperidade aos seus discípulos, dizendo a eles que sua “fidelidade” na busca pelo Reino de Deus resultaria em provisão diária do que comer, beber e vestir. O grande Jeová Jireh cuida de seus filhos providenciando os víveres básicos do dia a dia (lembre- se da oração modelo: “o pão nosso de CADA DIA nos daí HOJE”). Se estamos alimentados, saciados e vestidos, Deus tem sido fiel com sua promessa, e de quebra nos dá um novo alvorecer a cada dia repleto de novas possibilidades, renova nossas forças e nos propicia o fôlego de vida, para que possamos lutar por regalias adicionais. A despensa do crente pode estar vazia, mas sobre sua mesa haverá alimento, se Ele priorizar o Senhor em sua vida. Mesmo em tempos de guerra, ele encontrará regaços de paz e ainda que o mundo a sua volta esteja desmoronado, ele permanecerá firme e em pé. 

Para que uma família consiga ir além do “essencial” garantido por Deus, faz-se necessário muito trabalho, empenho e uma administração inteligente e equilibrada de sua renda. De forma bem pragmática, podemos dizer que ao sermos fieis ao Senhor, (inclusive no que tange ao dízimo), Deus nos garante um pequeno capital de giro (o pão de cada dia). É nossa capacidade de gerenciar esta provisão diária que nos possibilita a conquista de “confortos” adicionais. Para o sucesso financeiro de uma família, mais do que fé e oração, é preciso aprender a administrar seu orçamento e equilibrar os seus gastos.

Colaboradores:

terça-feira, 28 de junho de 2016

Biografia - Andrew Murray




Andrew Murray nasceu na África do Sul, em 9 de maio de 1828, e morreu em 1917. Seu pai era pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda, o que foi importante para impressionar Murray com o fervoroso espírito cristão holandês. Andrew experimentou o novo nascimento aos 16 anos, na Holanda. Após isso, dedicou muito tempo, muitas madrugadas, a orar por um avivamento em seu país e a ler sobre experiências desse tipo ocorridas em outros países.

Foi para a Inglaterra com 10 anos e, quando retornou para a África do Sul como pastor e evangelista, levou consigo um reavivamento que abalou o país. Seu ministério enfatizava especialmente a necessidade de os cristãos habitarem em Cristo. Isso foi despertado especialmente quando, ao voltar para a África, deparou-se com a grande extensão geográfica em que deveria ministrar. Aí começou a sentir necessidade de uma vida cristã mais profunda. Murray aprendeu suas mais preciosas lições espirituais por meio da Escola do Sofrimento, principalmente após uma séria enfermidade. Sua filha testificou que, após essa doença, seu pai manifestava “constante ternura, serena benevolência e pensamento altruísta”. Essa foi uma expressão de sua fé simples em Cristo e a Ele rendida.

Seu ministério, pela influência recebida do pai, foi caracterizado por profunda e ardente espiritualidade e por ação social. Em 1877, viajou pela primeira vez aos Estados Unidos e participou de muitas conferências de santidade nos EUA e na Europa. Sua teologia era conservadora, e se opunha francamente ao liberalismo. Em seus livros, enfatizou a consagração integral e absoluta a Deus, a oração e a santidade.

Durante os últimos 28 anos de sua vida, foi considerado o pai do Movimento Keswick da África do Sul. Muito dos aspectos místicos de sua obra deve-se à influência de William Law. Murray, assim como Law, Madame Guyon, Jessie Penn-Lewis e T. Austin-Sparks, experimentou o Senhor de forma muito profunda e se tornou um dos mais proeminentes no movimento da vida interior.

Foi acometido de uma infecção na garganta em 1879, a qual o deixou sem voz por quase dois anos. Foi curado dela na casa de uma família cristã em Londres. Como resultado dessa experiência, veio a crer que os dons miraculosos do Espírito Santo não se limitavam à igreja primitiva. Para ele, uma das características da vida vitoriosa era uma profunda e silenciosa percepção de Deus e uma intensa devoção a ele.

Por crer no que Deus pode fazer por meio da obra de literatura, Murray escreveu mais de 250 livros e inúmeros artigos. Sua obra tocou e toca a Igreja no mundo inteiro por meio de escritos profundos, incluindo The Spirit of Christ (O Espírito de Cristo), The Holiest of All (O Mais Santo de Todos), With Christ in the School of Prayer (Com Cristo na Escola de Oração), Abide in Christ (Habite em Cristo), Raising Your Children for Christ (Criando Seus Filhos para Cristo) e Humility (Humildade), os quais são considerados clássicos da literatura cristã.

Entre tantos que foram ajudados por ele, podemos mencionar Watchman Nee, cujas obras O Homem Espiritual e O Poder Latente da Alma trazem marcas do pensamento de Murray.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Informe Gospel Nº 78 - Consciência Social

O “Estado Laico”, também conhecido como “Estado Secular”, tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião. Ele protege a liberdade religiosa de todos os seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais. Neste sistema, a religião não deve ter influência nos assuntos do Estado. 

O Brasil é oficialmente um Estado Laico, pois o artigo VI da Constituição Brasileira de 1988 prevê a liberdade de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção e respeito às manifestações religiosas. 

Essa “liberdade religiosa”, porém, não imuniza nenhum cidadão de crimes que podem sim, ser cometidos dentro das comunidades eclesiásticas, com sanções e penas previstas em lei. 

Entre as ações criminosas mais recorrentes no meio eclesiástico, além da corrupção e do charlatanismo cada vez mais crescente, ainda nos deparamos com calúnias, difamações, injurias, assédio moral, racismo, injuria racial, assédio sexual e até mesmo casos de estupros. Miséricórdia! A Edição Nº 78 do Informe Gospel traz como tema de capa a “Consciência Social”, com um editorial que explica ponto a ponto cada uma destas questões que tem levado muitos crentes a vivenciarem grandes tragédias em suas vidas, uma vez que tais “crimes” também são “pecados”.

O Informativo de Julho traz também a Palavra Pastoral “Fidelidade” e na seção Histórias de Nossa Gente, o relato de Cp. Rafael Silva: “Nas mãos de Deus”.

Tem ainda o humor gospel, as datas comemorativas, informações sobre o novo trimestre da EBD e do EBOM 2016, a agenda mensal e todos os eventos que farão de Julho um mês inesquecível.

O Informe Gospel Nº 78 já está disponível, e pode ser retirado gratuitamente (nos horários de culto) em nosso templo na Rua Silvio Aurélio Abreu, 595, Jardim Florestal - Estiva Gerbi.

Por que Deus permite que coisas boas aconteçam a pessoas más?


Esta questão é semelhante ao seu oposto: "Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas?" Ambas as perguntas se referem ao que parece ser a injustiça desconcertante que testemunhamos todos os dias. O Salmo 73 é a nossa resposta às mesmas perguntas que atormentaram também o salmista. Encontrando-se em terrível angústia e agonia de alma, ele escreve: "Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos" (Salmo 73:2-3).

O autor deste Salmo era um homem chamado Asafe, um líder de um dos corais do templo. Obviamente, ele não era um homem rico, mas um que havia dedicado a sua vida ao serviço de Deus (veja I Crônicas 25). Mas, como nós, ele tinha passado por algumas dificuldades e questionou a injustiça de tudo. Ele observou as pessoas más ao seu redor vivendo por suas próprias regras e acumulando e desfrutando de toda a riqueza e prazeres do mundo. Ele se queixa: "Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio. Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens" (Salmo 73:4-5).

Asafe estava observando pessoas que não tinham problemas. Elas podiam pagar suas contas. Elas tinham muito para comer e uma abundância de luxos. Por outro lado, o pobre Asafe estava preso a dirigir o coral e tentar viver piedosamente. E para piorar as coisas, a sua escolha de servir a Deus não parecia estar lhe ajudando. Ele começou a invejar essas pessoas e até mesmo a questionar a Deus a respeito de por que permitiria tal coisa acontecer!

Quantas vezes nos encontramos na mesma situação que Asafe? Dedicamos nossas vidas a servir a Deus. Então observamos pessoas ímpias e perversas ao nosso redor obtendo novas posses, casas luxuosas, promoções no trabalho e roupas bonitas, enquanto lutamos financeiramente. A resposta encontra-se no resto do salmo. Asafe invejou essas pessoas más até perceber uma coisa muito importante. Quando entrou no santuário de Deus, ele compreendeu plenamente o seu destino final: "Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles. Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror! Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem deles" (Salmo 73:16-20). Aqueles que têm riquezas temporárias na Terra são na realidade mendigos espirituais porque não têm a verdadeira riqueza – vida eterna.

Há muitos momentos em que não entendemos o que está acontecendo conosco, nem entendemos como a providência divina funciona. Quando Asafe entrou no santuário de Deus, ele começou a ver que não havia necessidade de ter inveja da prosperidade dos ímpios porque a sua prosperidade era uma ilusão. Ele começou a compreender que o enganador antigo, Satanás, havia usado mentiras para distraí-lo da realidade de Deus. Ao entrar no santuário, Asafe percebeu que a prosperidade é uma realização fugaz, como um sonho agradável que nos agrada apenas por pouco tempo, mas, quando despertamos, percebemos que não era real. Asafe repreende a si mesmo por sua própria estupidez. Ele admite ser "embrutecido e ignorante" ao invejar o ímpio ou ter ciúmes dos que perecem. Os seus pensamentos, em seguida, voltaram-se para a sua própria felicidade em Deus quando percebeu o quanto mais alegria, satisfação e verdadeira prosperidade espiritual ele tinha no Criador.

Podemos não ter tudo o que queremos aqui na terra, mas um dia iremos prosperar por toda a eternidade por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. Sempre que somos tentados a experimentar o outro caminho, devemos lembrar que a outra estrada é um beco sem saída (Mateus 7:13). Mas o caminho estreito diante de nós através de Jesus é o único caminho que leva à vida eterna. Essa deve ser a nossa alegria e conforto. "Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.... Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo. Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio…" (Salmo 73:25, 27-28).

Não precisamos nos preocupar quando coisas boas parecem acontecer a pessoas ruins. Precisamos apenas manter o nosso foco em nosso Criador e entrar em Sua presença a cada dia através do portal da Sua Santa Palavra. Lá encontraremos a verdade, contentamento, riquezas espirituais e alegria eterna.