A Quarta Forte deste dia
22/06/2016 foi muito abençoada, com a participação de um povo desejoso por louvar
ao Senhor com unção, fogo e glória. Shekná! Ainda recebemos um aconselhamento
pastoral através da instrumentalidade do nosso pastor regional: Pr. Wilson Gomes
Somos essencialmente propensos a
caminhar sobre as montanhas. Deus é nossa rocha, Ele me faz andar em lugares
altos. Nos sentimos confortáveis caminhando sobre os rochedos, nossos pés não
derrapam nas pedras e nosso pulmão se adapta ao ar rarefeito com muita facilidade.
Mas quando começamos a descer, um vento gélido paira por nossa coluna, o
coração acelera, o suor desce pela face e uma lágrima teimosa insiste em brotar
de nossos olhos. Não gostamos da descida... E odiamos estar no vale... O vale
nunca é bom, pois ele nunca vem sozinho.... Lá embaixo teremos a companhia de
gigantes agressivos, exércitos inimigos e noites frias como o toque da morte.
O pior (ou melhor), é que mais
cedo ou mais tarde, iremos obrigatoriamente visitar as fendas mais inóspitas da
vida cristã. E este turismo às avessas faz parte de nosso crescimento
espiritual.
Mesmo conscientes deste processo
de amadurecimento, nossa reação quase reflexiva é questionar a Deus com “porquês”
e mais “porquês”, e quando as respostas não nos são satisfatória, armamos uma
carranca contra os céus, e culpamos o Senhor por todas as nossas mazelas. Nem
se quer percebemos as possibilidades que estão escondidas nas dificuldades. A
grande verdade é que Deus nos dá presentes maravilhosos dentre de embrulhos horrorosos.
A cor do papel é feia e o enfeite desastroso, e aí, sequer abrimos o embrulho.
Que pena. A perca é muito grande.
Vale é lugar de lágrimas alegres
e sorrisos tristes. Tudo se inverte e reverte com muita sazonalidade, pois a alternância
entre vales e montanhas é um mecanismo que Deus usa para nos manter preparados,
afiados e prontos. Se questionarmos, nos amarguramos e não desfrutamos das
nuances do sorriso genuíno, mas se louvamos, então até nossas lagrimas são
amaciadas pelo afago do Espírito Santo.
Não sabemos precisar quem
escreveu o Salmo 42... Alguns o atribuem a Davi, outros, aos Filhos de Coré, e
alguns dizem ser Asafe... Mas não dá pra negar que ele tem muito do belemita em
cada palavra... A inquietação da alma que por tantas vezes nos brindou com
poemas e cânticos memoráveis estão presentes em cada verso, assim como o desejo
ardente e apaixonado de estar próximo de Deus, tão peculiar do nobre
harpista...
Mas, independentemente do autor,
é possível perceber que o poeta está triste... A incredulidade que enegrece a
alma dos homens faz sangrar seu coração. Ele olha a sua volta é só encontra
abismos. Verdadeiros buracos-negros surgem voluptuosos nas pessoas a sua volta,
retirando delas o temor, a fé e a caridade. O mundo parece imerso em trevas, e
qualquer facho de luz incomoda seus moradores. Dedos em ristes se voltam para o
escritor... Ele ouve gargalhadas e palavras de afronta. Vozes obscuras e
perniciosas invadem seus ouvidos com uma indagação retórica carregada de
sarcasmo e maldade: Onde está o seu Deus?
O poeta chora angustiado... A
tristeza é tamanha que seus ossos chegam a doer. Sua alma está abatida, pois
foi abraçada pelo medo, e agora se sente sugada pelos abismos que a cercam:
Desesperança, Angustia e Aflição.
Então, no ponto exato entre o
“agora” e a “ruína”, o salmista clama por socorro... “Assim como a corça anseia
por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus... A minha alma tem sede
do Deus vivo” (Salmo 42:1-2). A alma do salmista estava com sede. Sedenta
por algo que não se encontra na Terra. Aliás, ainda que não queira aceitar,
toda a humanidade tem sofrido da mesma sede desde os primórdios de sua
história.... Desde que saiu do Jardim...
Em Gênesis 1:27-28 e 2:7, Moisés
narra a origem do homem. Uma reunião celestial é convocada para projetar
minuciosamente um ser capaz de dominar sobre as demais coisas criadas. Um
designer é aprovado, um rascunho é elabora, formas e texturas são
pré-definidas. A matéria prima escolhida é palpável e tangível, e o
processo de fabricação é artesanal. Em suma, Deus coloca a “mão na massa”,
esculpe em argila o modelo projetado e sopra em sua narina o fôlego de vida.
Seu nome agora é Adão, feito imagem e semelhança de seu criador, tendo dentro
de si uma fagulha do próprio Elohim, um espírito dado por Deus e que deseja
retornar para Deus. Para que o homem não estivesse só, de seus ossos é forjada
a mulher.
Agora, o casal pode enfim viver
pleno de felicidade, no jardim que o Senhor plantara para eles. Adão e Eva são
como duas crianças se descobrindo, e Deus faz questão de todas as tardes
visitar os seus filhos para instruí-los em todos os aspectos da arte de viver.
Mas a desobediência quebraria essa aliança. No desejo de ser igual a Deus, eles
acabaram se afastando de Deus, perdendo a inocência e violando a santidade. Já
não podiam olhar a face de Deus e nem serem visitados com cordialidade ao por
do sol (I Timóteo 6:16). Mas dentro deles, ainda habitava o Espírito que
clamava por Deus. Mesmo que a carne do homem se sobreponha ao seu Espírito,
jamais irá calar sua voz. Ele estará lá dentro, desesperado, inquieto e aflito.
Daí nasce o vazio interior, a
busca desenfreada por prazeres passageiros, a ausência completa de paz...
O homem saiu do jardim, mas o Jardim está no homem. Mudou-se a forma, mas a
conversa diária com o Criador ainda é necessária... Sem dialogar com Deus e
buscar sua orientação, o homem jamais será plenamente feliz... Esta prática é
possível, e não se faz necessários agendamentos prévios ou formalidades
desnecessárias... Para ela damos o nome de “oração”.
O salmista sabia desta carência,
conhecia sua necessidade. - A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo –
Dizia ele. - Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus? E
então, introspectivo, o poeta conversa consigo mesmo e aconselha: - Por
que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada
dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o
meu Salvador e o meu Deus.
Ele é o Deus dos Montes e dos
Vales, das Lágrimas e dos Sorrisos... Apenas confie nele, em qualquer altura
que seja!
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