Texto Áureo
E
muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado,
senão Naamã, o siro.
Lucas
4:27
Verdade Aplicada
Assim
como um médico prescreve uma receita para a cura de um paciente, o nosso Deus
indica a maneira correta de alcançarmos o sobrenatural em nossas vidas.
Textos de Referência
II Reis 5.1, 9, 10, 13.
Naamã,
o comandante do exército da Síria, era muito respeitado e estimado pelo rei do
seu país porque, por meio de Naamã, o SENHOR Deus tinha dado a vitória ao
exército dos sírios. Ele era um soldado valente, mas sofria de uma terrível
doença da pele.
Então
Naamã foi com os seus cavalos e carros e parou na porta da casa de Eliseu.
Eliseu
mandou que um empregado saísse e dissesse a ele que fosse se lavar sete vezes
no rio Jordão, pois assim ficaria completamente curado da sua doença.
Então
os seus empregados foram até o lugar onde ele estava e disseram: —Se o profeta
mandasse o senhor fazer alguma coisa difícil, por acaso, o senhor não faria?
Por que é que o senhor não pode ir se lavar, como ele disse, e ficar curado?
Panorâmico Histórico.
A cura de Naamã talvez
seja uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, podendo ser analisada,
interpretada e recontada por diversos ângulos temáticos. O milagre em si, é o
foco central deste relato bíblico, mas é a “movimentação” de seus personagens
que traz a grande riqueza literária e espiritual deste texto. Um poderoso
general em desespero, uma esposa zelosa e persistente, uma menina estrangeira
fiel as suas origens, um profeta obstinado, um sábio conselheiro e um servo
ganancioso. Cada ação gera uma reação... Cada decisão tomada pelo homem motiva
a ação imediata de Deus. Muito mais que uma história sobre milagres, esta é uma
história sobre as motivações que determinam quem somos de verdade, e como Deus
intervirá em nossa vida. A Síria, também chamada Arã, compreendia o país que
ficava entre o rio Eufrates ao oriente, e o Mediterrâneo ao ocidente, com a
Cilicia ao norte, e o deserto da Arábia ao sul, excluindo a Palestina. A Síria
possuía muitas cidades famosas dentro dos seus limites. Entre essas, as
principais eram Damasco, Antioquia, Selêucia, Palmira e Laodicéia. Aparece pela
primeira vez na história da Bíblia, aliado contra Davi com Hadadezer, rei de
Zobá (II Samuel 8:5). O resultado da guerra foi a submissão da Síria a Davi,
mas no reinado de Salomão, após uma série de revoltas populares, ficaram os reinos
da Síria independentes de Israel, com quem tiveram repetidas guerras sob o
governo da dinastia de Hadade, entre as quais o notável o cerco de Samaria, descrito
em II Reis 6 e 7. Depois disto assassinou Hazael o rei da Síria, e usurpou o
trono, oprimindo o reino de Israel, sendo posteriormente vencido por Jeoás, rei
de Israel (II Reis 13:22- 25). Jeroboão II estabeleceu uma aliança entre a Síria
e Israel contra Acaz, rei de Judá, sendo que este chamou em seu auxilio o monarca
assírio, Tiglate-Pileser. Esta viria a ser o começo da derrocada síria para os
assírios. É do meio desta história de amor e ódio entre Israel e Síria (hoje, muito mais inclinada ao ódio) que
desponta o celebre caso aqui estudado.
A
cura de Naamã apresenta inúmeras lições que principiam no orgulho humano e se
estendem até o profético. Todos os milagres registrados têm um fundamento, eles
não aconteceram de forma despropositada, pois Deus jamais realiza algo sem
propósito (Romanos 15:4). Deus usou muitos agentes para efetuar a conversão de
Naamã, de um homem orgulhoso e auto suficiente, em um homem crente, humilde, e
reverente (II Reis 5:15-18). A Bíblia o descreve como um homem respeitado,
homem pelo qual o Senhor dera livramento aos sírios (I Reis 5:1).
Naamã – Um vencedor derrotado
No período bíblico, a
lepra era a mais aterradora das enfermidades, pois além do aspecto contagioso,
ela ainda era incompreendida, e, portanto, incurável. Os portadores desta
doença eram exilados do convívio social e se isolavam em colônias leprosarias fora
da cidade, onde morriam não apenas em decorrência da enfermidade, como também
pela privação dos víveres básicos. Esta ação pública, embora parecesse cruel,
era necessária para se evitar epidemias nas cidades. É registrado em II
Crônicas 26:21, que até mesmo o rei Uzias, quando acometido por lepra, morreu
solitário, numa casa construída para seu isolamento. Até o ano de 1837, quando
o norueguês Armauer Hansen identificou a bactéria causadora desta moléstia, a
crença existente é que sua origem seria hereditária, fruto do pecado ou castigo
divino. Obviamente, mesmo que a lepra tenha sido usada por Deus para punir
alguns indivíduos, nem todos os leprosos sofriam deste mal por causa do pecado.
Hoje, a lepra é cientificamente chamada de “Hanseníase” ou “Doença de Hanser”,
e sabe-se que na realidade é uma infecção bacteriana provocada pela bateria “Mycobacterium Leprae”, atingindo
sobretudo os nervos periféricos do organismo, tais como a pele, o nariz e os
olhos. Seus sintomas mais conhecidos são manchas pardas, esbranquiçadas ou
erimatosas na pele, alteração da temperatura dos locais afetados pelas manchas,
comprometimento dos membros periféricos que causam dormência em algumas regiões
do corpo (essa ausência de sensibilidade
favorece ferimentos que podem levar a perda de dedos e outras partes do corpo),
aparecimento de caroços ou inchaço nas partes mais frias do corpo como orelhas,
mãos e cotovelos, alteração da musculatura esquelética causando deformidades
nas mãos e infiltrações na face. Embora seja extremamente contagiosa, a ciência
moderna consegue tratar os sintomas da lepra e extingui-la do organismo com
tratamentos que podem se estender de seis meses á cinco anos, sendo realizado a
base de dapsona e rifampicina. Desde 1995, este tratamento é oferecido gratuitamente
a pacientes de todo o mundo, inclusive no Brasil.
Naamã
era um homem de poder, uma figura de destaque na nação e temido pelos seus
inimigos (II Reis 5:1). Só havia um problema: era portador de lepra, uma doença
incurável, que fazia desse grande vencedor um homem derrotado. Naamã era um
vencedor vencido por uma doença. Duas coisas nos chamam atenção com respeito a
Naamã: a primeira é que sua lepra não era igual a que Deus emprega para
disciplinar seu povo (Números 12:9-15), ou como a lepra que conhecemos
cientificamente, porque sua lepra não era daquele tipo que o segregava da
sociedade. Ele vivia em família, e com toda a sociedade. A segunda é que Jesus
afirmou que havia muitos leprosos em Israel, mas somente Naamã foi curado, o
que nos faz acreditar que Deus tinha um propósito especial na realização desse
milagre (Lucas 4:27).
Sabemos que existem
variação nas formas em que a lepra se manifesta, e que provavelmente Naamã era
portador de uma variante menos violenta da doença, podendo manter relações
sociais. Mesmo assim, é evidente o desconforto das pessoas a sua volta com a
situação, bem como o sofrimento físico e emocional de Naamã, cujas atribuições
militares exigiam dele saúde e disposição, duas coisas que a “lepra” consumia
progressivamente. Ele ansiava por um milagre.
A Menina estrangeira e a
Mulher sábia
A
Bíblia nos mostra que havia em sua casa uma menina sem nome, porém, muito
importante em sua vida, a qual foi trazida cativa da terra de Israel por suas
tropas (II Reis 5.2). Vendo seu estado e preocupando-se com seu bem estar, a
menina comunica a esposa do general que seu marido poderia ser restaurado se
estivesse diante do profeta que estava em Samaria. A palavra dessa menina
trouxe ânimo à sua esposa que, com entusiasmo, lhe deu a notícia. Com as
esperanças renovadas, Naamã fez saber a seu rei, o qual escreve uma carta ao
rei de Israele entrega provisões a seu valoroso general (II Reis 5.4-6). O que
mais nos alegra é que a lepra de Naamã não tem força sobre ela, mas sua
compaixão é quem influencia a vida de Naamã. Não é necessário termos nome ou
fama para realizarmos algo grandioso (Isaías 53:2-4). Naamã era um homem bom,
cercado de pessoas que primavam por seu bem estar. Poderíamos afirmar que sua
esposa era uma mulher muito especial, como deve ser a vida de uma esposa que
tem um marido nessas condições? Esse tipo de doença cheira mal, e somente com
uma gigantesca paciência e um amor que excede aos limites de nosso tempo é que
um relacionamento como esse perdura. O milagre do corpo de Naamã é poderoso,
mas o de seu casamento é de surpreender. Por muito menos que isso os casamentos
de hoje se dissolvem. Essa mulher tem uma forte lição para os matrimônios de
nossos dias, pois, por simples vaidade, as pessoas abandonam tanto o juramento
quanto a benção dada por Deus. A mulher de Naamã é outra mulher sem nome, mas
com uma qualidade de poucas no universo. Assim com a menina escrava, e seus
próprios servos (II Reis 5:13). Cada uma dessas pessoas atua no milagre de sua
vida de forma particular, mostrando que sua maior vitória era o companheirismo
daqueles que lhes eram familiares.
Pouco sabemos sobre
estas duas mulheres, apenas que uma era a devotada esposa de Naamã e que a
outra não passava de uma serviçal com origem israelita e pouca idade. Mas existe
aqui uma lição valiosa sobre nunca negar quem na verdade somos. Não existem
registros detalhados sobre a menina deportada, mas o
texto evidencia que ela conhecia muito bem a sua história, sua gente e o local
de sua origem. Da cozinha daquela grande casa, ela podia acompanhar o
sofrimento de seus senhores devido a doença de Naamã, observava o vai e vem dos
médicos com diagnósticos cada vez mais pessimistas e os momentos de fraqueza
daquele que era um herói nacional. Segundo a Bíblia, embora não fosse um servo
do Deus Verdadeiro, Naamã era um homem bom e integro e isso comoveu o coração
daquela menina, que se sentia impelida a fazer algo em favor de seu patrão e
sabia como ajudar. Porém, sua posição de serviço não lhe proporcionava voz
ativa naquela casa, e o fato de se manter calada era uma garantia de evitar se envolve-se em problemas futuros. E agora? Omitir-se e ficar na zona de
conforto ou expor-se perigosamente para ajudar o próximo? Aquela menina
escolheu o caminho que poderia lhe trazer consequências terríveis em caso de
engodo, e reportando-se a sua senhora, garantiu que em Samaria, havia um
profeta que poderia curar seu marido. A esposa de Naamã entra nesta história na
exata posição descrita em Provérbios 14:1: “A
mulher sábia edifica o seu lar”, e se apressa em anunciar as boas novas.
Embora suas esperanças tenham sido castigadas por decepções e suas forças para
lutar cada dia estejam mais escassas, aquela mulher decide agarrar-se a um novo
fio de fé e encoraja seu marido a buscar ajuda no lugar mais improvável: uma
cidade subjulgada. Mas o que levou a esposa do general Naamã a confiar tão
cegamente nas palavras de uma criança? O pragmatismo dirá que foi o desespero,
porém há uma possibilidade que melhor se enquadra nesta história: TESTEMUNHO.
A mulher acreditou na
menina, pois as palavras daquela pequena serva eram dignas de confiança. Sua
postura como israelita mesmo em uma terra estrangeira não passava despercebido,
ao ponto da “primeira dama” de um dos maiores exércitos daquele tempo ter certeza
absoluta que a menina sabia exatamente o que estava falando. Falar com
propriedade. Crer no que prega. Viver a própria mensagem. Esse é o segredo dos
maiores ganhadores de alma. As vezes o que somos grita tão alto que nossas palavras
são abafadas e nosso testemunho se torna a essência de nossa mensagem, afinal
como já dizia Agostinho: Pregue o Evangelho, se precisar use palavras.
Eliseu – Um profeta resignado
O
último agente usado por Deus para a cura de Naamã foi o profeta Eliseu, que
tanto ignorou sua presença quanto seus presentes. Eliseu resolveu o problema
com uma receita: sete mergulhos para quebrar o orgulho. Naamã era um homem
orgulhoso como mostram estas observações: - Ele veio à casa de Eliseu esperando
ser recebido com toda pompa compatível com sua posição (II Reis 5.:9); “a ter comigo” é uma posição enfática
significando “a uma pessoa como eu” (II Reis 5:11); “certamente” (ARC, BJ; NVI, “eu estava certo
de que ele sairia”) uma tradução do infinitivo absoluto hebraico “sairia”
também enfatiza O fato que Naamã considerava dever de Elizeu ir até ele, por
lhe ser socialmente inferior; sua recusa em executar o plano diferente do que
ele idealizara (II Reis 5.11-12). A maior decepção de Naamã foi receber apenas
a receita para a cura, pois o profeta sequer o recebeu. Eliseu deixou Naamã em
maus lençóis, pois ou se submetia ao tratamento, ou retornava do mesmo jeito.
Eliseu deixou claro também que seu ministério não poderia ser comprado,
fator muito comum nos ministérios de nossos dias.
Elizeu, por intermédio
de seu servo, manda um recado para Naamã instruindo que ele mergulhasse por
sete vezes no Rio Jordão. Este caudaloso rio de águas escuras origina-se de quatro
rios menores cujas cabeceiras estão no monte Hermon; chamados Barreight,
Hasbani, Ledam e Banias, com profundidades variando de 3 a 35 metros em seu corredor. O nome original deste rio é
Iarden, que significa “declive” ou “o que desce”. Logo, este era o desafio
proposto a Namaã, descer de sua posição altiva e se sujeitar a voz do Senhor.
“Não
são porventura Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas
de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E voltou-se, e se
foi com indignação” (II Reis 5:12). Ao dirigir-se ao profeta Elizeu, Naamã
trouxe ouro e prata, símbolos de sua riqueza pessoal; dez mudas de vestes
festivais caríssimas, símbolos de seu fino gosto; uma carta de recomendação do
rei da Síria, símbolo do seu prestígio. Naamã pensava que Elizeu se comoveria
com sua apresentação. Porém, o que mais chamou atenção do profeta foram seu
orgulho e sua altivez. O orgulho de Naamã ofuscou sua doença, e o Jordão,
embora fosse uma afronta era o lugar do seu milagre. Toda humilhação Divina
culmina em grande exaltação (Provérbios 18:12).A imposição Divina de humilhar
Naamã tinha um propósito definido: revelar-se a ele. A cura alcançada por Naamã
restaurou tanto seu corpo físico quanto sua alma orgulhosa. O texto é claro
quando diz: “ele desceu, mergulhou” (II Reis 5:14). Até que ponto ele desceu?
Teve que se despir e mostrar a todos quem realmente era. Esse é o clássico
exemplo de uma genuína conversão, despir-se publicamente, crendo que a remissão
está na palavra de salvação. Quando desceu, seu orgulho deu lugar a humildade,
mas quando mergulhou, sua visão acerca das coisas espirituais foi totalmente
aberta, ele descobriu que havia um Deus verdadeiro em todo o mundo, o Deus de
Israel. Naamã que havia se submetido, a Rimom em busca de um milagre, encontrou
no Deus de Israel muito mais que a cura de seu corpo. Ao retornar diante de
Eliseu, ele oferece sua fortuna, não como no primeiro encontro, mas com uma
pura expressão de gratidão pelo que Deus havia realizado em sua vida através do
profeta.
Um sábio conselho
Quando Naamã se mostrou
relutante a instrução do profeta e decidiu voltar para a casa sem realizar a
missão recomendada, foi um dos seus servos quem lhe deu o sábio conselho:
Senhor, se já viemos até aqui, o que custa agora fazer conforme a palavra do
profeta? São apenas mergulhos, e isso é fácil de fazer. Caso ele tivesse lhe
pedido algo muito mais difícil, o Senhor não faria? – Depois destas palavras de
seu subalterno, o poderoso Naamã revê suas convicções, e considera justo o
argumento apresentado. Neste ponto, ainda sem saber, Naamã começa a ser curado
interiormente, deixando aflorar um sentimento de humildade que seria a chave do
milagre. Ao chegar no Jordão, Naamã se viu frente a frente com a batalha mais
ferrenha de sua vida, a luta contra o próprio “eu”. Despindo-se de suas roupas
militares, afunda nas águas lamacentas do rio pela primeira vez, mais nada
acontece. Segunda vez... Nada... Terceira vez... Ainda leproso... Quarta vez...
Leproso e enlameado... Quinta vez... Nada acontece outra vez... Sexta vez...
Frustração e desespero... Sétima e última vez... Naamã retorna a superfície com
a pele tão limpa quanto a de um bebê.
Naamã
provou sua fé por seu trabalho; ele creu na Palavra e agiu de acordo com ela.
Apresentava-se diante de Eliseu um novo homem não mais leproso. Agora, um homem
restaurado, humilde, com fé no verdadeiro Deus e acima de tudo agradecido (II Reis
5:15). “E disse Naamã: Se não queres, dê-se a este teu servo uma carga terra
que baste para carregar duas mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo
holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor (II Reis 5:17).
Naamã deu testemunho público do poder do Senhor e de que Ele é o único Deus
verdadeiro. É impressionante como Ele mesmo se apresentou: “este teu servo”.
Naamã não somente deixou sua lepra no Jordão, deixou também seu orgulho e sua
altivez. Naamã sempre fez parte da nobreza, mas aprendeu com o profeta de
Israel que a cura da alma habita nos lugares mais simples e menos desejados
como o Jordão. Um mergulho como esse faria bem a muitas pessoas em nossos dias.
O trajeto do milagre de Naamã envolvia despir-se, não somente de suas vestes,
mas daquele velho homem orgulhoso. Todavia, o ponto mais interessante do
milagre está no cumprimento dos mergulhos, que representa a perseverança e a fé
na palavra profética.
Geazi e a lepra da cobiça
A
atitude honesta do uso dos dons fez com que a palavra de Eliseu fosse
autenticada por Deus. Precisamos ter em mente que o Senhor não mandou Elizeu
profetizar nada para Naamã, grande parte de suas predições foram sempre assim,
endossadas pelo Senhor (II Reis 2:20-22; 6:6-7-18; 7:18). Trezentos e cinquenta
quilos de prata, setenta e dois quilos de ouro, e dez vestes festivas coloridas
(somente os ricos possuíam), sequer balançaram o profeta. Eliseu era um homem
conectado, inviolável, e que jamais seria capaz de negociar seu ministério ou a
benção de deus. Eliseu nos ensina que “unção” representa o selo de uma
autoridade, e que homens de Deus devem ser incorruptíveis, não misturando o
santo com o profano (Filipenses 2:15).
Por outro lado, seu
servo Geazi, ao ver as riquezas oferecidas ao seu amo, deixou a cobiça falar
mais alto e criou um estratagema para conseguir tomar possa daquelas
preciosidades. Ele esperou que Naamã se afastasse o suficiente para não
levantar suspeitas, e então partiu atrás da comitiva síria. Ao alcança-los,
disse ao general Naamã que Elizeu mudará de ideia e decidirá aceitar os
presentes. Assim, voltou para a casa abarrotado de riquezas conseguidas através
da mentira, da desobediência e do engano. Como consequência deste ato, a lepra
de Naamã foi transferida para ele, culminando em seu isolamento social. A
doença impossibilitou que Geazi continuasse servindo ao profeta, pondo fim a um
ministério que poderia ser tão bem sucedido quanto ao de seu professor, vide o
exemplo de Elias e Elizeu. A lepra foi usada com certa frequência no velho
testamento como uma punição para pecados específicos. Miriam ficou leprosa por
causa da sedição que liderou contra Moisés e Uzias foi contaminado por realizar
um trabalho sacerdotal que não lhe era permitido. A associação lepra-pecado
pode ser entendida com uma simples analise dos sintomas clássicos da doença,
como pode ser observado em um estudo publicado pelo Pr. Welfany Nolasco no site
“Pregações e Estudos Bíblicos: A lepra depois de contraída pode demorar muito para se
manifestar visivelmente. Da mesma forma o pecado se esconde e muitas vezes
demora aparecer seus sintomas. A lepra é uma doença que transmite de um para o
outro, principalmente através do contato próximo com a pessoa ou com utensílios
que tenha manuseado. O pecado é transmitido (a saúde não). Talvez a pessoa pega
lepra e nem sabe de quem ou onde. Dentre
os tipos de lepra da época, havia uma comum em que a pele lustrava, ou seja,
brilhava. Isso era o primeiro sinal de que a doença se manifestaria em seguida.
Da mesma maneira o pecado, à primeira
vista nunca parece feio, mas se apresenta bonito para iludir. Em seguida, o
local começa a inchar, crescer ou avolumar. Da mesma maneira o pecado nunca se
contenta com o pouco, sempre quer mais e mais. E vai se alastrando de pouco em
pouco. Com o progredir da doença, a pessoa não sente dor alguma e até hoje uma
forma de diagnosticar e aproximar ao fogo para saber se está com lepra e se não
sentir nada é porque está. Da mesma forma o pecado tira a sensibilidade da
pessoa contra o mal a às vezes a pessoa está queimando no pecado e não percebe.
Conclusão
Lucas
4:27 nos revela uma inquietante verdade: “E muitos leprosos havia em Israel no
tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro.”
Sabemos que o nosso Deus é o Deus das coisas impossíveis, mas não podemos
esquecer que seus milagres têm sempre uma finalidade. O foco da cura de Naamã
estava não somente na quebra de seu orgulho, mas em como sua conversão se
tornou notória a todos. Jesus disse que havia muitos leprosos, mas somente
Naamã foi curado. Isto nos leva a valorizar o privilégio da escolha divina, a
valorizar tudo aquilo que o Senhor faz em nosso favor. Quantos já desceram a
sepultura? Quantos estão perdidos e sequer sabem o que é sentir o gozo do
Espírito Santo? Por isso, Naamã estava grato, ele sentiu a graça sobre si. No
que diz respeito aos salvos, será que nossas experiências com Deus têm nos
conduzido a grandes reflexões, ou o tempo passa e continuamos como se nada
tivesse ocorrido conosco? Será que não precisamos descer e mergulhar como fez o
general? A arrogância pode nos fazer enxergar apenas aquilo que nos convém, é
nessa hora que precisamos de um Jordão, um lugar onde realmente não desejamos
mergulhar, mas de vital importância para nos purificar. O importante é que
mesmo não querendo, Naamã optou por obedecer, e essa obediência lhe conferiu o
milagre mais precioso de sua vida, a cura de seu corpo e a redenção de sua
alma.
Para compreender o cuidado divino através das intervenções milagrosas na história do seu povo, participe neste domingo (30/11/2014), da Escola Bíblica Dominical.
Material Base:
Revista Jovens e Adultos nº 93
Milagres do Velho Testamento : Editora Betel
Comentários Adicionais (em vermelho)
Pb. Miquéias Daniel Gomes