Recentemente
passei do meio século de vida. Já tenho mais de três décadas de casamento,
quatro filhos e três netos. Só de pastorado, já acumulo mais de vinte anos. Se
fosse contar toda a minha história para vocês, teria que escrever um livro de
muitas páginas, mas neste momento, farei um pequeno resumo de como me encontrei
com Jesus.
Não me
envergonho de dizer que sou fruto de um lar destruído, pois é exatamente esta
realidade que prova a grandiosidade da transformação que Deus realizou em minha
vida. Ainda em minha infância, totalmente dominado pelo vício do álcool, meu
pai, que já não era uma referência paterna, abandonou definitivamente nossa
família, deixando para traz cinco filhos pequenos, dois quais, eu era o mais
velho. Assim, enquanto minha mãe trabalhava para conseguir nosso sustento, era
eu, que ainda criança, cuidava de meus irmãos. Com o ascender da
juventude, a vida me deu oportunidades para desfrutar de uma liberdade que eu
ainda não tinha tido, e assim para resumir a história e não me ater aos
detalhes cuja lembrança me é dolorosa, só direi que me entreguei completamente
ao pecado, me tornando um escravo de toda sorte de vícios, passando a viver nas
ruas, num estado deplorável de miséria. Jogado na sarjeta, consumido pelas
drogas, não via perspectiva para a minha vida, e nem sequer imaginava que
aquele não seria o meu fim. Deus colocou em meu caminho, um homem chamado José
Carlos Gentil, e foi por ele que ouvi a mensagem de Jesus.
No dia 12 de
maio de 1982, enquanto vagava pelas ruas desertas do ainda em formação, Jardim
Nova Odessa (Mogi Guaçu), deparei-me com um pequeno salão, onde estava sendo
realizado um culto. Comovido pelo Espírito Santo, senti meu coração queimar
desejoso de passar por aquelas portas, mas ao mesmo tempo, me sentia envergonhado
e indigno de ali estar. Porém, com a graça de Deus, consigo juntar forças e
entrei naquela sala, onde tudo era muito simples e o altar não passava de uma
mesa de madeira. Mal me acomodei, um moço chamado Jason Profeta de Melo, que
posteriormente se tornaria meu grande amigo, começou a cantar uma canção que
parecia ter sido composta especialmente para mim: Jovem, eu vejo em teu semblante,
atrás do teu sorriso, que vives um dilema. O teu olhar é triste e tão
amargurado, tua vida é vazia e até já tens chorado. Mas hoje Jesus Cristo te
guiou, para neste lugar tú estar. Alegre o teu olhar, esqueça as amarguras,
Jesus quer te salvar! Se já
não bastasse o impacto que esta canção teve no meu coração, ainda ouvi naquela
mesma noite uma mensagem que mudaria a minha vida para sempre, quando o Pr.
Felício, abriu sua Bíblia em Lucas 10, e começou a contar a história de duas
irmãs, uma chamada Marta, que se ocupava com os afazeres da vida, e a outra,
chamada Maria, que debruçada aos pés do Senhor, ouvia cada palavra proferida
por Jesus. E tomei a decisão mais importante de minha vida, quando aquele homem
de Deus, olhando para mim, explicou: Moço,
Maria escolheu a melhor parte!
Sem pensar
duas vezes, entreguei minha vida sem reservas para Jesus e tudo se fez novo em
mim. Saí daquela casa santa me sentindo livre e leve, como se o mundo tivesse
sido retirado de meus ombros, e a partir daquele dia, nunca mais coloquei uma
gota de álcool em minha boca ou injetei qualquer tipo de droga em minhas veias.
Jesus me libertou de vez!
Comecei a
frequentar a igreja, cuja sede se situava no saudoso templo da rua Araras. Ali,
era cada vez mais impactado pelo Espírito Santo, e me deslumbrava com os
louvores e as pregações que ouvia. Mas nada me chamava mais a atenção do que ouvir
os irmãos falando em línguas estranhas, e interessado neste mistério, comecei a
perguntar o que era aquilo e como eu poderia adquirir a mesma capacidade. Me
ensinaram, com a simplicidade da época, que aquele fenômeno era chamado de
“Batismo com o Espírito Santo”, que aquela era a “língua dos anjos” e que para
falar nesta língua, era preciso orar muito e buscar ao senhor com muita
intensidade. E foi exatamente o que eu fiz. Passados poucos dias da minha
conversão, para ser exato, em 04 de Junho de 1982, após um culto maravilhoso,
onde senti a presença de Deus de uma forma inexplicável, caminhava pelas ruas
desertas da cidade, falando com Deus e prolongando o meu caminho, pois não
queria chegar em casa. Olhava para o céu estrelado e me sentia cada vez mais
perto de Deus, até que de repente, percebi que tudo em minha volta se iluminou,
e quando voltei a olhar para cima, vi que sobre a minha cabeça existia uma
imensa bola de fogo. O que senti naquela hora, jamais poderei traduzir com
palavras. Não foi medo, nem receio, mas sim um fascínio indescritível. Comecei
a caminhar e aquela esfera flamejante passou a me acompanhar. Se eu corria, ela
acelerava também, e cada vez descia para mais perto de mim, até que finalmente,
próximo ao local onde é hoje o Jardim Califórnia, ela literalmente, caiu em
cima de mim, e imediatamente, comecei a falar em novas línguas. Um dia que
jamais poderei esquecer.
Aliás, 1982 é
um ano com muitas datas inesquecíveis. No dia 05 de julho, enquanto o Brasil
lamentava a eliminação na Copa da Espanha, eu estava esfuziante, celebrando o
meu novo nascimento, pois neste dia, desci as águas batismais. Neste mesmo ano,
conheci uma moça chamada “Marcia”, e em poucos dias iniciamos um namoro que já
dura 32 anos. Nosso namoro é na verdade, uma história a parte. Colocamos em
nosso coração, o desejo de termos um namoro santificado, e para isso decidimos
não nos beijarmos até a o nosso casamento, e foi exatamente isso que aconteceu.
Nos casamos no dia 23 de Julho de 1983, e tamanho foi nosso testemunho, que
três pessoas aceitaram a Jesus em plena cerimônia matrimonial. Mas nem tudo
foram flores, pois logo no nascimento de nosso primeiro filho, enfrentamos uma
batalha ferrenha, pois o Miquéias nasceu com uma anomalia crânio facial
conhecida por “lábio leporino com fenda palatina”. Segundo os médicos, além de
um logo tratamento com diversas intervenções cirúrgicas, ele não desenvolveria
plenamente sua fala. Aquele foi um grande choque para um casal ainda jovem e
muito inexperiente, mas através de uma serva do Senhor chamada Maria Oliveira,
Deus nos fez uma promessa de que o filho que naquele momento trazia grandes
tristezas, proporcionaria para nós, grandes alegrias futuras. Passados trinta
anos, este meu filho é um presbítero da igreja, meu auxiliar no pastorado,
ministro de louvor, um respeitado professor de teologia, prega desde os sete
anos de idade, já foi radialista e ministra EBD há mais de 15 anos. Deus
reverteu todos os prognósticos.
Minha segunda
filha, chamada Ruth, no início de sua juventude, decidiu não mais frequentar a
igreja e esta decisão perdurou por um longo período. Neste tempo, ela se
envolveu com péssimas companhias, e entre eles, com um moço viciado, com quem
viria a se casar. Meu terceiro filho, chamado Lucas, nasceu com a saúde muito
comprometida, com um sistema imunológico baixo e com uma anomalia cerebral, que
causava convulsões. Jesus o curou. Em sua adolescência, ele acabou conhecendo o
mundo das drogas, e se tornou um dependente químico, colocando em risco a sua
vida e toda a nossa família. Foram anos árduos de sofrimento, lágrimas e
incertezas, pois além de conviver com os estragos que a droga causa em um lar,
ainda tinha meu ministério pastoral questionado, pois alguns insinuavam que eu
não poderia ser um pastor, já que meus filhos estavam perdidos no mundo. Mas
Deus não me deixou envergonhado, pois sempre os ensinei no caminho da verdade.
A Ruth voltou pra Jesus, trazendo seu marido a tiracolo, e hoje, auxiliam no
Departamento de Missões de nossa igreja. O Lucas foi liberto das drogas, e é
atualmente um dos maiores pregadores de nossa região, viajando por todo o
Brasil com seu ministério itinerante. Tenho ainda um quarto filho, chamado
Jhonatas, que embora esteja hoje focado na sua formação acadêmica e com o
lançamento de seu primeiro livro, já tem desenvolvido um belo ministério
evangelístico através das artes cênicas e da literatura. Certa vez, eu e minha
esposa ouvimos uma profecia que nossos filhos seriam usados na obra de Deus de
formas diferentes e inusitadas, e é exatamente isso que tem acontecido,
provando mais uma vez o quanto nosso Senhor é fiel.
Tenho ainda
muitas histórias para contar... É preciso escrever um livro para narrar as
experiências pastorais que tenho vivido ao longo dessas duas décadas. Mas quero
terminar este meu breve relato com alguns conselhos a todos aqueles que sentem
em sua vida um chamado ministerial:
Ame a Deus
sobre todas as coisas.
Não abandone o
estudo secular.
Priorize sua
família.
Estude a
Palavra de Deus com Paixão e Devoção.
Não pare nos
NÃOS... Insista.
Desenvolva a
Fidelidade Ministerial.
Tenha respeito
pelo Povo de Deus.
Ore mais.
Jejue mais.
Frequente a
EBD.
Faça teologia.
Leia a Bíblia
diariamente.
Fique na
vocação em que foi chamado.
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