Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 05
Comentarista: Pr. José Elias Croce
Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley
Texto Áureo
Salmos 9:1
Eu te
louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.
Verdade Aplicada
Louvar
ao Senhor não é apenas a emissão de sons, mas a entrega incondicional de tudo
aquilo que somos em tributo ao Seu nome.
Textos de Referência
Salmos 22:22-26
Então
declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
Vós
que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o;
e temei-o todos vós, descendência de Israel.
Porque
não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto;
antes, quando ele clamou, o ouviu.
O meu
louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o
temem.
Os
mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso
coração viverá eternamente.
O Paradoxo do Adorador
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Existe uma grande diferença entre “estar” triste e “ser triste”. A vida
cristã não irá nos imunizar de dias chuvosos, segundas-feiras cinzentas, perdas
insubstituíveis e danos irreparáveis. Estamos no mundo, somos feitos de carne e
osso e estamos expostos a todo tipo de mazela existente no planeta: dores,
traumas, acidentes, enfermidades, desemprego, pobreza, angustia.... Assim,
inevitavelmente teremos que enfrentar momentos de tristeza, e ao longo de uma
vida, derramaremos alguns litros de lágrimas geradas em sofrimento. Porém, para
aquele que tem sua fé alicerçada em Cristo de Jesus, nem mesmo as maiores
tragédias experimentadas na própria pele, são capazes de alterar sua condição
de “ser feliz”, mesmo que a tristeza nos faça algumas visitas desagradáveis. O
que difere o servo de Deus num contexto de tragédia, é exatamente a forma com
que ele enxerga e convive com as adversidades, pois crê e confia na
sabedoria divina, o que lhe dá condições para dimensionar um propósito eternal
em sua dor momentânea. Somente a fé irrestrita no controle de Deus sobre nossas
vidas, nos propicia uma condição emocional equilibrada, a ponto de sentirmos
paz em meio aos conflitos, e nos alegrarmos com os motivos de nossas tristezas.
E este é o paradoxo que identifica entre milhares de pessoas, aqueles que são
de fato, verdadeiros adoradores.
Adorar a Deus em espírito e em verdade, remonta a uma adoração atrelada
a essência, e nunca a uma condição. O verdadeiro adorador faz da sua vida uma
harpa afinada, que a cada vibração das fibras de sua existência, emite notas de
louvores ao Criador, independente de quem a esteja “tocando”. Quando somos "instrumentos" cuja única finalidade é a adoração, se formos tocados pelas
bênçãos divinas, emitiremos sons de louvor, porém, se formos tocados pela dor
ou pela tragédia, a melodia permanece inalterada, pois o nosso louvor não se
deixa influenciar. Ele é puro, genuíno e inalterado. Quando nos
dedicamos a uma leitura sistemática do livro dos Salmos, somos envolvidos por
um turbilhão de emoções e sentimentos. Se em um verso o salmista está extasiado
de felicidade, em outro, sua alma está aflita e desesperada. Tudo é muito
paradoxal, mas nunca confuso. Este hinário do Velho Testamento é uma compilação
de poemas e cantos que refletem com precisão a alma humana, com seus altos e
baixos. Porém, a grande lição que retiramos do Livro de Salmos, é que cada
músico, poeta e tangedor que ali deixou seu registro, transformou tantos seus
dias de maior felicidade, quanto suas noites de maiores tristezas, em hinos de
louvor. Ou seja, se a alegria é a motivação de todo adorador, as tristezas são
catalizadoras de inspiração e devoção para adoradores que se destacam da grande
média. Os adoradores paradoxais.
A Bíblia está repleta de histórias inspiradoras sobre “adoradores
paradoxais”, que do caos e da tragédia, emergiram impávidos em adoração: Paulo
e Silas (Atos 16:25), Davi (Salmo 116:1-5), Habacuque (Habacuque 3:17-19) e o
próprio Jesus na noite de sua prisão (Marcos 14:26). Porém, esta mesma
experiência pode ser experimentada por cada cristão que se dispuser a viver a
vontade de Deus, em cuja presença, até mesmo a tristeza resulta em alegria (Jó
41:22). Uma das mais belas canções de todos os tempos se chama IT IS WELL WITH MY SOUL, que em sua versão na língua portuguesa recebe o nome de "SOU FELIZ". Este hino foi escrito em 1873 por um músico presbiteriano chamado
Horatio Gates Spafford. Se a música em si já é belíssima, o contexto de sua
composição é ainda mais inspirador. Horatio tinha feito pesados investimentos
financeiros em uma área da cidade de Chicago, onde, no dia 9 de outubro de
1871, acontece um dos maiores incêndios da história dos EUA. Ele teve uma
grande perda financeira por causa deste incêndio que destruiu cerca de um terço
da cidade. Não bastasse esse terrível abalo financeiro, ele ainda perdeu um
filho, cuja morte trouxe grande sofrimento para toda a família.
Em 1873, procurando um tempo de refrigério e descanso, resolveu viajar
com a esposa Anna e suas quatro filhas (Annie, Margaret, Bessie, e Tanetta),
para a Inglaterra, onde participariam de uma cruzada evangelística na
Inglaterra. Em novembro daquele ano, devido a inesperados compromissos de
negócios, Spafford precisou permanecer em Chicago; mas ele enviou sua esposa e
as suas quatro filhas conforme já estava programado, no navio S.S. Ville du
Havre. Sua expectativa era seguir viagem dias depois. Durante a viagem, o navio
sofreu um acidente e naufragou em 12 minutos. Dias depois, os sobreviventes
finalmente chegaram a Cardiff, no País de Galles, e a senhora Spafford mandou
um telegrama ao seu marido: “SALVA, PORÉM SÓ”. As quatro filhas do casal
morreram no acidente. Imediatamente após receber o telegrama da esposa,
Spafford tomou um navio e foi ao seu encontro. Próximo ao local do acidente, ele
compôs um dos mais belos hinos da história da música cristã, onde apesar de toda a sua dor e enlutamento, ressaltava que a presença de Jesus lhe era o bem mais precioso: "Tudo está bem,
tudo está bem com minha alma. "
Louvor: expressão da alma
A
Bíblia, a Palavra de Deus é um livro de louvores e, no contexto da
espiritualidade, revela ângulos magistrais da natureza relacionado Eterno Deus
– o Deus das melodias perfeitas (II Coríntios 20:19-20).É interessante notar o
quanto os poetas utilizam a música para revelar o que ocorre nas sombras de sua
intimidade. O salmista Davi escreve: “Sara a minha alma, porque pequei contra
Ti.” (Salmo 41:4). O mesmo Davi também exclama: Bendize, o minha alma, ao
Senhor.” (Salmo 103:1) O louvor é utilizado (seja em poesia ou em lágrimas)
como expressão da profundidade da alma.Muitas pessoas associam o louvor somente
à alegria. Poucos conseguem compreender o louvor que nasce da crise. Contudo, é
realmente bom louvar na alegria (Tiago 5:13). A alegria, que o apóstolo Paulo
coloca esplendida lista do fruto do Espírito (Gálatas 5:22), é o ingrediente
mais incentivador do louvor. É ótimo poder louvar na alegria, pela alegria, com
alegria e para gerar alegria. A alegria é, na realidade, o que deve distinguir
a vida cristã das outras que não conhecem a Deus.Alguns usam recursos como
metáforas, gestos, gritos, danças; outros louvam na comunhão da igreja,
amparados pela coletividade. Mas, uma coisa é certa: o homem não vive sem
expressar o que habita em sua alma. Embora vivendo num mundo caído, onde a tristeza
é parte fundamental dos dias, a alegria do cristão está firmada numa esperança:
o retorno de Cristo. Essa esperança é que nos mantém sempre com “um novo
cântico” (Salmo 40:3). O louvor que flui da alegria é, em si mesmo, a alegria
de poder louvar.
O hino
126 da Harpa Cristã, de autoria de Frida Vingren, “Bem-aventurança do crente”,
tem uma frase emblemática: “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em
tribulação e do céu as lindas melodias se ouviram na escuridão”. O louvor que
enfrenta a dor parece rasgar a alma. Ele vem das profundezas de uma
interioridade inflamada, e, na contramão da alegria, produz salmos. Vivemos
numa sociedade (e igreja) viciada em sucesso, que conspira contra a ideia da
dor. Parece ser proibido sofrer, na atualidade. Contudo, são nessas crises,
noites assustadoras, que o louvor se levanta como triunfo. Por isso é que o
apóstolo Paulo louvou de forma tão bela: “Porque a nossa leve e momentânea
tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente.” (II
Coríntios 4:17).É difícil definir o que é louvor. Por se tratar de uma
experiência pessoal, individual, cada ser tem sua definição, sua forma de
olhar. Contudo, o louvor é o culto da alma, expressão íntima, profunda, ora
alegre, ora triste, é a alma utilizando silêncio, sons e gestos como ponte
entre o humano e o sagrado. A música parece ter o dom de nos aproximar das
realidades espirituais mais agudas.
No
texto bíblico de Atos 4.32, há um detalhe interessante: “E era um o coração e a
alma da multidão dos que criam”. A mesma alma, mesmo sentimento, mesma
motivação, mesma direção. Quando isso acontece, o louvor se transforma num
poderoso testemunho da ação e das grandezas de Deus. Principalmente hoje, nessa
sociedade do egoísmo, onde o individualismo cega e acirra o processo doentio
das competições, ter a mesma alma é quebrar padrões, apregoar a verdade do Deus
que nos une, mantém e sustenta em Seu amor. Uma das mais poderosas formas de
louvor a Deus é a comunhão honesta, sincera, desinteressada e plena. As festas
de Israel tinham esse alvo: louvar ao Deus em comunidade, gratos por Sua
atuação e cuidado.Os salmos de Davi são exemplos máximos de louvor a Deus. Em
alguns de seus salmos, denominados descritivos, o rei Davi exalta a pessoa de
Deus. Seus atributos, ou seja, expressa em palavras a sua visão da divindade.
Em outros, conhecidos como “declarativos”, Davi nos oferece algumas
características do que poderíamos definir como “louvor bíblico”, uma vez que,
nestes salmos, a ênfase é no que Deus fez para Seu povo. Estes salmos declaram,
de forma artística e poética, a majestade e glória de Deus. Através destes
salmos descobrimos que não pode existir um louvor verdadeiro sem um
relacionamento intimo com Deus, assim como um relacionamento com Deus não pode
existir sem louvor. O louvor a Deus requer uma vida de envolvimento com Ele.
Não há uma maneira impessoal de expressar louvor ao Todo Poderoso. O louvor
sempre é pessoal – apesar de (e poder) ser realizado coletivamente. Ninguém
pode expressar o louvor do outro. Cada um tem suas próprias experiências com
Deus, pelas quais deve agradecer e expressar o seu louvor; Louvor significa
“falar bem de”, “exaltar”, ou “magnificar as virtudes”. No livro de Salmos,
esses significados da palavra louvor, esses louvores são direcionados ao Eterno
Senhor Deus, principalmente levando em conta Suas obras e Seu cuidado pelo Seu
povo.
Uma canção chamada VIDA
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Uma das mais belas histórias bíblicas nos mostra com perfeição a pureza
e a genuinidade da adoração verdadeira, mesmo que a canção não tenha sido expressa
através de notas musicais. Jó não se tornou conhecido por ser um músico talentoso ou fazer belíssimas composições , mas fez de sua própria vida um hino de louvor. Pouco sabemos sobre a vida do patriarca Jó.
Ele morava em Uz, era casado, pai de dez filhos que gostavam de festas, tinha
por estima seus amigos e seu rebanho era superior a 10.000 animais. Porém, a
mais importante informação sobre Jó está inserida logo no primeiro verso de sua
história: Ele era íntegro, justo, temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1).
O patriarca não frequentava uma igreja, e até onde sabemos, não tinha um mentor
espiritual. Mesmo assim, ele decidiu ser fiel ao seu Deus e vivia sua vida
cerceada de cuidados para que ela não fosse minada pelo pecado. E isso atraiu
sobre Jó o olhar invejoso do próprio Satanás. O escritor americano Philip
Yancey descreve o livro de Jó como uma grande peça de teatro, onde nós,
espectadores conhecemos o enredo e as motivações de cada personagem, e
exatamente por isso compreendemos cada reação as diversas ações desencadeadas.
Mas Jó, personagem central desta peça, está completamente no escuro, sem saber
o que acontece nos bastidores e portanto, não conseguindo compreender os muitos
porquês” das páginas seguintes.
O ponto chave desta história é a fidelidade de Jó. Satanás, astuto e
ardiloso, argumenta com Deus que é muito fácil ser fiel quando se vive em
conforto e abastança, e insinua que a fidelidade de Jó se deve única e
exclusivamente ao fato que Deus o cobria de bênçãos. Ali é estabelecido um
embate épico, um duelo de escala cósmica, cujo epicentro é a vida de um simples
mortal. O inimigo sugere que Deus tire de Jó tudo o que ele tem, e que depois
seja reavaliado o nível de sua fidelidade. Deus aceita o desafio e Satanás é
autorizado a retirar de Jó seus bens mais preciosos. Em poucas horas, seus
bois, jumentos e camelos são roubados por saqueadores, seus funcionários mais
leais são cruelmente assassinados por uma horda bárbara e suas ovelhas são
dizimadas por uma saraivada. No mesmo dia, enquanto seus filhos almoçavam
juntos na casa do mais velho, um furacão derrubou o edificio matando todos
eles. Jó agora era um homem pobre, imerso em dor e sofrimento, com um pesar
indescritível lacerando seu coração. Porém, mesmo na mais cruel adversidade,
ele esbofeteia Satanás e se mantem fiel ao seu Senhor, não imputando a Deus
falha alguma: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei
para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21).
Satanás não se deu por vencido e alegou que a fidelidade havia se
mantido pois o mais precioso dos bens ainda estava intocável, e insinua que se
a saúde de Jó for afetada, sua fé também será. Mais uma vez, Deus coloca sua
própria honra nas mãos de Jó, e permite que o inimigo atinja o patriarca com
força total, ferindo-o com úlceras purulentas da cabeça aos pés. Apodrecendo em
vida, e sofrendo com a intolerância das pessoas mais próximas, Jó se depara com
o inevitável questionamento: Pra
que se manter fiel a um Deus que só lhe causa dor e sofrimento, sem que ao
mesmo uma única ofensa justifique tamanho infortúnio? Porém, com a cabeça raspada e coberta de cinzas para externando toda sua
dor, a atitude surpreendente tomado por Jó é se lançar sobre o pó e “ADORAR” ao
Senhor. E o golpe final, que derruba por terra as perniciosas ambições de
Satanás está registrado nas palavras de Jó 13:15 - Ainda que ele me mate, nele esperarei;
contudo, os meus caminhos defenderei diante dele. Pode haver louvor mais puro e verdadeiro do que confiar nas mãos de Deus a vida e a morte, confiando piamente em seu julgamento?
A atualidade e a crise do louvor
Infelizmente,
a atualidade enfrenta uma séria crise no louvor. Deslizes teológicos, pobreza
artística, hermenêutica frágil, ausência de vida com Deus. Louvar não é apenas
misturar rimas e sons, é o produto do caráter, da autêntica vida com Deus, da
verdadeira espiritualidade.A maioria das pessoas hoje vive um dilema: o louvor
também pode acontecer no anonimato? A ideia que impera é de que o chamado
“ministro de louvor” é aquele que lidera um grande “ministério”, com orquestra
profissional, badalação e mídia suficiente para lotar estádios. É a adoração
corporativista. Aquele irmão da congregação na periferia, com um violão
inferior e uma voz pouco privilegiada, do ponto de vista dessa geração
corporativista, não é um ministro de louvor. Essa sedução da grandeza é
perigosa porque tira o foco de Deus dos nossos olhos.O mercado do louvor vende
muito e, com isso, muitos se perdem nessa encruzilhada ética entre o louvor a
Deus e o ramo musical que agrade a mídia. A era do marketing definitivamente
invadiu a musicalidade cristã. O Senhor Deus gosta de coisas grandes,
profissionais e arrojadas? Obviamente que sim! Mas Ele não faz acepção de
pessoas (Romanos 2:11), até porque no céu não entra nada errado, portanto, até
mesmo os desafinados, quando louvam de alma, Deus conserta a melodia e a recebe
no céu como sinfonia perfeita.
A
ideia secularizada dos templos/shoppings e dos cultos/shows tem sido altamente
negativa para a espiritualidade hodierna. Muitos vão aos “cultos” em busca de
entretenimento religioso e não de uma oportunidade para prestar (e não
assistir) um culto ao Senhor. Ao invés de adoradores, temos consumidores, gente
atrás da antiga política dos romanos (pão e circo), ao invés das grandes
realidades da graça. Uma espiritualidade sacrificada no altar do sucesso está
mais próxima dos ideais de um certo querubim (Ezequiel 28:14-15), do que de um
carpinteiro que pregava a humildade (Marcos 6:3).Os adeptos desse tipo de
movimento detestam ler essas verdades e esse ódio teológico acaba comprovando
essa mesma verdade: a falta de humildade alimenta uma religiosidade elitista,
onde o show deixa a plateia com o ego cada vez mais cheio. Que Deus nos livre
desses altares.
Algumas
pessoas costumam atribuir esse crescimento dos tais “ministérios de louvor” a
um avivamento, contudo, não há avivamento sem três coisas fundamentais:
humildade, quebrantamento e renúncia. O número de “celebridades” cristãs
aumentou imensamente. Nossos “artistas” disputam espaço na mídia, convivem como
iguais entre os artistas seculares, que, por sua vez, quando começam a cair no
esquecimento, correm para o meio “gospel”. É questionável esse nome “artista”,
Pois artista é quem produz arte, e, no meio evangélico atual, há uma pobreza
artística gritante. Letras medíocres, teatro sempre procurando incutir medo ao
invés de amor.Deus não procura celebridades, mas servos. Gente que se gaste
pela causa da cruz. Paulo, um homem de grandiosos feitos, em várias cartas,
inicia dizendo: “Paulo, servo de Jesus Cristo.” (Romanos 1:1; Filipenses 1:1; Tito
1:1). Servo não tem nome, autoridade, camarote, vontades ou mídia, mas tem “as
marcas de Cristo” (Gálatas 6:17).
O Colecionador de Lágrimas
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Davi foi enfático ao afirmar que o Senhor está perto dos que tem um
coração quebrantado (Salmo 34:18). Assim, podemos concluir a forma mais
eficiente para ataríamos a presença de Deus é derramar-se integralmente na sua
presença, em louvor contristado e adoração racional. Quando isto acontece, cada
batida do nosso coração é como o tempo marcando uma canção, e nossas lágrimas
se tornam notas musicais que rompem o céu. Existem mais de 300 motivos conhecidos que podem
nos levar a um estado de choro. Mas apesar de não gostarmos muito desta vazão
de lágrimas, fato é que elas são benéficas para o ser humano. Poeticamente
falando, chorar é como deixar a alma tomar banho em uma incrível banheira
de hidromassagem, com direito a rosas e sais suíços. Clinicamente, a lágrima
lubrifica os olhos, mantendo os órgãos hidratados e descansados.
Economicamente, ela é o melhor substituto para o colírio e pode ser conseguida
gratuitamente "em qualquer lugar". Isso sem contar que o choro é
um excelente terapeuta, capaz de aliviar as mais acentuadas tensões. Chorar
é a primeira coisa que aprendemos (e fazemos em nossa vida). Já no instante no
nascimento as lágrimas se tornam nossa amiga e aliada até mesmo na hora da
morte. Quem não chora pode sofrer com falta de ar, asma, ansiedade e até úlcera
intestinal. E para tudo isso, a ciência tem uma explicação. É que enquanto o
choro rola no rosto, o corpo precisa agira com controle sobre a
respiração e requer equilíbrio entre as emoções agradáveis e
desagradáveis. Todo esse esforço do organismo tem como único objetivo o
relaxamento imediato. Depois de alguns minutos de derramamento de lágrima, o
organismo extravasa. É como se um enorme elástico estivesse estendido mas
perdesse a força. Agora o fato mais importante e talvez desconhecido sobre as
nossas lágrimas, é que elas são peças importantes de uma coleção, cujo dono é o
próprio Deus. E a Bíblia fala abertamente sobre esta questão, quando Davi
afirma no Salmo 56:8 - Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas
lágrimas em teu odre.
Davi chorou muito ao longo de sua vida. Poucos homens verteram tantas
lágrimas como o salmista de Belém. Sua vida foi marcada por lutos estendidos,
noites de apreensão, fugas não planejadas e vários funerais de seus próprios
filhos. Davi chorou sabendo que as lágrimas que deveriam ser secadas com a sua
mão, foram secas pelo próprio Deus! Ele testifica que o Senhor Recolhia as suas
lágrimas com um odre divino. Odres eram recipientes feitos de couro para
guardar líquidos. E nos céus, o belemita tinha alguns frascos com seu nome. A
verdade é que Deus interpreta nossas lágrimas, e com isso entende a intensidade
de nossa dor. Quando não temos mais forças para orar e só conseguimos chorar
aos pés do Senhor, Ele não só ouve o seu clamor sem palavras, como também
recolhe todas as suas lágrimas em seu precioso tesouro. Lágrimas são frases
para Deus. Mas por ser fiel ao nosso livre arbítrio, o Senhor só recolhe as
lágrimas que lhe entregamos. Então, a grande questão é: para quem temos
chorado?
Em II Reis 4, encontramos a história de uma mulher lidando com a morte
do próprio filho. O profeta Elizeu fazia questão de caminhar pelas ruas de
Suném durante suas peregrinações até o Carmelo. Esta rotina anual, não
passou despercebida por uma das moradoras locais. Percebendo que o profeta
tinha o habito de passar próxima a sua casa e reconhecendo que ele era de fato
um homem santo; essa hospitaleira sunamita, cuja identidade sequer foi
revelada, convidou ao profeta para realizar refeições regulares em sua casa.
Não sendo isto o bastante, ela convenceu seu marido a construir um cômodo
extra, próximo ao muro da residência, para que Elizeu pudesse se hospedar com
conforto ali. O profeta do Senhor, consternado com tamanha hospitalidade,
sentiu a necessidade de retribuir o favor. A mulher era estéril e nada melhor
que um filho para alegrar a casa, então ela recebe de Elizeu a seguinte
promessa: No próximo ano, nesta mesma data, terás um filho em seus braços! Sua
palavra foi tão poderosa que naquela mesma noite o homem se tornou fértil, e a
mulher foi curada de sua esterilidade. Porém, passados alguns anos, de forma
repentina, o menino teve uma dor de cabeça e veio a falecer nos braços de sua
mãe, que de forma surpreendente, não desperdiçou uma lágrima, o levou ao quarto
que havia construído para o profeta. Aquela mulher certamente não contava com o
óbito da criança, pois tinha certeza que Deus não tiraria o presente que lhe
fora dado, sem ao menos que ela tivesse pedido.
Mas a tragédia inesperada bateu em sua porta. Por volta do meio dia, o
menino faleceu e com ele as esperanças de cura. Mas a sunamita não desistiu. Se
a cura não era mais possível, o caso agora era para ressurreição, e ela iria
até as últimas consequências. Sem alarmar ao marido, a mulher leva seu filho já
sem vida até o quarto construído para o profeta (subindo escadas!), enxuga o
seu choro, diz ao esposo para não se preocupar pois “tudo está bem”, e então
viaja cerca de 5 quilômetros até o profeta, que neste dia, fazia suas orações
no Carmelo. Ao vê-la se aproximando, o profeta percebe sua aflição de espírito,
mas não recebe de Deus a revelação do ocorrido. Elizeu ordena que Geazi vá ao
seu encontro e a indague sobre como estão os membros de sua família: Como vai
você? Como vai seu marido? Como vai seu filho? E as respostas: Bem... muito
bem... vai tudo muito bem! Aquela mulher entendeu a necessidade de ser forte, e
manter inabalada a sua fé, certa de que nada estava perdido, e que se Deus lhe
havia dado um filho, nem mesmo a morte poderia tirá-lo dela. Com esta crença
ela se manteve inabalável por fora, ainda que estivesse aflita em seu interior.
A sunamita não perdeu tempo com reclamações, indagações e
questionamentos. Tampouco gastou suas lágrimas com inutilidades ou suas
lamúrias com quem nada poderia fazer por ela. Mas diante do profeta, a mulher
descortina seu coração e as lágrimas rolam em sua face. Ela chora pra Deus, e
com isso, recebe seu filho de volta para vida. O odre celeste transforma
lagrimas em milagres! E a maior beleza de tudo isto é que nos céus, as lagrimas
só são encontradas em “odres” e nunca em “olhos”. Por mais que choremos aqui na
terra, Deus tem nos preparado um lugar onde não existe sofrimento e nem dor, um
céu onde não espaço para tristeza... E Deus limpará de seus olhos toda a
lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as
primeiras coisas são passadas (Apocalipse 21:4). No céu, lágrimas
são peças de museu... relíquias de um passado do qual não nos lembraremos mais.
A presença de Deus e o louvor
Por
incrível que pareça, vivemos um tempo onde a presença de Deus é pouco desejada
(quando não é descartada). O louvor, seja ele na música ou na oração, celebra a
presença santa do Eterno e Maravilhoso Deus.Quando a presença de Deus é real em
nosso meio, as palavras somem. Ficamos numa dimensão sagrada, flutuando na
graça, deixando o vento do Espírito nos levar. Em João 3.8, Jesus diz a
Nicodemos: “o vento assopra onde quer.” Essa capacidade do Espírito de Deus de
ser livre, de soprar sem pedir licença, na vida dos que estão dentro e fora dos
“padrões” oficiais, alegra nossa alma e é o combustível máximo da
espiritualidade. É o vento que vem para nos levar às alturas, ao encontro do
Pai.Quando a experiência do louvor é real, somos transportados à realidade da
presença de Deus e essa realidade se encarrega de produzir os mais intensos
louvores. Esse ciclo abençoado precisa ser resgatado. A tragédia de muita gente
hoje é não ter mais a experiência transformadora dessa presença que a tudo
abraça. Diante da presença de Deus, o profeta Isaías não conseguiu achar
palavras para descrever o momento, então se resumiu a dizer: “e o seu séquito
enchia o templo.” (Isaías 6:1). Diante de Deus, lagrimas louvam muito mais do
que meras palavras (I Samuel 1:13).
Uma
das dimensões mais tremendas da presença de Deus é que ela pode se manifestar
através de nós. O irmão pode ver Deus em meu rosto e eu posso sentir os braços
do Pai ao abraçar o irmão (Romanos 8:29). Quando louvamos com sinceridade de
coração refletimos Deus ao mundo, pregamos um Evangelho sem palavras,
gesticulamos a graça para uma sociedade surda.O Eterno Senhor Deus se manifesta
em nós, para que nosso louvor o manifeste aos outros. Essa vocação missionária
do louvor precisa se regatada urgentemente. Os estudiosos classificam os salmos
em vários gêneros literários, dentre as quais estão os “salmos de ações de
graças”. Curiosamente, são poucos os salmos que podem ser classificados nesse
gênero. Isso porque nosso conceito de gratidão talvez não condiga com a
mentalidade dos autores bíblicos. “Entrai pelas portas dele com louvor, e em
seus átrios, com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome.” (Salmo 100:4). O verbo
traduzido por “render graça” é o termo hebraico yadah. Essa palavra significa
essencialmente um reconhecimento (confissão pública) dos atos de Deus na
História.
Outras
presenças se cansam. No entanto, Deus nos garante: “todos os dias” (Mateus 28:20).
Não é uma presença que aparece somente no domingo ou no “louvorzão”. É uma
presença que nos faz louvar na hora da agonia, da cruz. É a presença que
desafia o caos. Na passagem bíblica de II Reis 13:20-21, há um acontecimento
magistral: o profeta Eliseu foi sepultado; quando um grupo de invasores chega,
alguém lança um cadáver na sepultura de Eliseu e a Palavra de Deus diz: “E,
caindo nela o homem e tocando os ossos de Elizeu, reviveu e se levantou sobre
os seus pés.” Até mesmo na morte, na sepultura fria a presença que não abandona
produz motivos de louvor.Assim como “os céus declaram a glória de Deus” (Salmo
19:1), somos chamados a declarar eternamente o poder e a magnificência de Deus
(I Crônicas 29:10-14). Quando o louvor da Igreja, a Noiva de Cristo, for
inteiramente, e somente para Deus o avivamento virá e nos auxiliará no resgate
necessário das grandes certezas da fé.
O tempo chegou
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley
A pureza no louvor, infelizmente, tem se tornado num tema um tanto
problemático em virtude de vários conceitos errados que ao longo dos últimos
anos, tem se alastrado no meio cristão, em relação ao culto dirigido ao Deus
Eterno. Na verdade, a confusão tem origens já nos tempos bíblicos mais
primitivos; quando Israel estava no pé do monte esperando o seu líder Moisés
que já havia dias que tinha subido a montanha, e com a demora de Moisés, o povo
ficou confuso e logo tomaram a posição contrária ao que se esperava de um povo
que acabara de ver a mão poderosa de Deus agir em seu favor, envergonhado faraó
e todo o seu povo. Sabendo quem era verdadeiramente seu Deus, o povo se
entregou nas mãos de Satanás se envolvendo em um culto de louvor e adoração a
um bezerro de metal, dizendo: - Aí está
o Israel o teu Deus que te tirou do Egito.
Vejam se isso não é idêntico ao que estamos vivendo nos dias de hoje. A
inversão de valores em nossos templos é descaradamente apregoada em nossos
cultos, pelos promotores da falsa adoração a Deus. Eles dizem ser
representantes do reino, mas, não do Reino de Deus, pois tudo que eles querem é
a glória e a honra para si. Os shows, cheios de parafernália diabólica, tem
tomado lugar da verdadeira adoração e louvor que realmente engrandece e exalta
ao único que merece ser adorado em extrema e extravagante adoração.
A iluminação terrena da fama tem levado muitos dos que antes tinha uma
postura de santos de Deus, à uma escuridão mental sem precedente, a vulgaridade
tomou proporções devastadoras em nosso meio. O verdadeiro louvor que move a mão
de Deus e atrai sua presença é uma vida santa, justa, verdadeira e totalmente
rendida ao seu Senhor. Louvar a Deus é dar testemunhos da sua grandeza, do seu
favor que nos tornou seus filhos. É reconhecer que ele tem todo o domínio em
suas mãos e que nada foge ao seu controle. Infelizmente, o espírito de Satanás
tem dominado essa terra, levando as pessoas a pensar que podem ser maiores ou
iguais a Deus. As pessoas não sabem o que é louvar e adorar a Deus é por não
saberem e nem quer saber. Vivem em nossas igrejas inflamadas pelo espírito de
exaltação diabólica, correndo atrás de serem reconhecidos e afamados e
aplaudidos pelas pessoas. Usando um nome
que não podem sustentar por muito tempo, pois a fama e glória terrena é
solúvel, quando vem as ondas da vida logo se dissolve e nada fica de
sólido.
Infelizmente vivemos dias em que a presença de Deus não desejada, poucos
se atrevem a dizer que deseja realmente a verdadeira presença do eterno Deus.
Não choramos pela falta de se sentir à presença do amado de nossas almas, não
suspiramos ofegantes pela vida de santidade que agrada a Deus. Precisamos
retomar a posição de servos adoradores do eterno. O tempo chegou e creio que
Deus quer mudar essa situação, mas só depende de nós.
Conclusão
O
louvor verdadeiro está muito além de verbalizações musicais, de danças e
coreografia rasas, gritos e convites a demonstrações de poderio numérico. O
louvor verdadeiro nos conduz à intimidade com Deus, a uma espiritualidade sem
máscaras, face a face, louvamos ao Deus Onisciente.
Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que este O
adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão
verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir
investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais
coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura
adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da
verdadeira adoração, participe deste domingo, 30 de outubro de 2016, da Escola
Bíblica Dominical.