Senhor... Dai-me
paciência! Esta é uma oração que vez ou outra fazemos, sem ao menos nos
atentarmos que segundo Romanos 5:1-4, a paciência nasce de nossos sofrimentos,
seu desenvolvimento é aprovado em nós pelo próprio Deus, e a partir dela, a
esperança é criada.
Então, podemos concluir
que o Senhor não nos dá “paciência”, e sim, “exercícios” para que ela seja
desenvolvida e aprimorada. Quem ora pedindo por “paciência”, incautamente pede
por “provações”.
A longanimidade nada
mais é do que o “exercício prático” desta paciência. Considerando que ser
paciente com os filhos é um dever paterno/materno, ser paciente com o cônjuge é
um dever matrimonial, ser paciente com o próximo é um dever fraternal e ser
paciente com a congregação um dever ministerial; logo a longanimidade é a
capacidade de exercitar a paciência mediante uma situação conflituosa. A grande
questão aqui é como lidamos com nossas crises. Qual é nossa reação mediante o
desemprego, uma perda familiar ou um diagnóstico devastador?
É exatamente nessas
horas que essa característica do Fruto Espiritual se sobressai, nos mantendo
fortes durante a fraqueza e confiantes durante as incertezas; determinados a
esperar que Deus cumpra em nós seu querer no tempo oportuno, mesmo que o nosso
tempo pareça estar findando. Toda a vida na terra é hoje conduzida e
cronometrada dentro do “CRONOS”, o tempo humano.
Enquadramo-nos em
agendas e calendários, espremendo nosso dia entre os ponteiros de um relógio.
Por isto quando algo inesperado compromete esse nosso cronograma vital, nos
desesperamos e perdemos o compasso.
Ora, Deus não se encaixa
em nosso tempo, pois ele é atemporal. Sua existência é de eternidade em
eternidade e diante de seus olhos nossa vida é como um breve sopro. Ele a tem
como uma fagulha em suas mãos, com conhecimento profundo sobre nosso passado,
presente e futuro; sabendo quando e onde agir em nosso favor... Mas seu socorro
não está comprometido como o nosso CRONOS, e se desenrola no KAIRÓS, o tempo
perfeito de Deus.
A
palavra longanimidade vem do termo grego MAKROTHUMIA, que remeta
a ideia de alguém que sabe esperar o momento certo para
falar ou agir, sem reagir de forma subconsciente ou explodir em ira quando
provocado. Em
resumo, quem é longânime, sabe “contar até dez”, escuta mais do que fala e
pensa antes de agir.
Segundo Provérbios
25:15, a longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga os ossos.
Paulo era insistente com Timóteo para que ele desenvolvesse a longanimidade
como elemento crucial de seu ministério (I Timóteo 1:16 / II Timóteo 3:10).
Escrevendo a igreja de Éfeso, o apóstolo nos alertou que o cristão não pode
deixar que a sua “ira” (ou fúria) se transforme em pecado. Por vezes, até
podemos nos irar (assim como Deus se ira), porém não devemos ser dominados por ela,
aplacando-a, através da longanimidade (Efésios 4:26-27).
Desta maneira, evitamos o altíssimo risco de executarmos uma atribuição
exclusivamente divina, pois se a “vingança” na mão de Deus é “justiça”, em mãos
humanas, é um pecado mortal (Romanos 12:19).
Neste contexto,
a longanimidade revela nossa confiança plena em Deus, nos dando
tranquilidade para aguardar o cumprimento de sua vontade, em nós e por nós.
A longanimidade nos faz
entender e se entregar ao Kairós de Deus, cientes que depois da tempestade, o
Senhor colocará no céu de nossas vidas o seu arco (Gênesis 9:16) e que no
tempo exato (do ponto de vista da eternidade), o Senhor virá em nosso socorro.
Muitas vezes queremos enfrentar nossos gigantes com a força existente em nosso
próprio braço, vestimos nossa armadura de bronze, empunhamos nossa espada
afiada, e movidos pela irritação, pela ira, pelo revanchismo e até pela
vingança, atacamos descoordenadamente.
Como resultado, acabamos
ainda mais feridos, e infelizmente, alguns encontram a própria morte.
Provérbios 16:32 nos diz que vale mais o paciente do que o guerreiro e que
controlar o próprio espírito vale mais que conquistar uma cidade. É claro que
existem circunstâncias onde é preciso guerrear, mas haverá casos em que a
batalha não cabe a nós, é sim ao próprio Deus (Êxodo 14:14). E neste caso, a
“arma” mais eficiente para termos em mãos é exatamente o exercício da
longanimidade... A capacidade de esperar Deus agir.
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