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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dai-me paciência!



Senhor... Dai-me paciência! Esta é uma oração que vez ou outra fazemos, sem ao menos nos atentarmos que segundo Romanos 5:1-4, a paciência nasce de nossos sofrimentos, seu desenvolvimento é aprovado em nós pelo próprio Deus, e a partir dela, a esperança é criada.

Então, podemos concluir que o Senhor não nos dá “paciência”, e sim, “exercícios” para que ela seja desenvolvida e aprimorada. Quem ora pedindo por “paciência”, incautamente pede por “provações”.

A longanimidade nada mais é do que o “exercício prático” desta paciência. Considerando que ser paciente com os filhos é um dever paterno/materno, ser paciente com o cônjuge é um dever matrimonial, ser paciente com o próximo é um dever fraternal e ser paciente com a congregação um dever ministerial; logo a longanimidade é a capacidade de exercitar a paciência mediante uma situação conflituosa. A grande questão aqui é como lidamos com nossas crises. Qual é nossa reação mediante o desemprego, uma perda familiar ou um diagnóstico devastador?

É exatamente nessas horas que essa característica do Fruto Espiritual se sobressai, nos mantendo fortes durante a fraqueza e confiantes durante as incertezas; determinados a esperar que Deus cumpra em nós seu querer no tempo oportuno, mesmo que o nosso tempo pareça estar findando. Toda a vida na terra é hoje conduzida e cronometrada dentro do “CRONOS”, o tempo humano.

Enquadramo-nos em agendas e calendários, espremendo nosso dia entre os ponteiros de um relógio. Por isto quando algo inesperado compromete esse nosso cronograma vital, nos desesperamos e perdemos o compasso.

Ora, Deus não se encaixa em nosso tempo, pois ele é atemporal. Sua existência é de eternidade em eternidade e diante de seus olhos nossa vida é como um breve sopro. Ele a tem como uma fagulha em suas mãos, com conhecimento profundo sobre nosso passado, presente e futuro; sabendo quando e onde agir em nosso favor... Mas seu socorro não está comprometido como o nosso CRONOS, e se desenrola no KAIRÓS, o tempo perfeito de Deus.

A palavra longanimidade vem do termo grego MAKROTHUMIA, que remeta a ideia de alguém que sabe esperar o momento certo para falar ou agir, sem reagir de forma subconsciente ou explodir em ira quando provocado. Em resumo, quem é longânime, sabe “contar até dez”, escuta mais do que fala e pensa antes de agir.

Segundo Provérbios 25:15, a longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga os ossos. Paulo era insistente com Timóteo para que ele desenvolvesse a longanimidade como elemento crucial de seu ministério (I Timóteo 1:16 / II Timóteo 3:10). Escrevendo a igreja de Éfeso, o apóstolo nos alertou que o cristão não pode deixar que a sua “ira” (ou fúria) se transforme em pecado. Por vezes, até podemos nos irar (assim como Deus se ira), porém não devemos ser dominados por ela, aplacando-a, através da longanimidade (Efésios 4:26-27). Desta maneira, evitamos o altíssimo risco de executarmos uma atribuição exclusivamente divina, pois se a “vingança” na mão de Deus é “justiça”, em mãos humanas, é um pecado mortal (Romanos 12:19).

Neste contexto, a longanimidade revela nossa confiança plena em Deus, nos dando tranquilidade para aguardar o cumprimento de sua vontade, em nós e por nós.

A longanimidade nos faz entender e se entregar ao Kairós de Deus, cientes que depois da tempestade, o Senhor colocará no céu de nossas vidas o seu arco (Gênesis 9:16) e que no tempo exato (do ponto de vista da eternidade), o Senhor virá em nosso socorro. Muitas vezes queremos enfrentar nossos gigantes com a força existente em nosso próprio braço, vestimos nossa armadura de bronze, empunhamos nossa espada afiada, e movidos pela irritação, pela ira, pelo revanchismo e até pela vingança, atacamos descoordenadamente.


Como resultado, acabamos ainda mais feridos, e infelizmente, alguns encontram a própria morte. Provérbios 16:32 nos diz que vale mais o paciente do que o guerreiro e que controlar o próprio espírito vale mais que conquistar uma cidade. É claro que existem circunstâncias onde é preciso guerrear, mas haverá casos em que a batalha não cabe a nós, é sim ao próprio Deus (Êxodo 14:14). E neste caso, a “arma” mais eficiente para termos em mãos é exatamente o exercício da longanimidade... A capacidade de esperar Deus agir.

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