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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

EBD - A centralidade da adoração


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 02
Comentarista: Pr. José Elias Croce












Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes













Texto Áureo
Salmos 95:6
Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.

Verdade Aplicada
A adoração deve ser a prioridade de nossa vida.

Textos de Referência
Salmos 95:1-6
Vinde, cantemos ao Senhor; cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação.
Apresentemo-nos ante a sua face com louvores e celebremo-lo com salmos.
Porque o Senhor é Deus grande e Rei grande acima de todos os deuses.
Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.
Seu é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca.
Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.


Carentes de Deus
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Em Gênesis 1:27-28 e 2:7, Moisés narra a origem do homem. Uma reunião celestial é convocada para projetar minuciosamente um ser capaz de dominar sobre as demais coisas criadas. Um designer é aprovado, um rascunho é elabora, formas e texturas são pré-definidas.  A matéria prima escolhida é palpável e tangível, e o processo de fabricação é artesanal. Em suma, Deus coloca a “mão na massa”, esculpe em argila o modelo projetado e sopra em sua narina o fôlego de vida. Seu nome agora é Adão, feito imagem e semelhança de seu criador, tendo dentro de si uma fagulha do próprio Elohim, um espírito dado por Deus e que deseja retornar para Deus. Para que o homem não estivesse só, de seus ossos é forjada a mulher. Agora, o casal pode enfim viver pleno de felicidade, no jardim que o Senhor plantara para eles. Adão e Eva são como duas crianças se descobrindo, e Deus faz questão de todas as tardes visitar os seus filhos para instruí-los em todos os aspectos da arte de viver. Mas a desobediência quebraria essa aliança. No desejo de ser igual a Deus, eles acabaram se afastando de Deus, perdendo a inocência e violando a santidade. Já não podiam olhar a face de Deus e nem serem visitados com cordialidade ao pôr do sol (I Timóteo 6:16). Mas dentro deles, ainda habitava o Espírito que clamava por Deus. Mesmo que a carne do homem se sobreponha ao seu Espírito, jamais irá calar sua voz. Ele estará lá dentro, desesperado, inquieto e aflito. Daí nasce o vazio interior, a busca desenfreada por prazeres passageiros, a ausência completa de paz...  O homem saiu do jardim, mas o Jardim está no homem. Mudou-se a forma, mas a conversa diária com o Criador ainda é necessária... Sem dialogar com Deus e buscar sua orientação, o homem jamais será plenamente feliz... Esta prática é possível, e não se faz necessários agendamentos prévios ou formalidades desnecessárias... Para ela damos o nome de “oração”, um dos elementos básicos de uma vida de adoração constante

O Salmo 42 é atribuído aos Filhos de Corá, remanescentes de uma família que foi engolida em vida pela terra, em decorrência de seu pecado (Números 27:11). Eles tenham experimentado em sua origem, a fúria da justiça de Deus, bem como o beneplácito de seu amor.  Mas, independentemente do histórico familiar, é possível perceber que o poeta está triste... A incredulidade que enegrece a alma dos homens faz sangrar seu coração. Ele olha a sua volta é só encontra abismos. Verdadeiros buracos-negros surgem voluptuosos nas pessoas a sua volta, retirando delas o temor, a fé e a caridade. O mundo parece imerso em trevas, e qualquer facho de luz incomoda seus moradores. Dedos em ristes se voltam para o escritor... Ele ouve gargalhadas e palavras de afronta. Vozes obscuras e perniciosas invadem seus ouvidos com uma indagação retórica carregada de sarcasmo e maldade: Onde está o seu Deus? O poeta chora angustiado... A tristeza é tamanha que seus ossos chegam a doer. Sua alma está abatida, pois foi abraçada pelo medo, e agora se sente sugada pelos abismos que a cercam: Desesperança, Angustia e Aflição.  

Então, no ponto exato entre o agora e a ruína, o salmista clama por socorro... “Assim como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus... A minha alma tem sede do Deus vivo” (Salmo 42:1-2).  A alma do salmista estava com sede. Sedenta por algo que não se encontra na Terra. Aliás, ainda que não queira aceitar, toda a humanidade tem sofrido da mesma sede desde os primórdios de sua história.... Desde que saiu do Jardim... O salmista sabia desta carência, conhecia sua necessidade. -  A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo – Dizia ele. - Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus? E então, introspectivo, o poeta conversa consigo mesmo e aconselha: - Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. O homem só alcançará paz em seu espírito, quando Deus voltar a ser o centro de sua vida.


Deus é o centro de tudo

Esta temática nos leva a assumir um profundo comprometimento, pois a primeira grande revelação que deve desapontar nesta “centralidade” é o conhecimento daquilo que significa a verdadeira adoração. Deus deve estar em primeiro lugar em nossas vidas. Nada é mais importante do que Ele. Se temos Deus no centro de nossas vidas, temos tudo o que necessitamos. A vida não terá uma direção correta, se Deus não estiver no centro. Quer O adoremos em particular ou em público; no nosso quarto, em família ou na assembleia dos santos; o centro tem que ser o próprio Deus! (João 4:24). No culto, por exemplo, Deus deve ser o centro da nossa reunião. Chegamos a Ele através de Jesus Cristo, o seu Filho. O cristão deve adorar somente a Deus. Podemos honrar os homens (Romanos 13:7, I Pedro 2:17), mas adoramos somente a Deus. Podemos reconhecer as maravilhas da criação de Deus, mas adoramos ao Criador. Não se deve adorar a nenhum homem temente a Deus, santo ou anjo (Atos 10:25-26; Apocalipse 22:8-9). Não devemos adorar imagens, estátuas religiosas, retratos nem quadros, todos são ídolos (Êxodos 20:4-6). Talvez alguém pergunte: “Mas como podemos adorar um Deus a quem não podemos ver nem tocar, e cuja voz não é audível ao ouvido humano?”. A resposta é: pela fé! (Hebreus 11:1). A atitude de colocar Deus no centro requer o entendimento de que tudo na vida esteja ligado a essa “centralidade”, portanto, não podemos pensar no tema superficialmente, como um argumento para o preenchimento de uma pauta. É um exercício que envolve tudo na vida e a razão da compreensão da própria existência. Devemos tomar cuidado para que as maravilhas do mundo não nos afastem da presença de Deus, pois o mundo oferece muitos “caminhos” (Provérbios 14:12). Saber que Deus conhece todas as coisas é uma verdade admirável. A princípio pode trazer algum temor, no entanto, o melhor é a sensação de segurança para os que nEle confiam. O salmista Davi estava tão extasiado em pensar nisto, que afirmou: “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir. ” (Salmo 139:6). 

Para sermos aceitos, temos que estar no Amado, conforme nos aponta Efésios 1:6. Ninguém pode vir ao Pai sem ser pela obra meritória de Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (João 14:6). Nosso acesso é “pelo novo e vivo caminho que Cristo nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10:20). No versículo acima, a palavra “novo” significa “morto recentemente”. Em outras palavras, para chegarmos a Deus em adoração temos que ter como base o sangue derramado e a obra sacrificial de Cristo no Calvário! Vemos isto muitas vezes no Antigo Testamento. Considere o livro de Levítico, que é principalmente um hinário de adoração. Os capítulos iniciais descrevem o sistema sacrificial e como um povo remido devia se aproximar da presença manifesta de Deus. Sem tentar entrar em detalhes, podemos observar que a expressão “tenda da congregação” (termo usado cerca de 50 vezes no livro de Levítico para se referir ao tabernáculo) corresponde a igreja do Novo Testamento, local onde nos reunimos para adorar a Deus publicamente. Quando o povo de Deus se reúne na igreja, há uma comunicação da mente e da Palavra de Deus (Leviticos 1). Além disso, quando o povo de Deus se reúne na igreja é com o propósito de adorar e, portanto, cada um de nós deve levar uma oferta!

Não podemos saber o que envolve a verdadeira adoração, nem o que Deus requer do adorador, a menos que achemos esta verdade revelada na Bíblia. A Bíblia é o manual do cristão. Se ignorarmos este manual e tentarmos simplesmente chegar a Deus em nossos termos, com certeza seremos rejeitados assim como Caim (Gêneses 4). Nossos sentimentos, opiniões, obras e palavras não têm mérito nenhum diante de Deus. Todos juntos não valem nada mais do que só devoção voluntária se não dermos atenção aos ensinamentos claros da Palavra de Deus. Sem a Bíblia a adoração verdadeira é só um sonho. Deve haver uma fonte final de autoridade: algo ou alguém que nos dê a palavra final, que ponha fim a controvérsia e estabeleça aquilo no qual devemos crer, quem devemos ser e o que devemos ser e o que devemos fazer. Se a autoridade estiver na pessoa, então a opinião de um homem é tão boa quanto a de outro e a adoração de cada homem deve ser aceita. Mas, saibam todos que Deus não é tolerante! Deus é gracioso e perdoador, mas não é tolerante. O Deus justo e santo não pode (e nem vai) agir contrário a sua Palavra. Portanto, cheguemos diante de Deus com a convicção de que tudo o que a Palavra de Deus ensina deve ser crido, seja qual for a ordem deve ser obedecida, seja qual for a recomendação deve ser aceita tanto como certa quanto útil, e, seja o que for que ela condene, isso deve ser evitado e entendido como sendo errado e nocivo. Nossa adoração e nossa própria vida devem estar centralizadas em Deus, baseadas na obra sacrificial do Calvário e firmadas nas descrições definidas da Palavra de Deus (I Timóteo 3:14-17).


Cidadãos do Céu
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Todo governo é norteado por uma legislação própria, uma série de leis que detalha os direitos de seus cidadãos, bem como os deveres que os mesmos devem cumprir junto ao estado e a sociedade. Os céus também são assim. O Reino de Deus possui uma legislação intensa, a qual todo cristão deve seguir piamente, pois só usufruirá dos “direitos adquiridos na cruz” quem honrar em sua vida, os “deveres exigidos pelo Reino. ” Mas o que poderia ser um confuso imbróglio de normas impraticáveis, soa inconfundível no resumo desta “constituição celestial”, feita pelo próprio Jesus: - Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes" (Marcos 12:30-31). Quem cumpre em sua vida estes dois mandamentos, automaticamente, está quite com a legislação do Reino dos Céus (Gálatas 5:14). Quem ama verdadeiramente á Deus, vive sua vida por Deus e para Deus, de modo a honrá-lo, adorá-lo e entronizá-lo em seu coração. Com isso, não deixa espaço para que “coisas”, “pessoas” ou “desejos” roubem seu tempo, sua atenção ou os seus pensamentos, que estarão sempre voltados para os céus. Quem ama a Deus sobre todas as coisas está imune a idolatria intrínseca em nossos desejos e ambições, e não deixa que o trono do Senhor em sua vida, seja usurpado por qualquer outra força ou poder. Tal cristão, vive com a cabeça nos céus, mesmo que seus pés caminhem sobre a terra.

Porém, este amor que flui entre o homem e Deus, precisa também ser horizontalizado, abrangendo aquele que está a nossa volta. Quem ama a Deus verdadeiramente, adquire a capacidade de amar ao seu próximo como se fosse a ele mesmo. É importante ressaltar que o “próximo” aqui contextualizado, não tem nome, rosto ou endereço, pois se refere a “qualquer indivíduo com quem tenhamos qualquer tipo de contato”, seja físico, visual, auditivo e até mesmo mental, pois quando pensamos em uma “alma” que se perde, devemos amá-la com a mesma intensidade que Cristo nos amou. E se desenvolvemos este amor, logo banimos de nossa vida todas as ações proibidas pela lei de Deus. Quem ama verdadeiramente ao seu próximo, não mata, não adultera, não rouba, não cobiça e nem calunia seu irmão. Logo, todo o decálogo dado por Deus á Moisés no Sinai, como um código moral, civil e espiritual para a nação de Israel, é cumprido na integra pela prática do amor (Êxodo 20:1-17).

Em I Coríntios 13:7, Paulo nos ensina que o amor genuíno é infalível, pois é construído sobre as bases da verdade e da justiça. Ele não é leviano, invejoso, irritadiço, preconceituoso ou interesseiro, antes, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Em resumo, podemos dizer que o “amor verdadeiro” não usa mascaras, ele é o que é. E sinceridade é o mínimo que Deus espera de nós em todas as nossas relações. De nada adianta uma vida de religiosidade pragmática, se as intenções de nosso coração não foram pautadas pelo amor. Esta é a lei básica do Reino dos Céus, um dever que recai sobre cada cidadão cujo nome está escrito no livro da vida. O amor é uma dívida que temos para com o nosso próximo, cujo saldo só será quitado na eternidade (Romanos 13:8). A palavra “devocional”, num contexto religioso, pode ser entendido como um período de “tempo” que o indivíduo separa para se dedicar á Deus, seja através de orações, leituras bíblicas, meditação, louvores ou ações sociais. Porém, se praticarmos com inteireza os ensinamentos de Jesus, nossa própria vida se tornará um devocional contínuo e permanente. E o que isto quer dizer?

O inglês Smith Wigglesworth foi um dos maiores expoentes do pentecostalismo no século XIX. Com uma vida dedicada a pregações fervorosas e ao exército dos dons de cura, Smith se tornou uma referência de cristão comprometido com Deus e com o próximo. Certa vez, ele foi questionado sobre o seu período devocional de orações, e sua surpreendente resposta nos dá um vislumbre sobre o modelo de vida ensinado por Jesus: - "Eu nunca oro mais do que cinco minutos, e eu nunca fico mais do que dez minutos sem orar". A vida devocional não se revela em nossos momentos de orações e cultos, mas sim nos períodos em que estamos fora do “contexto” religioso. É durante suas atividades seculares que o cristão se revela um cidadão do Reino dos Céus, pois embora seus pés ainda estejam presos na terra, sua cabeça já ultrapassou os limites das nuvens. Podemos concluir que a vida devocional consiste no fato de nossas ações na terra, serão realizadas com as motivações do céu, todo tempo e o tempo todo.


O objetivo da adoração

Tudo que nos vem às mãos deve honrar ao Senhor. O verbo “honrar” significa “distinguir, fazer diferença”. E é isto o que Deus espera de nós! Muito mais do que dízimos e ofertas, Ele espera que o honremos! A vontade de Deus é suprir as necessidades materiais dos Seus filhos. Há diversas promessas na Bíblia que se referem a isto (Salmo 23:1; Filipenses 4:19). Contudo, isto não acontece de forma automática. Esta promessa é condicional, ou seja, não se cumpre por si só, mas depende de cada um de nós para que possa ser concretizada. O texto bíblico acima pode ser dividido em duas partes: o que nós devemos fazer e o que Deus fará depois que fizermos a nossa parte. Essa promessa divina diz respeito à provisão e prosperidade (não entenda como “riqueza”), e revela a vontade do próprio Deus para Seus Filhos. “Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda: e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares. ” (Provérbios 3:9-10). Temos aqui uma promessa de Deus que tem o seu “Sim” e o Seu “Amém” (II Coríntios 1:20). O texto de Provérbios fala de Deus suprindo abundantemente o seu povo com a sua provisão. Isto não se aplica somente a celeiros e lagares hoje, de forma literal como no caso dos judeus daquela época, mas também devemos entender que Deus está se referindo a uma provisão abundante. Contudo, muitos cristãos sinceros não experimentam a provisão e a prosperidade. Isto tem ocorrido justamente porque há uma dimensão de entendimento por trás dessa promessa que ainda não foi alcançada pela maioria dos cristãos.

O conselho de Deus nos dá por meio de Salomão é o de honrarmos ao Senhor com os nossos bens (Provérbios 10:22). O que está em questão aqui é a manifestação da honra, e não os bens em si. O uso dos bens é só um meio de expressarmos essa honra. Deus não está interessado em nossas ofertas, e sim na atitude que nos leva a entregarmos a Ele as nossas ofertas. Um dos maiores exemplos disso está no que Deus pediu a Abraão: o sacrifício de Isaque (Gêneses 22:1.-10). Na hora de imolar o filho, o patriarca foi impedido de fazê-lo e o Senhor deixou claro que Ele só queria a expressão da honra, e não o privar de seu filho. Vale a pena ressaltar que, ao pedir justamente o que o patriarca Abraão mais amava, o Senhor estava lhe dando uma oportunidade de honrá-Lo tremendamente.

Vemos o mesmo princípio revelado de forma inversa, quando Ananias e Safira trouxeram uma oferta de alto valor, mas com a motivação errada e recheada de mentira. O que aconteceu? Deus se agradou? De forma alguma! Lemos em Atos 5:1-5 que o Senhor os julgou pelo que fizeram. O Pai Celestial não queria o dinheiro deles, e sim uma atitude de honra. O termo “honrar” significa “distinguir, fazer diferença”. Portanto, o Eterno Senhor Deus deseja ser distinguido de todas as demais coisas em nossas vidas, mesmo as que temos como mais preciosas.


Uma cerimônia de Coroação
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

O Salmo 126 retrata muito bem a realidade da semeadura e seus resultados futuros. Os judeus haviam amargado sete décadas numa terra estrangeira, tudo porque fizeram escolhas ruins no passado, plantando sementes de idolatria e desobediência, que resultaram numa colheita amarga de muito choro e solidão. Mas se não temos a opção de escolher os frutos da colheita atual, podemos optar por sementes diferenciadas para a próxima estação, e nas terras do exílio, o povo do Senhor pode vivenciar um avivamento espiritual forjado no fogo da dor. Ali, longes da pátria mãe, os judeus reacenderam sua esperança na chegada do Messias e voltaram a meditar nas escrituras como a muito tempo não faziam. Enquanto comiam do fruto rançoso, plantavam sementes adocicadas, regadas com as próprias lágrimas. A semeadura realizada sob a égide dos caldeus, foi colhida em liberdade. Nos séculos seguintes, os judeus subiram os degraus do tempo cantando a felicidade de voltar para casa, e como o Senhor restaurou a sorte de Sião, transformando o pesadelo em um sonho muito bom e real. Os lábios que se cerraram na Babilônia, agora cantavam hinos de louvor. O povo que outrora serviu de escárnio das nações, agora era testemunha das grandes coisas que o Senhor podia fazer. Vale a pena esperar no Senhor e confiar em sua fidelidade, pois “os que semeiam em lágrimas, segarão com alegria”. Quem leva a preciosa semente andando e chorando, voltará sem dúvidas com alegria, trazendo consigo os seus frutos!   

O profeta Zacarias foi levantado por Deus como um conselheiro dos judeus após os anos de exílio. A marca registrada deste mensageiro do Senhor foram as suas maravilhosas “visões” espirituais, que quando interpretadas corretamente, ainda revelam verdades gloriosas para cristãos de todos os tempos e lugares. Zacarias foi contemporâneo de Ageu, e profetizou num período onde os líderes mais expoentes da nação eram Esdras e Neemias, responsáveis por recolaram Israel num caminho de retorno aos mandamentos de Deus. Parte importante destes princípios era exatamente a generosidade para com a Casa do Senhor, através da entrega de dízimos e ofertas alçadas para manutenção do santuário e sustento dos levitas. Neste período, o sumo-sacerdote responsável pelos serviços do templo era Josué, personagem recorrente nas visões de Zacarias, representando o próprio Cristo que haveria de vir. Após uma série de oito visões miraculosas e interligadas, Deus ordena ao profeta para descer até as casas de Heldai, Tobias, Jedaías e Josias, todos recém repatriados, e ali pedir doações de ouro e prata. Com o material doado, ele deveria confeccionar algumas coroas. Em seguida, a ordem do Senhor era para que o profeta se dirigisse até o templo, onde então, uma após a outra, deveria colocar cada coroa na cabeça de Josué (Zacarias 6:9-15).

Apesar da discussão teológica em torno deste evento ser acalorada em algumas “rodas”, é comum o entendimento da tipologia existente nesta passagem como sendo um simbolismo para a coroação do próprio Cristo, já que o propósito relevado ao profeta é exatamente estabelecer um memorial no templo do Senhor, o mesmo local onde o menino Jesus seria apresentado quatro séculos depois (Lucas 2:27). Se a coroa representa o poder, a honra e a autoridade que é outorgada a um Rei, aqui vale ressaltar a origem da matéria prima utilizada em sua fabricação, ou seja, a voluntariedade do povo em ofertar. Os judeus que retornaram do exílio tinham poucos recursos. Naquele tempo havia apenas um animal para cada seis pessoas, o que evidencia a limitação financeira daquela gente. O pouco que tinham foi empregado na reconstrução de Jerusalém, com a edificação do tempo e a reforma dos muros. Mesmo assim, quando o Senhor solicitou que as famílias contribuíssem com ouro e prata para uma destinação aparentemente fútil, o povo não se omitiu em ajudar.

Para ser coroado, Josué precisou se ajoelhar, inclinando-se diante do profeta, que honradamente depositou a coroa sobre sua cabeça. Ali, diante do sumo sacerdote, Zacarias não estava sozinho, pois em suas mãos segurava o fruto da generosidade dos judeus. Se analisarmos esta cena com os olhos espirituais, passaremos a contribuir com muito mais amor e alegria. Imagine que agora, ao invés de Josué, temos o próprio Cristo ressurreto. Todo poder lhe foi dado nos céus e na terra, e Ele se tornou Senhor sobre tudo e todos. Diariamente, as miríades de anjos e um número incontável de santos exaltam seu nome e reafirmam sua realeza. Diante de tão grande devoção, Cristo levanta do trono e se inclina para ser coroado por seu povo.  A beleza deste mistério é que a coroa que reluz em sua cabeça, repousando sobre seus cabelos brancos como neve, é feita aqui na terra, usando uma matéria prima muito prezada na eternidade: a generosidade dos fiéis, que jamais se negam a estender a sua mão para as necessidades do Reino de Deus. Ofertar com alegria é coroar o Cristo mais uma vez.


Tudo para a glória de Deus

A primeira carta de Paulo aos coríntios é certamente uma daquelas cartas que poderia se encaixar no quesito “tarefa ingrata”, tamanha foi a repreensão que aquela igreja precisou receber de Paulo (I Corintios 10:31). A obra não é nossa, por isso, nem a fama, a glória ou o louvor devem ser para nós, mas sim para o Senhor da seara (Romanos 11:36). A nós, servos, deve bastar-nos a alegria e a bênção de sermos achados fiéis para servir na mais gloriosa tarefa que há no mundo: pregar Cristo, o Salvador do homem. Por que tanta celeuma, disputa e lutas no sentido de querermos que o nosso trabalho seja mais vistoso, “mais espiritual”, mais abrangente que o do nosso irmão? Deixemos essa tarefa de avaliação para o Senhor, nosso Deus. A nós, compete-nos fazer o nosso melhor. Entregarmo-nos totalmente nas mãos de Deus para que o nosso trabalho seja o melhor, o mais excelente. Deus o avaliará e recompensará. Quantos, no final, não virão a dizer: “Senhor, não tocamos para Ti? Não dançamos em Teu Nome? Não fizemos.... Mas o Justo Juiz dirá: “Não vos conheço... Não sei quem sois, porque o que fizeste não foi para mim”.

Paulo apresentou a maneira pela qual o novo homem deve viver: para a glória de Deus. Essa vida é descrita como a vida a ser desenvolvida diariamente e o caminho para ela é o caminho da consagração, da dedicação, da entrega da vida a Deus. É fácil na hora do culto glorificar a Deus. Mas como fazer isso sempre? “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. (I Coríntios 10:31). É a conscientização de que tudo que envolve a nossa vida deve ser para adorar a Deus. Para isto é necessário um verdadeiro novo nascimento (João 3:3). É certo que nós muitas vezes não gostamos de confrontar as pessoas com a verdade e dizer a elas que estão vivendo de maneira equivocada, mas era justamente essa a tarefa de Paulo. Vemos que o apóstolo Paulo tem que até mesmo criticar severamente as reuniões da igreja e o momento de tomarem a Ceia do Senhor: “Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior”. (I Coríntios 11:17).

Atualmente, tem sido dito que viver bem significa buscar o máximo de satisfação própria em todas as áreas da vida, ainda que essa satisfação seja alcançada quebrando-se toda espécie de moral ou amor ao próximo. A verdade é que o “amor” que domina o mundo hoje é o amor a si próprio. As pessoas tornaram-se egoístas e vivem para si mesmas. No entanto, muito ao contrário do que a sociedade atual tem praticado, a Palavra de Deus nos ensina que o homem foi criado pelo Eterno, não para que viesse buscando o seu próprio prazer, mas o prazer daquele que o criou. A vida só passa a ter pleno significado quando damos conta desta magnífica e gloriosa verdade (I Coríntios 10:31).

Existem grandes perdas na ausência da observação desses fundamentos da vida. Viver intensamente e abundantemente é viver tendo a compreensão de que o Eterno e Maravilhoso Senhor Deus é o centro de tudo, e que tudo aquilo que nos vem às mãos para fazer tem como principal objetivo adorar a Ele, pois tudo o que fizermos deve ser para a Sua glória. É exatamente isso que deve tomar o coração e mente de todos aqueles que se entregaram a Jesus Cristo, tendo-o como único referencial de vida (Filipenses 4:8).

Conclusão


Centralizar nossa vida em atitudes de adoração exige, portanto, vigilância constante para que em nenhum momento nos desviemos deste exercício espiritual, pois, se porventura nos tornarmos displicentes, isso acarretará em sérios prejuízos para nossa vida.



Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 09 de outubro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.




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