Material Didático
Revista Jovens e Adultos
nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 02
Comentarista: Pr.
José Elias Croce
Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Texto Áureo
Salmos 95:6
Ó, vinde, adoremos e
prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.
Verdade Aplicada
A adoração deve ser a
prioridade de nossa vida.
Textos de Referência
Salmos 95:1-6
Vinde, cantemos ao
Senhor; cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação.
Apresentemo-nos ante a
sua face com louvores e celebremo-lo com salmos.
Porque o Senhor é Deus
grande e Rei grande acima de todos os deuses.
Nas suas mãos estão as
profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.
Seu é o mar, pois ele o
fez, e as suas mãos formaram a terra seca.
Ó, vinde, adoremos e
prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.
Carentes de Deus
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Em Gênesis
1:27-28 e 2:7, Moisés narra a origem do homem. Uma reunião celestial é
convocada para projetar minuciosamente um ser capaz de dominar sobre as demais
coisas criadas. Um designer é aprovado, um rascunho é elabora, formas e
texturas são pré-definidas. A matéria prima escolhida é palpável e
tangível, e o processo de fabricação é artesanal. Em suma, Deus coloca a “mão
na massa”, esculpe em argila o modelo projetado e sopra em sua narina o fôlego
de vida. Seu nome agora é Adão, feito imagem e semelhança de seu criador, tendo
dentro de si uma fagulha do próprio Elohim, um espírito dado por Deus e que deseja
retornar para Deus. Para que o homem não estivesse só, de seus ossos é forjada
a mulher. Agora, o casal pode enfim viver pleno de felicidade, no jardim que o
Senhor plantara para eles. Adão e Eva são como duas crianças se descobrindo, e
Deus faz questão de todas as tardes visitar os seus filhos para instruí-los em
todos os aspectos da arte de viver. Mas a desobediência quebraria essa aliança.
No desejo de ser igual a Deus, eles acabaram se afastando de Deus, perdendo a
inocência e violando a santidade. Já não podiam olhar a face de Deus e nem
serem visitados com cordialidade ao pôr do sol (I Timóteo 6:16). Mas dentro
deles, ainda habitava o Espírito que clamava por Deus. Mesmo que a carne do
homem se sobreponha ao seu Espírito, jamais irá calar sua voz. Ele estará lá
dentro, desesperado, inquieto e aflito. Daí nasce o vazio interior, a busca
desenfreada por prazeres passageiros, a ausência completa de paz... O
homem saiu do jardim, mas o Jardim está no homem. Mudou-se a forma, mas a
conversa diária com o Criador ainda é necessária... Sem dialogar com Deus e
buscar sua orientação, o homem jamais será plenamente feliz... Esta prática é possível,
e não se faz necessários agendamentos prévios ou formalidades desnecessárias...
Para ela damos o nome de “oração”, um dos elementos básicos de uma vida de
adoração constante
O Salmo 42
é atribuído aos Filhos de Corá, remanescentes de uma família que foi engolida
em vida pela terra, em decorrência de seu pecado (Números 27:11). Eles
tenham experimentado em sua origem, a fúria da justiça de Deus, bem como o
beneplácito de seu amor. Mas,
independentemente do histórico familiar, é possível perceber que o poeta está
triste... A incredulidade que enegrece a alma dos homens faz sangrar seu
coração. Ele olha a sua volta é só encontra abismos. Verdadeiros buracos-negros
surgem voluptuosos nas pessoas a sua volta, retirando delas o temor, a fé e a
caridade. O mundo parece imerso em trevas, e qualquer facho de luz incomoda
seus moradores. Dedos em ristes se voltam para o escritor... Ele ouve
gargalhadas e palavras de afronta. Vozes obscuras e perniciosas invadem seus
ouvidos com uma indagação retórica carregada de sarcasmo e maldade: Onde
está o seu Deus? O poeta chora angustiado... A tristeza é tamanha que seus
ossos chegam a doer. Sua alma está abatida, pois foi abraçada pelo medo, e
agora se sente sugada pelos abismos que a cercam: Desesperança, Angustia e
Aflição.
Então, no
ponto exato entre o agora e a ruína, o salmista clama por socorro... “Assim
como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus...
A minha alma tem sede do Deus vivo” (Salmo 42:1-2). A alma do
salmista estava com sede. Sedenta por algo que não se encontra na Terra. Aliás,
ainda que não queira aceitar, toda a humanidade tem sofrido da mesma sede desde
os primórdios de sua história.... Desde que saiu do Jardim... O salmista
sabia desta carência, conhecia sua necessidade. - A minha alma tem sede
de Deus, do Deus vivo – Dizia
ele. - Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus? E então,
introspectivo, o poeta conversa consigo mesmo e aconselha: - Por que você
está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro
de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu
Salvador e o meu Deus. O homem só alcançará paz em seu espírito, quando Deus
voltar a ser o centro de sua vida.
Deus é o centro de tudo
Esta temática nos leva a
assumir um profundo comprometimento, pois a primeira grande revelação que deve
desapontar nesta “centralidade” é o conhecimento daquilo que significa a verdadeira
adoração. Deus deve estar em primeiro lugar em nossas vidas. Nada é mais
importante do que Ele. Se temos Deus no centro de nossas vidas, temos tudo o
que necessitamos. A vida não terá uma direção correta, se Deus não estiver
no centro. Quer O adoremos em particular ou em público; no nosso quarto, em
família ou na assembleia dos santos; o centro tem que ser o próprio Deus! (João
4:24). No culto, por exemplo, Deus deve ser o centro da nossa reunião. Chegamos
a Ele através de Jesus Cristo, o seu Filho. O cristão deve adorar somente a
Deus. Podemos honrar os homens (Romanos 13:7, I Pedro 2:17), mas adoramos
somente a Deus. Podemos reconhecer as maravilhas da criação de Deus, mas
adoramos ao Criador. Não se deve adorar a nenhum homem temente a Deus, santo ou
anjo (Atos 10:25-26; Apocalipse 22:8-9). Não devemos adorar imagens, estátuas
religiosas, retratos nem quadros, todos são ídolos (Êxodos 20:4-6). Talvez
alguém pergunte: “Mas como podemos adorar um Deus a quem não podemos ver nem
tocar, e cuja voz não é audível ao ouvido humano?”. A resposta é: pela fé! (Hebreus
11:1). A atitude de colocar Deus no centro requer o entendimento de que tudo na
vida esteja ligado a essa “centralidade”, portanto, não podemos pensar no tema
superficialmente, como um argumento para o preenchimento de uma pauta. É um
exercício que envolve tudo na vida e a razão da compreensão da própria
existência. Devemos tomar cuidado para que as maravilhas do mundo não nos
afastem da presença de Deus, pois o mundo oferece muitos “caminhos” (Provérbios
14:12). Saber que Deus conhece todas as coisas é uma verdade admirável. A princípio
pode trazer algum temor, no entanto, o melhor é a sensação de segurança para os
que nEle confiam. O salmista Davi estava tão extasiado em pensar nisto, que
afirmou: “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir.
” (Salmo 139:6).
Para sermos aceitos,
temos que estar no Amado, conforme nos aponta Efésios 1:6. Ninguém pode vir ao
Pai sem ser pela obra meritória de Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida
(João 14:6). Nosso acesso é “pelo novo e vivo caminho que Cristo nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10:20). No versículo acima, a
palavra “novo” significa “morto recentemente”. Em outras palavras, para
chegarmos a Deus em adoração temos que ter como base o sangue derramado e a
obra sacrificial de Cristo no Calvário! Vemos isto muitas vezes no Antigo
Testamento. Considere o livro de Levítico, que é principalmente um hinário de
adoração. Os capítulos iniciais descrevem o sistema sacrificial e como um povo
remido devia se aproximar da presença manifesta de Deus. Sem tentar entrar em
detalhes, podemos observar que a expressão “tenda da congregação” (termo usado
cerca de 50 vezes no livro de Levítico para se referir ao tabernáculo)
corresponde a igreja do Novo Testamento, local onde nos reunimos para adorar a
Deus publicamente. Quando o povo de Deus se reúne na igreja, há uma comunicação
da mente e da Palavra de Deus (Leviticos 1). Além disso, quando o povo de Deus
se reúne na igreja é com o propósito de adorar e, portanto, cada um de nós deve
levar uma oferta!
Não podemos saber o que
envolve a verdadeira adoração, nem o que Deus requer do adorador, a menos que
achemos esta verdade revelada na Bíblia. A Bíblia é o manual do cristão. Se
ignorarmos este manual e tentarmos simplesmente chegar a Deus em nossos termos,
com certeza seremos rejeitados assim como Caim (Gêneses 4). Nossos sentimentos,
opiniões, obras e palavras não têm mérito nenhum diante de Deus. Todos juntos
não valem nada mais do que só devoção voluntária se não dermos atenção aos
ensinamentos claros da Palavra de Deus. Sem a Bíblia a adoração verdadeira é só
um sonho. Deve haver uma fonte final de autoridade: algo ou alguém que nos dê a
palavra final, que ponha fim a controvérsia e estabeleça aquilo no qual devemos
crer, quem devemos ser e o que devemos ser e o que devemos fazer. Se a
autoridade estiver na pessoa, então a opinião de um homem é tão boa quanto a de
outro e a adoração de cada homem deve ser aceita. Mas, saibam todos que Deus
não é tolerante! Deus é gracioso e perdoador, mas não é tolerante. O Deus justo
e santo não pode (e nem vai) agir contrário a sua Palavra. Portanto, cheguemos
diante de Deus com a convicção de que tudo o que a Palavra de Deus ensina deve
ser crido, seja qual for a ordem deve ser obedecida, seja qual for a
recomendação deve ser aceita tanto como certa quanto útil, e, seja o que for
que ela condene, isso deve ser evitado e entendido como sendo errado e nocivo.
Nossa adoração e nossa própria vida devem estar centralizadas em Deus, baseadas
na obra sacrificial do Calvário e firmadas nas descrições definidas da Palavra
de Deus (I Timóteo 3:14-17).
Cidadãos do Céu
Comentário Adicional
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
Todo
governo é norteado por uma legislação própria, uma série de leis que detalha os
direitos de seus cidadãos, bem como os deveres que os mesmos devem cumprir
junto ao estado e a sociedade. Os céus também são assim. O Reino de Deus possui
uma legislação intensa, a qual todo cristão deve seguir piamente, pois só
usufruirá dos “direitos adquiridos na cruz” quem honrar em sua vida, os
“deveres exigidos pelo Reino. ” Mas o que poderia ser um confuso imbróglio de
normas impraticáveis, soa inconfundível no resumo desta “constituição
celestial”, feita pelo próprio Jesus: - Ame o Senhor, o seu Deus de todo o
seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas
forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe
mandamento maior do que estes" (Marcos 12:30-31). Quem cumpre em sua
vida estes dois mandamentos, automaticamente, está quite com a legislação do
Reino dos Céus (Gálatas 5:14). Quem ama verdadeiramente á Deus, vive sua
vida por Deus e para Deus, de modo a honrá-lo, adorá-lo e entronizá-lo em seu
coração. Com isso, não deixa espaço para que “coisas”, “pessoas” ou “desejos”
roubem seu tempo, sua atenção ou os seus pensamentos, que estarão sempre
voltados para os céus. Quem ama a Deus sobre todas as coisas está imune a
idolatria intrínseca em nossos desejos e ambições, e não deixa que o trono do
Senhor em sua vida, seja usurpado por qualquer outra força ou poder. Tal
cristão, vive com a cabeça nos céus, mesmo que seus pés caminhem sobre a terra.
Porém,
este amor que flui entre o homem e Deus, precisa também ser horizontalizado,
abrangendo aquele que está a nossa volta. Quem ama a Deus verdadeiramente,
adquire a capacidade de amar ao seu próximo como se fosse a ele mesmo. É
importante ressaltar que o “próximo” aqui contextualizado, não tem nome, rosto
ou endereço, pois se refere a “qualquer indivíduo com quem tenhamos qualquer
tipo de contato”, seja físico, visual, auditivo e até mesmo mental, pois quando
pensamos em uma “alma” que se perde, devemos amá-la com a mesma intensidade que
Cristo nos amou. E se desenvolvemos este amor, logo banimos de nossa vida todas
as ações proibidas pela lei de Deus. Quem ama verdadeiramente ao seu próximo,
não mata, não adultera, não rouba, não cobiça e nem calunia seu irmão. Logo,
todo o decálogo dado por Deus á Moisés no Sinai, como um código moral, civil e
espiritual para a nação de Israel, é cumprido na integra pela prática do amor
(Êxodo 20:1-17).
Em I
Coríntios 13:7, Paulo nos ensina que o amor genuíno é infalível, pois é
construído sobre as bases da verdade e da justiça. Ele não é leviano, invejoso,
irritadiço, preconceituoso ou interesseiro, antes, tudo sofre, tudo crê, tudo
espera e tudo suporta. Em resumo, podemos dizer que o “amor verdadeiro” não usa
mascaras, ele é o que é. E sinceridade é o mínimo que Deus espera de nós em
todas as nossas relações. De nada adianta uma vida de religiosidade pragmática,
se as intenções de nosso coração não foram pautadas pelo amor. Esta é a lei
básica do Reino dos Céus, um dever que recai sobre cada cidadão cujo nome está
escrito no livro da vida. O amor é uma dívida que temos para com o nosso
próximo, cujo saldo só será quitado na eternidade (Romanos 13:8). A palavra
“devocional”, num contexto religioso, pode ser entendido como um período de
“tempo” que o indivíduo separa para se dedicar á Deus, seja através de orações,
leituras bíblicas, meditação, louvores ou ações sociais. Porém, se praticarmos
com inteireza os ensinamentos de Jesus, nossa própria vida se tornará um
devocional contínuo e permanente. E o que isto quer dizer?
O inglês
Smith Wigglesworth foi um dos maiores expoentes do pentecostalismo no século
XIX. Com uma vida dedicada a pregações fervorosas e ao exército dos dons de
cura, Smith se tornou uma referência de cristão comprometido com Deus e com o
próximo. Certa vez, ele foi questionado sobre o seu período devocional de
orações, e sua surpreendente resposta nos dá um vislumbre sobre o modelo de
vida ensinado por Jesus: - "Eu nunca oro mais do que cinco minutos, e
eu nunca fico mais do que dez minutos sem orar". A vida devocional
não se revela em nossos momentos de orações e cultos, mas sim nos períodos em
que estamos fora do “contexto” religioso. É durante suas atividades seculares
que o cristão se revela um cidadão do Reino dos Céus, pois embora seus pés
ainda estejam presos na terra, sua cabeça já ultrapassou os limites das nuvens.
Podemos concluir que a vida devocional consiste no fato de nossas ações na
terra, serão realizadas com as motivações do céu, todo tempo e o tempo todo.
Tudo que nos vem às mãos
deve honrar ao Senhor. O verbo “honrar” significa “distinguir, fazer
diferença”. E é isto o que Deus espera de nós! Muito mais do que dízimos e
ofertas, Ele espera que o honremos! A vontade de Deus é suprir as necessidades
materiais dos Seus filhos. Há diversas promessas na Bíblia que se referem a
isto (Salmo 23:1; Filipenses 4:19). Contudo, isto não acontece de forma
automática. Esta promessa é condicional, ou seja, não se cumpre por si só, mas
depende de cada um de nós para que possa ser concretizada. O texto bíblico
acima pode ser dividido em duas partes: o que nós devemos fazer e o que Deus
fará depois que fizermos a nossa parte. Essa promessa divina diz respeito à
provisão e prosperidade (não entenda como “riqueza”), e revela a vontade do
próprio Deus para Seus Filhos. “Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as
primícias de toda a tua renda: e se encherão os teus celeiros abundantemente, e
transbordarão de mosto os teus lagares. ” (Provérbios 3:9-10). Temos aqui uma
promessa de Deus que tem o seu “Sim” e o Seu “Amém” (II Coríntios 1:20). O
texto de Provérbios fala de Deus suprindo abundantemente o seu povo com a sua
provisão. Isto não se aplica somente a celeiros e lagares hoje, de forma
literal como no caso dos judeus daquela época, mas também devemos entender que
Deus está se referindo a uma provisão abundante. Contudo, muitos cristãos
sinceros não experimentam a provisão e a prosperidade. Isto tem ocorrido
justamente porque há uma dimensão de entendimento por trás dessa promessa que
ainda não foi alcançada pela maioria dos cristãos.
O conselho de Deus nos
dá por meio de Salomão é o de honrarmos ao Senhor com os nossos bens (Provérbios
10:22). O que está em questão aqui é a manifestação da honra, e não os bens em
si. O uso dos bens é só um meio de expressarmos essa honra. Deus não está
interessado em nossas ofertas, e sim na atitude que nos leva a entregarmos a
Ele as nossas ofertas. Um dos maiores exemplos disso está no que Deus pediu a
Abraão: o sacrifício de Isaque (Gêneses 22:1.-10). Na hora de imolar o filho, o
patriarca foi impedido de fazê-lo e o Senhor deixou claro que Ele só queria a
expressão da honra, e não o privar de seu filho. Vale a pena ressaltar que, ao
pedir justamente o que o patriarca Abraão mais amava, o Senhor estava lhe dando
uma oportunidade de honrá-Lo tremendamente.
Vemos o mesmo princípio
revelado de forma inversa, quando Ananias e Safira trouxeram uma oferta de alto
valor, mas com a motivação errada e recheada de mentira. O que aconteceu? Deus
se agradou? De forma alguma! Lemos em Atos 5:1-5 que o Senhor os julgou pelo
que fizeram. O Pai Celestial não queria o dinheiro deles, e sim uma atitude de
honra. O termo “honrar” significa “distinguir, fazer diferença”. Portanto, o
Eterno Senhor Deus deseja ser distinguido de todas as demais coisas em nossas
vidas, mesmo as que temos como mais preciosas.
Uma cerimônia de Coroação
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
O Salmo
126 retrata muito bem a realidade da semeadura e seus resultados futuros. Os
judeus haviam amargado sete décadas numa terra estrangeira, tudo porque fizeram
escolhas ruins no passado, plantando sementes de idolatria e desobediência, que
resultaram numa colheita amarga de muito choro e solidão. Mas se não temos a
opção de escolher os frutos da colheita atual, podemos optar por sementes
diferenciadas para a próxima estação, e nas terras do exílio, o povo do Senhor
pode vivenciar um avivamento espiritual forjado no fogo da dor. Ali, longes da
pátria mãe, os judeus reacenderam sua esperança na chegada do Messias e
voltaram a meditar nas escrituras como a muito tempo não faziam. Enquanto
comiam do fruto rançoso, plantavam sementes adocicadas, regadas com as próprias
lágrimas. A semeadura realizada sob a égide dos caldeus, foi colhida em
liberdade. Nos séculos seguintes, os judeus subiram os degraus do tempo
cantando a felicidade de voltar para casa, e como o Senhor restaurou a sorte de
Sião, transformando o pesadelo em um sonho muito bom e real. Os lábios que se
cerraram na Babilônia, agora cantavam hinos de louvor. O povo que outrora
serviu de escárnio das nações, agora era testemunha das grandes coisas que o
Senhor podia fazer. Vale a pena esperar no Senhor e confiar em sua fidelidade,
pois “os que semeiam em lágrimas, segarão com alegria”. Quem leva a preciosa
semente andando e chorando, voltará sem dúvidas com alegria, trazendo consigo
os seus frutos!
O profeta
Zacarias foi levantado por Deus como um conselheiro dos judeus após os anos de
exílio. A marca registrada deste mensageiro do Senhor foram as suas
maravilhosas “visões” espirituais, que quando interpretadas corretamente, ainda
revelam verdades gloriosas para cristãos de todos os tempos e lugares. Zacarias
foi contemporâneo de Ageu, e profetizou num período onde os líderes mais
expoentes da nação eram Esdras e Neemias, responsáveis por recolaram Israel num
caminho de retorno aos mandamentos de Deus. Parte importante destes princípios
era exatamente a generosidade para com a Casa do Senhor, através da entrega de
dízimos e ofertas alçadas para manutenção do santuário e sustento dos levitas.
Neste período, o sumo-sacerdote responsável pelos serviços do templo era Josué,
personagem recorrente nas visões de Zacarias, representando o próprio Cristo
que haveria de vir. Após uma série de oito visões miraculosas e interligadas,
Deus ordena ao profeta para descer até as casas de Heldai, Tobias, Jedaías e
Josias, todos recém repatriados, e ali pedir doações de ouro e prata. Com o
material doado, ele deveria confeccionar algumas coroas. Em seguida, a ordem do
Senhor era para que o profeta se dirigisse até o templo, onde então, uma após a
outra, deveria colocar cada coroa na cabeça de Josué (Zacarias 6:9-15).
Apesar da
discussão teológica em torno deste evento ser acalorada em algumas “rodas”, é
comum o entendimento da tipologia existente nesta passagem como sendo um simbolismo
para a coroação do próprio Cristo, já que o propósito relevado ao profeta é
exatamente estabelecer um memorial no templo do Senhor, o mesmo local onde o
menino Jesus seria apresentado quatro séculos depois (Lucas 2:27). Se a coroa
representa o poder, a honra e a autoridade que é outorgada a um Rei, aqui vale
ressaltar a origem da matéria prima utilizada em sua fabricação, ou seja, a
voluntariedade do povo em ofertar. Os judeus que retornaram do exílio tinham
poucos recursos. Naquele tempo havia apenas um animal para cada seis pessoas, o
que evidencia a limitação financeira daquela gente. O pouco que tinham foi
empregado na reconstrução de Jerusalém, com a edificação do tempo e a reforma
dos muros. Mesmo assim, quando o Senhor solicitou que as famílias contribuíssem
com ouro e prata para uma destinação aparentemente fútil, o povo não se omitiu
em ajudar.
Para ser
coroado, Josué precisou se ajoelhar, inclinando-se diante do profeta, que
honradamente depositou a coroa sobre sua cabeça. Ali, diante do sumo sacerdote,
Zacarias não estava sozinho, pois em suas mãos segurava o fruto da generosidade
dos judeus. Se analisarmos esta cena com os olhos espirituais, passaremos a
contribuir com muito mais amor e alegria. Imagine que agora, ao invés de Josué,
temos o próprio Cristo ressurreto. Todo poder lhe foi dado nos céus e na terra,
e Ele se tornou Senhor sobre tudo e todos. Diariamente, as miríades de anjos e
um número incontável de santos exaltam seu nome e reafirmam sua realeza. Diante
de tão grande devoção, Cristo levanta do trono e se inclina para ser coroado
por seu povo. A beleza deste mistério é que a coroa que reluz em sua
cabeça, repousando sobre seus cabelos brancos como neve, é feita aqui na terra,
usando uma matéria prima muito prezada na eternidade: a generosidade dos fiéis,
que jamais se negam a estender a sua mão para as necessidades do Reino de Deus.
Ofertar com alegria é coroar o Cristo mais uma vez.
Tudo para a glória de Deus
A primeira carta de
Paulo aos coríntios é certamente uma daquelas cartas que poderia se encaixar no
quesito “tarefa ingrata”, tamanha foi a repreensão que aquela igreja precisou
receber de Paulo (I Corintios 10:31). A obra não é nossa, por isso, nem a fama,
a glória ou o louvor devem ser para nós, mas sim para o Senhor da seara (Romanos
11:36). A nós, servos, deve bastar-nos a alegria e a bênção de sermos achados
fiéis para servir na mais gloriosa tarefa que há no mundo: pregar Cristo, o
Salvador do homem. Por que tanta celeuma, disputa e lutas no sentido de
querermos que o nosso trabalho seja mais vistoso, “mais espiritual”, mais
abrangente que o do nosso irmão? Deixemos essa tarefa de avaliação para o
Senhor, nosso Deus. A nós, compete-nos fazer o nosso melhor. Entregarmo-nos
totalmente nas mãos de Deus para que o nosso trabalho seja o melhor, o mais
excelente. Deus o avaliará e recompensará. Quantos, no final, não virão a
dizer: “Senhor, não tocamos para Ti? Não dançamos em Teu Nome? Não fizemos....
Mas o Justo Juiz dirá: “Não vos conheço... Não sei quem sois, porque o que
fizeste não foi para mim”.
Paulo apresentou a
maneira pela qual o novo homem deve viver: para a glória de Deus. Essa vida é
descrita como a vida a ser desenvolvida diariamente e o caminho para ela é o
caminho da consagração, da dedicação, da entrega da vida a Deus. É fácil na
hora do culto glorificar a Deus. Mas como fazer isso sempre? “Portanto, quer
comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”.
(I Coríntios 10:31). É a conscientização de que tudo que envolve a nossa vida
deve ser para adorar a Deus. Para isto é necessário um verdadeiro novo
nascimento (João 3:3). É certo que nós muitas vezes não gostamos de confrontar
as pessoas com a verdade e dizer a elas que estão vivendo de maneira
equivocada, mas era justamente essa a tarefa de Paulo. Vemos que o apóstolo
Paulo tem que até mesmo criticar severamente as reuniões da igreja e o momento
de tomarem a Ceia do Senhor: “Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo,
porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior”. (I Coríntios 11:17).
Atualmente, tem sido
dito que viver bem significa buscar o máximo de satisfação própria em todas as
áreas da vida, ainda que essa satisfação seja alcançada quebrando-se toda
espécie de moral ou amor ao próximo. A verdade é que o “amor” que domina o
mundo hoje é o amor a si próprio. As pessoas tornaram-se egoístas e vivem para
si mesmas. No entanto, muito ao contrário do que a sociedade atual tem
praticado, a Palavra de Deus nos ensina que o homem foi criado pelo Eterno, não
para que viesse buscando o seu próprio prazer, mas o prazer daquele que o
criou. A vida só passa a ter pleno significado quando damos conta desta
magnífica e gloriosa verdade (I Coríntios 10:31).
Existem grandes perdas
na ausência da observação desses fundamentos da vida. Viver intensamente e
abundantemente é viver tendo a compreensão de que o Eterno e Maravilhoso Senhor
Deus é o centro de tudo, e que tudo aquilo que nos vem às mãos para fazer tem
como principal objetivo adorar a Ele, pois tudo o que fizermos deve ser para a
Sua glória. É exatamente isso que deve tomar o coração e mente de todos aqueles
que se entregaram a Jesus Cristo, tendo-o como único referencial de vida
(Filipenses 4:8).
Conclusão
Centralizar nossa vida
em atitudes de adoração exige, portanto, vigilância constante para que em
nenhum momento nos desviemos deste exercício espiritual, pois, se porventura
nos tornarmos displicentes, isso acarretará em sérios prejuízos para nossa
vida.
Vivemos
para adorar. Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da
adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa
em um lugar secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos
redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão
grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender
ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 09 de
outubro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.
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