quinta-feira, 31 de julho de 2014

EBD: O cuidado com a família de um líder


Texto Áureo
Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.
I Timóteo 5:8

Verdade Aplicada
Cuidar da família é dever de todos. Sucesso algum será bem-vindo se não existe uma família para compartilhar.

Textos de Referência
I Timóteo 3:2-5 e Tito 1:6

Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?).
Alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.

O Líder e sua Família

Governar bem a própria casa é uma ordenança para qualquer pessoa que almeja o ministério, sem isso, não haverá enquadramento nem chances para liderar. É evidente que não existem famílias perfeitas, mas disciplina e educação fazem da vida exemplos a serem copiados. Observe o perfil de um líder descrito por Tito: “Alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam insubordinados”. Todo o princípio de liderança começa dentro do próprio lar, e é no seio de sua família que o ministro de Deus começa a realizar a grande obra que o Senhor cofiou em suas mãos.

Um dos maiores missionários da Bíblia foi um homem chamado Noé. Este patriarca viveu em um período de desmoralização social, moral e espiritual tão intensa, que Deus decidiu destruir a humanidade. Entretanto, uma chance de arrependimento seria dada ao homem, e assim, o velho Noé é escolhido como portador de uma mensagem de salvação. Durante 120 anos, enquanto trabalhava em sua famosa ARCA, ele anunciava para toda gente a destruição eminente e apontava sua construção como o único meio de sobrevivência. Numa análise superficial poderíamos dizer que Noé foi o pior pregador da história, pois seu “ministério” durou mais de um século e ninguém acreditou em sua pregação. Entretanto, quando Deus fechou a ARCA por fora, toda a FAMÍLIA de Noé estava dentro dela. Nenhum vizinho se salvou, nenhum compatriota creu, nenhum amigo lhe deu crédito... Mas Noé salvou toda a sua família, e pela fé de apenas oito pessoas, a humanidade não se extingui (Gênesis 6, 7 e 8)

Deus ao instituir a primeira família na terra, incumbiu Adão e Eva de direitos e também responsabilidades concernentes ao trato e bem estar da família. Assim, todo homem precisa priorizar em sua vida essa responsabilidade familiar, prezando e cultivando a ordem e a paz em sua casa. Para aqueles que desempenham algum tipo de liderança eclesiástica, esta responsabilidade fica ainda mais acentuada. 

Analisemos agora alguns cuidados que um líder deve ter em relação a sua família:

Cuidados que devem ser demonstrados

A primeira instituição implantada pelo criador na terra recém formada foi o casamento. Dele se origina a primeira organização da história: A Família. A sociedade nada mais é do que a junção destes núcleos familiares, que são a base de toda e qualquer comunidade. A IGREJA como uma organização, surge muito depois da família, sendo que uma não substitui a outra em seus aspectos mais pragmáticos, e também não se inverte a ordem das prioridades já estabelecidas. Tem sido comum no seio familiar observar o empenho por parte dos pais o zelo ministerial e as questões eclesiásticas na casa de Deus, porém esse mesmo apreço tem levado com que muitos de forma inconsciente negligenciem seu lar e suas responsabilidades familiares e paternas em detrimento da Igreja. Sendo assim mais prejudicial do que benéfico o auxílio prestado ao Senhor da obra. Pois a família está na prioridade em escalas de valores estabelecidos por Deus aos seus servos. 

A casa de Deus deve ser uma extensão da casa de um líder cristão. A sua vida doméstica deve ser tão inspiradora que o motivo dele estar exercendo sua liderança na igreja seja o exemplo de seu cuidado dispensado a sua própria família (I Timóteo 3:12). Não é difícil se esquecer de casa por estar comprometido com o ministério, e é exatamente aí que reside um grande perigo. Muitos líderes são reprovados nesse quesito, e, por esse motivo, muitos casamentos também se dissolvem. A ordem de prioridades é esta:

- Deus
- Família
- Trabalho e Igreja.

Observe que Deus começa e termina essa ordem, por isso não há o que temer. Quando saímos dessa sequência, os problemas certamente irão nos encontrar.

Cuidados Espirituais:

O primeiro lugar onde se deve liderar é em casa. Nenhum outro local servirá como o maior exemplo observado pelos filhos do que o lar, sendo positivos ou não, eles se espelham em quem está mais próximo e absorvem o máximo ao seu redor sendo algo bom ou ruins.  O marido deve exercer a prerrogativa de ser o pastor e sacerdote do seu lar (Efésios 5:23). É importante que cultivem o culto doméstico com afinco, desenvolvendo um clima agradável e sem cobranças domésticas nesse momento. Dependendo da idade dos filhos, é bom providenciar livros e Bíblia ilustrados para o momento devocional em família. As histórias devem ser contadas com criatividade dando, porém, sempre a entender a realidade delas, e não como contos. Os pais não devem apenas mandar seus filhos para escola dominical, e sim ir com eles (Provérbios 22:6). Às vezes, não caímos na real para ver que somos líderes de todos da igreja, menos de nossa família. Temos tempo para gabinete e aconselhamento, mas nos falta tempo para observar o que está rondando nossa casa ou se infiltrando em nossos lares. O culto doméstico é uma prática esquecida por muitos, todavia, sendo posto em uso, muitos problemas, e até mesmo, a visão dos filhos em relação aos pais mudaria.

Cuidados Afetivos:

Vivemos tempos onde ficamos distantes das pessoas mesmo quando estamos perto delas. O trabalho ocupa nossa mente e as preocupações da vida consomem nosso tempo. O mundo moderno facilita a comunicação a longa distância, porém tira das pessoas o diálogo “olho no olho”, e geralmente quando estamos em família, ainda guardamos reservas para outras atividades mentais, e nos dedicamos apenas parcialmente para esses momentos. A parcialidade tem causado muitas divisões nos lares, e isso vem crescendo de forma prejudicial à família. Mais precisamente ao quesito afetividade por parte dos cônjuges e filhos. O primeiro e maior presente que o líder cristão deve doar para os seus é ele mesmo. Foi isso que Deus nos fez, doou a si mesmo, Ele é “Deus conosco” (Mateus 1:23; João 1:14). O vocacionado ao ministério cristão deve ir além do superficial, deve desenvolver um relacionamento de alma profundo. Sua melhor maneira de dar carinho é dando atenção à esposa, passando tempo com ela. Quanto ao diálogo, deve o líder conversar mais que as coisas cotidianas e notícias; devem abrir seus corações, seus sentimentos, falar de suas ansiedades e sonhos. Declarar seu amor (Cantares 2:10). Quanto aos filhos, deve ouvir-lhes as histórias mesmo que isso lhe pareça penoso, mostrar real interesse com a forma de olhar e no tom de voz quando fala.

Cuidados Disciplinares:

O amor paterno deve ser demonstrado sempre pela disposição em corrigir os filhos, sem, contudo, irritá-los e desanimá-los (Colossenses 3:21). Na atualidade, muitos educadores escolares estão sofrendo com a falta de limites demonstrada pelas crianças nas escolas, isso porque os pais estão deixando seus filhos para que as escolas eduquem. A correção deve ser aplicada com amor desde cedo, enquanto a criança está em formação, nessa fase é comum que façam tolices. Mas é nessa época que ainda há esperança. Por isso, o ensino, admoestação, exortação, a presença e o amor se fazem necessários (Provérbios 19:18; 22:15). O filho é responsabilidade dos pais, e deles devem vir a educação, a disciplina e o respeito; e isso jamais deve ser terceirizado para a escola secular que não tem padrão e nem preceitos cristãos. Escola é local de alfabetização e Igreja local de ensino Bíblico e adoração a Deus. Amar é também disciplinar quando se fizer preciso, mostrar a realidade do mundo e alertar que na vida existem coisas para quais a resposta será não. Mesmo que a disciplina aplicada doa mais em você do que em seu filho, quando realizada com sabedoria e responsabilidade, este corretivo contribuirá no bem estar da personalidade do filho. O vocacionado em particular deve ter: “os filhos em sujeição, com toda modéstia” (I Timóteo 3:4). Corrigir os filhos é tão importante quanto alimentá-los, a correção traz recompensa no futuro: “Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma” (Provérbios 29:17). Essa recompensa também inclui livrar a alma do filho do inferno (Provérbios 23:13-14).

Recomendações para o Cônjuge de um Líder

Nos passos de um homem bom sempre estará uma boa mulher, e, é claro, em todo tempo ao seu lado (Salmo 128). A mulher é peça fundamental no ministério do marido, por isso, ela é uma dádiva de Deus para ajudá-lo. Ela deve de igual modo, estar consciente de sua responsabilidade nessa missão, pois, como esposa, é parte vital para o sucesso ministerial de seu marido. No cenário atual porém, onde cada vez mais mulheres assumem posição de destaque na hierarquia eclesiástica, muitos homens têm ficado com a posição de auxiliares ministeriais, mesmo que este tema ainda seja tabu em muitas igrejas. Obviamente, o homem jamais deve deixar de exercer a sua tríplice missão divina dentro do lar, sendo rei, profeta e sacerdote da sua casa, mas isto  não impede que muitas esposas galguem degraus elevados em sua igreja É preciso que haja companheirismo nesta empreitada, e ciência que este ministério (independentemente de quem o exerça), é construído em conjunto, afinal, marido e mulher se fundiram em uma só carne. 
Na primeira carta a Timóteo 3:11, existem três recomendações para o cônjuge de um líder, e sobre elas comentaremos a seguir:
Seja respeitável em tudo:

É preciso compreender que a esposa de um líder nem sempre exercerá liderança como ele numa organização (I Timóteo 2:13-15). Em outros casos, existem mulheres que trabalham em igrejas e são notoriamente mais influentes que seus maridos. Primeiro, porque a elas foi concedido o ministério; segundo, porque alguns maridos não possuem vocação ministerial ou ainda não se converteram. Mas há também líderes que têm esposas que somente os acompanha, porém, por se tratar de ser a esposa de um líder cristão, ela deve ser uma mulher respeitável, digna de consideração, venerável como a Bíblia diz: “a esposa respeite o marido” (Efésios 5:33), é dessa forma que ela alcançará respeitabilidade em seu lar e igreja. Respeitável significa: “que se dá ao respeito - não dada a falatórios”. A esposa prudente é o Senhor quem Dá, assim diz as Escrituras em Provérbios 19:14. Assim como convém ao marido o bom testemunho para com os de dentro e para com os de fora se faz necessário que a esposa seja de igual modo. Enfim, uma mulher deve ser respeitável em todas as suas relações, principalmente, em relação ao seu marido, e vice versa. É vergonhoso para o cônjuge ser constrangido por causa de falta de sabedoria e prudência por parte do outro. É louvável a unicidade de um casal a luz da Bíblia que andam e falam a mesma língua, que entenderam bem que agora ambos se tornaram uma só carne pra Glória de Deus (Gêneses 2:24).

Cuidado com o falar:

O termo utilizado pelo apóstolo neste aconselhamento é “maldizer”. Ora, maldizente é aquela pessoa que fala mal dos outros e que se ocupa em fazer fofocas (II Timóteo 3:13). A expressão grega usada por Paulo nesse texto é uma advertência para que as esposas não tenham esse adjetivo “me diabolous”, que pode ser traduzida por: “não caluniadoras”. Isto é, que não atribuam falsamente a alguém determinada coisa. Nesse caso, a vítima passa a ter sua imagem desfigurada e sua reputação comprometida até que se descubra a verdade, que mesmo após ser dita, não será suficiente para reparar os danos causados por uma semente tão maligna. E preciso muito cuidado, pois quando essa “fofoca” parte dos lábios da esposa de um líder, a liderança fica minada e prestes a desmoronar-se. Tiago diz em sua carta que a língua é um órgão incapaz de se domar, é mal incontida, carregada de veneno mortífero; e que da mesma boca procede à benção e maldição (Tiago 3:8-10). E esta língua flamejante não é exclusividade do sexo feminino como muitos erroneamente pensam, pois muitos homens tem se deixado dominar pela própria língua, causando grandes estragos com suas palavras, matando pessoas e ministérios.

Antes de abrir a boca para falar, precisamos realizar uma criteriosa analise, e sé deve ser dito em último caso.

O que vou dizer é verdade?
O que vou dizer será benéfico para alguém?
O que vou dizer precisa ser dito?

Desenvolva Temperança e Fidelidade:

Quando se fala de liderança, fala-se de um conjunto. Embora uma mulher não governe completamente com seu esposo, sua harmonia e compreensão para com o ministério de seu marido são imprescindíveis (Efésios 5:22). Uma pessoa pode amar a outra, mas isso não significa que irá acompanhar na mesma visão. Hoje muitos lares estão sofrendo por causa dessa indiferença, pessoas que se casaram com diferentes visões. Os membros de uma igreja não abraçam um líder solitário e mal resolvido sentimentalmente, afinal que espelho seria ele para as famílias? Mesmo tendo um chamado visível, esse será incompleto pela ausência de um cônjuge. Família é a credencial de um líder. Uma esposa egoísta ou imatura não terá muita paciência em esperar seu marido atender as pessoas depois do culto ou das sessões de aconselhamento. Uma mulher egoísta desejará o marido só para ela e não terá prazer de compartilhar as visitas, orações e responsabilidades dele. Uma mulher que não entende uma vocação ministerial não deve servir para futura esposa, pois ela será um estorvo no ministério do marido. A esposa de um líder deve estar disposta a suportar aquilo que chamamos de: “as dores do ministério”, e o mesmo serve aos maridos cujas esposas carregam o peso ministerial sobre seus ombros. Quem dera que essas análises fossem realizadas antes do casamento.

Cuidados com os Filhos

É dito que a “palavra” convence, o “exemplo” arrasta. Sempre o exemplo irá falar mais alto na vida dos filhos. Logo nosso lar é a fábrica onde o caráter de nossa prole  é produzido. Os pais devem ter o objetivo de reproduzir seu próprio comportamento em seus filhos, e garantir que isso seja bom (Gêneses 5:3). Quando Deus criou a humanidade, criou a sua imagem e semelhança, de modo a parecer e pensar como Ele, como também carregar suas características e suas qualidades e modo de agir (Gênesis 1:27). Do mesmo modo, os pais precisam seguir esses mesmos objetivos, semelhantemente, os filhos devem sentir Deus em seus corações. E, em seu cotidiano, responder ao chamado divino da mesma forma que seus pais. A autenticidade por parte dos familiares, principalmente por parte dos pais, logo será refletida no comportamento dos filhos. Neste ponto, é preciso o entendimento que todo excesso é maléfico, seja ele em qualquer área da vida, principalmente quando em se tratar de família. Não devemos implantar o extremismo dentro de nossas casas, muito menos atribuí-los aos filhos e ao nosso cônjuge. Família não se encaixa no modelo oito ou oitenta, pelo contrário, faz-se necessário temperança e sabedoria para conduzir os filhos e manter a paz entre os entes no lar. 

Filhos Disciplinados:

Criar filhos sem disciplinas, além de ser uma atitude insana, acarretará em problemas para o futuro. Governar a própria casa não é tarefa fácil. Se de fato desejamos um mundo melhor, devemos criar filhos melhores. Não é comum em nossos dias vermos famílias reunidas à mesa (Salmo 128.3). Os tempos são outros, os pais trabalham demais para o sustento da família, as mães auxiliam com seus ganhos, e, por isso, quem educa os filhos são as creches e as babás eletrônicas. O resultado é claro, filhos de personalidades mescladas e de difícil comportamento perante os pais. A Bíblia nos ordena ensinar os filhos “no” caminho, isso é tarefa dos pais, não das escolas ou creches. Ela nos diz que se não ensinarmos “no” caminho, eles se desviarão (Provérbio 22:6). Deus não nos deu filhos para que outros desempenhem nosso papel de pais. Um líder que enxerga a si mesmo como um pai, deve se sentir no dever de entesourar uma boa herança para seus filhos e netos (II Coríntios 12:14). A satisfação de todo o bom pai é ver seus filhos crescerem e prosperarem em tudo o que fazem. Esse pai se empenha e se esforça para que o filho seja desprendido, e, sem o uso da força, alcance sucesso no futuro, isso porque recebeu de seu pai o alicerce necessário para ir adiante. A disciplina, o respeito, a educação e os bons princípios são os legados mais importantes que um homem pode e deve deixar aos seus filhos.

Filhos Respeitosos:

Seguido da disciplina, deve vir o respeito, que deve ser manifesto mutuamente pelos membros da família, revelando ordem e as coisas peculiares à fé. Ora, temos nas Escrituras dois exemplos muito bons:

Exemplo Positivo: Os descendentes dos recabitas, filhos de Jonadabe que honravam a palavra do pai (Jeremias 35:1-10).

Exemplo Negativo: Este vem de Hofni e Finéias, filhos de Eli que não honravam a palavra do pai, e nem tampouco as coisas sagradas, por isso, eles sofreram severo juízo (I Samuel 2:12-16; 2:22-25).

Temos dois assuntos muito importantes aqui: honra e desonra. Um traz bênçãos e vida fértil, o outro traz punição e morte. Observemos nossa geração! Muitos filhos hoje não completam maior idade morrendo antes do tempo. E por quê? Desobediência ao pai e à mãe. O mandamento diz que respeito é vida, e desonra é morte antecipada Efésios 6:1-3)

Filhos Fiéis:

A versão da Bíblia ARC traduz melhor o texto de Tito 1:6, e o faz da seguinte maneira: “que tenha filhos fiéis”. Paulo era homem de visão extraordinária, de ideias amplas, mas sem meios termos. Os filhos deveriam ser fiéis à fé dos pais. Naqueles tempos, quando um chefe de família aceitava uma nova religião, todos da sua casa deveriam acompanhá-lo (Atos 16:31). Todavia, Paulo está impondo uma condição severa, que não era apenas aceitar a religiosidade do chefe da casa, mas que os outros pudessem ser testemunhas de que ali (no caso de Creta) eram filhos verdadeiros e fiéis nos negócios, nas obrigações sociais e na fé cristã. Tem sido uma tragédia a realidade dos filhos de muitos obreiros em todos os níveis, e principalmente, líderes do círculo de oração. De um lado, tem faltado disciplina aplicada aos filhos, de outro, há extremos exigidos aos filhos como uma postura adulta e impecável, por serem filhos do pastor. Por causa disso, muitos têm deixado a igreja no decorrer dos anos, e infelizmente, alguns destes, não acham mais o caminho de volta para o lar.

Sendo a casa de Deus uma extensão da casa de um líder cristão, sua vida doméstica deve ser inspiradora. Todavia, os pais devem evitar pôr um fardo pesado demais sobre os filhos. Assim eles devem também lutar com muita sabedoria por seus filhos evitando um legalismo intransigente e a possibilidade de afastamento da fé deles. As cobranças que pesam sobre a família e principalmente sobre os filhos do pastor é muito grande e até injusta muitas vezes. Por isso o líder junto com a sua esposa deverão ter um sério equilíbrio nessa questão.

Para conhecer com maior profundidade o perfil bíblico de um líder, participe neste domingo (03/08/2014), da Escola Bíblica Dominical.

Texto compilado das seguintes fontes:

Revista Jovens e Adultos nº 92  
Liderança Cristã Editora Betel

Blog da EBD
www.ebd316.com

Comentário Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Quarta Forte: Dois exércitos e dois homens

Dois exércitos inimigos estão frente a frente, separados apenas por um vale. O receio da derrota permeia nos dois acampamentos, e sem exceção, todos temem pela sua vida. Como vencer uma guerra tão acirrada?

O exército filisteu porém, tem uma arma secreta, e o nome dela é GOLIAS. Um gigante de quase três metros de altura, versado em artes de combatem e armado até os dentes. E com este trunfo nas mãos, eles propõem uma alternativa para definir o impassivo combate.

- Mandaremos um homem para o meio do vale, e vocês farão a mesma coisa. Aquele que vencer o duelo definirá o exército vencedor, e automaticamente, os aliados do derrotado, deverão se render ao inimigo.

Seria uma boa resolução, se Israel também tivesse um homem á altura do combate... Mas eles não tinham.

Por mais de um mês, o gigante desafia e zomba do exército israelita. Ele se diverte com a covardia dos soldados e com a inércia do rei Saul. A situação não melhora quando o único voluntário que se apresenta para o duelo é um menino franzino, que tem por ofício ser pastor de ovelha e nunca teve treinamento militar. Como não existe uma opção alternativa, Saul não tem escolhas a não ser aceitar ser representado pelo único homem valente do Reino, embora desacredite da possibilidade daquele camponês derrotar o grandioso guerreiro inimigo.

O que Israel e seu rei tinham esquecido, é que Deus sempre pelejou por aquela nação, dando lhes vitórias em situações muito mais complexas. E esse “menino” sabe que embora esteja em desvantagem, Deus estará com ele, e desta forma, o problema passa para o outro lado. E assim ele desce para o vale, certo que o Senhor dos Exércitos, lutará por ele...

Suas armas são um estilingue rústico, cinco pedras e muita fé. Sua motivação é honrar o nome de Deus, e sua confiança está embasada em grandes experiências pessoais com o Senhor...

“O Senhor é meu pastor e nada me faltará... Ele me faz descansar em meio as tormentas, e me conduz em segurança num corredor de inimigos.”

E assim o pequeno Davi caminha confiadamente em direção ao seu inimigo, certo que Deus entregará o gigante em suas mãos... E foi exatamente isso o que aconteceu... Uma pedra, um golpe, um gigante que cai, uma espada providencial e uma vitória inesperada pelos homens, porem já esperada no céu.

Dois exércitos... Dois homens... A vitória sempre será de que depender exclusivamente do Senhor!

E esta foi a mensagem que ouvimos nesta Quarta Forte (30/07/2014), através do Pregador Rafael Silva da cidade de Mogi Guaçu SP. E mais uma vez saímos da igreja com nossa fé renovada pela palavra e nosso coração jubiloso pelos louvores, que nesta noite foram entoados pelos cantores Jaime Abreu, Juscileine Alves e Talita Parísio.  E assim finalizamos mais um mês de vitórias na Quarta Forte, certos que agosto será ainda melhor.


Vídeo: O Inferno em Chamas

Originalmente produzido em 1974 e depois refilmado nesta produção mexicana de 1992 (distribuído no Brasil pela BV Filmes); “O Inferno em Chamas” é a história de um jovem que depois de um grave acidente fica entre a vida e a morte. Ao invés de seguir a luz, sua alma, cheia de maldade humana e o peso de suas más ações, é conduzida ao inferno. 

Nesta assustadora jornada ele encontra com todos aqueles que, em vida, lastimaram sua morte, e em sua lembrança aparecem todas as pessoas que ele maltratou, violentou, roubou e desprezou. Chegou o momento de ajustar as contas, onde ele sozinho terá que enfrentar as consequências dos atos de sua vida. Ele está às portas de uma viagem sem retorno para o inferno. 

Embora o vídeo não esteja em alta definição, vale a pena conferir este clássico do cinema gospel. E para os mais sensíveis vai nossa dica: assista ao filme com  as luzes acesas...



terça-feira, 29 de julho de 2014

Cumprindo Regras


Na noite desta terça feira (29/07/2014), obedecendo a escala pré estabelecida, a igreja de Estiva Gerbi cooperou em nossa Catedral Sede na cidade de Mogi Guaçu, e essa gente que que se alegra em obedecer, ouviu um maravilhoso ensinamento por parte de nosso presidente Pr. Gessé Plácido Ribeiro. Antes disso porém, nosso pastor regional, Pr. Wilson Gomes, conduziu o devocional da reunião, que ainda contou com a participação do Pr. Adriano Silva (Jardim Ludi) e Pr. Luiz Carlos Cândido (Jardim São José) em sua liturgia. Como participação musical, ainda louvaram a Deus nossos cantores locais, Miquéias Daniel e Gabrielle Abreu.

Baseado nos textos de Deuteronômio 28, Josué 1, Malaquias 3, Mateus 5,6, 7 e Hebreus 13, nosso presidente nos que ensinou que de nada adianta correr atrás de bênçãos, se antes não cumprirmos os mandamentos de Deus, pois onde não existe obediência, ordem e hierarquia, o caos governa, e nosso Deus não atua no meio do caos. Como cidadãos da Terra existem uma série de regras, normas e deveres, sob os quais devemos nos sujeitar, afim de sermos bem sucedidos em nossa vida social. Entretanto, também somos cidadãos do céu, um reino maior, mais abrangente e eteno; no qual também existem regras, normas e deveres, e é apenas nos submetendo a esses preceitos que teremos sucesso espiritual. Quem quer ser abençoado precisa seguir regras, e quem cumpre seus deveres como cristão, goza plenamente dos seus direitos como cidadão do céu, e como prometido nas sagradas escrituras, estas bênçãos chegam a delivery.


Tarde da Benção recebe Missª Jedalva Godinho

Missionária Jedalva Godinho
As tardes de terça feira são diferenciadas em Estiva Gerbi, e mais uma vez, Deus abençoou poderosamente a vida de todos que deixaram seus afazeres diários para comparecerem ao templo neste período de adoração. 

O louvor devocional foi realizado pelos cantores Jaime Abreu, Gabrielle Abreu e Lidiane Avile e ainda contou com a participação do pequeno Tiago Santana. O casal Marcio Leandro e Marilda Herrero ministraram e oraram com a congregação, tendo como um dos propósitos da intercessão, as igrejas que enfrentam perseguição ao redor do mundo.

A convidada especial da Tarde da Benção ne hoje (29/07/2014) foi a Missionária Jedalva Godinho (Mogi Guaçu SP), que baseada n texto de Tiago 5:7 nos trouxe uma palavra poderosa sobre a “Paciência”. - “Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem as chuvas de outono e da primavera”

Após a mensagem, a pedido da preletora, a igreja realizou um clamor pela sua vida, e o Pr. Wilson Gomes encerrou os trabalhos com uma palavra pastoral. Em seguida, como já é tradição, todos foram convidados a participarem de um delicioso café da tarde.


Testemunho: Um Novo Rumo (Cátia Caldeira)





A Paz do Senhor irmãos. Meu nome é Cátia de Souza Caldeira Moreira, e eu nasci em São Caetano do Sul –SP. Minha história começa numa infância simples, na qual eu crescia ao lado de meus pais e dos meus dois irmãos. Mas em um dia de páscoa, no ano de 1989, aconteceu uma tragédia que mudou completamente nossas vidas.

Naquele dia, meu pai e meu irmãozinho, de apenas nove anos resolveram aproveitar o feriado para pescar com alguns de nossos familiares, e no final do passeio, ignorando o perigo do lugar, meu irmãozinho resolveu entrar na água para nadar. Ele então foi pego por um redemoinho, e começa a se afogar. Ao ouvir os gritos desesperados de um dos meus primos, meu pai mergulha para salvar meu irmão, só que a força da água é tão grande, que naquele momento trágico, os dois perdem a vida. Minha família literalmente se dilacera... Minha mãe se acaba em tristeza, meu irmão mergulha no mundo das drogas; e eu fico completamente sem rumo, pois era muito apegada com meu pai.

Sem muitos recursos, tivemos que ir morar em um quartinho na casa da minha vó, ali, eu e minha mãe nos isolamos num cantinho, onde amedrontadas, dormíamos juntas. Minha mãe vivia desesperada, sem saber o que fazer da vida, pois além da dolorosa perca de um filho e do marido, agora se via as voltas com um drogado violento dentro de casa, que em suas crises, quebrava as poucas coisas que tínhamos. Eu sofria muito por achar que minha mãe não me amava, e preferia meu irmão; afinal, nunca recebi um abraço dela, e não tenho lembranças de ouvi-la me chamando de filha, mas hoje entendo que a criação que ela teve e as perdas que enfrentou, a transformaram em uma mulher amargurada. Aos trancos e barrancos nossa vida foi seguindo, até que num dia de 1998, minha mãe passou muito mal, e neste dia pela primeira vez, eu a ouvi me chamando de filha, porém nem fazia ideia que seria a primeira e única vez. Eu a levei ao médico, que após examina-la, nos mandou de volta para casa. A noite chegou e minha mãe ainda sentia fortes dores na região do coração. Lembro que estava muito quente, e mesmo assim, ela tremia de frio. Como era fumante, me pediu um cigarro, e eu a lembrei das palavras do médico que a proibira de fumar. Minha mãe virou-se para mim e me disse que aquele seria o último. E foi...

Ela era sempre a primeira a se levantar, mas na manhã seguinte, eu a vi dormindo de um jeito diferente, e quando fui acordá-la, ela não respondeu. Coloquei a mão sobre sua pele, e ela estava gelada... Minha mãe faleceu durante aquela noite e lembro de ouvir uma das minhas tias me dizendo que se eu não tivesse dormido, ela ainda estaria viva.  

Ali começava minha verdadeira angústia, onde eu sem rumo e sem saber o que fazer, já não conseguia ficar naquele quartinho. Conheci uma mulher que precisava de alguém para morar na casa dela e cuidar de seus filhos. Morei ali por cinco anos, tendo folgas apenas a cada quinze dias. As tias dessa senhora frequentavam a igreja, e muitas vezes, por não ter para onde ir, passava o final de semana na casa delas. Passei a ir na igreja com elas, e confesso que aceitei Jesus umas três vezes, sem nunca entender o que isso significava, e assim continuava fumando e bebendo Nesta minha dolorosa jornada, eu sofri muito, tanto que lendo a Bíblia, me identifico com a história de Jó, pelo fato desta patriarca ter perdido tudo o que tinha, e também com José, que viveu uma vida de muitas humilhações.

Embora eu estivesse sem um rumo na vida, sei que Deus sempre esteve atento aos meus passos. A família da minha mãe era evangélica, e exceto pelos meus pais, todos ali serviam a Deus, e creio que meus avós sempre oravam por mim. Quando quis voltar para a casa de minha avó, fui muito humilhada por uma tia que tinha alugado o quartinho em que eu morava antes. Ela me dizia que nada dali era meu, pois a minha mãe não havia deixado nenhum papel assinado que me desse algum direito. Assim, fiquei de casa em casa, num sofrimento que não tinha fim.  Resolvi então ir para Mogi Guaçu, pois minha tia Nancy naquela cidade. Passei a morar com ela, que era evangélica e frequentava a Assembleia de Deus do Jardim Novo I. Eu até ia na igreja com minhas primas Simone e Raquel, mas ainda saia para bagunçar, beber e fumar, e foi aí que Deus enviou um vaso para falar comigo. Jamais me esquecerei do dia que a irmã Marli chegou até mim, e contou detalhes de minha vida que somente eu sabia. Confesso que fiquei um pouco confusa, mas tomei a decisão de ir para a igreja de forma definitiva.

Então Deus começou a trabalhar em minha vida. Em três comecei a sentir vontade de me batizar, mas ainda fumava. Entretanto, na exata época do batismo, Deus me libertou completamente do vício do cigarro, e também fui batizada com o Espírito Santo. Pensei comigo que minha tristeza tinha acabado, mas ali, no lar onde morava, comecei a ser humilhada também, e mais uma vez, acabei muito machucada. Fui morar na casa de uma irmã da igreja, mas também não me sentia bem ali. Sou muito grata a Deus, pois neste tempo, ele colocou a família Reis no meu caminho. Fui morar na casa do saudoso Pr. Geraldo José dos Reis, e ali a irmã Maria me tratava como uma verdadeira filha, me ajudando em tudo que eu precisava. Infelizmente, mas uma vez me envolvi em uma briga e novamente acabei sendo desprezada, e mergulhei numa tristeza que só me fazia chorar, até mesmo quando eu estava indo para igreja, pois sabia que mesmo ali, eu seria humilhada.

Foi aí que eu realmente clamei ao Senhor com meu coração quebrantado e desabafei: Senhor eu não aguento mais, me arruma um cantinho que seja meu, para que eu possa ficar em paz.

Deus, lá dos altos céus ouviu esse clamor e me deu condições de pagar meu próprio aluguel. Era difícil, passava por provas, as lutas eram intensas, mas Deus sempre estava lá segurando em minha mão e me dando forças para prosseguir, e pude experimentar em minha vida as palavras de Jesus: “No mundo tereis aflições, mas eu venci e vocês vencerão também”. Assim, dia após dia, o Senhor ia cuidando de mim...

Me concedeu o meu cantinho, me deu condições de pagar o meu aluguel, me vestia e me dava o que comer. Deus também começou a me honrar na igreja, e passei a liderar o departamento de jovens da minha congregação. Senti então que estava na hora de casar, e com este desejo no meu coração, iniciei uma campanha na congregação do Ype Pinheiros, e “passei” para o Senhor, a discrição da pessoa que eu queria, e o primeiro item da minha lista era que fosse um servo do Senhor, mas um detalhe era crucial: tinha que ser um “negrão”!

Os irmãos davam risada, e diziam que de tanto pedir um negrão, eu ia me casar com um branquelo que nem poderia sair no sol, por que senão ficaria vermelho. Mas eu dizia a todos que Deus era fiel, e que ele ia me mandar o negrão dos meus sonhos. E como é bom esperar no Senhor, pois ele sempre tem o melhor para a gente, e mais uma vez Deus ouviu meu clamor, e ele me enviou o Ev. Carlos Alberto, um negrão risonho lindo e abençoado, temente ao Senhor, servo de Deus, que gosta de fazer a obra, que cuida de mim com todo carinho e que me ama de verdade. Deus nos uniu e nosso casamento foi moldado na presença do Senhor.

Não vou dizer que não temos luta ou que estamos imunes a provas e tribulações, porque temos enfrentado muitas delas. A diferença é que hoje eu sei que não estamos sozinhos e Jesus faz parte da nossa vida. Estou passando por um momento pessoal muito delicado, e não sei o que vai acontecer no amanhã... Mas sei que até aqui Deus nunca me desamparou e tenho certeza que jamais me desamparará, e que se este sonho que ainda não realizei estiver nos planos do Senhor, certamente em breve eu vou cantar o canto das vitórias...

Pode sim ser impossível para o homem, mas o meu Deus é o Deus do impossível e ele cuida daqueles que são seus.  Agradeço a Deus por ter dado um novo e maravilhoso rumo para minha vida. Glorifico e louvo ao seu nome, pois só ele é digno de todo louvor.

Glórias à Deus por tudo... Amém!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Por que devemos julgar as profecias?

Tratando-se de profetas, falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito. Como em todas as congregações dos santos. (I Coríntios 14:29)

Pra entendermos com maior propriedade está recomendação de Paulo, vamos relembrar um fato acontecido com o próprio apóstolo em Atos 21:8-14.

Paulo está cansado. O peso do ministério castiga duramente seus ombros. Nunca seus amigos foram tão necessários. Um deles, em especial, se torna parte vital da vida do apóstolo... Lucas, o médico amado, biógrafo e amigo pessoal de Paulo.

E é Lucas que registra passo a passo a desgastante “terceira” e última viagem missionária, que atravessou boa parte da Europa e da Ásia... Corínto, Éfeso, Macedônia, Grécia, Mitilene, Troglío, Mileto, Éfeso outra vez, Cós, Rode, Pátara, Fenícia, Chipre, Síria, Tiro, Ptolemaida... A festa de Pentecostes estava chegando, e Paulo quer estar em Jerusalém para as comemorações, mas ainda dá tempo de passar em Cesaréia e visitar Felipe, um velho amigo. Aquela casa era um “point” de profetas, pois as quatro filhas donzelas de Felipe profetizavam... O apóstolo fica por ali vários dias. Numa certa manhã, um profeta que vinha da Judéia, por nome Ágabo, se junta ao grupo de visitantes. Ele se dirige a Paulo, tira sua cinta, amarra pés e mãos do apóstolo e profetiza: - “Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.”.

Ao ouvir tal mensagem, Lucas intercede a Paulo que mude seus planos e não desça para Jerusalém, mas Paulo está irredutível e responde: - “Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”.

Sem mais argumentos para impedir a viagem, Lucas se conforma, colocando tudo nas mãos do Senhor

Esta mensagem de Ágabo nos dá uma perfeita compreensão do mecanismo de uma profecia.

Ágabo era um homem de Deus e sua mensagem era divinamente inspirada, tanto que Paulo, homem dotado de discernimento espiritual não o repreende e aceita suas palavras.

Agora analisemos esta profecia ponto a ponto.

“Assim ligarão (do grego “deo” – amarrar) os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta...”

Correto: Paulo foi preso em Jerusalém, pouco depois de sua chegada.
Incorreto: Não foram os Judeus que amarraram Paulo, mas sim os tribunos romanos (Atos 31:33).

“...e o entregarão (do grego “paradidome” – dar voluntariamente) nas mãos dos gentios.”

Correto: Após sua prisão, Paulo ficou sobre a custódia dos gentios (romanos).
Incorreto: Os judeus não “entregaram” Paulo aos romanos, pelo contrário, tentaram matá-lo, e foi exatamente a intervenção providencial dos tribunos e dos centuriões romanos que salvou a vida do apóstolo de um linchamento popular (Atos 21:31-32).

Temos, portanto neste caso, uma mensagem correta, com alguns pontos interpretados incorretamente pelo profeta.

O que é uma profecia?

Não entraremos aqui no mérito da palavra profética ou do louvor profético, também não falaremos da profecia como ministério. Abordaremos apenas a profecia como um DOM ESPIRITUAL e neste contexto a ela é a habilidade sobrenatural de se transmitir uma mensagem de Deus através da inspiração direta do Espírito Santo (I Pedro 1:21). Por ser uma manifestação espiritual da parte de Deus, o DOM de PROFECIA está disponível a todo cristão que é cheio do Espírito Santo, e Paulo nos aconselha a buscar com zelo este DOM (I Coríntios 14:1).

O que é um profeta?

No contexto do DOM DE PROFECIA, profeta é o indivíduo que recebeu do Espírito Santo a capacidade de entender uma mensagem enviada por Deus e transmiti-la aos demais em uma língua compreensível a todos. O profeta é um intérprete, e não um boneco de ventríloquo que apenas empresta sua boca para outro falar. No momento em que estiver profetizando, o profeta “não” estará em “transe” ou “êxtase”, pelo contrário, estará em plenas faculdades mentais, usando seu próprio vocabulário, construindo cada frase, ditando o ritmo da mensagem e tendo completo controle carnal sobre a ação espiritual (I Coríntios 14:32).

Qual a utilidade da Profecia?

Ao contrário do que muita gente pensa, uma profecia não é prioritariamente um presságio, que visa apenas predizer o futuro e trazer revelações escatológicas (embora isso possa ocorrer), mas sim proclamar a congregação a vontade de Deus. A mensagem de uma profecia pode revelar a condição do coração de uma pessoa, prover edificação, exortação, advertência, proclamar juízo, bem como levar o povo a retidão e a fidelidade (Coríntios 14:3).

Quando profetizar?

Apenas quando receber uma mensagem. No contexto neo-testamentario, não há referências de uma igreja buscando orientação com profetas, pois este tipo de ensino passou a ser obtido dos líderes eclesiásticos. A mensagem profética só ocorria na igreja por iniciativa divina, quando o Espírito acionava o profeta para tal, e assim se procede até os dias de hoje. Pode sim ocorrer de vários profetas receberem a inspiração em um curto período de tempo, mas Paulo ensinou a igreja em Corinto que profetizassem um de cada vez, a fim de se obter uma melhor compreensão de cada mensagem (I Coríntios 14:31-33).

Uma profecia pode estar errada?

Sim. Não falaremos aqui sobre falsas profecias, pois tais devem ser imediatamente censuradas por aqueles que possuam o DOM de DISCERNIMENTO de ESPÍRITOS, mas sim sobre profecias divinamente inspiradas que apresentam erros em sua interpretação, como por exemplo, a de Ágabo em relação a prisão de Paulo.

Ao se interpretar uma mensagem, seja codificada, ou em outro idioma, sempre haverá divergências entres os intérpretes.

Para melhor ilustrarmos isso, usaremos o seguinte exemplo:

Este é o refrão (em sua língua original) da canção Power of Your Love, que ficou muito popular no Brasil, devido às várias versões que recebeu em terras tupiniquin:

Hold me close / Let Your love surround me / Bring me near / Draw me to Your side / And as I wait / I'll rise up like the eagle / And I will soar with You / Your Spirit leads me on / In the power of Your love.

Numa de suas traduções mais conhecidas em língua portuguesa, a canção ficou da seguinte forma:

Junto a ti / Teu amor me envolve / Atrai-me / Pra a teu lado estar / Espero em ti / E subo como águia / Nas asas do espírito/ Contigo voarei / No poder do teu amor.

Veja agora como a mesma canção fica com uma tradução literal feita por um programa de computador.

Segure-me perto / Deixe seu amor me cercar / Traga me perto / Desenha me ao seu lado / E como eu espero / Eu vou levantar-me como águia / Eu vou subir com você / Teu Espírito me leva /  No poder do seu amor.                                                                                                            
Agora veja a mesma letra em uma versão mais “polida”.

Cobre-me /  Com teu amor me envolve / Toma- me  /  Perto quero estar /  E por esperar /  Novas forças eu terei /  E me levantarei /  Como águia voarei / Pelo poder desse amor.  
                                                                                                                        
Perceba que uma mesma mensagem, embora mantendo sua essência,  pode ser interpretada e traduzida de formas distintas. E exatamente o que acontece com uma profecia. Ágabo traduziu corretamente a essência da mensagem: A prisão de Paulo em Jerusalém; mas tropeçou nos detalhes trocando “romanos” por “judeus” e “quase te matarão” por “te entregarão”.

Um outro erro comum é o uso incorreto de determinada palavra ou expressão dentro de um contexto específico. Por exemplo, se um profeta receber uma mensagem de Deus em que a palavra central seja “PENA”, todo o contexto precisa ser bem interpretado, considerando que na língua portuguesa “PENA” possui muitos significados, tais como:

“Senti pena do pobre coitado” (pena = compaixão)
“Pegou a pena para assinar a carta” (pena = caneta)
“Que bela pena de Faisão há em seu chapéu” (pena = relativo a pássaros)
“Acho que a pena aplicada foi muito rigorosa” (pena = punição)

Digamos que o cerne  da mensagem divina recebida seja sobre a entrega de uma “pena” nas mãos de alguém. Veja que sem um contexto bem definido o profeta poderia utilizar o conceito “pena” de várias e distintas maneiras. Mas qual seria a correta?

“Deus colocará uma pessoa necessitada em sua vida” (“Pena” como “Compaixão”)

“Em breve você assinará aqueles documentos...” (“Pena” como “Caneta”)

“Sua vitória está chegando... Você ainda voará como um pássaro...” (“Pena” com relação a “Pássaros”)

“Deus castigará seus inimigos” (“Pena” como “Sentença”)

Por isto a responsabilidade de quem profetiza é muito grande, e o profeta deve ser cauteloso ao interpretar a mensagem de Deus, tomando cuidado para não colocar palavras fora de contexto, ou “enfeitar o pavão” inserindo por conta própria datas, lugares e situações para a realização das mesmas. Por estas razões o profeta deve buscar com muito afinco DONS como a PALAVRA DA SABEDORIA e a PALAVRA DO CONHECIMENTO, bem como o DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS e INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS, pois todos estes dons agindo em conjunto, ajudaram numa transmissão clara e perfeita da mensagem de Deus à congregação.

Como reagir a uma profecia?

Exatamente por estes possíveis desvios interpretativos, a igreja não deve ter como infalível todas as profecias. Por isso Paulo aconselha que enquanto alguém profetiza, os demais devem julgar esta profecia (I Coríntios 14:29). Este julgamento deve considerar os seguintes pontos:

- É autêntica?
-Seu conteúdo é coeso (não causa confusão)?
-Se enquadra na Palavra de Deus?
-Contribui para a santificação e edificação de quem ouve?
- É transmitida por alguém cheio do Espírito Santo?

Lembre-se sempre que todo homem (mesmo o mais usado pelo Espírito) está sujeito a cometer erros, mas DEUS não erra.

Se o Senhor te fez promessas através de uma profecia e o profeta te mandou marcar no calendário “o dia da vitória” e a data passou em branco na sua vida, esqueça da agenda estabelecida pelo profeta e foque-se apenas na promessa, pois quem a fez é fiel para cumprir, mas ele apenas a cumprirá em seu tempo perfeito, e não no tempo estabelecido pela “empolgação” do homem. 

Pb. Miquéias Daniel Gomes