quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Vídeo Comemorativo - Aniversariantes de Dezembro 2015



Desejamos aos aniversariantes de dezembro toda a sorte de bênçãos. Muita paz, saúde e felicidade. Que Deus ilumine seus caminhos e lhes esforce as mãos em toda boa obra. Parabéns!

Ensina-nos a contar os nossos dias, para que o nosso coração alcance sabedoria.

(Salmos 90:12)




EBD - O cristão e a família do século XXI



Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 98 - Editora Betel
Casamento e Família - Lição 01
Comentarista: Pr. Valdir Alves de Oliveira

Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes


Texto Áureo
Isaías 44:3
Porque derramarei água sobre o sedento, e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha Bênção, sobre os teus descendentes.

Verdade Aplicada
A família é um fenômeno social presente em todas as sociedades. Sem família não existe sociedade.

Textos de Referência
Deuteronômio 6:4-9

Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus olhos.
E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.


A família no Século XXI
(Cometário Adicional)

O núcleo familiar especificado nas escrituras é formado por pai, mãe e filhos. A própria biologia humana aponta para este modelo específico de família, já que a procriação só acontece na soma “macho / fêmea”, formula que embora já possa ser manipulada pela ciência hodierna, não pode ser substituída.  Ainda no Jardim do Éden, o primeiro casal recebeu do criador a incumbência de povoar a terra (Gêneses 1:28). Adão, porém, compreendeu que antes de “multiplicar” era necessário “somar”, e assim que se desposou de Eva, estabeleceu que o homem deve deixar a casa de seus pais, unir-se a uma única mulher, e tornar-se uma só carne com ela (Gêneses 2:23-24). Quando paramentado nos princípios divinos, este “cordão de três dobras” oriundo da comunhão de um marido, sua esposa e o próprio Deus, é um alicerce sólido e inquebrável para a construção de uma família, que se perpetra nos filhos, herança do Senhor. Por longos milênios esta tradição tem se mantido, sendo responsável pela sobrevivência e evolução da espécie humana no planeta. Afinal, sem famílias solidificadas, nenhuma civilização subsiste. Este sistema norteia a moral judaico-cristã por inúmeras gerações, sendo ensinado pelos patriarcas (Provérbios 5:18), ratificado pelo próprio Cristo (Marcos 10:6-8) e instruído pelos apóstolos (Efésios 5:31). Estes valores milenares se mantiveram impávidos ao longo de toda a história, apesar de inúmeras tentativas para compor “famílias” fora destes princípios, e que sempre resultaram em efeitos colaterais de grandes proporções. O eterno conflito entre palestinos e judeus que se iniciou no relacionamento de Abraão com sua serva Hagar, os graves desvios de caráter nos filhos de Jacó oriundos de uma família multifacetada e a guerra civil gerada nos haréns do rei Davi, são apenas alguns exemplos cabais de catástrofes pessoas e seculares resultantes dos “atalhos” criados pelos homens em seus relacionamentos aquém do estabelecido no Éden.

Mas eis que o Século XXI chega com muita força, contestando valores antes inquestionáveis. Uma nova ideologia social que renega a Bíblia e relega as crenças cristãs ao limbo de um arcaísmo retrogrado. Conceitos como a homo-afetividade, (que de forma pontual sempre permearam a história) agora emergem em escala global, ganhando força midiática ao lado de novíssimos elementos sociais, tais como “identidade de gênero” e “multiplicidade de formações familiares”. No mundo moderno, a “FAMILIA” nos moldes bíblicos se tornou uma instituição ultrapassada e que está fadada ao ostracismo.  Se amparando nos direitos assegurados a cada cidadão brasileiro pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil - Lei 10.406/02 (onde é assegurada a dignificação da pessoa humana, resguardando os direitos sociais e individuais de cada), tem se acentuado o debate entre políticos, educadores, filósofos e juristas para que haja maior tolerância para os mais diversificados vínculos familiares. Só no Brasil, já são considerados pelo menos 10 possíveis modelos de família:

Matrimonial – família constituída a partir de uma união conjugal oficializada entre homem e mulher

União Estável – família constituída a partir de uma união duradoura não oficializada entre homem e mulher.

Concubinato – família constituída a partir de uma união entre homem e mulher para a qual não está autorizada oficialização.

Homoafetiva – família constituída a partir da união de duas pessoas do mesmo sexo.

Monoparental – famílias onde apenas um dos pais se mantem atuante junto aos filhos.

Pluriparental – família formada a partir da união de pessoas que já tenham filhos (famílias agregadas)

Anaparental – família formada fora do modelo tradicional, onde pessoas convivem juntas formando sociedades.

Eudomonista – união de pessoas com objetivos em comum, mas que não desejam encaixe nas relações familiares

União Livre – união de pessoas (hétero ou homossexuais) que buscam relacionamento sem incidências de obrigações

Uniões Plúrimas – pratica de união múltipla sob o mesmo teto

A questão da “Multiplicidade de Formações Familiares” traz em seu bojo uma série de armadilhas, prontas para minar o modelo familiar bíblico. Por exemplo, no Congresso Nacional Brasileiro, está hibernando o Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que em seu novo texto insere a questão da “IDEOLOGIA DE GÊNERO”, ou a ideia de que ninguém nasce macho ou fêmea, é que tal descoberta se dará durante as primeiras fases da vida. Uma “Proposta de Emenda Constitucional” elaborada por uma comissão da OAB (ordem dos advogados do Brasil), veladamente recomenda ao Superior Tribunal Federal uma verdadeira ditadura de minorias em prol dos grupos LGBT. O Estatuto da Diversidade Sexual, propõem 132 alterações em dispositivos legais que protegem o modelo tradicional familiar. Somando todos os tramites nos legislativos, a Bancada Evangélica calcula que existam quase 900 projetos de lei que se aprovados, seriam poderosos golpes contra a família cristã. A Igreja de Cristo deve ser a salvaguarda da sociedade diante destes ataques maléficos, e a melhor forma de estar pronto para este inevitável confrontamentos moral e estar embasada na Palavra de Deus, regra inquestionável de fé e parâmetro para uma vida de santidade.


Família, criação de Deus

O século XXI traz o desafio de um mandamento cultural na contramão do que foi vivido nos séculos passados. É preciso estar alicerçado em Deus não somente para compreender esse tempo, mas para viver sob a égide divina (Colossenses 2:8). A família sempre foi o alvo principal das forças do mal. A Igreja está atenta a esses ataques, pois os tais não somente desestruturam a fé cristã, como também desintegram a sociedade de modo geral. A família é um tesouro e como tal, deve ser guardada e preservada (Mateus 6:21). Segundo a Declaração Nacional dos Direitos Humanos, a família é o elemento natural, universal e fundamental da sociedade. Sem família não há sociedade. A degradação da sociedade acontece por causa da deterioração da família. A Igreja é uma família composta por famílias. Se uma família estiver edificada, a Igreja também estará. Todavia, se a família for destruída, a Igreja também será. É nosso dever cuidar das famílias. Se a sociedade se dissolve, o problema está na ausência de famílias solidificadas em Cristo. As famílias são o alicerce da sociedade e que família sem princípios resulta também numa sociedade sem princípios. Quando os valores divinos predominam em uma casa o destino de seus membros se distinguem dos demais da sociedade. Uma casa alicerçada em Deus não cairá ao ruído dos ventos enigmáticos dos falsos ensinamentos e não irá se misturar com o todo do mundanismo. Os valores cristãos são morais e espirituais; eles conduzem a família cristã não somente ao topo da comunhão com Deus, mas a uma vida de paz e sucesso (Lucas 6:47-49).

Deus não uniu o homem e a mulher somente para que um suprisse as necessidades e carências do outro. Seu projeto vai além de companheirismo e procriação. Deus sempre quis ser conhecido através das famílias. Adão foi o modelo original, feito à imagem e semelhança de Deus. Isto significa que toda a humanidade descendente de Adão portaria consigo a mesma essência divina (Gêneses 1:26). Desse modo, os atributos e a grandeza de Deus surgiriam naturalmente através dos filhos gerados pelo primeiro casal. A grande comissão sempre foi um projeto do Éden (Mateus 28:18-20). O plano do inimigo é sempre sabotar essa essência, como no Éden, e assim fazer com que a humanidade seja apartada de Deus, gerando filhos assassinos, violentos e cheios de promiscuidade (João 10:10). Quando as famílias se formaram segundo a vontade de Deus, elas se tornam fortes, sadias e felizes. A presença de Deus em um lar não somente eleva os membros da casa a uma vida repleta de valores, mas influi com esses mesmos valores na sociedade, contribuindo tanto para seu bem-estar quanto para a propagação do conhecimento de Deus. Assim, uma família estruturada é uma Igreja ambulante, que prega sem esboçar palavras. É como o sal que, por onde passa, transforma o sabor (Mateus 5:13).

A sociedade atual vive uma mutação em comparação com a família dos séculos passados. A autoridade patriarcal e a divisão de papéis ganharam novos significados nesse século. Em geral, a mulher do século XXI é uma mulher independente, que gera seus próprios recursos e que, ao lado de seu esposo, soma na renda familiar. Ela já administra empresas, leciona em faculdades, lidera, pilota aviões e preside nações. Durante muito tempo, a mulher viveu estigmatizada, censurada e vista pela sociedade somente como uma ajudadora e procriadora. Esse projeto igualitário traz a compreensão de ajuda mútua (Eclesiastes 4:9-10). Por outro lado, os filhos têm sofrido com a ausência dos pais. Com a nova sociedade, houve uma associação na liderança familiar, onde o marido também contribui no cuidado dos filhos e nos afazeres domésticos. Por outro lado, os filhos do casal moderno sofrem pela ausência dos pais que, consumidos pelo trabalho, fracassam na paternidade sobre os filhos. Eles precisam manter a renda e, enquanto lutam pela sobrevivência, fracassam como pais. Os estudiosos chegaram a afirmar que todo o caos do mundo se centraliza na ausência de pais na sociedade. Ser pai não é um título, é uma função (João 5:26).


Família, um ambiente espiritual
(Comentário Adicional)

Pelo padrão bíblico, o núcleo de uma família é essencialmente formado por pai, mãe e filhos. Nesta equação, cabe ao homem o papel de “cabeça da casa”, exercendo liderança social e espiritual junto aos seus (Efésios 5:23 / I Coríntios 11:9). Sob ele recai uma tríplice função, que em via de regra, não pode ser rejeitada, postergada ou abandonada: rei, profeta e sacerdote. Este ministério tridimensional engloba todas as atribuições designadas pelo criador ainda no jardim do Éden, bem como os encargos espirituais decorrentes de sua autoridade paternal (Gêneses 1:27-29; 2:15-25, 3:17-20). Como “rei”, ele deve dominar com austeridade sobre sua casa, fazendo desta liderança o seu parâmetro para qualquer outra atividade secular que venha desenvolver (I Timóteo 3:4). Cabe ao homem arcar com sustento de seu lar, provendo alimento, moradia e vestuário, bem como alicerçar sua casa em princípios morais e estabelecer pilares emocionais em sua família. Como “profeta”, cabe ao pai ser um porta-voz de Deus para sua prole, ensinando os preceitos divinos e zelando pela Lei do Senhor. Neste aspecto, ele “literalmente” traz Deus para dentro de sua casa, tanto por meio de suas palavras (ensinamentos), quanto por suas ações (exemplos). Já no ofício sacerdotal ele faz o caminho inverso, levando sua família até Deus por meio de orações, súplicas e consagrações diárias.

A mulher por sua vez e a genitora da vida, portadora da semente divina. Desde os primeiros dias de gestação, a ligação com o feto, ou melhor, a sintonia com seu filho já é espetacular. Ainda ali, já aflora um amor que supera a tudo e a todos. Não importa o frio, a fome, o sono ou a dor, a mãe está integralmente presente, protegendo, acalentando e abençoando aquele ser indefeso, que ela defende com unhas e dentes. Esse amor só faz aumentar, nunca cessa e jamais lhes será tirado. Mas não para por aí... Quando analisamos o texto de Provérbios 31, nos deparamos como uma série de virtudes inerentes ao “ministério da edificação”, que no âmbito familiar, deve ser exercido pela mulher com plenitude de sabedoria. Obviamente, na conjuntura social em que vivemos, as funções exclusivistas destinadas a “pais” e “mães” estão intrinsecamente miscigenadas, sendo compartilhadas de forma profícua para a sustentabilidade da família. Este compartilhamento de responsabilidades, porém, não altera os valores espirituais dos ministérios familiares que devem ser preservados com zelo e honestidade, pois Deus jamais pedirá a “Sara” um sacrifício que cabe somente a “Abraão” e vice-versa. A beleza reside exatamente no complemento perfeito que reside na união de forças, fator de equilíbrio na balança da vida.  Pais fortes, filhos fortes. Pais vacilantes, filhos fracos e sem determinação. Alguém já disse certa vez que o lar é a oficina aonde os filhos são construídos. Lares abençoados fabricam filhos abençoados.

Muitos pais colhem lágrimas amargas porque não plantam para o futuro. Querem honrar cargos, buscam reverência instantânea e esquecem que estamos semeando para a posteridade. Questionamos publicamente a Deus pelo que não recebemos e com isso matamos a fé de nossos filhos, pois veem seus pais como figuras murmuradoras e críticas que estão estacionados na fé, decepcionadas com Deus, com a igreja e com os irmãos. Seguindo esse exemplo deturpado, eles têm seu caráter moldado num clima de frieza espiritual.  E se ao invés de murmuração e palavras ofensivas, nossos filhos ouvissem orações de agradecimentos? E se ao invés de picuinhas e falatórios eles nos vissem lendo a Bíblia, falando em línguas com lágrimas nos olhos e sendo gratos pelo que temos. Provérbios 22:6 diz que nossos filhos se lembraram do caminho em decorrência do ensinamento ministrado pelos pais. Então a questão de grande relevância é: O que temos ensinado? Nosso lar é o agente formador do caráter e da estrutura espiritual de nossos filhos.


A família e os desafios

Prevenção é a única maneira pela qual evitamos o mal. A vida cristã não é fácil e é ainda mais complicada porque lutamos contra o que não vemos. Nossos inimigos são invisíveis e atuam nas áreas de nossas vidas que não estão alicerçadas (Efésios 6:12). Jesus disse que, antes de construir, devemos fazer cálculos da construção, para que, pondo os alicerces, não deixemos a obra sem terminar e sejamos escarnecidos (Lucas 14:28-30). Nosso século é o século dos casamentos precoces, onde meninas se tornam mães antes da maioridade e os jovens casais vão morar com os pais por falta de planejamento. Temos uma sociedade recheada de casais imaturos e o resultado dessa ausência de planejamento é um número sem fim de mães solteiras e filhos em pais. Estes, por falta de alicerces familiares, repetem os mesmos erros de seus pais em seus relacionamentos e, assim, a sociedade vai se transformando em um campo de batalha por causa da ausência dos padrões divinos estabelecidos para o matrimônio (Efésios 5:31). Contrair um matrimônio sem antes conhecer os padrões estabelecidos por Deus é como entrar numa guerra sem o auxílio de armas. Não se casa somente por amor ou porque se tem fé, é preciso planejamento. É por esse motivo que muitos casamentos não subsistem (Amós 3:3).

A ausência de diálogo entre pais e filhos é um dos grandes males deste século e o grande vilão é a falta de tempo. As responsabilidades do lar são parte integrante da vida do casal e isto inclui a tarefa de instruir os filhos. Infelizmente, em muitos lares, os filhos são instruídos pela TV, internet, entre outros. É dever dos pais ensinar (Provérbios 22:6). Deus ordenou aos pais que instruíssem seus filhos, que dialogassem com eles acerca da Lei (Deuteronômio 6:6-7). A semente do diálogo deve ser plantada já na infância. Pais e filhos precisam ser amigos e confiar um no outro. Quando Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30), nos revelou a grandeza do relacionamento entre pais e filhos. Sempre foi comum à mãe cuidar do aspecto emocional dos filhos, isso porque o pai sempre esteve ausente, cuidando em prover as necessidades do lar. Por isso, a relação mãe e criança sempre foram mais intensas. Todavia, com as transformações econômicas, sociais e de costumes, hoje o pai participa de maneira mais efetiva na formação da personalidade dos filhos e isso sempre foi padrão divino (Provérbios 22:6). 

Nosso maior exemplo de filho é Jesus Cristo. Ele nos ensinou como um filho se relaciona com um pai, como respeita seu legado e como deve honrá-lo (Efésios 6:2-3). Por não terem aprendido a se relacionar com seus pais e nem tampouco a respeitá-los, há muitos filhos maldizentes em nossa sociedade, que apenas pensam em si mesmos e não correspondem ao sacrifício feito por seus pais. Quanto aos pais, estes também devem honrar seus filhos, serem presentes sem suas vidas, dar-lhes amor, amizade e atenção. Enquanto os filhos devem aprender a honrar seus pais, os pais devem funcionar como pais, não somente dando ordens, mas sendo amigos íntimos e exemplos de vida para eles. A honra aos pais é um mandamento. A ausência de honra redunda em infelicidade e vida curta. Quando olhamos para a sociedade na qual vivemos, observamos que os jovens estão sofrendo. Muitos estão sem perspectiva do futuro, tornaram-se delinquentes, mães solteiras. Tudo porque desejaram ser insubordinados e sem afetos por seus pais (Efésios 6:2-3). A vida está ligada à honra e honrar é reconhecer aquilo que a pessoa é por si mesma, ou que por mérito conquistou (Romanos 12:10; 13:7).


A família e a Igreja

A relação família e Igreja é fundamental para a existência de ambas. Enquanto os ditames do mundo bombardeiam as famílias moral e espiritualmente, a Igreja é a única instituição onde a família cristã pode refugiar-se e sobreviver aos ataques do maligno (Mateus 16:18b). Deus nos ensinou que só existe uma coisa que conduz Seu povo à perdição: a falta de conhecimento (Oseias 4:6). A Escola Bíblica Dominical é uma porta aberta para o ensino cristão. É um instrumento de crescimento espiritual para as famílias. Tanto a família quanto a EBD possuem o mesmo alvo: formar cristãos maduros e produtivos, que honram a Deus e o servem. Assim como os pais tem como obrigação instruir seus filhos no caminho do Senhor, a EBD age da mesma maneira com os filhos espirituais da Igreja. O privilégio de fazer parte da Escola Bíblica Dominical (EBD). Diga para eles que a cada trimestre temos uma oportunidade única de estudar a Palavra de Deus, aplicando-a a vida pessoal e com uma mensagem adequada a cada faixa etária. A Escola Dominical é um instrumento de crescimento espiritual para toda a família. Nela, nossos filhos são corroborados em princípios cristãos e instruídos em caráter. e comprometidos a  estudarem a Bíblia. Nosso prazer em meditar na Lei do Senhor de dia e de noite nos torna bem-aventurados (Salmo 1:2). Todos os dias o nosso Eterno Deus se revela de modo mais intenso (Oseias 6:3).

Quando um lar cristão abre as portas para a Palavra, abre tanto para a felicidade quanto para a felicidade quanto para o êxito. Cultuara Deus no lar nada mais é que cumprir uma ordenança divina (Deuteronômio 6:6-9; Provérbios 1:7-9; 6.20). Quando nos esforçamos em conduzir nossos filhos e família a um relacionamento pessoal com Deus através do ensino da Palavra, estamos não somente preparando-os para a salvação, mas conduzindo-os a uma vida saudável e sem contaminação. A igreja tanto é uma extensão de nossa casa, quanto nossa casa deve ser uma extensão da igreja. Tudo começa no lar e não existirá igreja forte se as famílias estiverem fracas. É preciso pensar um pouco mais sobre a relevância do culto doméstico e o seu reflexo tanto na família quanto na igreja. Faz-se necessário retorno à leitura das Sagradas Escrituras.

O que conduz qualquer família ao desmoronamento é a ausência de Deus. A presença de Deus torna um lar agradável e pacífico. Numa casa onde há tempo para se buscar a Deus e adorá-lo a atmosfera é agradável e santa. A Bíblia nos ensina que se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam (Salmo 127:1). O senhor bate a nossa porta e devemos abrir para que ele entre, sente à nossa mesa e ceie conosco (Apocalipse 3:20). Quanto mais íntimos de Deus, mais afastados seremos do mundo. Segundo o escritor George Ladd, uma refeição em conjunto tinha muito mais significado no antigo mundo judaico do que tem hoje em dia. Era um símbolo de afeição, confiança e intimidade. Os fariseus criticavam Jesus não só por se reunir com publicanos e pecadores, mas por comer com eles (Lucas 15:2). Dessa maneira, o texto de Apocalipse 3.20 contém uma promessa de comunhão a mais íntima possível. Infelizmente, o culto da igreja em Laodicéia era uma fraude vazia. Não podemos nos tornar íntimos de Deus apenas vindo aos cultos. É necessário ter uma vida diária de oração e leitura. Deus relaciona conosco e se aproxima de nós quando desejamos estar com Ele (Tiago 4:8).


Escola Bíblica Dominical

A palavra “EVANGELHO” significa literalmente “Boa Notícia” ou “Boas Novas”. Porém, mais do que trazer alegria e esperança, esta “novidade” vinda diretamente dos céus traz para a vida do ser humano uma verdadeira “transformação”. Esse é um processo longo e contínuo que só será completado quando o nosso corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, no exato momento que encontrarmos o Senhor nos ares.  Mas até lá, cabe a cada um se entregar sem reservas a esta “transformação” espiritual que o Evangelho de Jesus Cristo tem o poder de efetuar. O problema de grande parte da cristandade é exatamente viver um Evangelho superficial, onde muito se fala, mas pouco se vive. Jesus está presente nas falas, mas omitido nas ações. É muito sermão e pouca experiência. Fachada sem comprometimento. Jesus quer promover mudanças, mas muitas pessoas estão conformadas com suas vidinhas medíocres e acomodadas em sua redoma legalista, pouco propensas para viver uma transformação verdadeira. Este tipo de desenvolvimento só é possível se pautado ponto a ponto no manual de instrução que verbaliza o passo a passo de uma vida cristocêntrica: A Bíblia. É nela que Jesus se revela e se torna um modelo de como cada cristão precisa agir e pensar. Renegar a Bíblia é como rejeitar o próprio Cristo, e “abandonar” as escrituras em um canto da estante é “exilar” Jesus no limbo de nosso coração. 

A decisão de viver o Evangelho é pessoal e intransferível, mas deve ser influenciada dentro do lar. Atividade cristãs em família (leitura bíblica, devocionais, louvores, orações e cultos domésticos) são ferramentas poderosas na educação espiritual dos filhos e nenhuma outra instituição será capaz de aplica-las de forma mais efetiva. Porém, a família não deve se esquecer que também é “Corpo de Cristo”, e por isso, o desejo de congregar em comunidade e o comprometimento em tomar parte nas atividades eclesiásticas precisam ser implantados nas crianças desde a mais tenra idade. A porta de entrada obrigatória é, sem dúvidas, a Escola Bíblica Dominical. Por ser atemporal, a EBD é crucial para a formação do caráter cristão numa escala congregacional, pois uma de suas maiores virtudes é exatamente o potencial de acompanhar o indivíduo ao longo de uma vida.  E EBD já nasceu com a capacidade de proporcionar verdadeiras transformações. A Igreja de Cristo sempre prezou pelo ensinamento das escrituras, mas a EBD no formato que conhecemos hoje nasceu apenas em 1780 na cidade de Gloucester (Inglaterra).

Após a Revolução Industrial, muitas famílias deixaram as áreas rurais e migraram para as cidades. Este êxodo rural expôs a grande desigualdade social dos ingleses, contrastando a riqueza de poucos com a pobreza de muitos. Como resultado, a criminalidade alcançou índices elevados. Toda semana, cerca de 100 criminosos eram levados a julgamentos no tribunal da cidade de Gloucester. Um jornalista chamado Robert Raikes percebeu que nas manhãs de domingos, a ação dos criminosos era mais intensa. Crianças e jovens que trabalhavam nas fábricas durante toda a semana, aproveitavam o domingo para extravasar suas frustrações externadas em violência contra os cidadãos de bem. Raikes então, passou a dar aulas bíblicas dominicais, afim de ocupar aquelas crianças com uma atividade que comovesse suas almas. Com a ajuda de algumas irmãs caridosas daquela comunidade, em apenas três anos, Raikes já havia fundado sete escolas, e testemunhava em seu jornal sobre as transformações ocorridas na vida de seus alunos. O efeito das Escolas Bíblicas Dominicais foi tão impactante, que doze anos depois, o tribunal de Gloucester estava vazio, pois não havia um único criminoso na cidade. Em decorrência deste verdadeiro milagre, diversas comunidades eclesiásticas passaram a ministrar estudos bíblicos dominicais. Com o tempo as classes foram se adequando a cada faixa etária, dando origem a mais democrática escola do mundo. Se a EBD pode mudar uma cidade caótica para um cenário de paz, imagina o que ela poderá fazer por sua família que já é uma benção!

Conclusão

Nosso Deus é um Deus pessoal. Ele é um Deus de relacionamentos. O Pai da Eternidade é um pai extremamente amoroso. Ele deseja ser íntimo de todos os filhos gerados à Sua imagem e semelhança (Gêneses 1:26).




Casamento e família são os maiores patrimônios que a sociedade tem. Salvar o nosso casamento e a nossa família é algo que não tem preço. O tema é bastante salutar e propício para os dias de hoje, pois o casamento e a família são bombardeados o tempo todo. A Igreja do Senhor Jesus não pode abrir a guarda e se conformar com a concepção deste mundo tenebroso, onde o errado está passando a ser certo. Participe neste domingo, 03 de janeiro de 2016,  da Escola Bíblica Dominical, e aprenda também a proteger sua família doa ataques incessantes de Satanás. 




quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Informe Gospel Nº 72 - O Ano da Frutificação

2016 será o Ano da Frutificação, e a 72ª Edição do Informe Gospel chega cheia de frutos... A Palavra Pastoral chega com uma reflexão animadora a posição da igreja no próximo ano no texto “A HORA E O LUGAR”. A coluna “Histórias de Nossa Gente” traz o relato da irmã Ruth Daniele “COMO AS COISAS DEVEM SER”. Tem ainda a agenda de janeiro, os detalhes dos eventos mais importante do primeiro mês de 2016 (vem aí uma fortíssima campanha de oração, um novo trimestre da EBD, o Clube da Fé e o 3º Celebrai). E ainda: humor gospel, datas comemorativas, homenagens e uma reflexão sobre a importância de frutificar no Reino de Deus...

A Bíblia faz inúmeras comparações entre a vida humana e as árvores, e o uso deste tipo de linguagem tem como propósito evidenciar a importância da produção de “bons frutos” ao longo de nossa vida, pois os resultados dessa “colheita” serão refletidos por toda a eternidade. Em Gêneses 49:22, José é comparado a uma árvore frutífera a beira da fonte, cujos galhos passam pelos muros. O Salmo 1 revela que o justo é como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo e as suas folhas não caem. Isaías 61:3 identifica os servos de Deus como carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória.  Jeremias 17:7-8 diz que o homem que confia no Senhor será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro, e assim, não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes e no ano da seca não deixará de dar frutos.

Mas nem todos os homens serão árvores produtoras de bons frutos, e isso dependerá exatamente do tipo de semente que escolhemos plantar no solo de nosso coração. Escolhas incorretas nos levarão a colheitas desagradáveis, e exporão toda a lavoura ao julgamento do justo “lavrador”. Em Cristo, Deus nos disponibiliza as sementes de maior excelência, com as quais podemos semear em abundância um pomar que renderá frutos de justiça. Em contrapartida, recebemos do Senhor livre arbítrio para escolher as sementes de nosso plantio. Elas se tornaram árvores grandiosas e pelos frutos produzidos, seremos conhecidos por Deus: - Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis (Mateus 7:16-20).

Cabe a nós decidirmos quais frutos desejamos produzir, para podermos definir o tipo de árvore que desejamos ser no amanhã. Está em nossas mãos a escolha: ser uma exuberante Oliveira que com seus frutos aprazem céus e terra, uma frondosa Figueira de produção doce e suculenta, uma Videira capaz de trazer alegria a Deus e aos homens; ou um Espinheiro arrogante que tudo que tem a oferecer é uma sombra ínfima e ameaças cruéis? (Juízes 9:7-15) Pelos frutos, Deus dirá que tipo de árvore somos, e em caso de reprovação, até as nossas raízes serão arrancadas: - Esses homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, comendo com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de si mesmos. São nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz (Judas 1:12).

O Informe Gospel Edição 72 já esta disponível e pode ser retirado gratuitamente (nos horários de culto) em nosso templo na Rua Silvio Aurélio Abreu, 595, Jardim Florestal - Estiva Gerbi.


Filme - A letra que mata

O longa metragem "A letra que Mata" (Dangerous Calling), é uma ficção produzida por Nathaniel Thomas McGill e Vincent Vittor que trata dos problemas encontrados numa comunidade eclesiástica americana (cabe aqui muita identificação com as igrejas cristãs hodiernas), além servir como uma excelente metáfora aos perigos enfrentados no exercício do ministério  pastoral. Dirigido pela dupla Jeremiah Dans e Josh Daws, o filme que no Brasil está sendo distribuído pela Graça Filmes, e  foi muito bem avaliado pelo conceituado site Christian Cinema.

Suspense ambientado na vida dos membros de uma igreja de uma pequena cidade, A Letra que Mata conta a história do Pr. Evan Burke (Steven Caudill) e sua esposa Nora (Carrie Walrond) quando eles assumem a liderança da Primeira Igreja Batista de Willit Springs, após a morte misteriosa do pastor anterior. Ansiosa por conhecer o novo ministro, a Sra. Pat, que é a viúva controladora da igreja, convida Nora e Evan para morarem com ela enquanto a casa pastoral passa por uma reforma. Sozinha na bela residência da Sra. Pat, localizada nas montanhas ao norte da Geórgia, Nora começa a suspeitar de que o filho superprotegido daquela senhora possa ter alguma coisa a ver com a morte do antigo pastor. A Busca da verdade... poderá ser fatal para Nora!





terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Biografia - Martin Lutero




Este ilustre alemão, teólogo e reformador da Igreja, filho de Juan Lutero e Margarita Ziegler, nasceu em Eisleben, uma cidade da Saxônia, no condado de Mansfield, no dia 10 de novembro de 1483. A posição e condição de seus pais eram originalmente humildes, e a profissão de seu genitor era trabalhar nas minas; porém, é provável que por seu esforço e trabalho ajuntara uma fortuna para a sua família, porquanto, posteriormente, chegou a ser um magistrado de classe e dignidade. Lutero foi prontamente iniciado nos estudos, e aos treze anos de idade foi enviado a uma escola de Magdeburgo, e dali a Eisenach, na Turíngia, onde permaneceu por quatro anos, onde demonstrou as primeiras indicações de sua futura eminência.

Em 1501, foi enviado à Universidade de Erfurt, onde passou pelos costumeiros cursos de lógica e filosofia. Aos vinte anos de idade, recebeu o título de licenciado, e passou logo a ensinar a física de Aristóteles, ética e outros assuntos ligados à filosofia. Posteriormente, por indicação de seus pais, dedicou-se à lei civil, a fim de trabalhar como advogado; porém, foi separado desta atividade devido ao incidente relatado a seguir. Ao andar certo dia pelos campos, foi lançado ao solo por um raio, enquanto um amigo morreu ao seu lado. Este fato afetou-o de tal modo que, sem comunicar o seu propósito a algum de seus amigos, retirou-se do mundo e enclausurou-se junto à ordem dos eremitas de Santo Agostinho.

Dedicou-se ali à leitura das obras de Santo Agostinho e dos escolásticos; porém, ao vasculhar a biblioteca, encontrou, acidentalmente, uma cópia da Bíblia latina que jamais havia visto antes. Esta atraiu poderosamente a sua curiosidade; leu-a ansiosamente e sentiu-se atônito ao perceber que apenas uma pequena porção das Escrituras era ensinada ao povo.

Fez a sua profissão de fé no mosteiro de Erfurt, após ter sido noviço durante um ano; e tomou ordens sacerdotais, ao celebrar a sua primeira missa em 1507. Um ano mais tarde foi transferido do mosteiro de Erfurt à Universidade de Wittenberg, pois, após a fundação da Universidade, pensava-se que nada seria melhor para dar-lhe reputação e fama imediata do que a autoridade e a presença de um homem tão célebre, por seu grande temperamento e erudição, como era Martinho Lutero. Em Erfurt havia um certo ancião no convento dos agostinianos, com quem Lutero, que pertencia à mesma ordem, como frade agostiniano, conversou sobre vários assuntos, especialmente a remissão dos pecados. Sobre este tema, este sábio padre foi franco com Lutero, ao dizer-lhe que o expresso mandamento de Deus é que cada homem creia particularmente que os seus pecados foram perdoados em Cristo; disse-lhe ainda que esta interpretação particular fora confirmada por São Bernardo: “Este é o testemunho que o Espírito Santo te dá em teu coração, quando diz: Os teus pecados te são perdoados. Porque este é o ensino do apóstolo, que o homem é livremente justificado pela fé”.

Estas palavras não serviram somente para fortalecer Lutero, mas também para ensinar-lhe o pleno sentido do ensino do apóstolo Paulo, que insiste tantas vezes na seguinte frase: “Somos justificados pela fé”. E, após ler as exposições de muitos sobre esta passagem, logo percebeu, tanto pelo discurso do ancião como pelo conselho que recebeu em seu espírito, o quão vãs eram as interpretações que antes havia lido nos trabalhos dos escolásticos. E assim, pouco a pouco, ao ler e comparar os ditos e os exemplos dos profetas e dos apóstolos, com uma contínua invocação a Deus, e com a excitação da fé pelo poder da oração, deu-se conta desta doutrina com a maior evidência.  Assim prosseguiu os seus estudos em Erfurt pelo período de quatro anos no mosteiro dos agostinianos.

Em 1512, sete mosteiros de sua ordem tiveram uma divergência com o seu vigário geral. Lutero foi escolhido para ir a Roma e defender a sua causa. Naquela cidade, observou o papa e a sua corte, e teve também a oportunidade de contemplar as maneiras do clero, cujos modos precipitados, superficiais e ímpios de celebrar a missa foram severamente por ele criticados. Assim que ajustou a disputa que havia motivado a sua viagem, voltou a Wittenberg e foi constituído doutor em teologia, às custas de Federico, da Saxônia, que freqüentemente lhe ouvia pregar, e que estava familiarizado com o seu mérito, e que lhe reverenciava muito. Continuou na Universidade de Wittenberg de onde, como professor de teologia, dedicou-se à atividade de sua vocação. Neste ponto deu início à leitura extremamente intensa das conferências sobre os livros sagrados. Explicou a Epístola aos Romanos e os Salmos, que esclareceu e explicou de uma maneira tão completamente nova e diferente do que havia sido o estilo dos comentaristas anteriores, que “era como, após uma longa e escura noite, amanhecesse um novo dia, a juízo de todos os homens piedosos e prudentes”.

Lutero dirigia de modo cuidadoso a mente dos homens ao filho de Deus, do mesmo modo que João Batista anunciava o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; do mesmo modo Lutero, ao resplandecer na igreja como uma luz brilhante após uma longa e tenebrosa noite, mostrou de maneira clara que os pecados são livremente remidos pelo amor do filho de Deus, e que cada pessoa deveria fielmente abraçar a este generoso dom.  A sua vida estava de acordo com o que ele professava; e evidenciou-se de modo claro que as suas palavras não eram meramente a atividade de seus lábios, mas que procediam de seu próprio coração. Esta admiração por sua vida de santificação atraiu muito os corações de seus ouvintes.  A fim de preparar-se melhor para a tarefa que havia empreendido, aplicou-se atentamente ao estudo dos idiomas grego e hebraico; e a isto estava dedicado quando se publicaram as indulgências gerais em 1517.

Leão X, que sucedeu a Júlio II em março de 1513, teve o desígnio de reconstruir a magnífica Catedral de São Pedro em Roma, cujas obras haviam sido iniciadas por Júlio, mas que ainda precisava de muito dinheiro para ser concluída. Por esta razão, Leão X, em 1517, aprovou a concessão de indulgências gerais a toda Europa, em favor de todos os que contribuíssem com qualquer soma de dinheiro para a reedificação da catedral; e designou pessoas em diferentes países para proclamarem estas indulgências e receberem o dinheiro das mesmas. Estes estranhos procedimentos provocaram muito escândalo em Wittenberg e, de modo particular, inflamaram o zelo de Lutero, o qual era por natureza ardente e ativo. Neste caso, por ser incapaz de conter-se, estava decidido a declarar-se contrário a tais indulgências em todas as circunstâncias.

Por esta razão, na véspera do dia de todos os santos, em 31 de outubro de 1517, fixou publicamente, na igreja adjacente ao castelo naquela cidade, as noventa e cinco teses contra as indulgências, onde desafiava a qualquer que se opusesse a elas, fosse por escrito ou por debate oral. As proposições de Lutero acerca das indulgências haviam sido publicadas há pouco, quando Tetzel, o frade dominicano comissionado para a sua venda, manteve e publicou suas teses em Frankfort, que continha um conjunto de proposições diretamente contrárias às de Lutero. Fez ainda mais: agitou o clero de sua ordem contra seu companheiro; considerou-o, do púlpito, um anátema e herege condenável, e queimou em público as suas teses em Frankfort. As teses de Tetzel também foram queimadas em Wittenberg, como reação, pelos luteranos. Porém o próprio Lutero negou ter parte nesta ação.

Em 1518, Lutero, ainda que dissuadido disto por seus amigos, porém, para mostrar obediência à autoridade, foi ao mosteiro de Santo Agostinho em Heidelberg, onde havia uma assembléia reunida; ali manteve, no dia 26 de abril, um debate sobre a “justificação pela fé”, que Bucero, o qual na ocasião estava presente, tomou por escrito, e comunicou-a posteriormente a Beatus Rhenanus, sem poupar as maiores críticas. Enquanto isto, o zelo de seus adversários cresceu mais e mais contra ele; finalmente, foi considerado, diante de Leão X, um herege. Então, logo que regressou de Heidelberg, aquele papa lhe escreveu uma missiva nos termos mais submissos; Lutero enviou-lhe, ao mesmo tempo, uma explicação de suas proposições sobre as indulgências. Esta carta tinha a data do domingo da Trindade do ano de 1518, e foi acompanhada de um protesto no qual se declarava que ele não pretendia propor e nem defender algo em contrário às Sagradas Escrituras e nem à doutrina dos padres, recebida e observada pela Igreja de Roma, nem aos cânones nem aos decretos papais; contudo, pensava que possuía a liberdade suficiente para aprovar ou reprovar as opiniões de São Tomás, Boaventura e outros escolásticos e canonistas que não se baseavam em texto algum.

O imperador Maximiliano estava igualmente solícito de que o papa detivesse a propagação das opiniões de Lutero na Saxônia, que eram perturbadoras, tanto para a igreja como para o império. Por esta razão, Maximiliano escreveu a Leão X uma carta datada de 5 de agosto de 1518, a fim de pedir-lhe que proibisse, por sua autoridade, estas inúteis, desconsideradas e perigosas disputas; também lhe assegurava que cumpriria estritamente, em seu império, tudo o que sua santidade ordenasse. Enquanto isto, Lutero, quando soube o que era levado a cabo em Roma, por sua causa, empregou todos os meios imagináveis para que não fosse levado para lá, e para fazer com que a sua causa fosse julgada na Alemanha. O governador também estava contrário a que Lutero fosse a Roma, e pediu ao cardeal Caetano que pudesse ser ouvido diante dele, como representante papal na Alemanha. Com isto, o papa consentiu que a sua causa fosse julgada diante do cardeal Caetano, a quem havia dado poderes para decidi-la.

Por esta razão, Lutero dirigiu-se imediatamente a Augsburgo, e levava consigo cartas do governador. Lá chegou em outubro de 1518 e, após haver-se-lhe dado segurança, foi admitido na presença do cardeal. Porém, Lutero logo percebeu que tinha mais a temer por parte do cardeal do que pelas discussões sobre quaisquer temas; por esta razão, ao temer ser preso caso não se submetesse, retirou-se de Augsburgo no dia 20 de outubro. Porém, antes de partir, publicou uma apelação formal ao papa e, ao ver-se protegido pelo governador, transmitiu suas pregações sobre as mesmas doutrinas em Wittenberg, e enviou um desafio a todos os inquisidores que comparecessem e discutissem com ele.

Quanto a Lutero, Miltitius, o camarista do papa, tinha ordem de exigir do governador que o obrigasse a se retratar, ou que lhe negasse a sua proteção; porém, as coisas não poderiam ser feitas com tanto orgulho, pois o crédito de Lutero estava demasiadamente bem estabelecido. Além disto, aconteceu que o imperador Maximiliano morreu no dia 12 daquele mês, o que alterou muito o aspecto das coisas, e fez com que o governador estivesse mais livre e capaz para decidir a sorte de Lutero. Por esta razão, Miltitius pensou que o melhor seria ver o que se poderia fazer por meios limpos e gentis, e com esta finalidade começou a conversar com Lutero.  Durante todos estes acontecimentos a doutrina de Lutero era cada vez mais divulgada e prevalecia sobremaneira; e ele mesmo recebeu ânimo dos alemães e dos outros povos.

Naquela ocasião os boêmios lhe enviaram um livro do célebre Juan Huss, que havia sido martirizado durante a obra da reforma, e também cartas nas quais o exortavam à constância e à perseverança e reconheciam que a teologia que ele ensinava era pura, sã e ortodoxa. Muitos homens eruditos e eminentes colocaram-se ao seu lado.  Em 1519, Lutero manteve um célebre debate em Leipzig com Juan Eccius. Porém, esta discussão terminou finalmente como todas as outras, e não teve o privilégio de ver as partes aproximar-se, de modo algum; mas que se sentiam ainda mais como inimigos pessoais, do que antes do debate.  Por volta do final do ano, Lutero publicou um livro no qual defendia que a comunhão fosse celebrada de ambos os modos; isto foi condenado pelo bispo de Misnia em 24 de janeiro de 1520.

Enquanto Lutero trabalhava para defender-se perante o novo imperador, e diante dos bispos da Alemanha, Eccius foi a Roma para pedir a sua condenação, o que, como se pode perceber, não seria agora tão difícil de conseguir. Certo é que as contínuas importunações dos adversários de Lutero perante Leão X levaram-no finalmente a publicar uma condenação contra ele, e o fez em uma bula datada de 15 de junho de 1520. Isto teve lugar na Alemanha, e foi ali publicada por Eccius, que a havia solicitado em Roma, e que estava encarregado da execução da mesma, juntamente com Jerónimo Alejandro, pessoa eminente por sua erudição e eloquência. Enquanto isto, Carlos I da Espanha e Carlos V da Alemanha resolviam as suas dificuldades nos Países Baixos. Em seguida, Carlos V dirigiu-se à Alemanha, e foi coroado imperador no dia 21 de outubro de 1520, em Aquisgrán.

Martinho Lutero, após ter sido acusado pela primeira vez em Roma, através da censura papal, em uma quinta-feira santa, dirigiu-se pouco depois da páscoa a Worms, onde compareceu diante do imperador e dos governantes de todos os estados da Alemanha. Manteve-se constante na verdade, defendeu-se e respondeu a todas as perguntas de seus adversários. Lutero permaneceu alojado, bem agasalhado, e visitado por muitos condes, barões, cavaleiros de ordem, homens gentis, sacerdotes e pelos membros do parlamento comum, que frequentavam o seu alojamento durante a noite. Veio de modo contrário às expectativas de muitos, tanto dos adversários como dos amigos. Os seus admiradores deliberaram juntos, e muitos trataram de persuadi-lo para que não se aventurasse ao perigo de ir a Roma, pois consideraram que tantas vezes não se havia respeitado a promessa de segurança para as pessoas nesta condição. Ele, após ter ouvido todas as suas persuasões e conselhos, respondeu-lhes do seguinte modo: “No que a mim me diz respeito, uma vez que me chamaram, resolvi e estou certamente decidido a ir a Worms, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo; sim, mesmo sabedor de que há ali tantos demônios para resistir-me, em número tão grande como o das telhas que cobrem as casas da cidade de Worms”.  

No dia seguinte, ele foi conduzido de seu alojamento à corte do imperador, onde permaneceu até as seis horas da tarde, porque os príncipes estavam ocupados na solução de diversos problemas do reino; ao permanecer ali, encontrava-se rodeado de um grande número de pessoas, quase prensado por tamanha multidão... Logo, quando os príncipes terminaram a primeira reunião e o chamaram, entrou Lutero, e Eccius, o oficial, falou do seguinte modo: “Responda agora à demanda do imperador. Manterás todos os livros que reconheceste serem de tua autoria, ou revogarás parte dos mesmos e te humilharás? ”.  Martinho Lutero respondeu modesta e humildemente; porém, não desprovido de uma determinada firmeza e constância cristãs:

“Considerando que vossa soberana majestade e vossos honoráveis demandais desejam uma resposta plena, isto digo e professo tão resolutamente quanto posso, sem dúvidas e nem sofisticações, que se não me convencerdes através do testemunho das Escrituras (pois não dou crédito nem ao papa e nem aos seus concílios gerais, que têm errado muitas vezes, e que têm sido contraditórios contra si mesmos), a minha consciência está tão ligada e cativa destas Escrituras que são a Palavra de Deus, que não me retrato nem posso me retratar de absolutamente nada, considerando que não é piedoso nem legítimo fazer qualquer coisa que seja contrária à minha consciência. Aqui estou e nisto descanso: nada mais tenho a dizer. Que Deus tenha misericórdia de mim!”.

Os príncipes consultaram-se entre si sobre a resposta dada por Lutero e, após terem-no interrogado diligentemente, o porta-voz respondeu-lhe assim:

“A majestade imperial demanda de ti uma simples resposta, seja negativa, seja afirmativa, se pretendes defender todos os teus livros como cristãos, ou não”.

Então Lutero, dirigindo-se ao imperador e aos nobres, rogou-lhes que não o forçassem a ceder contra a sua consciência, confirmada pelas Sagradas Escrituras, sem os argumentos manifestos que os seus adversários alegaram, e declarou:

“Estou atado pelas Escrituras”.

Antes que se concluísse aquela reunião, chamada de Dieta de Worms, Carlos V fez com que se redigisse um edito, datado de 8 de maio, decretando que Martinho Lutero fora, de conformidade com a sentença do papa, considerado desde então membro separado da Igreja, cismático e um herege obstinado e notório. Enquanto a bula de Leão X, aceita por Carlos V, era divulgada por todo o império, Lutero ficou detido no castelo de Wittenberg; porém, cansado de seu silêncio obsequioso, voltou a aparecer em público em Wittenberg no dia 6 de março de 1522, após uma ausência de cerca de dez meses.

Lutero promoveu então uma guerra aberta ao papa e aos bispos; e com a finalidade de conseguir que o povo menosprezasse a autoridade destes, tanto quanto fosse possível, escreveu um livro contrário à bula papal, e outro intitulado “A Ordem Episcopal”. Também publicou uma tradução no Novo Testamento no idioma alemão, que foi posteriormente revisado por ele e Melanton. Reinava a confusão na Alemanha, e não menos na Itália, porque surgiu uma contenda entre o papa e o imperador, durante a qual Roma foi tomada por duas vezes, e o pontífice, preso. Enquanto os príncipes estavam assim ocupados em suas pendências mútuas, Lutero levou adiante a obra da Reforma, ao opor-se também aos papistas e combater aos anabatistas e outras seitas fanáticas que, ao aproveitar o seu gesto de enfrentar a Igreja Romana, haviam surgido e se estabelecido em diversos lugares.

Em 1527, Lutero sofreu um ataque de coagulação de sangue ao redor do coração, que quase pôs fim à sua vida. Ao perceber que as perturbações na Alemanha não pareciam ter fim, o imperador viu-se obrigado a convocar uma dieta na cidade de Spira, em 1529, para pedir a ajuda dos príncipes do império contra os turcos. Os reformadores de quatorze cidades alemãs, ou seja: Estrasburgo, Nuremberg, Ulm, Constanza, Retlingen, Windsheim, Memmingen, Lindow, Kempten, Hailbron, Isny, Weissemburg, Nortlingen, e St. Gal uniram-se contra o decreto da dieta e emitiram um protesto contra as sanções que lhes foram impostas, o qual foi redigido e publicado em abril de 1529. Este foi o célebre documento que deu aos reformadores da Alemanha o nome de “Protestantes”.

Depois disto, os principais protestantes empreenderam a formação de uma aliança firme, e instruíram o governador da Saxônia e os seus aliados que haviam aprovado o que a dieta estabelecera; porém, os disputados redigiram uma apelação, e os protestantes apresentaram rapidamente uma apologia por causa de sua “Confissão”, a famosa declaração redigida por Melanton. Tudo isto foi firmado por vários príncipes, e Lutero já não tinha muito mais a fazer além de sentar-se e contemplar a magnânima obra que tinha levado a cabo. Por ser somente um monge, foi capaz de dar à Igreja de Roma um golpe tão rude, que apenas mais um da mesma intensidade seria o suficiente para derrubá-la completamente; por esta razão, esta pode ser considerada uma obra magnânima. Em 1533 Lutero escreveu uma epístola consoladora aos cidadãos de Oschatz, que haviam sofrido algumas penalidades por terem aderido à confissão de fé de Augsburgo; e, em 1534, foi impressa a Bíblia que Lutero havia traduzido para o alemão, como protótipo do antigo acordo fechado em Bibliópolis, por mãos do mesmo editor, e que foi publicada no ano seguinte. Naquele ano Lutero também publicou um livro, intitulado “Contra as Missas e a Consagração dos Sacerdotes”.

Em fevereiro de 1537 foi celebrada uma assembleia em Smalkalda sobre questões religiosas, para a qual Lutero e Melanton foram convidados. Durante esta reunião, ele ficou tão enfermo, que não havia esperança de que se recuperasse. Enquanto o levavam de volta, escreveu o seu testamento, no qual legava a seus amigos e irmãos o seu desdém pelo papado. E assim esteve ativo até a sua morte, que aconteceu em 1546. Naquele ano, na companhia de Melanton, foi à Saxônia, sua província natal, que há muito tempo não visitava, e ali chegou são e salvo. Porém, pouco depois, foi chamado pelos condes de Mansfelt, para que arbitrasse umas diferenças que haviam surgido acerca de seus limites e, ao chegar, foi recebido por mais de cem ginetes e conduzido de maneira muito honrosa. Porém, ficou tão enfermo naquela ocasião, que se temeu que pudesse morrer. Lutero disse, então, que estes ataques de enfermidade sempre lhe sobrevinham quando tinha qualquer grande obra a empreender. Porém, nesta ocasião, não se recuperou, mas morreu no dia 18 de fevereiro, com sessenta e três anos de idade. Pouco antes de expirar, admoestou àqueles que estavam em volta de si a que orassem a favor da propagação do Evangelho, e disse-lhes:

“Porque o Concílio de Trento, que teve uma ou duas reuniões, e o papa, inventarão coisas estranhas contra o Evangelho”.

Ao sentir que se aproximava o desenlace fatal, antes das nove horas da manhã, encomendou-se a Deus com esta devota oração: “Meu Pai celestial, Deus eterno e misericordioso! Tu manifestaste a mim o teu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Ensinei a respeito dEle, e tenho-o conhecido; amo-o da mesma forma que preservo a minha própria vida, minha saúde e minha redenção; a Quem os malvados têm perseguido, caluniado e afligido com vitupérios. Leve a minha alma a Ti”.

Depois disto, citou a frase a seguir, e repetiu-a por três vezes: “Em tuas mãos entrego o meu espírito. Tu me remiste, ó Deus, de verdade!”.  Em seguida, citou João 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
 
Após repetir as suas orações várias vezes, foi chamado à presença de Deus.  Desta forma, a sua alma limpa foi pacificamente separada de seu corpo terrestre.