Páginas

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Frutificação Espiritual


Em João 15:1-2, Jesus se revela como a Videira Verdadeira, sendo seus discípulos, “ramos” nele enxertados. Toda “vara” frutífera é podada para dar ainda mais frutos, enquanto as infrutíferas são cortadas pelo “Lavrador” (Deus) e lançadas no fogo. Assim, para o cristão, a frutificação espiritual, mais do que uma questão de necessidade, é item de sobrevivência.

Embora o fruto seja gerado a partir da árvore (que neste contexto é Cristo), ele floresce, se desenvolve e amadurece nos ramos (cada um de nós). Deus tem nos concedido inúmeros dons (presentes), e a frutificação é a forma mais eficaz de retribuirmos ao Senhor seus incontáveis beneplácitos. Engana-se quem pensa que possuir dons espirituais é sinal de espiritualidade elevada. Equivoca-se miseravelmente quem acredita que uma igreja repleta da manifestação dos dons espirituais, seja prova irrefutável de santidade. Dons espirituais são dádivas, presentes para as quais, a concessão não se atrela a nenhum mérito pré-estabelecido.

São concedidos conforme a necessidade do Espírito Santo, para quem os deseja, e convenhamos que apenas “desejar” algo não credita alguém para qualquer tipo de premiação. Logo se tratando de salvação e vida eterna, os dons recebidos e utilizados aqui na terra não serão peso de balança, já que sua utilidade em nós é neutralizada uma vez que estejamos fora deste corpo humano.

Obviamente, o bom uso destes mesmos dons resultara em galardão para aqueles que forem salvos... Mas ninguém será salvo apenas por possuir dons ou praticar boas obras, já que a Salvação é uma dádiva da Graça, dada ao homem por Deus através da fé em Cristo e do cumprimento integral de seus mandamentos. Uma vez que a Fé é estrada, e a Graça o carro; podemos dizer que os dons e as obras são “pedras calcárias” que pavimentam esse caminho, tornando a viagem ao céu mais “suave”.

Se os DONS são presentes de Deus para nós, os FRUTOS são presentes nossos para Deus; produzidos para Honra e Glória do Senhor e como testemunho de nossa fé junto aos ímpios. DONS e FRUTOS devem coexistir em nossa vida, pois são complementos um do outro, faces da mesma moeda. Ambos devem caminhar pareados, simultaneamente, pois quando um deles falta, o outro estará comprometido. 

Entretanto, o termômetro de espiritualidade e santificação, seja de um indivíduo ou de toda uma congregação, não são os DONS; pois a qualidade de uma árvore deve ser avaliada pelos Frutos que produz, e não pelos enfeites que penduramos nela. O pecado afetou consideravelmente a imagem de Deus em nós, nos levando a produzir obras carnais. Através do novo nascimento e da produção continua de Frutos Espirituais o caráter de Cristo é refeito no homem. O Fruto Espiritual é uma prova eficaz que estamos progredindo em nosso processo de santificação, tornando nossa maturidade espiritual perceptível. A partir do exato momento de uma conversão genuína, a frutificação já começa a se manifestar.

E o amor é a base da nossa pregação, é o lema de nossa cruzada celeste, a motivação de nosso serviço e a coluna cervical dos frutos espirituais. Ao contrário das obras da carne que se manifestam em grande variedade; existe apenas um tipo de Fruto do Espírito (Gálatas 22:19-22). 

Este fruto pode ser descrito como uma tangerina com nove gomos ou um belo cacho com nove uvas muito viçosas, sendo esta uma condição irrevogável e sem concessões. Um fruto com apenas oito gomos ou um cacho com apenas oito uvas, é um fruto defeituoso, produzido por uma árvore de qualidade duvidosa. Uma árvore que produza frutos incompletos será desqualificada, desarraigada e lançada ao fogo. Assim, a avaliação de nosso caráter para fins de juízo se dará pelo minucioso exame dos frutos que produzimos ao longo de nossas vidas. Este fruto só será completo e de qualidade inquestionável se for constituído por novo elementos essenciais para nosso desenvolvimento espiritual, sendo que o primeiro deles é o AMOR.

Pb. Miquéias Daniel Gomes

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Biografia - Robert Morrison



Robert Morrison nasceu na Escócia em 1782, de uma piedosa família de crentes Presbiterianos. Eram muito pobres e seu pai trabalhava fabricando formas de sapatos. Robert teve que deixar os estudos ainda criança para ajudar-lhe, mas como gostava de aprender, seguiu com os estudos em casa.

Aos 15 anos entendeu o que é mais importante na vida: que ele era um pecador, um homem perdido e para se salvar devia aceitar a Jesus como seu Salvador. Assim ele fez, e depois disso, compreendeu que era seu dever levar também a outros a história desse Salvador para que todos também pudessem se livrar de seus pecados.

Depois de trabalhar por uns tempos nas Igrejas da Inglaterra, Morrison associou-se na Sociedade Missionária de Londres com a idéia de se tornar um missionário na China. Por essa ocasião já dominava o latim, o grego e o hebraico.

Como não havia nenhum missionário protestante ainda na China, Morrison se apresentou para ser o primeiro. Como a principal tarefa que lhe haviam encomendado foi a tradução da Bíblia para o mandarim, se propôs a estudá-lo, enquanto se preparava em medicina e astronomia.

Quando encontrou um manuscrito que continha a tradução de alguns trechos da Bíblia em uma biblioteca, tirou uma cópia para estudar detalhadamente, com a ajuda de um chinês que se ofereceu para ajudar. Esse esforço lhe foi muito útil, pois lhe permitiu economizar um tempo precioso quando esteve na China.

Para chegar até lá teve que viajar por cinco meses. Em 04 de setembro de 1807 aportou-se na cidade de Cantão, ao SUL do país, ao lado de Macau, uma colônia portuguesa. Permaneceu ali durante algum tempo, depois conheceu a jovem Mary Morton, com quem se casou em fevereiro de 1809.

Morrison não se deu conta de quão grandes eram as dificuldades que precisava vencer para chegar lá. O que sabia do idioma não lhe permitia o necessário para uma tradução, e quando buscou um mestre não pode encontrá-lo, pois havia uma lei que condenava à morte qualquer pessoa que ensinasse a língua chinesa a um estrangeiro.

Finalmente apareceram dois homens que tinham conhecido alguns missionários católicos que aceitaram ajudar, embora cheios de temor. O medo que possuíam não era tanto quanto à morte em si, senão pela sua forma, em meio a torturas terríveis. Estavam a tal ponto assustados que levavam sempre consigo um frasco com veneno para suicidarem-se caso fossem descobertos. Aprender o chinês não era coisa fácil e por aquela época era ainda pior, pois não existiam nem dicionários nem bons professores.

John Wesley afirmou certa vez que “ O chinês era um invento do diabo para que não se pudesse pregar o evangelho aos chineses”. Milne, um missionário que mais tarde seria companheiro de Morrison, dizia que para aprender o mandarim era preciso: um corpo de bronze, pulmões de aço, cabeça de carvalho, olhos de águia, coração de apóstolo e memória de anjo... e a vida de Matusalém”

Além de trabalhar na tradução da Bíblia, Morrison se ocupou de fazer uma gramática e um dicionário, para que os missionários depois dele, pudessem aprender o idioma com mais facilidade. Um chinês chamado Tsae A-ko, foi um grande instrumento preparado por Deus para ajudar o trabalho de Morrison.. Ele ia de noite a sua casa, as portas e as janelas eram bem fechadas, para que ninguém de fora visse o que faziam, por que corria perigo de vida, e ali se punha a traduzir ou corrigir, enquanto que Morrison lhe ensinava as verdades do Evangelho.

Foram gastos 14 anos para traduzir a Bíblia e 16, para concluir o dicionário que foi editado em quatro volumes, com cerca de 4.500 páginas cada um. Tsa A-Ko compreendeu finalmente que aquilo que o missionário lhe ensinava era a Verdade e se batizou em 1814, tornando-se então o primeiro evangélico chinês

Depois de ter traduzido a Bíblia, o problema era sua publicação, pois as penas para quem imprimisse livros cristãos eram tão severas como para aquele que ensinava o idioma. Afortunadamente, depois de muito trabalho, Morrison encontrou quem o fizesse, todavia secretamente. Para diminuir o medo do impressor, quando os pacotes com as Bíblias eram entregues, ele os rotulava com um título falso para disfarçar o “perigoso conteúdo”.

Porém, Morrison não se dedicou somente a traduzir, senão que chegou a estabelecer uma escola chamada Colégio Anglo-Chinês, mais tarde conhecido como Ying Wa College. Esta escola foi transladada para Hong Kong no ano de 1843, quando este território passou a ser controlado pelos britânicos. Esta instituição permanece até os dias de hoje como uma escola secundária.

Robert Morrison nunca teve uma boa saúde e, como trabalha muito, era mesmo impossível que sarasse completamente. Morreu quase repentinamente em 1º de agosto de 1834 em Cantão, China, quando tinha 52 anos.

Durante sua vida conseguiu a conversão de poucas pessoas, mas seu trabalho traduzindo a Bíblia, preparando o dicionário inglês-mandarim e de edição de uma gramática sino-inglesa, fez com que fosse possível a conversão de milhares de chineses depois da sua morte.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

EBD - A pureza do louvor na adoração


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 05
Comentarista: Pr. José Elias Croce












Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley




Texto Áureo
Salmos 9:1
Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.

Verdade Aplicada
Louvar ao Senhor não é apenas a emissão de sons, mas a entrega incondicional de tudo aquilo que somos em tributo ao Seu nome.

Textos de Referência
Salmos 22:22-26

Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, descendência de Israel.
Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.
O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.
Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.


O Paradoxo do Adorador
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Existe uma grande diferença entre “estar” triste e “ser triste”. A vida cristã não irá nos imunizar de dias chuvosos, segundas-feiras cinzentas, perdas insubstituíveis e danos irreparáveis. Estamos no mundo, somos feitos de carne e osso e estamos expostos a todo tipo de mazela existente no planeta: dores, traumas, acidentes, enfermidades, desemprego, pobreza, angustia.... Assim, inevitavelmente teremos que enfrentar momentos de tristeza, e ao longo de uma vida, derramaremos alguns litros de lágrimas geradas em sofrimento. Porém, para aquele que tem sua fé alicerçada em Cristo de Jesus, nem mesmo as maiores tragédias experimentadas na própria pele, são capazes de alterar sua condição de “ser feliz”, mesmo que a tristeza nos faça algumas visitas desagradáveis. O que difere o servo de Deus num contexto de tragédia, é exatamente a forma com que ele enxerga e convive com as adversidades, pois crê e confia na sabedoria divina, o que lhe dá condições para dimensionar um propósito eternal em sua dor momentânea. Somente a fé irrestrita no controle de Deus sobre nossas vidas, nos propicia uma condição emocional equilibrada, a ponto de sentirmos paz em meio aos conflitos, e nos alegrarmos com os motivos de nossas tristezas. E este é o paradoxo que identifica entre milhares de pessoas, aqueles que são de fato, verdadeiros adoradores.

Adorar a Deus em espírito e em verdade, remonta a uma adoração atrelada a essência, e nunca a uma condição. O verdadeiro adorador faz da sua vida uma harpa afinada, que a cada vibração das fibras de sua existência, emite notas de louvores ao Criador, independente de quem a esteja “tocando”. Quando somos "instrumentos" cuja única finalidade é a adoração, se formos tocados pelas bênçãos divinas, emitiremos sons de louvor, porém, se formos tocados pela dor ou pela tragédia, a melodia permanece inalterada, pois o nosso louvor não se deixa influenciar. Ele é puro, genuíno e inalterado. Quando nos dedicamos a uma leitura sistemática do livro dos Salmos, somos envolvidos por um turbilhão de emoções e sentimentos. Se em um verso o salmista está extasiado de felicidade, em outro, sua alma está aflita e desesperada. Tudo é muito paradoxal, mas nunca confuso. Este hinário do Velho Testamento é uma compilação de poemas e cantos que refletem com precisão a alma humana, com seus altos e baixos. Porém, a grande lição que retiramos do Livro de Salmos, é que cada músico, poeta e tangedor que ali deixou seu registro, transformou tantos seus dias de maior felicidade, quanto suas noites de maiores tristezas, em hinos de louvor. Ou seja, se a alegria é a motivação de todo adorador, as tristezas são catalizadoras de inspiração e devoção para adoradores que se destacam da grande média. Os adoradores paradoxais.

A Bíblia está repleta de histórias inspiradoras sobre “adoradores paradoxais”, que do caos e da tragédia, emergiram impávidos em adoração: Paulo e Silas (Atos 16:25), Davi (Salmo 116:1-5), Habacuque (Habacuque 3:17-19) e o próprio Jesus na noite de sua prisão (Marcos 14:26). Porém, esta mesma experiência pode ser experimentada por cada cristão que se dispuser a viver a vontade de Deus, em cuja presença, até mesmo a tristeza resulta em alegria (Jó 41:22). Uma das mais belas canções de todos os tempos se chama IT IS WELL WITH MY SOUL, que em sua versão na língua portuguesa recebe o nome de "SOU FELIZ". Este hino foi escrito em 1873 por um músico presbiteriano chamado Horatio Gates Spafford. Se a música em si já é belíssima, o contexto de sua composição é ainda mais inspirador. Horatio tinha feito pesados investimentos financeiros em uma área da cidade de Chicago, onde, no dia 9 de outubro de 1871, acontece um dos maiores incêndios da história dos EUA. Ele teve uma grande perda financeira por causa deste incêndio que destruiu cerca de um terço da cidade. Não bastasse esse terrível abalo financeiro, ele ainda perdeu um filho, cuja morte trouxe grande sofrimento para toda a família.

Em 1873, procurando um tempo de refrigério e descanso, resolveu viajar com a esposa Anna e suas quatro filhas (Annie, Margaret, Bessie, e Tanetta), para a Inglaterra, onde participariam de uma cruzada evangelística na Inglaterra. Em novembro daquele ano, devido a inesperados compromissos de negócios, Spafford precisou permanecer em Chicago; mas ele enviou sua esposa e as suas quatro filhas conforme já estava programado, no navio S.S. Ville du Havre. Sua expectativa era seguir viagem dias depois. Durante a viagem, o navio sofreu um acidente e naufragou em 12 minutos. Dias depois, os sobreviventes finalmente chegaram a Cardiff, no País de Galles, e a senhora Spafford mandou um telegrama ao seu marido: “SALVA, PORÉM SÓ”. As quatro filhas do casal morreram no acidente. Imediatamente após receber o telegrama da esposa, Spafford tomou um navio e foi ao seu encontro. Próximo ao local do acidente, ele compôs um dos mais belos hinos da história da música cristã, onde apesar de toda a sua dor e enlutamento, ressaltava que a presença de Jesus lhe era o bem mais precioso: "Tudo está bem, tudo está bem com minha alma. "


Louvor: expressão da alma

A Bíblia, a Palavra de Deus é um livro de louvores e, no contexto da espiritualidade, revela ângulos magistrais da natureza relacionado Eterno Deus – o Deus das melodias perfeitas (II Coríntios 20:19-20).É interessante notar o quanto os poetas utilizam a música para revelar o que ocorre nas sombras de sua intimidade. O salmista Davi escreve: “Sara a minha alma, porque pequei contra Ti.” (Salmo 41:4). O mesmo Davi também exclama: Bendize, o minha alma, ao Senhor.” (Salmo 103:1) O louvor é utilizado (seja em poesia ou em lágrimas) como expressão da profundidade da alma.Muitas pessoas associam o louvor somente à alegria. Poucos conseguem compreender o louvor que nasce da crise. Contudo, é realmente bom louvar na alegria (Tiago 5:13). A alegria, que o apóstolo Paulo coloca esplendida lista do fruto do Espírito (Gálatas 5:22), é o ingrediente mais incentivador do louvor. É ótimo poder louvar na alegria, pela alegria, com alegria e para gerar alegria. A alegria é, na realidade, o que deve distinguir a vida cristã das outras que não conhecem a Deus.Alguns usam recursos como metáforas, gestos, gritos, danças; outros louvam na comunhão da igreja, amparados pela coletividade. Mas, uma coisa é certa: o homem não vive sem expressar o que habita em sua alma. Embora vivendo num mundo caído, onde a tristeza é parte fundamental dos dias, a alegria do cristão está firmada numa esperança: o retorno de Cristo. Essa esperança é que nos mantém sempre com “um novo cântico” (Salmo 40:3). O louvor que flui da alegria é, em si mesmo, a alegria de poder louvar.

O hino 126 da Harpa Cristã, de autoria de Frida Vingren, “Bem-aventurança do crente”, tem uma frase emblemática: “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação e do céu as lindas melodias se ouviram na escuridão”. O louvor que enfrenta a dor parece rasgar a alma. Ele vem das profundezas de uma interioridade inflamada, e, na contramão da alegria, produz salmos. Vivemos numa sociedade (e igreja) viciada em sucesso, que conspira contra a ideia da dor. Parece ser proibido sofrer, na atualidade. Contudo, são nessas crises, noites assustadoras, que o louvor se levanta como triunfo. Por isso é que o apóstolo Paulo louvou de forma tão bela: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente.” (II Coríntios 4:17).É difícil definir o que é louvor. Por se tratar de uma experiência pessoal, individual, cada ser tem sua definição, sua forma de olhar. Contudo, o louvor é o culto da alma, expressão íntima, profunda, ora alegre, ora triste, é a alma utilizando silêncio, sons e gestos como ponte entre o humano e o sagrado. A música parece ter o dom de nos aproximar das realidades espirituais mais agudas.

No texto bíblico de Atos 4.32, há um detalhe interessante: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. A mesma alma, mesmo sentimento, mesma motivação, mesma direção. Quando isso acontece, o louvor se transforma num poderoso testemunho da ação e das grandezas de Deus. Principalmente hoje, nessa sociedade do egoísmo, onde o individualismo cega e acirra o processo doentio das competições, ter a mesma alma é quebrar padrões, apregoar a verdade do Deus que nos une, mantém e sustenta em Seu amor. Uma das mais poderosas formas de louvor a Deus é a comunhão honesta, sincera, desinteressada e plena. As festas de Israel tinham esse alvo: louvar ao Deus em comunidade, gratos por Sua atuação e cuidado.Os salmos de Davi são exemplos máximos de louvor a Deus. Em alguns de seus salmos, denominados descritivos, o rei Davi exalta a pessoa de Deus. Seus atributos, ou seja, expressa em palavras a sua visão da divindade. Em outros, conhecidos como “declarativos”, Davi nos oferece algumas características do que poderíamos definir como “louvor bíblico”, uma vez que, nestes salmos, a ênfase é no que Deus fez para Seu povo. Estes salmos declaram, de forma artística e poética, a majestade e glória de Deus. Através destes salmos descobrimos que não pode existir um louvor verdadeiro sem um relacionamento intimo com Deus, assim como um relacionamento com Deus não pode existir sem louvor. O louvor a Deus requer uma vida de envolvimento com Ele. Não há uma maneira impessoal de expressar louvor ao Todo Poderoso. O louvor sempre é pessoal – apesar de (e poder) ser realizado coletivamente. Ninguém pode expressar o louvor do outro. Cada um tem suas próprias experiências com Deus, pelas quais deve agradecer e expressar o seu louvor; Louvor significa “falar bem de”, “exaltar”, ou “magnificar as virtudes”. No livro de Salmos, esses significados da palavra louvor, esses louvores são direcionados ao Eterno Senhor Deus, principalmente levando em conta Suas obras e Seu cuidado pelo Seu povo.


Uma canção chamada VIDA
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Uma das mais belas histórias bíblicas nos mostra com perfeição a pureza e a genuinidade da adoração verdadeira, mesmo que a canção não tenha sido expressa através de notas musicais. Jó não se tornou conhecido por ser um músico talentoso ou fazer belíssimas composições , mas fez de sua própria vida um hino de louvor.  Pouco sabemos sobre a vida do patriarca Jó. Ele morava em Uz, era casado, pai de dez filhos que gostavam de festas, tinha por estima seus amigos e seu rebanho era superior a 10.000 animais. Porém, a mais importante informação sobre Jó está inserida logo no primeiro verso de sua história: Ele era íntegro, justo, temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1). O patriarca não frequentava uma igreja, e até onde sabemos, não tinha um mentor espiritual. Mesmo assim, ele decidiu ser fiel ao seu Deus e vivia sua vida cerceada de cuidados para que ela não fosse minada pelo pecado. E isso atraiu sobre Jó o olhar invejoso do próprio Satanás. O escritor americano Philip Yancey descreve o livro de Jó como uma grande peça de teatro, onde nós, espectadores conhecemos o enredo e as motivações de cada personagem, e exatamente por isso compreendemos cada reação as diversas ações desencadeadas. Mas Jó, personagem central desta peça, está completamente no escuro, sem saber o que acontece nos bastidores e portanto, não conseguindo compreender os muitos porquês” das páginas seguintes.

O ponto chave desta história é a fidelidade de Jó. Satanás, astuto e ardiloso, argumenta com Deus que é muito fácil ser fiel quando se vive em conforto e abastança, e insinua que a fidelidade de Jó se deve única e exclusivamente ao fato que Deus o cobria de bênçãos. Ali é estabelecido um embate épico, um duelo de escala cósmica, cujo epicentro é a vida de um simples mortal. O inimigo sugere que Deus tire de Jó tudo o que ele tem, e que depois seja reavaliado o nível de sua fidelidade. Deus aceita o desafio e Satanás é autorizado a retirar de Jó seus bens mais preciosos. Em poucas horas, seus bois, jumentos e camelos são roubados por saqueadores, seus funcionários mais leais são cruelmente assassinados por uma horda bárbara e suas ovelhas são dizimadas por uma saraivada. No mesmo dia, enquanto seus filhos almoçavam juntos na casa do mais velho, um furacão derrubou o edificio matando todos eles. Jó agora era um homem pobre, imerso em dor e sofrimento, com um pesar indescritível lacerando seu coração. Porém, mesmo na mais cruel adversidade, ele esbofeteia Satanás e se mantem fiel ao seu Senhor, não imputando a Deus falha alguma: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21).

Satanás não se deu por vencido e alegou que a fidelidade havia se mantido pois o mais precioso dos bens ainda estava intocável, e insinua que se a saúde de Jó for afetada, sua fé também será. Mais uma vez, Deus coloca sua própria honra nas mãos de Jó, e permite que o inimigo atinja o patriarca com força total, ferindo-o com úlceras purulentas da cabeça aos pés. Apodrecendo em vida, e sofrendo com a intolerância das pessoas mais próximas, Jó se depara com o inevitável questionamento: Pra que se manter fiel a um Deus que só lhe causa dor e sofrimento, sem que ao mesmo uma única ofensa justifique tamanho infortúnio? Porém, com a cabeça raspada e coberta de cinzas para externando toda sua dor, a atitude surpreendente tomado por Jó é se lançar sobre o pó e “ADORAR” ao Senhor. E o golpe final, que derruba por terra as perniciosas ambições de Satanás está registrado nas palavras de Jó 13:15 -  Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele. Pode haver louvor mais puro e verdadeiro do que confiar nas mãos de Deus a vida e a morte, confiando piamente em seu julgamento?


A atualidade e a crise do louvor

Infelizmente, a atualidade enfrenta uma séria crise no louvor. Deslizes teológicos, pobreza artística, hermenêutica frágil, ausência de vida com Deus. Louvar não é apenas misturar rimas e sons, é o produto do caráter, da autêntica vida com Deus, da verdadeira espiritualidade.A maioria das pessoas hoje vive um dilema: o louvor também pode acontecer no anonimato? A ideia que impera é de que o chamado “ministro de louvor” é aquele que lidera um grande “ministério”, com orquestra profissional, badalação e mídia suficiente para lotar estádios. É a adoração corporativista. Aquele irmão da congregação na periferia, com um violão inferior e uma voz pouco privilegiada, do ponto de vista dessa geração corporativista, não é um ministro de louvor. Essa sedução da grandeza é perigosa porque tira o foco de Deus dos nossos olhos.O mercado do louvor vende muito e, com isso, muitos se perdem nessa encruzilhada ética entre o louvor a Deus e o ramo musical que agrade a mídia. A era do marketing definitivamente invadiu a musicalidade cristã. O Senhor Deus gosta de coisas grandes, profissionais e arrojadas? Obviamente que sim! Mas Ele não faz acepção de pessoas (Romanos 2:11), até porque no céu não entra nada errado, portanto, até mesmo os desafinados, quando louvam de alma, Deus conserta a melodia e a recebe no céu como sinfonia perfeita.

A ideia secularizada dos templos/shoppings e dos cultos/shows tem sido altamente negativa para a espiritualidade hodierna. Muitos vão aos “cultos” em busca de entretenimento religioso e não de uma oportunidade para prestar (e não assistir) um culto ao Senhor. Ao invés de adoradores, temos consumidores, gente atrás da antiga política dos romanos (pão e circo), ao invés das grandes realidades da graça. Uma espiritualidade sacrificada no altar do sucesso está mais próxima dos ideais de um certo querubim (Ezequiel 28:14-15), do que de um carpinteiro que pregava a humildade (Marcos 6:3).Os adeptos desse tipo de movimento detestam ler essas verdades e esse ódio teológico acaba comprovando essa mesma verdade: a falta de humildade alimenta uma religiosidade elitista, onde o show deixa a plateia com o ego cada vez mais cheio. Que Deus nos livre desses altares.

Algumas pessoas costumam atribuir esse crescimento dos tais “ministérios de louvor” a um avivamento, contudo, não há avivamento sem três coisas fundamentais: humildade, quebrantamento e renúncia. O número de “celebridades” cristãs aumentou imensamente. Nossos “artistas” disputam espaço na mídia, convivem como iguais entre os artistas seculares, que, por sua vez, quando começam a cair no esquecimento, correm para o meio “gospel”. É questionável esse nome “artista”, Pois artista é quem produz arte, e, no meio evangélico atual, há uma pobreza artística gritante. Letras medíocres, teatro sempre procurando incutir medo ao invés de amor.Deus não procura celebridades, mas servos. Gente que se gaste pela causa da cruz. Paulo, um homem de grandiosos feitos, em várias cartas, inicia dizendo: “Paulo, servo de Jesus Cristo.” (Romanos 1:1; Filipenses 1:1; Tito 1:1). Servo não tem nome, autoridade, camarote, vontades ou mídia, mas tem “as marcas de Cristo” (Gálatas 6:17).



O Colecionador de Lágrimas
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Davi foi enfático ao afirmar que o Senhor está perto dos que tem um coração quebrantado (Salmo 34:18). Assim, podemos concluir a forma mais eficiente para ataríamos a presença de Deus é derramar-se integralmente na sua presença, em louvor contristado e adoração racional. Quando isto acontece, cada batida do nosso coração é como o tempo marcando uma canção, e nossas lágrimas se tornam notas musicais que rompem o céu.  Existem mais de 300 motivos conhecidos que podem nos levar a um estado de choro. Mas apesar de não gostarmos muito desta vazão de lágrimas, fato é que elas são benéficas para o ser humano. Poeticamente falando, chorar é como deixar a alma tomar banho em uma incrível banheira de hidromassagem, com direito a rosas e sais suíços. Clinicamente, a lágrima lubrifica os olhos, mantendo os órgãos hidratados e descansados. Economicamente, ela é o melhor substituto para o colírio e pode ser conseguida gratuitamente "em qualquer lugar". Isso sem contar que o choro é um excelente terapeuta, capaz de aliviar as mais acentuadas tensões. Chorar é a primeira coisa que aprendemos (e fazemos em nossa vida). Já no instante no nascimento as lágrimas se tornam nossa amiga e aliada até mesmo na hora da morte. Quem não chora pode sofrer com falta de ar, asma, ansiedade e até úlcera intestinal. E para tudo isso, a ciência tem uma explicação. É que enquanto o choro rola no rosto, o corpo precisa agira com controle sobre a respiração e requer equilíbrio entre as emoções agradáveis e desagradáveis. Todo esse esforço do organismo tem como único objetivo o relaxamento imediato. Depois de alguns minutos de derramamento de lágrima, o organismo extravasa. É como se um enorme elástico estivesse estendido mas perdesse a força. Agora o fato mais importante e talvez desconhecido sobre as nossas lágrimas, é que elas são peças importantes de uma coleção, cujo dono é o próprio Deus. E a Bíblia fala abertamente sobre esta questão, quando Davi afirma no Salmo 56:8 - Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre.

Davi chorou muito ao longo de sua vida. Poucos homens verteram tantas lágrimas como o salmista de Belém. Sua vida foi marcada por lutos estendidos, noites de apreensão, fugas não planejadas e vários funerais de seus próprios filhos. Davi chorou sabendo que as lágrimas que deveriam ser secadas com a sua mão, foram secas pelo próprio Deus! Ele testifica que o Senhor Recolhia as suas lágrimas com um odre divino. Odres eram recipientes feitos de couro para guardar líquidos. E nos céus, o belemita tinha alguns frascos com seu nome. A verdade é que Deus interpreta nossas lágrimas, e com isso entende a intensidade de nossa dor. Quando não temos mais forças para orar e só conseguimos chorar aos pés do Senhor, Ele não só ouve o seu clamor sem palavras, como também recolhe todas as suas lágrimas em seu precioso tesouro. Lágrimas são frases para Deus. Mas por ser fiel ao nosso livre arbítrio, o Senhor só recolhe as lágrimas que lhe entregamos. Então, a grande questão é: para quem temos chorado?

Em II Reis 4, encontramos a história de uma mulher lidando com a morte do próprio filho. O profeta Elizeu fazia questão de caminhar pelas ruas de Suném durante suas peregrinações até o Carmelo.  Esta rotina anual, não passou despercebida por uma das moradoras locais. Percebendo que o profeta tinha o habito de passar próxima a sua casa e reconhecendo que ele era de fato um homem santo; essa hospitaleira sunamita, cuja identidade sequer foi revelada, convidou ao profeta para realizar refeições regulares em sua casa. Não sendo isto o bastante, ela convenceu seu marido a construir um cômodo extra, próximo ao muro da residência, para que Elizeu pudesse se hospedar com conforto ali. O profeta do Senhor, consternado com tamanha hospitalidade, sentiu a necessidade de retribuir o favor. A mulher era estéril e nada melhor que um filho para alegrar a casa, então ela recebe de Elizeu a seguinte promessa: No próximo ano, nesta mesma data, terás um filho em seus braços! Sua palavra foi tão poderosa que naquela mesma noite o homem se tornou fértil, e a mulher foi curada de sua esterilidade. Porém, passados alguns anos, de forma repentina, o menino teve uma dor de cabeça e veio a falecer nos braços de sua mãe, que de forma surpreendente, não desperdiçou uma lágrima, o levou ao quarto que havia construído para o profeta. Aquela mulher certamente não contava com o óbito da criança, pois tinha certeza que Deus não tiraria o presente que lhe fora dado, sem ao menos que ela tivesse pedido.

Mas a tragédia inesperada bateu em sua porta. Por volta do meio dia, o menino faleceu e com ele as esperanças de cura. Mas a sunamita não desistiu. Se a cura não era mais possível, o caso agora era para ressurreição, e ela iria até as últimas consequências. Sem alarmar ao marido, a mulher leva seu filho já sem vida até o quarto construído para o profeta (subindo escadas!), enxuga o seu choro, diz ao esposo para não se preocupar pois “tudo está bem”, e então viaja cerca de 5 quilômetros até o profeta, que neste dia, fazia suas orações no Carmelo. Ao vê-la se aproximando, o profeta percebe sua aflição de espírito, mas não recebe de Deus a revelação do ocorrido. Elizeu ordena que Geazi vá ao seu encontro e a indague sobre como estão os membros de sua família: Como vai você? Como vai seu marido? Como vai seu filho? E as respostas: Bem... muito bem... vai tudo muito bem! Aquela mulher entendeu a necessidade de ser forte, e manter inabalada a sua fé, certa de que nada estava perdido, e que se Deus lhe havia dado um filho, nem mesmo a morte poderia tirá-lo dela. Com esta crença ela se manteve inabalável por fora, ainda que estivesse aflita em seu interior.

A sunamita não perdeu tempo com reclamações, indagações e questionamentos. Tampouco gastou suas lágrimas com inutilidades ou suas lamúrias com quem nada poderia fazer por ela. Mas diante do profeta, a mulher descortina seu coração e as lágrimas rolam em sua face. Ela chora pra Deus, e com isso, recebe seu filho de volta para vida. O odre celeste transforma lagrimas em milagres! E a maior beleza de tudo isto é que nos céus, as lagrimas só são encontradas em “odres” e nunca em “olhos”. Por mais que choremos aqui na terra, Deus tem nos preparado um lugar onde não existe sofrimento e nem dor, um céu onde não espaço para tristeza... E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas (Apocalipse 21:4).  No céu, lágrimas são peças de museu... relíquias de um passado do qual não nos lembraremos mais.


A presença de Deus e o louvor

Por incrível que pareça, vivemos um tempo onde a presença de Deus é pouco desejada (quando não é descartada). O louvor, seja ele na música ou na oração, celebra a presença santa do Eterno e Maravilhoso Deus.Quando a presença de Deus é real em nosso meio, as palavras somem. Ficamos numa dimensão sagrada, flutuando na graça, deixando o vento do Espírito nos levar. Em João 3.8, Jesus diz a Nicodemos: “o vento assopra onde quer.” Essa capacidade do Espírito de Deus de ser livre, de soprar sem pedir licença, na vida dos que estão dentro e fora dos “padrões” oficiais, alegra nossa alma e é o combustível máximo da espiritualidade. É o vento que vem para nos levar às alturas, ao encontro do Pai.Quando a experiência do louvor é real, somos transportados à realidade da presença de Deus e essa realidade se encarrega de produzir os mais intensos louvores. Esse ciclo abençoado precisa ser resgatado. A tragédia de muita gente hoje é não ter mais a experiência transformadora dessa presença que a tudo abraça. Diante da presença de Deus, o profeta Isaías não conseguiu achar palavras para descrever o momento, então se resumiu a dizer: “e o seu séquito enchia o templo.” (Isaías 6:1). Diante de Deus, lagrimas louvam muito mais do que meras palavras (I Samuel 1:13).

Uma das dimensões mais tremendas da presença de Deus é que ela pode se manifestar através de nós. O irmão pode ver Deus em meu rosto e eu posso sentir os braços do Pai ao abraçar o irmão (Romanos 8:29). Quando louvamos com sinceridade de coração refletimos Deus ao mundo, pregamos um Evangelho sem palavras, gesticulamos a graça para uma sociedade surda.O Eterno Senhor Deus se manifesta em nós, para que nosso louvor o manifeste aos outros. Essa vocação missionária do louvor precisa se regatada urgentemente. Os estudiosos classificam os salmos em vários gêneros literários, dentre as quais estão os “salmos de ações de graças”. Curiosamente, são poucos os salmos que podem ser classificados nesse gênero. Isso porque nosso conceito de gratidão talvez não condiga com a mentalidade dos autores bíblicos. “Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios, com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome.” (Salmo 100:4). O verbo traduzido por “render graça” é o termo hebraico yadah. Essa palavra significa essencialmente um reconhecimento (confissão pública) dos atos de Deus na História.

Outras presenças se cansam. No entanto, Deus nos garante: “todos os dias” (Mateus 28:20). Não é uma presença que aparece somente no domingo ou no “louvorzão”. É uma presença que nos faz louvar na hora da agonia, da cruz. É a presença que desafia o caos. Na passagem bíblica de II Reis 13:20-21, há um acontecimento magistral: o profeta Eliseu foi sepultado; quando um grupo de invasores chega, alguém lança um cadáver na sepultura de Eliseu e a Palavra de Deus diz: “E, caindo nela o homem e tocando os ossos de Elizeu, reviveu e se levantou sobre os seus pés.” Até mesmo na morte, na sepultura fria a presença que não abandona produz motivos de louvor.Assim como “os céus declaram a glória de Deus” (Salmo 19:1), somos chamados a declarar eternamente o poder e a magnificência de Deus (I Crônicas 29:10-14). Quando o louvor da Igreja, a Noiva de Cristo, for inteiramente, e somente para Deus o avivamento virá e nos auxiliará no resgate necessário das grandes certezas da fé.



O tempo chegou
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley

A pureza no louvor, infelizmente, tem se tornado num tema um tanto problemático em virtude de vários conceitos errados que ao longo dos últimos anos, tem se alastrado no meio cristão, em relação ao culto dirigido ao Deus Eterno. Na verdade, a confusão tem origens já nos tempos bíblicos mais primitivos; quando Israel estava no pé do monte esperando o seu líder Moisés que já havia dias que tinha subido a montanha, e com a demora de Moisés, o povo ficou confuso e logo tomaram a posição contrária ao que se esperava de um povo que acabara de ver a mão poderosa de Deus agir em seu favor, envergonhado faraó e todo o seu povo. Sabendo quem era verdadeiramente seu Deus, o povo se entregou nas mãos de Satanás se envolvendo em um culto de louvor e adoração a um bezerro de metal, dizendo:  -  Aí está o Israel o teu Deus que te tirou do Egito.

Vejam se isso não é idêntico ao que estamos vivendo nos dias de hoje. A inversão de valores em nossos templos é descaradamente apregoada em nossos cultos, pelos promotores da falsa adoração a Deus. Eles dizem ser representantes do reino, mas, não do Reino de Deus, pois tudo que eles querem é a glória e a honra para si. Os shows, cheios de parafernália diabólica, tem tomado lugar da verdadeira adoração e louvor que realmente engrandece e exalta ao único que merece ser adorado em extrema e extravagante adoração.

A iluminação terrena da fama tem levado muitos dos que antes tinha uma postura de santos de Deus, à uma escuridão mental sem precedente, a vulgaridade tomou proporções devastadoras em nosso meio. O verdadeiro louvor que move a mão de Deus e atrai sua presença é uma vida santa, justa, verdadeira e totalmente rendida ao seu Senhor. Louvar a Deus é dar testemunhos da sua grandeza, do seu favor que nos tornou seus filhos. É reconhecer que ele tem todo o domínio em suas mãos e que nada foge ao seu controle. Infelizmente, o espírito de Satanás tem dominado essa terra, levando as pessoas a pensar que podem ser maiores ou iguais a Deus. As pessoas não sabem o que é louvar e adorar a Deus é por não saberem e nem quer saber. Vivem em nossas igrejas inflamadas pelo espírito de exaltação diabólica, correndo atrás de serem reconhecidos e afamados e aplaudidos pelas pessoas.  Usando um nome que não podem sustentar por muito tempo, pois a fama e glória terrena é solúvel, quando vem as ondas da vida logo se dissolve e nada fica de sólido. 

Infelizmente vivemos dias em que a presença de Deus não desejada, poucos se atrevem a dizer que deseja realmente a verdadeira presença do eterno Deus. Não choramos pela falta de se sentir à presença do amado de nossas almas, não suspiramos ofegantes pela vida de santidade que agrada a Deus. Precisamos retomar a posição de servos adoradores do eterno. O tempo chegou e creio que Deus quer mudar essa situação, mas só depende de nós.



Conclusão

O louvor verdadeiro está muito além de verbalizações musicais, de danças e coreografia rasas, gritos e convites a demonstrações de poderio numérico. O louvor verdadeiro nos conduz à intimidade com Deus, a uma espiritualidade sem máscaras, face a face, louvamos ao Deus Onisciente.



Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 30 de outubro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A longanimidade de Deus


A longanimidade é um assunto de difícil tato, pois conversa direto com a nossa personalidade, e a grande verdade é que temos uma natureza endurecida demais, para agir integralmente visando o bem de outrem. Ser longânime nos leva a um estado de tolerância para com próximo, o mesmo princípio de misericórdia que Deus usa para conosco (Lamentações 3:22).

Agindo assim, somos capazes de desprezar as ofensas sofridas através da longanimidade. Em primeiro lugar é importante compreender a longanimidade como uma característica do Fruto do Espírito Santo, que nos capacita a sermos generosos, pacientes, submissos, tranquilos, confiantes e esperançosos, mesmo em momentos de grandes adversidades.

A pós-modernidade torna o desenvolvimento de tais virtudes numa missão complicadíssima, e estamos tendo dificuldades de identificá-las até mesmo na vida de quem se diz filho de Deus. Quando olhamos para Deus, temos a longanimidade manifestada em seu caráter. É impossível olhar para Deus e não vermos sua latente longanimidade, afinal, Ele tem sido longânime para conosco, apesar de nossas transgressões (Naum 1:3).

Não somos o que ele espera que sejamos, não fazemos o que Ele nos tem mandado fazer, não vivemos a vida que Ele nos deu pra viver... Com tudo ele ainda nos ama e espera pacientemente por uma postura nossa (Salmo 103:13).

Quantas vezes temos praticado algo que fere a santidade de Deus, e mesmo assim Ele não desiste de nós. Esta reação misericordiosa de Deus a nossas ações pecaminosas é o exemplo cabal do exercício da   longanimidade, da benignidade e da bondade de Deus por nós.

Então o que resta, é nos esforçamos para pelo menos tentar ser igual ao nosso Pai Celestial, tendo uma postura de renúncia sentimental diante das dificuldades e situações adversas. Logicamente o nosso ego não vai querer abrir mão de seu “trono”, e será preciso uma ação incisiva para se tomar uma forte e resolvida decisão de ser longânime para com as pessoas, subjugando o próprio “eu”.

A ferramenta que nos ajuda nesta resolução já nos foi dada por Deus, sendo excelente e de grande valor: o Fruto do Espírito.  Temos nos envolvido com tantas coisas, procuramos tantos meios de melhoras e nos esquecemos que o que precisamos é do Fruto do Espírito Santo sendo amadurecendo em nós, e para isso, é preciso estar cheio do Senhor através da pessoa do Espírito Santo. Só assim teremos a condição de desenvolver a longanimidade e receber de Deus a capacidade de pensar antes de qualquer tomada de decisão.

A longanimidade nos faz caminhar em direção ao alvo estabelecido pelo Criador para as nossas vidas. Quem tem a longanimidade não desiste facilmente dos seus sonhos e nem das pessoas. Todos nós enfrentamos desafios na nossa caminhada e cada um deles são testes de Deus para nos moldar à sua vontade.

Então vale a pena buscar no Senhor a força necessária para se adequar a essa obra gloriosa do Espírito Santo, para chegarmos naquele grande dia com vestes brancas diante do cordeiro de Deus. Temos em Jesus Cristo o modelo da longanimidade a ser seguido.

Isaías 53:7 relata que ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca, como um cordeiro levado para ser morto, não reclamou diante dos seus tosquiadores. Jesus amou sem ser amado, perdoou mas não foi compreendido, sarou mas foi ferido, se entregou por amor mas foi odiado...

Mesmo assim, não reclamou, seguiu o seu caminho, uma estrada longa e dolorosa, passo a passo, minuto a minuto. Ser longânime é estar disponível a sofrer por amor, servindo ao próximo mesmo sem ter recompensa.

Pb. Bene Wanderley

domingo, 23 de outubro de 2016

Enfrentando conflitos com sabedoria


Em Provérbios 11:14, Salomão escreveu que o sucesso de uma instituição depende de seus conselheiros, pois é exatamente no confrontamentos de ideias, que as resoluções mais sábias são discernidas.  

O casamento é de fato, a instituição mais antiga da terra, sendo a célula mãe da qual se origina a família. Casamentos bem estabelecidos são como alicerces sobre os quais se sustentam todos os pilares de um lar. Logo, o “conselho” que se reúne para debater as questões relevantes desta instituição sagrada, deve ser formado exclusivamente por “marido” e “mulher”, sem a priorização de argumentos terceirizados. Ninguém conhece melhor a intimidade de um casal do que eles mesmos. 

É até possível formar conceitos sobre a relação de alguém, e a partir daí tirar alguma conclusão unilateral. Porém, por mais criteriosa que seja a análise, ela se mostrará falha e insustentável, pois um casamento só é plenamente entendido, se for vivido diariamente, sentindo o latejar das emoções na própria pele.

A sabedoria brejeira do povo brasileiro já nos ensina que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Ninguém está apto a julgar um casamento que não seja o seu, pois não “convive” com aquele casal entre quatro paredes, não conhece o âmago da relação e nem as individualidades minimalistas de cada um dos cônjuges. Casamento precisa de auto- avaliação, auditoria interna e muita reunião de pauta para entender “causas e efeitos”. Somente os dois. Olhos nos olhos. Verdade contra verdade.

Podemos dizer que existem dois tipos de verdades. A primeira, é a “verdade absoluta”, para a qual não existe questionamento. A segunda, é a “verdade individual”, formada pelas ideologias, crenças e convicções pessoais de cada indivíduo. Geralmente, ela está equivocada. Não é por que um dos cônjuges pensa de determinada maneira, que o outro pensará da mesma forma também. Existem sim divergências, afinal, num casamento, temos o “um” formado por “dois”, que trilharam caminhos diferentes antes de se unirem numa só estrada. Assim, cada um traz para a relação a sua visão de mundo, sua ética pessoal e seu próprio senso de justiça.

Cada cônjuge tem a “sua verdade”, e infelizmente (ou felizmente), existem poucas pessoas no mundo com disposição para renunciar sua convicção em prol da certeza alheia. Essa diferença não é um defeito do casamento. Pelo contrário, ela agrega valores ao matrimônio e enriquece a relação, pois um pode (e deve) aprender diariamente com o outro. Um casamento onde marido e mulher compartilham suas verdades distintas, e buscam em oração, alinhá-las a vontade de Deus, estará a meio passo do sucesso familiar.

No sentido prático, no contexto idealizado por Salomão, “CONSELHO” é uma reunião onde pessoas que possuem conhecimento de causa e domínio intelectual sobre determinado assunto, expõem suas ideias, aspirações e analises, buscando um senso comum que seja benéfico a todos os envolvidos. Diálogo, comunicação, entendimento e renúncia. Muitos são os mecanismos disponibilizados ao casal para que contornem suas diferenças e superem seus conflitos.

Se drenarmos um rio, veremos que seu leito é repleto de pedras, valas e elevações. Em teoria, estes seriam obstáculos para a fluidez das correntes. Mas na prática, não são. Os rios não se deixam intimidar pelos obstáculos em seu caminho. Eles simplesmente avançam, contornando rochas e preenchendo lacunas com suas próprias águas. Um casamento que está firmando em Deus, sendo construído diariamente com afeto, carinho, respeito, franqueza e verdade absoluta, se parece com um rio caudaloso que segue seu fluxo rumo ao mar. As pedras ainda estão ali, mas não interferem em seu curso. Ele tem tanto conteúdo em si, que consegue compensar qualquer desnível, e até mesmo as fendas mais profundas, de modo que as falhas “geográficas” não atrapalhem sua fluidez...

Os conflitos são inerentes ao casamento. E natural que estejam lá. Mas o casal sábio busca seu caminho de modo a ultrapassar suas próprias barreiras, sem deixar que elas atrasem sua chagada a um futuro de glória. Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece; e pelo conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens preciosos e agradáveis (Provérbios 24:3-4).


Pb. Miquéias Daniel Gomes