Em Provérbios 11:14, Salomão
escreveu que o sucesso de uma instituição depende de seus conselheiros, pois é
exatamente no confrontamentos de ideias, que as resoluções mais sábias são
discernidas.
O casamento é de fato, a
instituição mais antiga da terra, sendo a célula mãe da qual se origina a
família. Casamentos bem estabelecidos são como alicerces sobre os quais se
sustentam todos os pilares de um lar. Logo, o “conselho” que se reúne para
debater as questões relevantes desta instituição sagrada, deve ser formado
exclusivamente por “marido” e “mulher”, sem a priorização de argumentos
terceirizados. Ninguém conhece melhor a intimidade de um casal do que eles
mesmos.
É até possível formar conceitos
sobre a relação de alguém, e a partir daí tirar alguma conclusão unilateral.
Porém, por mais criteriosa que seja a análise, ela se mostrará falha e
insustentável, pois um casamento só é plenamente entendido, se for vivido
diariamente, sentindo o latejar das emoções na própria pele.
A sabedoria brejeira do povo brasileiro
já nos ensina que “em briga de marido e
mulher, não se mete a colher”. Ninguém está apto a julgar um casamento que
não seja o seu, pois não “convive” com aquele casal entre quatro paredes, não
conhece o âmago da relação e nem as individualidades minimalistas de cada um
dos cônjuges. Casamento precisa de auto- avaliação, auditoria interna e muita
reunião de pauta para entender “causas e efeitos”. Somente os dois. Olhos nos
olhos. Verdade contra verdade.
Podemos dizer que existem dois
tipos de verdades. A primeira, é a “verdade absoluta”, para a qual não existe
questionamento. A segunda, é a “verdade individual”, formada pelas ideologias,
crenças e convicções pessoais de cada indivíduo. Geralmente, ela está
equivocada. Não é por que um dos cônjuges pensa de determinada maneira, que o
outro pensará da mesma forma também. Existem sim divergências, afinal, num
casamento, temos o “um” formado por “dois”, que trilharam caminhos diferentes
antes de se unirem numa só estrada. Assim, cada um traz para a relação a sua
visão de mundo, sua ética pessoal e seu próprio senso de justiça.
Cada cônjuge tem a “sua verdade”,
e infelizmente (ou felizmente), existem poucas pessoas no mundo com disposição
para renunciar sua convicção em prol da certeza alheia. Essa diferença não é um
defeito do casamento. Pelo contrário, ela agrega valores ao matrimônio e
enriquece a relação, pois um pode (e deve) aprender diariamente com o outro. Um
casamento onde marido e mulher compartilham suas verdades distintas, e buscam
em oração, alinhá-las a vontade de Deus, estará a meio passo do sucesso
familiar.
No sentido prático, no contexto
idealizado por Salomão, “CONSELHO” é uma reunião onde pessoas que possuem
conhecimento de causa e domínio intelectual sobre determinado assunto, expõem suas
ideias, aspirações e analises, buscando um senso comum que seja benéfico a
todos os envolvidos. Diálogo, comunicação, entendimento e renúncia. Muitos são
os mecanismos disponibilizados ao casal para que contornem suas diferenças e
superem seus conflitos.
Se drenarmos um rio, veremos que
seu leito é repleto de pedras, valas e elevações. Em teoria, estes seriam
obstáculos para a fluidez das correntes. Mas na prática, não são. Os rios não
se deixam intimidar pelos obstáculos em seu caminho. Eles simplesmente avançam,
contornando rochas e preenchendo lacunas com suas próprias águas. Um casamento
que está firmando em Deus, sendo construído diariamente com afeto, carinho,
respeito, franqueza e verdade absoluta, se parece com um rio caudaloso que
segue seu fluxo rumo ao mar. As pedras ainda estão ali, mas não interferem em
seu curso. Ele tem tanto conteúdo em si, que consegue compensar qualquer
desnível, e até mesmo as fendas mais profundas, de modo que as falhas
“geográficas” não atrapalhem sua fluidez...
Os conflitos são inerentes ao
casamento. E natural que estejam lá. Mas o casal sábio busca seu caminho de
modo a ultrapassar suas próprias barreiras, sem deixar que elas atrasem sua
chagada a um futuro de glória. Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento
ela se estabelece; e pelo conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens
preciosos e agradáveis (Provérbios 24:3-4).
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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