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domingo, 23 de outubro de 2016

Enfrentando conflitos com sabedoria


Em Provérbios 11:14, Salomão escreveu que o sucesso de uma instituição depende de seus conselheiros, pois é exatamente no confrontamentos de ideias, que as resoluções mais sábias são discernidas.  

O casamento é de fato, a instituição mais antiga da terra, sendo a célula mãe da qual se origina a família. Casamentos bem estabelecidos são como alicerces sobre os quais se sustentam todos os pilares de um lar. Logo, o “conselho” que se reúne para debater as questões relevantes desta instituição sagrada, deve ser formado exclusivamente por “marido” e “mulher”, sem a priorização de argumentos terceirizados. Ninguém conhece melhor a intimidade de um casal do que eles mesmos. 

É até possível formar conceitos sobre a relação de alguém, e a partir daí tirar alguma conclusão unilateral. Porém, por mais criteriosa que seja a análise, ela se mostrará falha e insustentável, pois um casamento só é plenamente entendido, se for vivido diariamente, sentindo o latejar das emoções na própria pele.

A sabedoria brejeira do povo brasileiro já nos ensina que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Ninguém está apto a julgar um casamento que não seja o seu, pois não “convive” com aquele casal entre quatro paredes, não conhece o âmago da relação e nem as individualidades minimalistas de cada um dos cônjuges. Casamento precisa de auto- avaliação, auditoria interna e muita reunião de pauta para entender “causas e efeitos”. Somente os dois. Olhos nos olhos. Verdade contra verdade.

Podemos dizer que existem dois tipos de verdades. A primeira, é a “verdade absoluta”, para a qual não existe questionamento. A segunda, é a “verdade individual”, formada pelas ideologias, crenças e convicções pessoais de cada indivíduo. Geralmente, ela está equivocada. Não é por que um dos cônjuges pensa de determinada maneira, que o outro pensará da mesma forma também. Existem sim divergências, afinal, num casamento, temos o “um” formado por “dois”, que trilharam caminhos diferentes antes de se unirem numa só estrada. Assim, cada um traz para a relação a sua visão de mundo, sua ética pessoal e seu próprio senso de justiça.

Cada cônjuge tem a “sua verdade”, e infelizmente (ou felizmente), existem poucas pessoas no mundo com disposição para renunciar sua convicção em prol da certeza alheia. Essa diferença não é um defeito do casamento. Pelo contrário, ela agrega valores ao matrimônio e enriquece a relação, pois um pode (e deve) aprender diariamente com o outro. Um casamento onde marido e mulher compartilham suas verdades distintas, e buscam em oração, alinhá-las a vontade de Deus, estará a meio passo do sucesso familiar.

No sentido prático, no contexto idealizado por Salomão, “CONSELHO” é uma reunião onde pessoas que possuem conhecimento de causa e domínio intelectual sobre determinado assunto, expõem suas ideias, aspirações e analises, buscando um senso comum que seja benéfico a todos os envolvidos. Diálogo, comunicação, entendimento e renúncia. Muitos são os mecanismos disponibilizados ao casal para que contornem suas diferenças e superem seus conflitos.

Se drenarmos um rio, veremos que seu leito é repleto de pedras, valas e elevações. Em teoria, estes seriam obstáculos para a fluidez das correntes. Mas na prática, não são. Os rios não se deixam intimidar pelos obstáculos em seu caminho. Eles simplesmente avançam, contornando rochas e preenchendo lacunas com suas próprias águas. Um casamento que está firmando em Deus, sendo construído diariamente com afeto, carinho, respeito, franqueza e verdade absoluta, se parece com um rio caudaloso que segue seu fluxo rumo ao mar. As pedras ainda estão ali, mas não interferem em seu curso. Ele tem tanto conteúdo em si, que consegue compensar qualquer desnível, e até mesmo as fendas mais profundas, de modo que as falhas “geográficas” não atrapalhem sua fluidez...

Os conflitos são inerentes ao casamento. E natural que estejam lá. Mas o casal sábio busca seu caminho de modo a ultrapassar suas próprias barreiras, sem deixar que elas atrasem sua chagada a um futuro de glória. Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece; e pelo conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens preciosos e agradáveis (Provérbios 24:3-4).


Pb. Miquéias Daniel Gomes

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