segunda-feira, 12 de maio de 2014

Qual a função primária da Igreja?

Por: Pb. Miquéias Daniel Gomes
A palavra grega “ekklesia”, que na língua portuguesa se traduz por “IGREJA”, etimologicamente significa “alguém que é chamado para fora”. Ela é formada de uma preposição - ek” (fora) - e de um verbo, - kaleo” (chamar) - logo significa “chamar para fora”, mas também pode ser entendida como “assembleia”.
Ekklesia, no sentido prático, designava uma convocação de homens para a guerra. Em nosso contexto teológico, trata-se de um grupo específico que ao receber o chamado do Evangelho de Cristo (chamado este que é universal), abandonam suas velhas práticas, renunciam a si mesmos, tomam a cruz sobre os ombros e passam a seguir Cristo, tendo seu modo de agir, pensar e viver lapidados de acordo com os ensinamentos de Jesus. 
São pessoas que embora vivam no mundo, do mundo não são mais; pois vivem a vida baseados na fé do Cristo encarnado. Viviam num círculo vicioso de pecados, longe da vontade divina, mas foram “chamados para fora” e agora fazem parte do Reino de Deus.
Como instituição, porém, a IGREJA é única. Jesus a instituiu com propósitos bem definidos, cuidando pessoalmente de cada detalhes. Num especto espiritual, mais do que uma organização, a Igreja é considerada pelos céu como a Noiva de Cristo, que aguarda ansiosamente o reencontro com seu amado (I Tessalonicenses 4:15-17).

É claro que sem seu fundador e líder em corpo presente, a possibilidade de perder o foco e ver a causa minguar até o esquecimento era muito grande; e ficando exclusivamente nas mãos de homem voláteis a Igreja já nasceria em risco de extinção. Exatamente por isto, ao ascender ao céu em seu corpo ressurreto, Cristo envia outro para ficar em seu lugar e assumir o papel de mentor espiritual da organização, e assim alguns dias depois, quando o remanescente fiel estava reunido no cenáculo, esse “outro” (PARAKLETOS), chamado de “CONSOLADOR” chega sem muito alarde, mas provocando um barulho gigantesco, pois agora, cheios do Espírito, aqueles homens começam a falar em novas línguas, selados com fogo e revestidos de poder; aptos espiritualmente para realizar a grande obra para a qual foram separados, capacitados para transformar o mundo através do evangelho (Atos 2).

Mas que proveito existe em se pregar o Evangelho, ganhar milhares de alma e no final se perder?

Antes de sair ao mundo e evangelizar, a IGREJA precisa primeiramente ADORAR. Não simplesmente cantar canções bonitas no domingo de olhos fechados e mãos levantadas, mas adorar em espírito e verdade, dia e noite, noite e dia. Adoração não é status ou mero devocional, é estilo de vida. Questão de escolha.

Ser adorador é viver por Deus, em Deus e para Deus. É entregar a ele o que temos o que somos e o que queremos e desta forma viver a sua vontade. É sonhar seus sonhos e querer seu querer, dedicar ao Senhor seus dias, seus atos e sua vida, vivendo de forma que cada segundo, cada gesto de suas mãos, cada pensamento e palavra que se pense ou diga seja para honra e Glória do Pai. Este é o dever primário da Igreja, adorar ao Senhor com toda a força de sua existência.

Mas a igreja adoradora ainda não está completamente apta para impactar e ganhar o mundo. Pois antes de “encarar” o desafio da evangelização, ela precisa se “EDIFICAR”, e é aí que a ação do Espírito Santo se torna vital dentro da comunidade eclesiástica.

Por atuar em uma esfera completamente espiritual, a ação prática do Espírito Santo na congregação depende exclusivamente das “ferramentas” disponibilizadas a ele no mundo físico, ou seja, os crentes dispostos a isto.

A Edificação é um tema recorrente nas epístolas paulinas (I Corintos 3:9, II Coríntios 10:15,  Efésios 2,21, 3:17, 4:12-16 e Colossenses 2:7) e pode ser entendida como um processo constante pelo qual Deus mantém ativa e produtiva sua igreja na Terra. Evidentemente, cabe a nós (humanos) cuidarmos dos aspectos práticos e materiais da obra tais como templos, equipamentos, suprimentos em geral; sendo que todos estes elementos são viabilizados através dos dízimos, ofertas e com uma gestão eficiente. Mas a igreja também tem necessidades espirituais e precisa ser gerida por um ser espiritual (O Espírito Santo). 

Essa “capacitação sobrenatural” é a forma que Deus trabalha em sua igreja buscando o fortalecimento e o aperfeiçoamento de todos os que estão em Cristo.
O cristão precisa ter a consciência de que é proveniente do pó da terra. Assim sendo, somos vasos de barro na mão do oleiro e é necessário que estes vasos estejam desembocados para que o Espírito Santo os encha com o óleo precioso da unção. O apóstolo Paulo nos advertiu em II Coríntios 4:7 que a excelência do poder que há em nós vem e é de Deus, e ele deposita seus tesouros dentro de vasos comuns. Uma vez que o crente entende que ser cheio do Espírito é uma dádiva concedida e não um mérito conquistado, ele estará apto a exercer com dignidade as atribuições que o Espírito lhe conceder.

A fim de capacitar a IGREJA para a grande obra à ela destinada, o Espírito “presenteia” indivíduos com “poderes” sobrenaturais e os capacita a realizar “obras” além da capacidade ou compreensão humana. Esse poder concedido não visa engrandecimento de pessoas, mas sim contribuir para o crescimento e fortalecimento da comunidade, edificando o Corpo de Cristo. A essa capacitação que os “membros” da Igreja recebem, chamamos numa forma geral, de “DONS ESPIRITUAIS”.
Através de seu Espírito, Deus distribuiu entre seus servos esses “equipamentos espirituais” que otimizam o trabalho do Espírito Santo entre nós;  tais “ferramentas” são entregues a Igreja para potencializar o cumprimento do “IDE” de Jesus.

E é apenas aí que entra a EVANGELIZAÇÃO.  Quando em Marcos 16:15, o  Mestre ordenou que o Evangelho fosse pregado por toda a Terra, contava que sua Igreja já teria aprendido e praticado as lições sobre a adoração verdadeira ensinada em João 4:22-24, e estaria já estaria edificada sobre a  rocha e enxertada na videira verdadeira (Mateus 16:13 e João 15:1). Curada para ministrar cura... Liberta para proclamar libertação...  Salva para pregar salvação.


Primeiro a Igreja ADORA... Depois ele se EDIFICA e apenas após cumprir tais desígnios, é que ela EVANGELIZA.  E seguindo essas três etapas, se prepara com esmero para encontrar com seu noivo (Jesus), e com ele viver por toda a eternidade (Apocalipse 22:13).


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