Por: Pb. Miquéias Daniel Gomes
A palavra
grega “ekklesia”, que na língua portuguesa se traduz por “IGREJA”, etimologicamente
significa “alguém que é chamado para fora”.
Ela é formada de uma preposição - “ek” (fora) - e de um verbo, - “kaleo” (chamar) - logo significa “chamar para fora”, mas também pode ser
entendida como “assembleia”.
Ekklesia, no
sentido prático, designava uma convocação de homens para a guerra. Em nosso contexto teológico,
trata-se de um grupo específico que ao receber o chamado do Evangelho de Cristo
(chamado este que é universal),
abandonam suas velhas práticas, renunciam a si mesmos, tomam a cruz sobre os
ombros e passam a seguir Cristo, tendo seu modo de agir, pensar e viver
lapidados de acordo com os ensinamentos de Jesus.
São pessoas que embora
vivam no mundo, do mundo não são mais; pois vivem a vida baseados na fé do
Cristo encarnado. Viviam num círculo vicioso de pecados,
longe da vontade divina, mas foram “chamados
para fora” e agora fazem parte do Reino de Deus.
Como instituição, porém, a IGREJA é única. Jesus a instituiu com propósitos bem definidos, cuidando pessoalmente de cada detalhes. Num especto espiritual, mais do que uma organização, a Igreja é considerada pelos céu como a Noiva de Cristo, que aguarda ansiosamente o reencontro com seu amado (I Tessalonicenses 4:15-17).
É
claro que sem seu fundador e líder em corpo presente, a possibilidade de perder
o foco e ver a causa minguar até o esquecimento era muito grande; e ficando
exclusivamente nas mãos de homem voláteis a Igreja já nasceria em risco de
extinção. Exatamente por isto, ao ascender ao céu em seu corpo ressurreto,
Cristo envia outro para ficar em seu lugar e assumir o papel de mentor
espiritual da organização, e assim alguns dias depois, quando o remanescente
fiel estava reunido no cenáculo, esse “outro”
(PARAKLETOS), chamado de
“CONSOLADOR” chega sem muito alarde, mas provocando um barulho gigantesco, pois
agora, cheios do Espírito, aqueles homens começam a falar em novas línguas,
selados com fogo e revestidos de poder; aptos espiritualmente para realizar a grande
obra para a qual foram separados, capacitados para transformar o mundo através
do evangelho (Atos 2).
Mas que proveito existe em se pregar o Evangelho, ganhar
milhares de alma e no final se perder?
Antes
de sair ao mundo e evangelizar, a IGREJA precisa primeiramente ADORAR. Não simplesmente cantar canções
bonitas no domingo de olhos fechados e mãos levantadas, mas adorar em espírito
e verdade, dia e noite, noite e dia. Adoração não é status ou mero devocional,
é estilo de vida. Questão de escolha.
Ser
adorador é viver por Deus, em Deus e para Deus. É entregar a ele o que temos o
que somos e o que queremos e desta forma viver a sua vontade. É sonhar seus
sonhos e querer seu querer, dedicar ao Senhor seus dias, seus atos e sua vida,
vivendo de forma que cada segundo, cada gesto de suas mãos, cada pensamento e
palavra que se pense ou diga seja para honra e Glória do Pai. Este é o dever
primário da Igreja, adorar ao Senhor com toda a força de sua existência.
Mas a
igreja adoradora ainda não está completamente apta para impactar e ganhar o
mundo. Pois antes de “encarar” o desafio da evangelização, ela precisa se “EDIFICAR”, e é aí que a ação do
Espírito Santo se torna vital dentro da comunidade eclesiástica.
Por
atuar em uma esfera completamente espiritual, a ação prática do Espírito Santo na
congregação depende exclusivamente das “ferramentas” disponibilizadas a ele no
mundo físico, ou seja, os crentes dispostos a isto.
A Edificação
é um tema recorrente nas epístolas paulinas (I
Corintos 3:9, II Coríntios 10:15,
Efésios 2,21, 3:17, 4:12-16 e Colossenses 2:7) e pode ser entendida
como um processo constante pelo qual Deus mantém ativa e produtiva sua igreja
na Terra. Evidentemente, cabe a nós (humanos)
cuidarmos dos aspectos práticos e materiais da obra tais como templos,
equipamentos, suprimentos em geral; sendo que todos estes elementos são viabilizados
através dos dízimos, ofertas e com uma gestão eficiente. Mas a igreja também
tem necessidades espirituais e precisa ser gerida por um ser espiritual (O
Espírito Santo).
Essa “capacitação sobrenatural” é a forma que Deus trabalha em
sua igreja buscando o fortalecimento e o aperfeiçoamento de todos os que estão
em Cristo.
O
cristão precisa ter a consciência de que é proveniente do pó da terra. Assim
sendo, somos vasos de barro na mão do oleiro e é necessário que estes vasos
estejam desembocados para que o Espírito Santo os encha com o óleo precioso da
unção. O apóstolo Paulo nos advertiu em II Coríntios 4:7 que a excelência do
poder que há em nós vem e é de Deus, e ele deposita seus tesouros dentro de
vasos comuns. Uma vez que o crente entende que ser cheio do Espírito é uma
dádiva concedida e não um mérito conquistado, ele estará apto a exercer com
dignidade as atribuições que o Espírito lhe conceder.
A fim
de capacitar a IGREJA para a grande obra à ela destinada, o Espírito
“presenteia” indivíduos com “poderes” sobrenaturais e os capacita a realizar
“obras” além da capacidade ou compreensão humana. Esse poder concedido não visa
engrandecimento de pessoas, mas sim contribuir para o crescimento e fortalecimento
da comunidade, edificando o Corpo de Cristo. A essa capacitação que os
“membros” da Igreja recebem, chamamos numa forma geral, de “DONS ESPIRITUAIS”.
Através
de seu Espírito, Deus distribuiu entre seus servos esses “equipamentos
espirituais” que otimizam o trabalho do Espírito Santo entre nós; tais “ferramentas” são entregues a Igreja para
potencializar o cumprimento do “IDE” de Jesus.
E é
apenas aí que entra a EVANGELIZAÇÃO. Quando
em Marcos 16:15, o Mestre ordenou que o
Evangelho fosse pregado por toda a Terra, contava que sua Igreja já teria
aprendido e praticado as lições sobre a adoração verdadeira ensinada em João
4:22-24, e estaria já estaria edificada sobre a rocha e enxertada na videira verdadeira
(Mateus 16:13 e João 15:1). Curada para ministrar cura... Liberta para
proclamar libertação... Salva para
pregar salvação.
Primeiro
a Igreja ADORA... Depois ele se EDIFICA e apenas após cumprir tais desígnios,
é que ela EVANGELIZA. E seguindo essas três etapas, se prepara com
esmero para encontrar com seu noivo (Jesus), e com ele viver por toda a
eternidade (Apocalipse 22:13).
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