A primeira coisa que
precisamos fazer antes de responder esta pergunta, é entender o que de fato é uma maldição.
O dicionário de língua
portuguesa Aurélio, define a palavra maldição nos seguintes termos: "Ato ou efeito de amaldiçoar ou
maldizer". Maldizer: "praguejar contra; amaldiçoar". Maldito:
"Diz-se daquele ou daquilo a que se lançou maldição". O Dicionário
Teológico diz que maldição é “uma praga que se arroga a alguém ou locuções
previamente formadas encerrando desgraças e insucessos". Já a Bíblia
On-line define o termo como “chamamento de mal, sofrimento ou desgraça sobre
alguém e salienta: os que quebram a Lei estão debaixo de maldição (Gênesis
27.12; Romanos 3.14).
Por estas definições entendemos que a maldição pode ser originada por palavras perniciosas, atitudes pecaminosas e pela desobediência. Hoje muito se tem falado sobre um certo tipo de "maldição", que infelizmente tem se tornado o nicho publicitário e comercial de algumas igrejas, e a essência da mensagem de muitos escritores e pregadores ritualistas renomados: Maldições Hereditárias
A maldição hereditária - segundo os que a defendem -
surge em decorrência de um trabalho de feitiçaria ou de qualquer outra ação
maligna lançada contra a vítima. Uma pessoa em sofrimento pode ter sido
consagrada, antes ou depois do seu nascimento, às entidades demoníacas. Uma
palavra má pode ter sido lançada sobre a vida de uma família, que nunca
prosperará e será vítima de enfermidades e angústias. O ponto mais vertiginoso
deste conceito, é que mesmo uma pessoa que já tenha tido um encontro com Jesus,
seja fiel à Deus e esteja certo de sua salvação, pode ainda manter consigo maldições
que se propagam em sua árvore genealógica, mesmo que sequer conheça a origem ou
a causa.
Porém, é muito difícil conciliar a chamada "Teologia
da Maldição Hereditária" com a Palavra de Deus. Os que defendem a
existência de crentes amaldiçoados por maldições provindas de antepassados,
admitem que é possível estarmos de posse de uma herança maldita, por nós
desconhecida, e difícil de ser detectada no tempo e no espaço. O remédio seria
QUEBRAR, ANULAR, AMARRAR, REPREENDER essa maldição. Feito isso, o crente ou não
crente estaria leve, liberto e livre de todo peso. Nem ele nem os seus
descendentes sofreriam mais os danos desse mal. Entretanto, se aceitarmos a
ideia que mesmo após nosso encontro com Cristo, ainda estamos atados por uma
maldição herdada geneticamente, então diminuímos drasticamente, ou até mesmo
neutralizamos o poder de Jesus em nossa vida, assumindo que sua obra redentora
por nós e o poder que emana do seu sangue são insuficientes para quebrar uma
maldição, sendo necessário uma intervenção humana “especializada e ritualística”
para que a libertação o aconteça; e isto foge completamente do que é bíblico.
“É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois o
justo viverá pela fé. A lei não é baseada na fé; pelo contrário, quem pratica
estas coisas por ela viverá. Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se
tornou maldição em nosso lugar” (Gálatas 3:11-13).
"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus , que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Romanos 8.1).
Essa teoria anti-bíblica tem a maldição como uma
entidade em si mesma que precisa apenas que alguém desencadeie o processo
inicial, que é um pecado cometido por uma pessoa num passado remoto ou recente;
depois disso, passa a agir com total independência e não leva em conta a
responsabilidade pessoal. A maldição, segundo a doutrina em questão, opera
cegamente atingindo qualquer um ao seu alcance; vai se transmitindo
indefinidamente através do tempo, até que um especialista em quebra de maldições
a identifica e interrompa seu ciclo. Ela usa como meio receptor e transmissor um local, um objeto, uma pessoa,
uma família, uma cidade ou um país, como uma energia maligna invisível, e vai
se espalhando, como exemplificado nas centenas de "testemunhos" baseados em
experiências subjetivas e desmentidas pela Bíblia. A maldição em certas
circunstâncias parece operar por si mesma, como um mal invisível que tem
personalidade própria e poder de se auto-determinar. Já em outras
circunstâncias parece ser uma energia maligna operacionalizada por demônios,
que são chamados de "espíritos familiares"; sendo que esta maldição tem que ser
quebrada pela intervenção humana num ritual que difere de especialista para
especialista.
De fato, não há real base bíblica e teológica para as definições
e práticas da maldição hereditária. Quando os defensores dessa heresia usam
versículos da Bíblia, utilizam textos que falam do poder das palavras, e de
maldições, mas tirando-os do contexto, manipulando-os e adulterando o sentido
da Palavra de Deus, e, para apoiar a sua doutrina insustentável biblicamente,
usam um grande número de supostos relatos testemunhais, com interpretações
subjetivas e falaciosas. O fato é que os textos usados por estes “especialistas”
não dão respaldo à teoria humanista e mística da maldição hereditária da
família, defendida por eles e por muitos outros.
A verdadeira maldição atinge as pessoas sem temor a Deus, sem entrega à Cristo e sem vida no altar, pois
estes sim, estão condenadas à morte eterna. Sem Cristo a maldição nunca acaba,
mas quando Jesus entra na vida do homem, lança por terra toda e qualquer
maldição:
"Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram, tudo se fez novo" (2 Coríntios 5.17).
"Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida" (João 5.24).
"Mas se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns
com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo
pecado" (1 João 1.7).
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós" (Gálatas 3.13).
"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres"
(João 8.36).
"Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro,
para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça. Pelas suas
feridas fostes sarados" (1 Pedro 2.24).
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós" (Gálatas 3.13).
Por
tudo isto, podemos concluir que A doutrina/teologia/teoria da Maldição Hereditária implode
em seus próprios paradoxos, tais como:
Morremos para o mundo e para o pecado, mas não teríamos morrido para
possíveis maldições sobre nós lançadas?
A cruz nos salvou da maldição da lei, mas o sangue de Jesus teria sido
impotente para nos livrar de maldições hereditárias?
Fica difícil de imaginar que uma pessoa beneficiária
de tantas bênçãos, possa carregar sobre si o fardo das maldições. A solução
para livrar-se definitivamente de qualquer maldição vinculada a nossa história, é aceitar a salvação que há em Cristo Jesus. A partir
deste momento então, as maldições são arrancadas de nossa vida e já não mais alcançarão
os justos, porque os muros de nossa fortaleza espiritual estão íntegros, e como
já dizia Salomão em Provérbios 26:2 - "a maldição sem causa não virá".
Aos que se julgam ainda debaixo de maldição, Jesus te
faz um convite para conhece-lo verdadeiramente, e para os que assim o fizerem,
lavra uma promessa:
"Vinde a mim todos os que estais cansados e
oprimidos e eu vos aliviarei" (Mateus 11.28).
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
(João 8:32).
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