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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A Reforma Protestante



O cristianismo é sem duvidas, uma das maiores e  das mais influentes religiões do mundo, com milhares de fiéis espalhados pelo planeta. Ao longo de sua história, foi marcado por diversas polêmicas que afetaram profundamente os seus seguidores. No século XI, por exemplo, aconteceu o Cisma do Oriente que dividiu a Igreja em Católica do Ocidente e Católica do Oriente. Outra grande ruptura ocorreu no século XVI, quando surgiu o processo conhecido por Reforma Protestante, que abalou as estruturas do catolicismo e que contribuiu para o nascimento de outras religiões. Essa reforma surgiu para criticar as práticas estabelecidas pela Igreja Católica que por muito tempo influenciaram e controlaram fiéis do mundo inteiro. Entre as medidas realizadas pelos líderes católicos que motivaram a reforma, destacou-se a prática da simonia, que foi o comércio de relíquias sagradas. Essas relíquias na maioria das vezes eram falsas e os fiéis compravam pensando que eram objetos utilizados por Cristo ou por algum santo. As vendas de indulgências também se destacaram entre as práticas realizadas pela Igreja. Os líderes católicos eram seguidores da doutrina de Tomás de Aquino, que defendeu a ideia de que a salvação não se dava exclusivamente pela fé, mas sim pelas boas obras. Acreditava-se, por exemplo, que o perdão aos pecados e a salvação eterna poderiam ser conseguidos através do pagamento em dinheiro, que seria destinado para financiar as despesas da Igreja. Outro mecanismo de poder da Igreja foi o monopólio da leitura da Bíblia, que era escrita somente em Latim. A intenção era mediar o encontro dos fiéis com o livro sagrado, que deveria ser traduzido pelos padres. Dessa maneira, a Igreja evitava interpretações em relação ao texto sagrado que não se encaixavam com o pensamento do alto escalão do clero. 

Antes da conversão de Constantino ao Cristianismo em 315 d.C., os cristãos haviam sido perseguidos pelo governo romano. Com sua conversão, o Cristianismo tornou-se uma religião permitida do Império Romano (e mais tarde tornou-se a religião oficial), e desta forma a Igreja “visível” juntou-se com o poder do governo Romano. Este casamento de Igreja e Estado levou à formação da Igreja Católica Romana, e através dos tempos fez com que a Igreja Católica Romana refinasse sua doutrina e desenvolvesse sua estrutura da forma que melhor servisse aos propósitos do governo romano. Durante este tempo, opor-se à Igreja Católica Romana era o mesmo que se opor ao governo romano, o que acarretava severas penas. Por este motivo, se alguém discordasse com alguma doutrina da Igreja Católica Romana, seria uma séria ofensa que freqüentemente levaria à excomunhão, e às vezes até a morte. Apesar de tudo, neste momento da história havia verdadeiros cristãos “renascidos” que se levantariam e se oporiam à secularização da Igreja Católica Romana e à distorção da fé que seguiam. Através desta combinação entre Igreja e Estado, através dos tempos, a Igreja Católica Romana efetivamente silenciou aqueles que se opuseram a qualquer uma de suas doutrinas e práticas, e verdadeiramente quase se tornou uma igreja universal através do Império Romano. Havia sempre “bolsões” de resistência a algumas das práticas e ensinamentos não-bíblicos da Igreja Católica Romana, apesar de serem relativamente pequenos e isolados. Antes da Reforma Protestante, no século XVI, homens como John Wycliffe, na Inglaterra, John Huss, na então Tchecoslováquia e John of Wessel na Alemanha, todos já haviam dado suas vidas por sua oposição a alguns dos ensinamentos não-bíblicos da Igreja Católica Romana. A oposição à Igreja Católica Romana e a seus falsos ensinamentos piorou no século XVI, quando um monge católico Romano chamado Martin Luther (Martinho Lutero) pregou suas 95 Teses contra os ensinamentos da Igreja Católica Romana na porta da igreja do castelo de Wittenbert, Alemanha. 

A intenção de Martinho Lutero era reformar a Igreja Católica Romana, e fazendo assim estava desafiando a autoridade do papa. Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o grande idealizador da Reforma Protestante contra as práticas de simonia e a venda de indulgências. Lutero foi um jovem alemão que resolveu entrar para a vida religiosa após um milagre que salvou sua vida durante uma violenta tempestade. Ao entrar para a Igreja, ele obteve contato direto com as atitudes do catolicismo perante seus seguidores. Ao perceber as práticas errôneas realizadas pelos membros do clero, ele resolveu aprofundar seus estudos para criar uma maneira correta na relação entre fiel e Igreja.  Inspirado pelo versículo bíblico “O justo se salvará pela fé”, Martinho Lutero iniciou a escrita das famosas 95 teses luteranas que foram de encontro às práticas dos membros do clero. Entre as teses mais importantes, destacou-se, principalmente, a afirmativa da fé cristã como único caminho para salvação eterna e a Bíblia como única fonte para a fé. Essas ideias foram lançadas contra a postura da Igreja que em 1520 excomungou Lutero pelos seus ideais reformistas.

O surgimento de outras religiões foi uma das principais consequências da Reforma Protestante. A Reforma Calvinista na Suíça liderada por João Calvino no século XVI foi um exemplo da influência de Lutero para o surgimento de práticas reformistas contra a Igreja Católica. Posteriormente, destacou-se o Anglicanismo na Inglaterra promovido por Henrique VIII, que rompeu com o catolicismo.  Martinho Lutero promoveu através de sua reforma uma grande crise na Igreja Católica que teve seu poder diminuído com o surgimento de outras religiões. O Protestantismo, portanto, caracterizou os fiéis que não seguiam as doutrinas católicas e que deram continuidade à principal reforma religiosa realizada na Europa. Com a recusa da Igreja Católica Romana em dar ouvidos à chamada de Lutero para a reforma e retorno às doutrinas e práticas bíblicas, iniciou-se a Reforma Protestante, da qual quatro divisões ou tradições principais de Protestantismo surgiriam: Luteranismo, Reformados, Anabatistas e Anglicanos. Durante este tempo Deus levantou homens piedosos em diferentes países para, uma vez mais restaurar igrejas por todo o mundo a suas origens bíblicas e a suas doutrinas e práticas bíblicas.

   

Junto à Reforma Protestante se assentam quatro perguntas ou doutrinas básicas, que segundo criam estes reformadores, constituíam erro por parte da Igreja Católica Romana. Estas quatro questões ou doutrinas são:
Como uma pessoa é salva?
Onde reside a autoridade religiosa? 
O que é a igreja? 
Qual a essência do viver cristão? 

Respondendo a estas perguntas, os reformadores protestantes, como Martinho Lutero, Ulrich Zwingli, John Calvin (João Calvino) e John Knox estabeleceram o que seria conhecido como as “Cinco Solas” (sola é a palavra latina para única) da Reforma. Estes cinco pontos da doutrina formam o coração da Reforma Protestante, e era por estas cinco doutrinas bíblicas essenciais que os reformadores protestantes afirmariam sua opinião contra a Igreja Católica Romana, resistindo às exigências a eles feitas para que voltassem atrás em seus ensinamentos, mesmo até ao ponto de morrer. Estas cinco doutrinas essenciais da Reforma Protestante são:

Sola Scriptura (Somente as Escrituras)
Afirma a doutrina bíblica de que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos. Como Martinho Lutero tão eloqüentemente afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos: “Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém."

Sola Gratia: (Somente a Graça: salvação somente pela graça)
Afirma a doutrina bíblica de que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.

Sola Fide (Somente a fé - salvação somente pela fé):
Afirma a doutrina bíblica de que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça de Deus.

Solus Christus (Somente Cristo)
Afirma a doutrina bíblica de que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta.

Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus)
Afirma a doutrina bíblica de que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para Sua glória. Isto demonstra que como cristãos devemos glorificar sempre a Ele, e devemos viver toda a nossa vida perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e somente para sua glória.

Estas cinco importantes e fundamentais doutrinas são a razão da Reforma Protestante. Estão no coração do erro doutrinário da Igreja Católica Romana, e por que a Reforma Protestante se fazia necessária para fazer com que as igrejas através do mundo voltassem às doutrinas e ensinamentos bíblicos corretos. São tão importantes hoje em avaliar a igreja e seus ensinos quanto eram no passado. De muitas formas, grande parte da cristandade protestante precisa ser desafiada a retornar a essas doutrinas fundamentais de fé, da mesma forma que os reformadores desafiaram a Igreja Católica Romana no século XVI. A necessidade de uma nova Reforma é tão urgente quanto latente.

Fontes de Pesquisas:
 Escola Kids: www.escolakids.com / Got Questions: www.gotquestions.org

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

EBD: Mefibosete e o milagre da Restituição e da Honra


Texto Áureo

E Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado de ambos os pés; era da idade de cinco anos quando as novas de Saul e Jônatas vieram de Jizreel, e sua ama o tomou, e fugiu; e sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo; e o seu nome era Mefibosete”
II Samuel 4:4

Verdade Aplicada
A Graça Divina não mira nossos defeitos nem tampouco nossas impossibilidades, ela não pede nenhum outro esforço que não seja a fé para que a aceitemos em nossas vidas.

Texto de Referência
II Samuel 9:6, 10,11 e 12  

E, vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo.
Trabalhar-lhes-às, pois, a terra, tu, e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão e coma; e Mefobosete, filho de teu senhor, de contínuo comerá pão à minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos e vintes servos.
E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo. Porém Mefibosete comerá à minha mesa como um dos filhos do rei.  E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica; e todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete.

A Força de uma Aliança

Após derrotar o gigante Golias, o jovem Davi é conduzido nos braços do povo até o palácio real, causando um perigoso sentimento de inveja no rei. Saul recebe Davi com as honras prometidas, mas imediatamente desenvolve um imenso desprezo por aquele que seria seu genro, que só aumenta à medida que Davi vai mostrando seu valor e ganhando apresso popular. Se o atual Rei temia que o jovem Davi pudesse tira-lo de seu trono, seu sucessor imediato pensa exatamente o contrário, aceitando o fato que o verdadeiro herdeiro do trono de Israel não será identificado pelo sangue, mas sim pela unção. Desde a primeira vez que viu Davi, Jonatas se simpatizou com a figura jovial do belemita, e enquanto seu pai fazia pouco caso do pastorzinho recentemente promovido a herói nacional, Jonatas vislumbra o futuro da nação, e num ato profético, retira seu manto real e veste Davi com ele. Jonatas também entrega para Davi suas vestes, a sua espada, o seu arco e o seu cinto, numa transferência simbólica do direito de ser o herdeiro legítimo do trono. Ali, nasce uma amizade profunda e verdadeira, capaz de entrelaçar suas almas; e é selada uma aliança tão intensa, que a Bíblia nos diz que um amou o outro como se fosse sua própria alma (I Samuel 18:1-4). Amigos, conselheiros e confidentes. Era em Jonatas que o futuro rei encontrava abrigo e segurança, um ouvido atento que absorvia os seus desabafos, e um conselho imparcial sempre que necessário. Tamanha era a compreensão de um com o outro, que Davi chegou a afirmar que a amizade de Jonatas lhe era melhor que o amor das mulheres. 
Com a popularidade de Davi cada vez mais alta, o rei Saul se viu corroído pela inveja e pelo medo de ser sobrepujado por seu genro, e então deixou-se dominar pela loucura, sendo constantemente atormentado por um espírito mau. Neste ponto, Jonatas se torna um verdadeiro “anjo da guarda” para Davi, já que toda vez que o rei Saul elabora um plano para eliminar seu desafeto, Jonatas alertava seu amigo, e o perigo era neutralizado (I Samuel 19:1-2). Com furor crescente, Saul intensificou seus ataques contra Davi, inclusive realizando uma tentativa de assassinato. Como não logrou êxito em seu intento, o rei cuidou de desconstruir a imagem de Davi, o tornando em um inimigo público, o que evidenciou ainda mais a amizade ente Davi e Jonatas, já que sendo aliado de um fugitivo colocava em risco a própria vida. Mesmo assim, Jonatas se manteve leal a Davi. Quando a guerra contra os filisteus irrompeu novamente, os encontros de Davi e Jonatas ficaram cada vez mais escassos, e com a iminência de uma tragédia anunciada, ambos selam uma aliança, que determinaria o futuro do personagem que iremos estudar: 

E disse Jônatas a Davi: O Senhor Deus de Israel seja testemunha! Sondando eu a meu pai amanhã a estas horas, ou depois de amanhã, e eis que se houver coisa favorável para Davi, e eu então não enviar a ti, e não to fizer saber; O Senhor faça assim com Jônatas outro tanto; que se aprouver a meu pai fazer-te mal, também to farei saber, e te deixarei partir, e irás em paz; e o Senhor seja contigo, assim como foi com meu pai. E, se eu então ainda viver, porventura não usarás comigo da beneficência do Senhor, para que não morra? Nem tampouco cortarás da minha casa a tua beneficência eternamente; nem ainda quando o Senhor desarraigar da terra a cada um dos inimigos de Davi.
Assim fez Jônatas aliança com a casa de Davi, dizendo: O Senhor o requeira da mão dos inimigos de Davi. E Jônatas fez jurar a Davi de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma.

I Samuel 20:12-17

Quando a tragédia bate na porta

A história de Mefibosete traz um misto de fracasso e de sucesso. Ele era o filho de Jonatas, o amigo de Davi. Jonatas era um homem sábio, que viu em Davi a unção de rei, sabia que seu próprio pai estava reprovado por suas ações e vida de desonra a Deus, e mesmo sendo o sucessor ao trono, renunciou porque via em seu amigo o homem escolhido para liderar os exércitos e a nação de Israel (I Samuel 18:3-4).Antes da morte de Saul, Jonatas e Davi firmaram um pacto entre famílias. Jonatas o protegia das loucuras de seu pai Saul e se um dia ainda vivesse, Davi tornando-se rei cuidaria dele e de seus descendentes (I Samuel 20:13-17).Para a tristeza de Davi, Jonatas e Saul morrem no mesmo dia, e Davi se tornou o rei de Israel. Era comum que um novo rei exterminasse a todos os familiares do antecessor para que não houvesse uma insurreição. Assim, quando a notícia da morte de Jonatas e Saul se espalhou, a desgraça veio a casa de Jonatas e seu filho Mefibosete de cinco anos de idade, além de perder seu pai e o futuro trono de Israel, ficou coxo de ambos os pés, porque no afã de salvá-lo da morte a ama que dele cuidava o derrubou (II Samuel 4:4).
Existem momentos em nossas vidas que tudo parece piorar; pois tentando salvar o menino, a mulher piorou sua situação. Existem certos tipos de ajuda na hora da aflição que somente pioram aquilo que já está ruim. Devemos ter o cuidado com alguns tipos de boas intenções, é bom sempre discernir o que está a nossa volta. Nesse caso, ele tinha apenas cinco anos, era imaturo e não podia agir por si mesmo.
Após a ascensão de Davi ao trono de Israel não se houve mais falar em Mefibosete, ele é levado para Lô-Debar e lá vive exilado e totalmente esquecido por todos, inclusive Davi. “Lo-Debar” significa: “sem pasto” um lugar deserto e árido, e “Mefibosete” significa: “semeador de vergonha”. Em Lô-Debar, Mefibosete viveu sem fé, sem esperança e sem Deus. Além de tudo isso, a pessoa que foi encarregada de cuidar dele usurpou todos os bens que possuía (II Samuel 9:2-3). No deserto, com medo da morte, andando com dificuldades, e totalmente aquém da sociedade, Mefibosete não possuía qualquer perspectiva de mudança em sua vida, nem mesmo sabia da aliança entre Davi e seu falecido pai (II Samuel 9:3-4-7).

Do Palácio para o Deserto

O dia do nascimento de Mefibosete foi uma verdadeira festa nacional, onde o povo celebrou a chegada de um futuro rei e a família real pode vislumbrar um futuro glorioso de sucessões no trono de Israel. Mas a história desta família teria um desfecho trágico apenas cinco anos depois, quando em uma ferrenha batalha contra os filisteus, seu pai Jonatas foi morto em combate, e seu avô Saul, para não ser capturado, se suicidou com a própria espada. Os gritos histéricos e desesperados ecoavam pelos corredores do palácio. Os nobres estavam em polvorosa, pois temiam que com a queda do rei, seu maior inimigo conhecido, ao tomar o trono, como era usual nestes casos, eliminaria todos os descendentes do rei anterior (mesmo não sendo esta a intenção de Davi) .  Para evitar que Mefibosete tivesse um fim trágico, uma de suas “amas” o pega no colo afim de retira-lo do palácio e o levar a um esconderijo seguro, mas acaba tropeçando e caindo com o menino, que na queda, quebra ambos os pés, causando-lhe uma deficiência permanente, já que seus ossos cicatrizaram incorretamente, causando a dupla deformação, além de imensa dor física e profundos traumas emocionais.
Ao longo de sua vida, Mefibosete foi chamado por três nomes distintos. Ao nascer, recebeu de seu pai o  nome de Meribe-Baal (Lutador do Senhor), mas devido a sua sonoridade pagã (que lembrava os deuses cananeus), seu nome foi trocado para Ishboset (homem da vergonha), até que finalmente se tornou conhecido por Mefibosete (que pode ser entendido como “aquele que expulsa a vergonha”). E este é um bom resumo de sua vida. Nascido príncipe, perdeu o direito ao trono e qualquer perspectiva de reconquista-lo no mesmo dia, pois a deficiência física que adquiriu em sua infância, não o permitia desenvolver habilidades bélicas, o que eliminava a chance de liderar um exército para tentar reaver o trono perdido. Além disso, devido a sua condição, ele sequer poderia entrar no palácio, pois não se permitia aleijados ali. Desta forma, Mefibosete foi levado para uma cidade chamada Lô Debar, localizada em uma região árida e de solo infértil, tanto que não existia pastagens ali. Aquele lugar era uma colônia de doentes, cegos, leprosos, miseráveis, desprezados e marginalizados, e é exatamente por isto que Lô Debar era conhecida popularmente por “lugar do esquecimento”. E foi exatamente isso o que aconteceu. Por quase vinte anos, Mefibosete ficou completamente esquecido ali, vivendo uma vida tão miserável, que definiu a si mesmo como um “cão morto” (II Samuel 9:8)

O tempo passou e Mefibosete cresceu no deserto de Lô-Debar longe de tudo que lhe era de direito. Até que o tempo de deus chegou e Davi se lembrou da aliança que havia feito com Jonatas. Observe as palavras de Davi. Ele usa o mesmo termo para graça e honra. “Benevolência”. E disse o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu use com ele da benevolência de Deus? (II Samuel 9:3). E Ziba responde: “Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”. Isso nos recorda muitas situações do cotidiano não é mesmo?
Enquanto Davi intenciona honrar Mefibosete, o mal intencionado Ziba, que havia se apossado das terras do príncipe aponta seus defeitos. Ziba conhecia a generosidade do rei e mostrou o defeito para impedir o rei de abençoá-lo (Provérbios 3:16; 18:12). Quem era Ziba afinal? Ziba era o homem que passou a cuidar dos bens de Mefibosete e se apropriou de tudo o que possuía. Ziba sabia que o retorno de Mefibosete seria o final de seu império e o principio de seu retorno a servidão. Por isso fez questão de frisar para Davi que Mefibosete era coxo e como tal, ele sequer poderia entrar no palácio. Existem pessoas que são mal intencionadas. Ziba não nega a existência, mas faz questão de apresentar o defeito, ele sabia que uma pessoa deficiente não poderia entrar no palácio, só não sabia que aquele estava marcado com o selo real e com o pacto da promessa. Na verdade, não importava o que Ziba via, mas o que o rei estava vendo
Jerusalém, Cidade de Príncipes

Quando os guardas bateram à porta de Mefibosete em Lô-Debar, deve ter sido para ele como o dia do juízo, pois sabia que sua vida estava em risco, e como não podia correr deve ter pensado: “agora chegou meu fim”. Mas o que para ele parecia o fim, para Deus era o começo de uma nova história. Ninguém pode impedir nossa honra quando chega o tempo do Rei nos honrar. Ele sabe nosso endereço, e quando bate a nossa porta não é para nos punir, mas sempre manifestar sua graça e misericórdia. Naquele dia Mefibosete entrou na carruagem real para dar adeus ao lugar de anonimato. Deus não se esquece da aliança eterna feita com o filho ao nosso respeito (Lucas 22:20). Há quem diga que o deserto é terrível e doloroso. Todavia, o deserto é lugar de grandes manifestações e milagres também. Deserto não é morada, é lugar de passagem, e o tempo de seguir adiante na vida de Mefibosete estava apenas começando. A partir dali, ele comeria de continuo à mesa do rei (II Samuel 9:13). Mefibosete era conhecido pelo nome de Meribe-Baal (I Crônicas 8.34; 9:40). “Merbe” significa: “lutador” e “Baal” é uma palavra em hebraico que significa: senhor, lorde, marido ou dono. A visão que Jonatas tinha para o futuro de seu filho era que como um príncipe dele se tornasse um “lutador do Senhor”, esta seria a tradução mais correta para Meribe-Baal. Era comum entre os Israelitas dar um nome que representasse o caráter da pessoa, alguns desses nomes eram também colocados após a morte, representando seus feitos. Podemos destacar aqui quatro visões importantes sobre a vida de Mefibosete:
1) Jonatas o via como um lutador do Senhor;
2) Ziba o via como um aleijado impedido de entrar na presença do rei;
3) Ele se via como um cão morto;
4) Davi o via como um príncipe a quem deveria honrar e restituir

Ziba que tanto apontou defeito, agora foi destituído da função de senhor, tornando-se servo de Mefibosete, a quem havia lesado todos os anos em que viveu em Lo-Debar- “Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão para comer; mas Mefibosete, filho de teu senhor, sempre comerá pão à minha mesa” (II Samuel 9:10a) -  A justiça de Deus pode parecer demorar, mas certamente chegará. Ziba é um tipo de Satanás, que rouba, nos envergonha, e se apossa do que temos. Porém, no dia em que deus nos honrar, ele terá que devolver tudo o que nos roubou, com juros e correções, e ainda nos verá sentados à mesa do rei (II Samuel 9:9-11). Um dia com o outro qualquer trouxe a Mefibosete o cumprimento de uma promessa a seu respeito. Que possamos descansar no Senhor porque Ele é justo e o que foi prometido a cada um de nós, não tardará, chegará no tempo certo (Habacuque 2:1-3).
A vida de Mefibosete vai de um extremo ao outro, ele começa no deserto, na sequidão, e no anonimato, e termina no palácio real assentado à mesa do rei. A graça Divina é assim, ela tem o poder de nos transportar e nos elevar de uma posição a outra (Efésios 2:6).

Lições Práticas
Mefibosete era um príncipe que vivia no deserto. Num lugar obscuro, com medo e sem nada. Ele tipifica os filhos que o rei está à procura pra honrar e mudar suas vidas; aqueles filhos de rei que nunca entraram no palácio, que vivem à margem da sociedade e não desfrutam da mesa de seu rei (Lucas 18:14). Deus está falando de um tempo de revelações, de sair do anonimato, e de um alimento especial e particular que só existe em sua mesa; Mefibosete representa os filhos que nunca estiveram face a face com o rei. Deus está falando de um tempo de intimidade com Ele, de uma mesa onde todos são iguais; Mefibosete representa os filhos de rei que nunca comeram pão diariamente. Alguns provaram aqui ou ali, mas diariamente não. Deus fala de um tempo de revelação continua, sem escassez, todos os dias, na presença dor rei (II Coríntios 4:3). Mefibosete representa os filhos do Rei que serão restituídos. Ziba teve que devolver tudo, o que trabalhou, plantou e colheu; representa aqueles que saem do nada, e mesmo não sendo dignos, se sentam á mesa do rei.

Quando as trombetas do palácio anunciavam à chegada de Mefibosete toda a casa do rei poderia se perguntar por que o rei quebrava o protocolo e deixava um deficiente como aquele não somente entrar, mas sentar-se à mesa e comer como um de seus filhos (II Samuel 9:13). Poucas pessoas sabem o que Deus conversa conosco em secreto, e poucos sabiam a respeito da aliança de Davi e Jonatas, a qual simbolizava aliança de Deus conosco por intermédio de Jesus. Os filhos belos de Davi, Joabe o capitão da guarda, estavam juntos a mesa. E a mesa é reveladora, porque da cintura para cima todos são diferentes, mas quando estão sentados todos são iguais, os defeitos desaparecem (Romanos 2:11; Gálatas 3:28; Colossenses 3.11).
Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém... (II Samuel 9:13). Esse é o final que o Senhor deseja dar a todos aqueles que estão aliançados com Ele. DE uma só vez, a vida de Mefibosete mudou de anonimato a personagem célebre, e isto se chama honra. Jerusalém tipifica a eternidade, e Lô-Debar o lugar das nossas provações. Porém, numa hora que ninguém espera, num dia especial que somente o Rei conhece, a carruagem real vai passar como passou nos tempos de Elias, e levará consigo os simples de coração, os habitantes do deserto, os que Ziba tem lesado durante toda a vida, para encontrar-se com o Rei e por Ele ser honrados em sua mesa (Lucas 22:14-17).Mefibosete era um filho de rei que vivia num lugar obscuro, com medo e sem nada. É tempo dos filhos do Rei saírem do deserto do anonimato, serem honrados, e terem suas vidas transformadas. Até mesmo a criação espera por esse momento em nossas vidas (Romanos 8:19).

O Convite da Graça

A história de Mefibosete nos remete automaticamente para um vislumbre da Graça, que por Deus nos é concedida. Graça nada mais é do que um favor imerecido, um presente pelo qual não esperamos, uma “promoção” que não tencionávamos receber. Por vinte anos, Mefibosete viveu de favores na casa de Maquir, numa cidade esquecida, cercado de pessoas tão desesperançadas quanto ele. Talvez ele se desse por satisfeito pelo fato de ter sobrevivido à sua grande tragédia familiar, ou, quem sabe, as vezes desejava ter morrido com seus familiares. Fato é, que Mefibosete nada esperava de seu futuro, e seu passado de nobreza havia sido apagado pelo seu presente, onde o antes “príncipe”, agora era conhecido apenas como “o aleijado”. Seu único contato na capital era um ex servo de Saul cujas intenções eram escusas, e Mefibosete não fazia nenhuma questão que Davi soubesse de sua existência. Ele não se sentia digno e nem merecedor de qualquer favor real. Mas Davi tinha certeza do contrário.
Quando a guarda imperial bateu na porta de Maquir e perguntou por Mefibosete, não houve em seu coração nenhum lampejo de esperança, mas sim a certeza que aquele seria seu fim. No caminho para o palácio, Mefibosete não apreciou a paisagem, não dialogou com os guardas, e apenas orou por uma morte rápida e indolor. Quando chegou ao palácio, o mesmo local onde havia perdido a capacidade de andar com segurança, ele só esperava pelo pior. Diante de Davi, ele se lança ao chão clamando por misericórdia, mas em contrapartida ouve do rei uma frase que lhe acalma instantaneamente o coração: - Não tenha medo!- Ele se autodenomina “servo”, mas Davi o trata como um “príncipe” Ao invés de ódio, recebe carinho, ao invés de violência, recebe admiração, ao invés de inimigo, é chamado de filho. Davi imediatamente transfere para Mefibosete todo o amor que sentia por Jonatas, e honra no filho, a aliança que fizera com o pai.

Jamais poderemos dizer que somos melhores do que Mefibosete. Nossos erros e falhas nos fizeram cair e na queda, nossos pés espirituais se fragmentaram como cacos de vidro. Aleijados, incapacitados e envergonhados, nosso passado de glória é enterrado sobre uma avalanche de pecados, que nos arrasta rumo a Lô-Debar, onde nos mantemos distantes de Deus, esquecidos pelas pessoas e esquecendo de quem somos e de quanto somos amados por Deus. Mas uma coisa é certa: Jesus é melhor que Davi. Ele não faz perguntas sobre nosso paradeiro, pois sabe onde estamos, já que nunca nos perdeu de vista. Ele não envia tropas para nos buscar, mas vai até Lô Debar pessoalmente, e insiste veementemente para que não tenhamos medo. Por ele somos elevados a posição de “filhos” e não “servos”, feitos herdeiros de Deus e co-herdeiros em Cristo.  Não há por nossa parte, merecimento ou mérito que justifique tamanha generosidade. Mas nisto reside a beleza da Graça... Não é preciso merece-la, basta aceita-la.
Mefibosete passou duas décadas de sua vida morando numa casa que não era sua, numa terra que não era seu lugar. Agora, é convidado a morar em Jerusalém, sua cidade natal, e sem aviso prévio, recebe de volta todas as propriedades de sua família, saindo da miséria para ser um dos homens mais ricos de Israel. Mas isso ainda não é o suficiente para Davi, ele precisa provar definitivamente o quanto Mefibosete lhe era querido, e nada melhor do que lhe fornecer uma cadeira cativa no lugar mais nobre da nação, onde apenas reis, rainhas, príncipes e princesas tinham direito a ascender: A mesa real. 
O Sino que anuncia o jantar ecoa no palácio do Rei. Davi se dirige a ponta da mesa e se senta. Poucos momentos depois chega Amnom – o esperto e calculista Amnom – para se assentar a esquerda de Davi. A doce e graciosa Tamar, jovem, bela e encantadora, chega e se coloca ao lado de Amnom. De repente, surge Salomão, caminhando vagarosamente, vindo de seus estudos, Salomão sempre brilhante, precoce e preocupado. Logo em seguida surge Absalão, jovem bonito, atraente, com seus cabelos esvoaçantes e negros que chegam aos ombros, e assume seu lugar. Naquela noite em especial, Joabe, o guerreiro corajoso que comanda as tropas de Davi, foi convidado para participar do jantar. Homem musculoso e bronzeado, ele se senta perto do rei. Depois, todos esperam. Eles ouvem o som de pés se arrastando, o barulho das muletas tocando o solo até que Mefibosete, mesmo desajeitado, encontra seu lugar à mesa e se senta (...) e a toalha da mesa lhe cobre os pés. Pergunto: Será que Mefibosete entendeu o sentido da Graça?
(Charles Swindool)

Para compreender o cuidado divino através das intervenções milagrosas na história do seu povo, participe neste domingo (02/11/2014), da Escola Bíblica Dominical.

Material Base:
Revista Jovens e Adultos nº 93  
Milagres do Velho Testamento Editora Betel


Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quarta Forte recebe Pr. Eloi Buhl

A última Quarta Forte de outubro (29/10/2014), transcorreu em um clima bem intimista, com as “pratas” da casa servindo como instrumentos para abençoar a vida de todos aos queridos amigos que se achegaram ao nosso templo. Sob a direção do Pr. Adriano Silva, o culto desta noite contou com as ministrações especiais do Pr. Luiz Carlos Candido, do jovem Caio Nunes e com belíssimas canções interpretadas pelos cantores Bene Wanderley, Caíque Rodrigues, Miqueias Daniel e Gabrielle Abreu. O preletor convidado da noite foi o Pr. Eloi Buhl (Mogi Guaçu SP), que baseado no texto que narra o primeiro milagre de Jesus (João 2), nos trouxe uma palavra abençoada, falando sobre o poder transformador do Evangelho de Cristo.  

Talvez o ponto mais relevante neste evento miraculoso, é o fato que Jesus só foi à festa do casamento porque foi convidado. O que nos leva a um entendimento que para Jesus Cristo participar ativamente de nossa vida é necessário que primeiro haja um convite nominal, partindo de cada um. No meio daquela festa, o vinho acabou e as talhas ficaram vazias, exatamente como acontece em determinadas situações do nosso viver, quando as reservas se esgotam, e já não temos de onde retirar aquilo que se faz mais necessário. Mas se Jesus está na festa, não existe motivo para preocupações. Ao seu tempo (que sempre é o tempo perfeito), ele nos dará uma solução para o problema, e se suas recomendações forem seguidas a risca, então tudo se resolverá. Em Caná da Galileia, os anfitriões da festa precisavam de vinho, mas Jesus pediu que lhe trouxessem água. E exatamente assim, que Jesus trabalha... Ele usa as impossibilidades para tornar o impossível em possível, e assim, da água pura e cristalina, ele retirou o melhor vinho já produzido, capaz de deixar boquiaberto o mais experiente enólogo. Mas para isto, todos precisaram fazer exatamente o que ele mandou. Sob as ordens de Jesus, toda festa certamente se tornará um grande sucesso. Comesse convidando Jesus para entrar em sua casa, depois passe para ele o controle da ação, e finalmente deixe-o ser o dono absoluto da sua vida... Nunca mais o vinho irá faltar...


Vídeo: A história de Ruth

O livro de Rute contém, sem dúvidas, uma das mais belas histórias de amor já contadas, que facilmente suplante aqueles contos fascinantes do cinema de gênero. É um daqueles livros bíblicos que lemos e pensamos: isso poderia virar um filme!

Pois esta verídica e fascinante história de amor, repleta de dramas, paixões e reviravoltas espetaculares já foi transposta para a grande tela algumas vezes, obviamente valendo-se de algumas liberdades poéticas, como pode ser constatado no filme “A História de Rute” (The Story of Ruth), produção americana lançado no início dos anos 60.    
Em uma magnífica narrativa da história épica do Velho Testamento, Elana Eden retrata a linda Ruth, que ainda jovem, vive cercada por adoradores do deus de pedra Quemos. No entanto, já como uma jovem mulher, ela é tocada pela crença de Mahlon (Ton Tryon), um artesão judeu, e renuncia à sua idolatria. Quando uma tragédia leva a Ruth e Noemi, a mãe de Mahlon a empreenderem uma árdua jornada rumo a Jerusalém, Ruth conhece Boaz (Stuart Whitman) e surge a paixão. Mas, ela está prometida para outro, precisa ter coragem, inteligência e apoiar-se em sua nova fé para encontrar a paz que ela anseia desde criança. Ao mesmo tempo, intenso e comovente, A História de Ruth é um filme fascinante e inesquecível!



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Testemunho: Deus, eu e a estrada (Pb. Claudemir Rodrigues)




A vida é uma viagem com muitas curvas, barreiras, buracos... E eu posso dizer que já passei por todos esses percalços do caminho.

Nasci na cidade da São Miguel do Araguaia no estado de Goiás, e como a grande maioria das pessoas, sou muito apegado as minhas origens e costumes locais. E talvez por isso, coloquei muita gente a minha volta a sofrer, como por exemplo, minha família. Quando digo família eu me refiro a minha mulher e meus filhos.

Eu trabalhava em São Paulo quando decidi voltar pra Goiás e nesse momento comecei a descer a ladeira da vida. Em pouco tempo estava desempregado e meus recursos financeiros chegaram ao fim.

Sentado à beira da estrada pedindo uma carona, mas a velocidade que a vida gira é tão alta que as pessoas passam por você, te veem, mas não param para te ajudar. Então tive que entender que a jornada era somente minha. Eu estava andando no escuro e era a hora de acender os faróis. Essa luz que ilumina a estrada se chama Jesus Cristo, e esse foi meu primeiro grande ato. 

Deus me preparou uma passagem num ônibus de camelô que ia para o Brás, e essa era a oportunidade que eu queria para voltar para São Paulo. A viagem foi meio apertada, pois uma senhora bem gordinha comprou passagem para duas poltronas e me cedeu o cantinho, era minha única opção, mas o importante é que cheguei. Só deu para trazer a bolsa e a coragem; mas em pouco tempo dei um jeito de buscar minha família.
Trabalhei duro e Deus foi abrindo as portas que estavam fechadas, e as porteiras da minha estrada. Comprei um terreno e construí uma casa nova, pois tinha perdido a minha para pagar uma dívida.

Em 2013, finalmente pude entender o motivo pelo qual Deus me trouxe de Goiás para uma Estiva Gerbi, uma cidade que se quer pensava existir, pois no dia 19 de maio, num feriado municipal, o Senhor me concedeu o privilégio de assumir a congregação do Jardim Ludi, e pastoreá-la por quase um ano. Foi um período de grande aprendizado e crescimento para mim, e embora não tenha sido por um tempo, tenho certeza que lancei boas sementes ali, e muito me alegro por saber que esta congregação está crescendo e prosperando; pois me sinto abençoado também por ter participado desta história.

Como a vida nunca para, e a estrada dá muitas voltas, no início de 2014, por motivos profissionais, Deus me levou de volta para a minha terra, e hoje estou servindo ao Senhor juntamente com os meus irmãos goianos, trabalhando para o nosso Deus na cidade de Aparecida de Goiânia, onde tenho minha empresa de serviços de solda.

Se tenho que ser grato por algum motivo, com certeza é pela minha família, e agradeço a Deus de uma forma muito especial, por me ter me dado uma esposa tão paciente que suportou (e ainda suporta) atravessar toda esta estrada comigo.

E dessa forma vou vivendo. Viajo sempre, mas nem sempre dirijo, pois Jesus é o meu piloto e ele conhece muito bem os obstáculos e curvas da minha vida. Convide ele para ser o seu piloto também.
 
Obrigado por me deixar te contar uma parte importante de minha história. Aproveite essa oportunidade e conte a sua também!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O que é Benignidade? E Bondade?

Por: Pb. Miquéias Daniel Gomes

Quando produz o chamado Fruto Espiritual citado em Gálatas 5:22, o cristão precisa desenvolver duas qualidades que embora se completem, são distintas entre si: Bondade e Benignidade. Em tese é possível ser bom sem ser benigno, mas na pratica, que proveito isto pode ter? Nesta postagem, tentaremos elucidar qual a diferença entre estas duas virtudes, e como elas se completam entre si, começando pela BENEGNIDADE, do grego CHESTOTES. Lucas 6:35 revela que Deus é benigno até para com os maus e ingratos; afinal a benignidade faz parte da personalidade eterna e imutável de Deus (por favor, leia o Salmo 136 antes de continuar a leitura deste texto). A benignidade está estritamente ligada ao desejo de não se fazer o mal e consequentemente praticar a bondade. Quando o paciente recebe um diagnóstico positivo de câncer, a questão mais relevante é a benignidade do mesmo, pois um câncer considerado “benigno”, embora continue sendo uma patologia, “não” irá desencadear “males” ao seu portador.
Deus jamais desejou qualquer tipo de mal ao ser humano (Jeremias 29:11, João 3:16) e até mesmo suas ações mais drásticas foram tomadas por amor (Hebreus 12:6), e logo deseja que seus filhos, criados sua imagem e semelhança (Genesis 1:26) também possuam tal virtude. A benignidade age no cristão como um anticorpo que combate sentimentos nocivos em relação as demais pessoas. É um agente de cura que age em áreas afetadas pelas mágoas ou pelo preconceito, possibilitando a prática do pedido feito por Paulo aos féis em Éfeso: Suportai-vos uns aos outros em amor (Efésios 4:2).
Podemos correlacionar e interligar a benignidade como outros sentimentos e algumas virtudes essenciais ao cristianismo, tais como:
Afabilidade, que é cortesia e gentileza.
Amabilidade, que é ao ato de ser amável.
Amenidade, que é a presença de leveza e delicadeza no trato.
Benevolência, que é boa vontade para com o próximo.
Ihaneza, que é sinceridade e lisura.
Sociabilidade, que é a capacidade de viver bem em sociedade.
Clemencia, que é disposição para perdoar.
Filantropia, que trata-se de amor a humanidade, altruísmo.
Tolerância, que é suportar com paciência.
Lembre-se sempre que quando exercermos tais virtudes, nem que seja para o mais pequenino filho do Senhor, estamos sendo benignos para com o próprio Deus, e tal gesto não ficará sem recompensa (Mateus 25:40).
A definição da “Wikipédia” para BONDADE (do grego AGATHOUSE) é: Qualidade correspondente a ser bom, ou seja, a qualidade de manifestar satisfatoriamente alguma perfeição, que se pode aplicar a pessoas, coisas e situações.  A bondade pode significar também a disposição permanente de uma pessoa em fazer o bem, neste sentido tem por sinônimo a benevolência. Quando nos deparamos com o termo “perfeição”, só o podemos aplicar plenamente ao próprio Deus, então, o único ser realmente “bom” em todos os aspectos da existência é o próprio criador (Salmos 23:6, 31:19, 52:1). Os salmistas declaram confiadamente não apenas o fato de Deus ser bom, mas também o descreve como sendo o autor de toda generosidade e a essência da bondade.
Como filhos de Deus, o cristão deve buscar constantemente a bondade, vivendo sua vida moldada na vida do próprio Cristo, manancial inesgotável de bondade e ternura. Não devemos nos contentar com uma bondade teórica, onde nos limitamos a não fazer o mal, mas sim colocar as mãos na “massa” exercendo na pratica toda a bondade que existe em nós por meio do amor de Cristo. No código penal brasileiro, a omissão de socorro é tratada como um crime gravíssimo. Ou seja, não fazer o bem e tão grave quanto se fazer o mal. Adolf Hitler, sádico genocida, construiu seu império de terror tendo como alicerce a omissão dos líderes mundiais que se fizeram de cego as atrocidades cometidas pelo partido nazista alemão... deu no que deu... Atribui-se a Martin Luther King  a celebre frase: “O que me preocupa não é grito dos maus, mas sim o silencio dos bons”. A bondade não é um sentimento, é um incentivo a ação; pois quando os bons deixam de agir, não há mais oposição que impeça a vitória da maldade.
Conta-se uma fabula, que em certa fazenda, um rato corria desesperado pelo curral pedindo ajuda aos outros animais...
- O fazendeiro comprou uma ratoeira... Estou perdido! Me ajudem!
Entretanto, a vaca lhe respondeu: - O que isto tem a ver comigo, o problema é todo seu!
A mesma resposta ele ouviu da galinha quando passou pelo galinheiro e do porco, quando pediu ajuda no chiqueiro... Ninguém se interessava pelos problemas do rato, estavam mais interessados em suas próprias vidas e não tinham tempo para pensar em ratoeiras... Naquela noite, o rato achou que seria seu fim, mas antes que sucumbisse ao  queijo fácil, outro ser foi vitimado pela ratoeira. Era uma serpente, que desavisada se enroscou na armadilha e agora lutava desesperadamente para fugir. Ainda no escuro, a mulher do fazendeiro não percebeu aquele engano e zás... Foi picada. O veneno agiu rápido e ela adoeceu profundamente. Para tratar da enferma, o fazendeiro decidiu preparar uma canja e para isso foi ao galinheiro e matou sua galinha mais gorda. Sua senhora porém, só piorou. Muitos familiares vieram visitá-la, e para alimentar a todos, o fazendeiro matou seu porco. Dias depois a mulher faleceu. Amigos de todas as partes vieram para o funeral. Era preciso muita carne para preparar uma refeição pra aquela gente, e então, lá se foi a vaca...
Em Gálatas 6:2, após discorrer sobre os perigos das falsas doutrinas, Paulo orientou aos irmãos da Gálacia que levassem a carga uns dos outros, que se ajudassem nas dificuldades e trabalhassem juntos para eliminar aquele grande mal da igreja, a serem bons e praticar a bondade. Em outras palavras, podemos interpretar o conselho do apóstolo da seguinte maneira: “Quando há uma ratoeira na fazenda... Todos estão em perigo!” Que tenhamos muita pressa em ajudar ao necessitado e socorrer ao aflito, da mesma forma que Deus cuida de nós. Davi sabia de sua obrigação com a prática diária da bondade, pois desfrutava plenamente da bondade de Deus. Exatamente por isto, no Salmo 23:6 ele declara que era seguido pela bondade e pela misericórdia todos os dias da sua vida.
 

domingo, 26 de outubro de 2014

Um futuro de Esperança

Este histórico domingo, 26/10/2014, foi sem dúvida um dia de muitas expectativas, receios, incertezas, temor pelo futuro, indefinições, medo... O país que foi as urnas se mostrou dividido, com eleitores pendendo para cada opção política disponível quase que de forma igualitária, o que acentua a tensão que deverá se instalar no país pelos próximos dias. 

E é exatamente neste cenário de inquietação, que providencialmente, no Culto da Família de hoje, ouvimos uma palavra que abranda todas as nossas apreensões e nos remete a um futuro de esperança e glória. Recebemos diretamente de nossa Catedral Sede, o Pr. Aldil Donizete, um grande exegeta, que ministrou uma palavra de alerta sobre a iminente volta de Jesus, conclamando a igreja a tomar uma postura santa, enquanto aguarda o arrebatamento.  

A palavra “arrebatamento” não aparece na Bíblia. O conceito de Arrebatamento, entretanto, é claramente ensinado nas Escrituras. O Arrebatamento da igreja é o evento no qual Deus remove todos os crentes da terra para abrir caminho para que Seu justo julgamento seja derramado sobre a terra durante o período da Tribulação. O Arrebatamento é descrito principalmente em I Tessalonicenses 4:13-18 e I Coríntios 15:50-54. I Tessalonicenses 4:13-18 descreve o Arrebatamento como Deus ressuscitando todos os crentes que já morreram, dando a eles corpos glorificados. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4:16-17). I Coríntios 15:50-54 focaliza na natureza instantânea do Arrebatamento e nos corpos glorificados que receberemos. “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (I Coríntios 15:51-52). O Arrebatamento é o acontecimento glorioso que devemos todos esperar ansiosamente. Finalmente ficaremos livres do pecado. Estaremos para sempre na presença de Deus. Há excessivo debate a respeito do significado e magnitude do Arrebatamento. Esta não é a intenção de Deus. Mas ao invés disso, no que diz respeito ao Arrebatamento, Deus quer que “encorajemos uns aos outros com estas palavras.”

Sem dúvidas, uma mensagem que acalma corações, sejam dos eleitores do Aécio ou da Dilma, pois nos lembra que seja qual for o governo que aqui impere, nosso Reino não é deste mundo.


Um clamor pelo novo governo


Muito antes de qualquer resultado das eleições presidenciais ser divulgado, o Pr. Wilson Gomes reuniu a igreja as 18:00 horas para elevar um clamor pelo próximo presidente do Brasil. Nosso pastor regional, trouxe uma palavra instrutiva a todos os membros da igreja, dizendo que se até no dia de hoje, defendíamos bandeiras, ideologias ou partidos diferentes, independentemente de quem fosse eleito, agora precisaríamos estar respeitando, e orando pelas autoridades constituídas, conforme ensinado por Paulo em Romanos 13:1-7.

Nossa Secretária Eclesiástica cuidou de acompanhar as apurações, para que no momento em que o novo presidente fosse oficialmente declarado, levantássemos um clamor nominal pela sua vida. Então, foi preciso esperar até o final do culto para divulgar esta informação, já que a apuração seguiu parelha até o final, sendo que a reeleição da presidente Dilma Vana Rousseff, candidata do PT, só foi confirmada nas últimas urnas apuradas no estado do Acre. Em Estiva Gerbi, o candidato da oposição Aécio Neves da Cunha (PSDB), se saiu melhor que sua concorrente, levando 64% dos votos do eleitorado estivense, mas ao final da apuração em todo o território brasileiro, a candidata petista obteve 51% dos votos validos, o que lhe garantiu mais quatro anos como líder majoritária da nação.

Diferenças a parte, mais uma vez a igreja foi conclamada, para sem partidarismo, elevar ao céu um clamor pela vida de nossa presidente, e pedir que o Senhor lhe conceda sabedoria e graça para conduzir nosso país, com honestidade, competência e dignidade.


sábado, 25 de outubro de 2014

Para que jamais nos desviemos...


Por: Janser Sousa

Ao longo de nossa vida, aprendemos muitas coisas. Obviamente nem todas elas nos serão proveitosas, e devem ser renegadas ou esquecidas. Sempre teremos conceitos formados prematuramente sobre determinados assuntos, e na maioria das vezes precisamos revê-los, engolir o orgulho e reconhecer que estávamos equivocados. Resumindo: A vida é repleta de transições e ciclos de mudanças, e a cada transformação nossa mente se renova, conceitos são mudados e nossa percepção das coisas é alterada. Essa é uma regra da vida. Mas não se aplica a PALAVRA DE DEUS.

Na noite deste sábado, dia 25/10/2014, o Círculo de Oração Lírio dos Vales, sob a liderança das diaconisas Samara Alves e Marta Ferreira, realizou seu culto mensal de mulheres, onde essas Guerreiras do Senhor, verdadeiras colunas desta obra e baluartes da igreja, louvaram ao nosso Deus por mais um mês de batalhas vencidas. Louvores, saudações e orações elevaram nosso Espírito ao Trono da Graça, e a PALAVRA REVELADA trouxe a Trono de Deus para nós. O preletor convidado para ministrar aos nossos corações foi o cantor Benê Wanderley, que mais uma vez, nos trouxe uma mensagem poderosa, conclamando a igreja para uma vida de maior proximidade com Deus, desenvolvendo um relacionamento verdadeiro e profundo com o Senhor. Não um relacionamento frívolo ou superficial, atrelado a estações e sentimentos sazonais, que mudam ao sabor do vento. Deus quer um povo convicto de sua fé, certos de sua vocação e com os pés firmados nos fundamentos divinos, sem ser levado por ventos de doutrina ou fabulas levianas. As distrações do mundo tentarão a todo momento minar esta relação e desestabilizar a confiança mutua que a permeia (confiamos em Deus e Ele confia em nós), por isso é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para que jamais nos desviemos (Hebreus 2:1).

E é exatamente neste ponto que voltamos ao texto que abriu esta postagem, uma verdade que todos (sejam mulheres, sejam homens), precisamos preservar com devoção: Tudo muda... O mundo muda... As pessoas mudam... A religião muda... Nós mudamos .... Mas a PALAVRA de DEUS é ETERNA e INALTERÁVEL.