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terça-feira, 7 de abril de 2015

Biografia: João Ferreira de Almeida



Nascido na cidade de Torre de Tavares, nas proximidades de Lisboa, Portugal em 1628, filho de pais católicos, João Ferreira Annes d´Almeida (1628 – 1691), muito cedo se mudou para a Holanda, passando a residir com um tio, tendo aprendido o latim e iniciado os estudos das normas da igreja. Aos 14 anos, em 1642, aceitou a fé evangélica, na Igreja Reformada Holandesa, impressionado pela leitura de um folheto em espanhol, "Diferencias de la Cristandad", que tratava das diferenças entre as diversas correntes da crença cristã. Passado um tempo, direcionou-se à Málaca (Malásia) a serviço da igreja. Outras fontes nos indicam que Almeida teria se mudado diretamente para Málaca aos 14 anos, sem antes passar pela Holanda. Mas são concordes em afirmar que estava em Málaca a serviço da Igreja Reformada Holandesa, na qual se convertera ao protestantismo.
Nas regiões onde Almeida habitou, um tradutor de língua portuguesa era extremamente valorizado, e, ao que se sabe, o mesmo utilizava-se de linguagem ricamente erudita, o que dificultava um pouco o entendimento de seus sermões por parte da população menos escolarizada. Porém, há registros de que o mesmo se prontificou a organizar traduções para o “português adulterado” vulgarmente utilizado pelos colonos. Dois anos depois de sua conversão, 1644, começou a traduzir para o português, por iniciativa própria, parte dos Evangelhos, do livro de Atos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol. Além da versão espanhola, Almeida usou como fontes nessa tradução as versões Latina (de Beza), Francesa e Italiana - todas elas traduzidas do grego e do hebraico. Terminada em 1645, essa tradução de Almeida não foi publicada. Mas o tradutor fez cópias à mão do trabalho, as quais foram mandadas para as congregações de Málaca, Batávia (atual ilha de Java, Indonésia) e Ceilão (hoje Sri Lanka). Mais tarde, Almeida tornou-se membro do Presbitério de Málaca, depois de escolhido como capelão e diácono daquela congregação. Essa obra, de tradução do Novo Testamento, foi concluída em 1645. Os manuscritos desta tradução quando estavam indo para serem impressos estranhamente extraviaram-se, fazendo com que Almeida amargasse uma das primeiras, dentre muitas que viriam, resistências às publicações de suas obras.
Com o intuito de aperfeiçoar suas traduções, Almeida decide estudar hebraico e grego no mesmo ano em que concluiu sua primeira tradução do Novo Testamento, 1645, aos 17 anos. Era de se esperar, por ele, que a próxima investida teria como trunfo a correção de muitos erros, uma vez que agora se trataria de uma tradução direta das fontes originais bíblicas. Em 1676, após ter dedicado vários anos com o estudo do grego e hebraico e se aperfeiçoado no holandês, Almeida concluiu a nova tradução do Novo Testamento, desta vez partindo das línguas originais, naquele mesmo ano remeteu o manuscrito para ser impresso na Batávia, no entanto, precisaria do consentimento do Governo da Batávia e da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Todavia, o lento trabalho de revisão a que a tradução foi submetida levou o autor a retomá-la em 1680 e enviá-la para ser impressa em Amsterdã, Holanda. Finalmente em 1681 surgiu o primeiro Novo Testamento em português, e em 1682 chega à Batávia, trazendo em sua identificação, reproduzida ipsis literis pela Bíblia de Referência Thompson (2002): “O Novo Testamento, isto he, Todos os Sacro Sanctos Livros e Escritos Evangélicos e Apostólicos do Novo Concerto de Nosso Fiel Salvador e Redentor Jesu Cristo, agora traduzido em português por João Ferreira de Almeida, ministro pregador do Sancto Evangelho. Com todas as licenças necessarias. Em Amsterdam, por Viúva de J. V. Someren. Anno 1681.”
Milhares de erros foram detectados nessa tradução, muitos deles produzidos pela comissão de eruditos que tentou harmonizar o texto português com a tradução holandesa de 1637. O próprio Almeida identificou mais de dois mil erros nessa tradução. Quando começou a ser manuseada vários erros de tradução foram percebidos pelos leitores. Tal fato foi comunicado à Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído de lá foram destruídos, por ordem da Companhia Holandesa das Índias Orientais. As autoridades holandesas determinaram também que se fizesse o mesmo com os exemplares que já estavam na Batávia. Mas, ao mesmo tempo, providenciaram para que se começasse, o mais rapidamente possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto. Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares foram destruídos, e correções foram feitas à mão com o objetivo de que cada comunidade pudesse fazer uso desse material, sendo distribuídos posteriormente às congregações. Um desses exemplares foi preservado e se encontra no Museu Britânico em Londres. Essa nova revisão duraria aproximadamente dez anos (1693), apenas após a morte de Almeida a mesma foi publicada. Segundo a mesma fonte, quando Almeida completou a tradução do Novo Testamento, foi recompensado pelo presbitério como a importância de 30 réis, quantia esta posteriormente aumentada pela Companhia Holandesa das Índias Orientais em mais 50 réis.
Logo após a publicação do Novo Testamento, Almeida iniciou a tradução do Antigo, e em 1683, termina a tradução do Pentateuco para o português. Iniciou-se então a revisão desse texto, e a situação que havia acontecido na época da revisão do Novo Testamento, com muita demora e discussão, acabou se repetindo. Com a idade um pouco avançada e com saúde já prejudicada, as atividades de Almeida são diminuídas na congregação onde trabalhava, e por isso, pôde dedicar mais tempo às traduções. Mas mesmo assim não conseguiu completar a obra para a qual tinha dedicado toda sua vida. Ao falecer, em 6 de Agosto de 1691, ele havia traduzido até Ezequiel 41:21, outros autores dizem que traduzira até Ezequiel 48:21. O certo é que em 1748, o pastor Jacobus op den Akker, de Batávia, reiniciou o trabalho interrompido por Almeida, e cinco anos depois, em 1753, foi impressa a Bíblia completa em português, em dois volumes. Estava, portanto, concluído o inestimável trabalho de tradução da Bíblia por João Ferreira de Almeida.
Almeida não se firmou simplesmente em traduzir os textos bíblicos sem dar a eles uma aplicação prática pessoal, ou seja, paralelamente aos estudos de línguas e traduções, o mesmo dedicava-se em atividades de ordem eclesiástica. Em 1648, começa atuar como capelão visitante de doentes. Em 1648, relata J. L. Swellengrebel, um holandês que teve acesso às Atas do Presbitério da Igreja Reformada da Batávia e às Atas da Companhia Holandesa das Índias Orientais, Almeida já estava atuando como capelão visitante de doentes, em Malaca, Malásia, percorrendo diariamente os hospitais e casas de doentes, animando e consolando a todos com as suas orações e exortações. A citação acima tenta ser fiel ao empenho de suas atividades de cunho espiritual, fazendo com que já no início de 1649 fosse escolhido como diácono e membro do presbitério (ordenação de presbítero), com a responsabilidade de administrar o fundo social, que prestava assistência aos pobres.
Em 1650, começaram a surgir boatos que Almeida teria feito declarações favoráveis ao catolicismo, e havia rumores que o mesmo pretenderia voltar a tal religião. Como forma de dar segurança aos fiéis quanto à sua fé protestante, Almeida traduziu para o português e, mais tarde para o holandês, o panfleto evangelístico de sua conversão “Diferencias de la Cristandad”. Em março de 1651, foi para a Batávia, para a cidade de Djacarta, ainda como capelão visitante de doentes, mas simultaneamente, desenvolvia seus estudos de Teologia e revisava o Novo Testamento. Em 17 de março de 1651, foi examinado publicamente, sendo considerado candidato a ministro. Depois de ser examinado, pregou com eloqüência sobre Romanos 10:4. Desenvolveu também um importante ministério entre os pastores holandeses ensinando-lhes o português, uma vez que ministravam nas igrejas portuguesas das Índias Orientais Neerlandesas. Em setembro de 1655, é submetido ao exame final, quando prega sobre Tito 2:11-12, mas só recebe a sua confirmação em 22 de agosto de 1656 como pastor na Indonésia. Neste mesmo ano, quase um mês depois, em 18 de setembro, é enviado como pastor para o Ceilão, atual Sri Lanka, para onde seguiu com um amigo de ministério, Baldaeus.  Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor. Durante o pastorado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que ele chamava de "superstições papistas," que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657). Entre 1658 e 1661, época em que foi pastor em Colombo, ele voltou a ter problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso, impedi-lo de pregar em português. O motivo dessa medida não é conhecido, mas supõe-se que estivesse novamente relacionado com as idéias fortemente anti-católicas do tradutor.
Em 1661, muda para Tuticorin, sul da Índia. A passagem de Almeida pelo sul da Índia, onde foi pastor por cerca de um ano, também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas ou ter seus casamentos abençoados por ele. De acordo com seu amigo Baldaeus, o fato aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa. Em 1662, Almeida já estava ministrando em Quilon, regressando para a Batávia em março de 1663, onde fica à frente da igreja portuguesa até dois anos antes de sua morte. Como dirigente desta igreja, em 1664, demonstra muita personalidade, expondo suas próprias ideias, mas com maturidade sempre aceitava as decisões superiores. Nesse mesmo ano tenta persuadir o Presbitério para que sua congregação tenha a sua própria celebração da Ceia, propõe também que os pobres que recebem auxílio do fundo social da igreja freqüentem obrigatoriamente as aulas de catequese, e elabora um folheto com orações para serem usadas nas igrejas portuguesas.
Em 1666, propõe a nomeação de anciãos e diáconos, como auxiliares do ministério, tendo sua proposta rejeitada, vindo ser aprovada somente quatro anos depois. Em 1670, recebe a Carta Apologética, após cerca de seis anos de diálogo por correspondência, a qual assinala a ruptura definitiva entre ele e o padre e teólogo Jerônimo de Siqueira, a quem tentou evangelizar. Depois desta carta, não só Almeida voltou a defender-se, como sofreu também os ataques do jesuíta João Baptista Maldonado, num Diálogo Rústico, terminando desse modo a polêmica. Em 1677, um novo ministro é chamado do Ceilão, para a Batávia, para caminhar ao lado de Almeida e futuramente substituí-lo, seu nome era Jacobus op den Akker. Em 1689, Almeida é considerado "pastor emérito" e também neste ano, em 16 de setembro ele pede a sua jubilação, em virtude de sua velhice e saúde debilitada. As últimas atas das reuniões do presbitério que se referem à sua presença datam de agosto de 1691. Na ata da reunião do dia 20 de agosto daquele ano ainda há menção do seu nome, mas ao que parece, ele já não estava mais presente.
João Ferreira de Almeida, ao falecer em 1691, deixa a esposa e um casal de filhos. O término de sua obra, como mencionado antes, deu-se através do seu colega de ministério, o pastor Jacobus op den Akker. Almeida lutou durante toda a sua vida para manter as comunidades evangélicas portuguesas nos seus próprios lugares, enquanto os holandeses iam ocupando os lugares do império português nas Índias. Almeida se esforçou continuamente para que essas comunidades tivessem outros livros na língua portuguesa. Numerosas traduções foram feitas por ele para o português, porém tais trabalhos não chegaram a ser publicados. Outros livretos, entretanto, foram impressos na Holanda e na Batávia.
A Bíblia de João Ferreira de Almeida passou a atingir diversos países de fala portuguesa e cruzou oceanos. Em 1948 organizou-se a Sociedade Bíblica do Brasil, destinada a dar Bíblia a Pátria. Esta entidade fez duas revisões no texto de Almeida, uma mais aprofundada, que deu origem à Edição Revista e Atualizada no Brasil, e uma menos profunda, que conservou o antigo nome Corrigida. João Ferreira de Almeida foi um instrumento precioso nas mãos de Deus, sempre objetivando dar aos povos de fala portuguesa a tradução mais difundida e aceita entre esses povos, antes colônias de Portugal.

Fonte: EBAH

5 comentários:

  1. Eu com medo dele legítimo não preciso saber da história do começo ao fim alguém possa me explicar

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  2. Eu com verdadeiro legítimo de João Ferreira de Almeida gostaria de saber da Verdade amém

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  3. Eu comer deiro legítimo de João Ferreira de Almeida gostaria de saber a verdade somente a verdade amém

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  4. E o comer e dele legítimo de João Ferreira de Almeida gostaria de saber somente a verdade amém

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  5. E o comer e dele legítimo de João Ferreira de Almeida gostaria de saber somente a verdade amém

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