No início de
seu ministério, Jesus utilizava elementos bem literais em seus sermões, fazendo
uma analogia pratica entre itens do cotidiano e a verdade sobre o Reino dos
Céus (a ferpa no olho, a casa sobre a
montanha e os pássaros). Porém, com a recusa dos judaizantes em aceitar sua
mensagem, ele lança mão de um recurso literário muito comum entre os judeus e
passa a ensinar por parábolas. Basicamente, uma parábola trata de uma história
terrena com um significado espiritual, e para se ter o total entendimento da
mesma, é necessário que o ouvinte esteja disposto e apto para buscar a verdade
além das palavras. Assim, aqueles que de fato desejavam compreender
profundamente a mensagem de Cristo, eram instruídos com doutrinas eternas
detalhadas com riqueza, mas para os que “ouviam por ouvir”, aquelas “histórias”
não passavam de fábulas esquecíveis. Ao ser questionado por seus discípulos
sobre este novo método de ensino, o próprio Jesus explicou – “Por essa razão
eu lhes falo por parábolas: Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem
nem entendem. Neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ainda que estejam sempre
ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais
perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade
ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse,
poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e
converter-se, e eu os curaria’. Mas, felizes são os olhos de vocês, porque
vêem; e os ouvidos de vocês, porque ouvem” (Mateus 13:10-17).
Umas das mais
famosas parábolas contadas por Jesus, aos ouvidos incautos pode parecer apenas
uma publicidade bancaria para atrair investidores, mas na verdade nos revela
muito sobre a grande responsabilidade que repousa em nosso ministério
individual. Um homem muito rico chamou alguns de seus funcionários e lhes
confiou uma quantia em dinheiro, a uns mais e a outros menos. Todos foram
orientados a administrarem bem a verba recebida enquanto ele estivesse ausente
do país. Quando retornou, seus funcionários foram convocados para a prestação
de contas. O primeiro, que recebera cinco talentos informou ao seu senhor
que havia investido aquela quantia, e com muito trabalho dobrou o capital. O
senhorio ficou tão entusiasmado com este resultado, que decidiu recompensar o
seu empregado, repassando para ele os dez talentos acumulados. O mesmo
aconteceu com o segundo funcionário, que por sua vez, havia transformado em
quatro, os dois talentos recebidos. Mas quando o terceiro empregado se apresentou,
tinha nas mãos apenas o talento que inicialmente lhe fora entregue. Ele
explicou que em decorrência de ter recebido menos que os demais, preferiu não
correr riscos, e assim escondeu o seu talento, para devolve-lo intacto. A ira
daquele “homem duro que ceifava onde não se semeava e ajuntava onde não
espalhava”, se acendeu contra seu servo, e então, esbravejou: - "Servo mau e negligente, quanto prejuízo você me deu...
Se ao menos tivesse depositado meu dinheiro em um banco!" - Então aquele homem ordenou que
seu servo improdutivo fosse expulso de suas terras.
No sentido
pragmático, o talento desta história refere-se a uma medida de massa utilizada
pelo comércio da época para medir ouro e prata, sendo que cada talento pesava
32,3 Kg. Mas com ela, Jesus queria transmitir aos seus seguidores uma profunda
mensagem espiritual. Todos somos servos, e recebemos de nosso Senhor “talentos”
que devem ser “empregados” para que haja expansão de seu Reino. Alguns, em
decorrência de sua capacidade pessoal, recebem mais do que outros, entretanto
“todos” são agraciados com um “capital de giro”. Muitas vezes nos
acomodamos por achar que comparado aos demais, nosso talento é pequeno e
indigno de ser trabalhado. Mas você já parou para pensar no valor de um único
talento?
Primeiro vamos
analisar o lado prático da questão. Considerando que atualmente cada 100 gramas
de prata custam cerca de R$ 220,00 e cada grama de ouro vale aproximadamente RS
111,00; então aquele servo teria recebido em valores modernos cerca de R$
71.000,00, caso o talento fosse de prata, e sendo ele de ouro, esse valor
subiria para... R$ 3.585.300,000... São mais de três milhões e meio de reais! Dá
pra esconder um valor destes? Porém, jamais se deslumbre com valores
estratosféricos, pois espiritualmente falando, é preciso fazer com que esses
números se multipliquem cada vez mais, já que no dia da prestação de
contas, a quem muito foi “dado” também muito será “cobrado”. Deus é mui
generoso e investe em cada um de nós, mas no acerto de contas, Ele será austero
e implacável, e a pergunta que ecoará pela eternidade é: O que fizestes dos
talentos que te dei?
Quando Deus
presenteia seus filhos com dons e talentos especiais, cabe ao presenteado
desenvolve-lo em amor e zelo, buscando constantemente aperfeiçoá-lo. Presentes
não são dados e depois tomados, logo podemos concluir que os “dons/presentes”
são sim irrevogáveis, o que não impede que o portador faça mal uso dele ou o
torne inativo em sua vida. Romanos 11:29 diz que os dons e a vocação de Deus
são sem arrependimento, ou seja, uma vez que o dom é entregue a alguém não há
devolução ou troca, e ele estará sob total responsabilidade de seu portador. Imagine agora que em seu aniversário alguém lhe
presenteie com um “Bonsai” (pequena árvore doméstica de origem japonesa). Uma
vez dada a você, aquela frágil árvore estará completamente em suas mãos,
sujeita a sua vontade. Se for plantada, adubada, regada e podada com
regularidade, ela irá se desenvolver-se tornando um lindo ornamento que trará
benefícios a todo o ambiente. Mas se você não cuidar dela corretamente, ela irá
murchar secar e morrer. Porem mesmo morta dentro de seu vaso, aquela planta
continuará a ser sua. Assim
acontece com os Dons dados pelo Espírito. A partir do momento em que somos
presenteados com eles, passamos a ser responsáveis pela produtividade ou pela
inércia dos mesmos.
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