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quinta-feira, 16 de julho de 2015

EBD: O milagre da cura da mão mirrada



Texto Áureo
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Hebreus 4:16

Verdade Prática
O mais importante para Jesus não é a execução correta de um ritual, mas sim a resposta espontânea ao clamor da necessidade humana.

Textos de Referência
Mateus 12:9-13

E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará?
Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados.
Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra.


Uma nova visão sobre a lei

Os dez mandamentos dados por Deus para a nação de Israel pode muito bem ser dividido em dois fascículos distintos, de fácil compreensão e que se completam mutuamente. O primeiro pode ser entendido como um manual do relacionamento da nação para com o próprio Deus, e o segundo apresenta as diretrizes para uma relação cordial entre os homens. No que tange ao relacionamento verticalizado com seu Criador, Israel é ensinado a não ter outros deuses além do grande “Eu Sou”, não fazer imagens de esculturas para adorá-las, não banalizar o nome de Deus e guardar o sábado como um dia exclusivo de consagração ao Senhor. Já quanto aos relacionamentos horizontais, visando a fraternidade entre israelitas, foi lhes ordenado que honrassem seus pais, e que não praticassem assassinatos, adultérios, furtos e perjúrios, além de banirem a cobiça de suas vidas. Soma se ao decálogo, mais de 600 preceitos legislativos, popularmente conhecido como “Lei de Moisés” que davam as diretrizes sociais, morais e religiosas da nação. Este compendio de leis, a “mitzvot”, está registrado no texto sagrado do Pentateuco, e contem cerca de 365 “proibições” diretas e 248 “recomendações”. Jesus nasceu numa época dominada por religiosidade vazia, onde líderes judaizantes “amarravam fardos pesados sobre os ombros do povo, mas eles mesmos não se dispunham a mover um único dedo para ajudar carregá-los” (Mateus 23:4).

A intenção de Jesus nunca foi se opor a lei. Pelo contrario, ele mesmo a cumpriu com rigor (Mateus 5:17). O objetivo de Cristo era ensinar que a verdadeira religião ultrapassava a frieza da lei, e era preciso que a obediência a Deus não estivesse atrelada a uma imposição constitucional, mas sem a um desejo genuíno de adorá-lo por quem Ele de fato “é”. Assim, toda a mensagem de Cristo apontava para o REINO DE DEUS, ensinando o caminho de volta para o Pai. Jesus tinha autoridade sobre a lei, pois não apenas participou ativamente de sua revelação, mas porque a cumpriu integralmente como homem. Por este conhecimento de causa, Jesus pode reinterpretar a lei para seus discípulos de forma que ela fosse clara e cristalina para os cristãos que viriam depois. A visão de Cristo para a lei é singela, porém profunda, e torna obsoleta qualquer veneração exclusivista por qualquer um dos seus preceitos. Segundo Jesus, mestre da lei e filho de Deus, toda a “mitzvot” pode (e deve) ser condensada (e praticada) num único mandamento: - “Ame ao Senhor, teu Deus, de todo coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e com toda a sua capacidade intelectual. Feito isto, ame ao teu próximo como se ele fosse você. ” Quando não é embasada em amor para à Deus e às pessoas, toda e qualquer religião é nula e sem proveito (Tiago 1:22-27).

Jesus estabeleceu um novo padrão para sua igreja, livre de legalismo e avesso a religiosidade pragmática. Seu mandamento é que penhoremos nossa vida em amor. Paulo foi taxativo quando escreveu aos crentes em Roma, que não deveriam ter qualquer dívida para com a sociedade, exceto o amor, pois aquele que ama cumpre a lei (Romanos 13:8). Ações que não se baseiam em amor puro e genuíno, não tem qualquer sustento diante de Deus. Jesus foi insistente neste ensinamento, ora com palavras, ora com ações, questionando o falido sistema religioso de seu tempo, que usava a máscara do “zelo” para justificar suas atitudes egoístas e seu descaso com os menos favorecidos, colocando a guarda do sábado como um obstáculo para o fim do sofrimento que consumia a vida de um homem. Onde os “zelosos” fariseus viram uma afronta à lei de Moisés, o “amoroso” Jesus viu a oportunidade de transformar uma história, honrando a Deus no sábado, como honrava em todos os demais dias da semana, amando ao próximo e estendendo sua mão ao necessitado.


Compreendendo o sétimo dia

Jesus entrou numa sinagoga e lá avistou um homem que tinha uma das mãos mirrada. Para aquele homem, o milagre foi o melhor presente de sua vida, mas, para os líderes religiosos, Jesus havia violado a Lei (Mateus 12:10). O grande assunto que aparece com proeminência nesta passagem é o dia de sábado. Os fariseus haviam feito muitos acréscimos ao que as escrituras ensinavam a respeito do assunto e sobrecarregaram o verdadeiro caráter desse dia com as tradições humanas (Marcos 2:27 -  3:4). A lei do sábado proibia todo trabalho nesse dia e os judeus ortodoxos tomavam tão a sério essa lei que preferiam morrer, literalmente, a que desobedecê-la. O historiador Flávio Josefo relatou que, na época da rebelião de Judas Macabeu, alguns judeus se refugiaram nas cavernas do deserto. Antíoco mandou uma legião de homens para atacá-los. Era um sábado e esses judeus insurgentes morreram sem um só gesto de desafio ou defesa porque lutar teria significado quebrar o sábado (Êxodo 35:1-2). Segundo a tradição judaica, havia trinta e nove atividades que não podiam ser realizados no sábado. Moisés havia proibido o trabalho no sábado, mas não deu detalhes específicos acerca de que ou como (Êxodo 20:10). Textos como Êxodo 35:3; Números 15:32; Jeremias 17:21; Neemias 10:31; 13:15 – 19, identificam algumas destas atividades proibidas, tais como acender uma fogueira para cozinhar, apanhar lenha, carregar fardos ou realizar negócios.  A tradição judaica desenvolveu por conta própria os detalhes acerca da Lei. Assim, em vez de descanso, o sábado se tornou um fardo que escravizava religiosamente toda a nação.

Embora tenha confrontado o pensamento dos fariseus, Jesus não aboliu a lei do sábado (Mateus 12:11-12). Em suas refutações, Ele a liberou das interpretações incorreta, trazendo-lhe purificação de adições inventadas por eles. Não era intenção de Jesus arrancar do decálogo o quarto mandamento. Ele apenas o desnudou das miseráveis tradições pelas quais os fariseus haviam incrustado o dia, transformando-o em uma carga insuportável, em vez de bênção. Jesus deixou o quarto mandamento exatamente onde encontrou, isto é, como parte integrante da eterna Lei de Deus, da qual não se pode retirar nem sequer um til, a qual jamais passará (Mateus 24:25). Da mesma forma, devemos considerar suspeita qualquer lei religiosa contrária à misericórdia e a o cuidado com a natureza. Deus quer encontrar em nossas vidas misericórdia e não sacrifícios religiosos; e infelizmente não somos diferentes desses fariseus e muitas vezes pecamos no excesso de santidade quando deveríamos amar mais ao nosso próximo (Mateus 12:7). Os fariseus se esforçavam para obedecer às leis do sábado, pensando estar servindo a Deus e nós também não estamos isentos desse zelo excessivo. Isso ocorre pela adição daquilo que Deus nunca exigiu que fizéssemos (Mateus 22:29).

Jesus apresentou aos fariseus o verdadeiro princípio pelo qual o sábado veio a existir: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27). Nestas palavras de Jesus, há uma fonte de profunda sabedoria. Deus estabeleceu o dia de descanso em favor de em favor de Adão no paraíso; e renovou-o para Israel no monte Sinai (Êxodo 20:7-11). Esse dia não existe por causa de Israel. Ele foi estabelecido em favor de toda a humanidade, visando o benefício e a felicidade do homem. Visava o bem de seu corpo, de sua mente e de sua alma. Foi dado ao homem como uma bênção e uma graça, não como um fardo. Assim foi sua instituição original. A observância desse dia nunca teve a finalidade de interferir nas necessidades humanas. O mandamento não tinha o intuito de ser interpretado como prejudicial ao corpo do homem ou como um empecilho aos atos de misericórdia em favor do próximo (Êxodo 20:8). Esse era o ponto crucial que os fariseus tinham esquecido ou sepultado debaixo de suas tradições. Jesus deixou claro que deixar de fazer o bem no sábado (ou em qualquer outro dia) é o mesmo que fazer o mal. Não existe um tempo tão sagrado que não se possa usar para ajudar o próximo.  (Mateus 22:39).


Descanso para vossas almas

O mandamento da guarda do sábado nada mais era que a oficialização legal de um exemplo dado pelo próprio Deus na criação do mundo, ou seja, a necessidade de um dia para descansar (Genesis 2:2). O ser humano foi criado do barro, e em decorrência do pecado, este corpo corruptível tem um prazo de validade muito curto, se deteriorando com a passagem do tempo. Para aumentar a vida útil da “máquina humana”, é preciso alguns cuidados rigorosos, e entre eles, o repouso necessário. Deus desejava que o homem tivesse a consciência desta necessidade, mas sabedor da inclinação egoísta pelo “ter cada vez mais” tão inerente em todos nós, incluiu este preceito no decálogo para fazer com que o ser humano descansasse na “marra”, tendo um tempo específico para se dedicar à coisas menos efêmeras. O Salmo 39:6 faz uma interessante análise sobre a vida: “Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta... Amontoa tesouros e não sabe que os levará”... De nada vale trabalhar toda uma vida, ajuntar bens e tesouros, e nada ter para levar na eternidade (Lucas 12:15-21). Durante seis dias, o homem deveria trabalhar e retirar do “suor” de seu rosto o sustento para sua família (Gêneses 3:19). Porém, no último dia da semana, toda a agitação deveria ser substituída pela introspecção, e o labor pesaroso daria lugar a um merecido repouso. Neste dia em particular, o homem deveria estreitar sua relação com Deus, que infelizmente, é afetada diretamente pelo excesso de atividades diárias. É uma via de mão dupla, onde Deus dá ao homem a condição de recuperar suas energias físicas, e ao mesmo tempo, ter um momento de intimidade com seu Senhor. O problema, é que os religiosos deturparam este princípio, e um mandamento que deveria trazer descanso para o corpo, se tornou um peso para alma.

Então chega Jesus para modificar esta realidade. Sua mensagem é um convite para todos que estão cansados e sobrecarregados: - Vinde a mim, e eu vos aliviarei... Exatamente por isso, Jesus era um verdadeiro imã de problemas. Bastava andar algumas horas ao lado para estar cercado de pessoas marginalizadas, esquecidas pela sociedade, cansadas da vida e sobrecarregas pelas imposições legalistas da religião. Jesus ia até elas sempre com a mesma proposta: - “Deixe o seu fardo pesado comigo, e passe a carregar o meu, pois o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. O tal “jugo” ao qual Jesus se refere, é uma peça de madeira também conhecida como canga, que serve para unir dois bois, fazendo com que andem numa mesma passada. Jesus não apenas propõem uma troca de fardo, como também se voluntaria para caminhar lado a lado, dividindo o peso e facilitando a jornada. Assim sendo, Jesus utilizou o sábado para oferecer “alívio” para aquele homem sobrecarregado pelos encargos da lei, proporcionando um descanso completo, não apenas para o corpo, mas também para a alma.


Alcançando milagres

O sábado era o dia do descanso. Era costume dos judeus se reunirem na sinagoga para ler a Torá e se prepararem para uma nova semana. Foi exatamente nesse dia que esse homem resolveu sair de casa e ir à sinagoga. Ele estava no lugar certo e na hora certa (Marcos 3:1).  Durante seis dias os judeus estudavam a Torá, a qual era dividida de sete em sete capítulos. No sábado (Shabat), eles se reuniram na sinagoga para terminar a leitura semanal e, viraram a página para iniciar o próximo grupo de sete, referente à semana que se iniciaria no outro dia (domingo). O sábado marcava o fim de um ciclo e o início de outro. Foi nesse dia de transição que Jesus se dirigiu a sinagoga (Mateus 12:9-10). Embora o texto comece com uma armadilha para tentar culpar Jesus de violar o sábado, a história termina com Jesus libertando esse homem e escrevendo uma nova página em sua vida, dando fim a uma fase e iniciando outra (Mateus 12:13). De acordo com a tradição, qualquer coisa considerada como trabalho deveria ser executada até a sexta-feira. Até mesmo um médico não podia operar porque usar um instrumento era trabalho. Jesus estava sendo criticado por curar um enfermo, mas Ele não usou instrumento algum. Ele usou o poder de Sua Palavra (Lucas 24:19).

Há um detalhe muito interessante nesta história. Se compararmos com Mateus 12:10-13 e Marcos 3:1-6, observaremos que somente Lucas nos conta que o homem tinha seca sua mão direita. Aqui fala o médico, interessado nos detalhes do caso (Lucas 6.6). A mão direita ressequida era símbolo de maldição e esse homem, segundo a Lei, deveria ser considerado imundo perante o povo. A mão direita era a mão do relacionamento, do trabalho, da comunhão e da restituição. Evitando ser discriminado, esse homem não declarou seu problema e foi premiado por sua ousada fé. Jesus o mandou estender a mão e, de maneira instantânea e milagrosa, ele foi curado apenas pelo poder da palavra de Jesus (Mateus 12:13). A mão direita é considerada a mão principal. Por ter a mão ressequida, esse homem não podia trabalhar, logo, deveria estar em grandes apuros por não ter como ganhar seu sustento (Salmo 137:5-6). A situação desse homem era constrangedora. Ele era considerado imundo e até da adoração estava excluído. Esse homem foi corajoso por entrar desse jeito na sinagoga e Jesus o abençoou, honrando sua fé.

Essa palavra dita por Jesus parece ter exposto esse homem diante dos fariseus. Mas Jesus jamais pensou em envergonhá-lo. Seu propósito foi dar a ele a condição de reintegrar-se ao culto. Primeiro mandou que estendesse a mão e, para que isso acontecesse, o homem deveria crer naquilo que Jesus estava ordenando ser feito. Em seguida, Jesus o chamou para vir para o meio, como se lhe dissesse: “A partir de hoje, você não precisa mais se esconder, eu retirei de sua vida a maldição, agora você pode adorar como qualquer um de nós”. Hoje Jesus também chama os pecadores para que estendam a mão, exponham seus pecados e digam que área de suas vidas que está seca, atrofiada e os impossibilita de agir, para que Ele os possa curar (Mateus 12:13; / I João 1:9).


Eis que tudo se fez novo

A mão mirrada pode significar espiritualmente uma vida sentimental deprimente, um relacionamento familiar infeliz, uma vida profissional sem prosperidade, a saúde debilitada, o ministério estagnado, sonhos frustrados e uma vida espiritual infrutífera na presença do Senhor. A proposta do evangelho é tirar a atrofia da vida de todo aquele que está inoperante em Sua casa. Jesus tem poder para restaurar as áreas que não funcionam em nossas vidas. Ele nunca hesitou em fazer milagres, basta-nos apenas crer em Sua Palavra (Mateus 21:22). Em Isaias 41:10, o Senhor diz que nos toma pela mão direita. Ter a mão direita restituída representava estar novamente inserido no contexto da sociedade e apto para exercer tanto o trabalho quanto a adoração a Deus. Com apenas uma palavra, Jesus reacendeu a chama da vida desse homem. Antes ele se escondia, agora não tinha mais motivos para fazê-lo. Enquanto a doença o limitava, a religião e o oprimia. Ao curá-lo, Jesus estava dando a ele a oportunidade de ter sua mão de volta, ter de volta a comunhão, o trabalho e as demais atividades que antes não podia realizar. Ao devolver a este homem sua saúde, Jesus lhe devolveu automaticamente seu trabalho. Um homem sem trabalho é um homem sem honra; é em seu trabalho onde encontra a si mesmo e encontra a sua realização (Provérbios 6:6-9 – 30:25). Uma das melhores ações que se pode fazer um ser humano por outro é dar-lhe trabalho. Ressalte para eles que, ao devolver-lhe saúde e trabalho, Jesus lhe devolveu também sua autoestima. Um homem volta a ser homem quando pode satisfazer com independência suas necessidades e as de quem está sob seu cuidado.

Um novo ciclo começou na vida desse homem e começou pelo estabelecimento de sua saúde. O que significa o Evangelho sem milagres? Apenas um conjunto de rituais maçantes e cansativos que, em vez de mudar a nossa consciência para ver coisas grandes da parte de Deus, nos torna em seus inimigos. Para Jesus, a religião era serviço. Era o amor a Deus e o amor aos homens. O ritual não carecia de valor algum, em comparação com o amor posto em ação. Para Jesus, o mais importante de tudo não era a execução correta de um ritual até o seu mínimo detalhe, e sim a resposta espontânea ao clamor da necessidade humana. Estamos vivendo os últimos momentos da Igreja nesse mundo. Do mesmo modo que esse homem vivia no anonimato, muitos de nós também precisamos dessa palavra para que nos coloquemos de pé e sejamos fortalecidos nas áreas ressecadas de nossas vidas. É necessário entender que este é um tempo de uma grande restauração e de uma virada de página em nosso viver (Romanos 8:19).

A cura milagrosa desse homem nos fala de um tempo de restauração. Ao esclarecer sobre a lei do sábado, Jesus fez questão de curar esse homem para nos ensinar que Sua Palavra é poderosa e que a religião somente impede o homem de achegar-se a Deus. Jesus chamou o homem diante de todos, pediu para que se pusesse de pé e mandou estender sua mão. É preciso compreender urgentemente compreender que o Evangelho nos tira da vergonha do anonimato, ergue-nos da desventura e coloca em nossas mãos a força para receber a graça (Lucas 6:8-10). Na condição de imundo, esse homem deveria viver a margem da sociedade, privado de seus sonhos e de suas esperanças. A presença de Jesus naquele lugar foi o início de uma nova fase em sua vida (II Coríntios 5:17). Esta é uma história que fala de um tempo de recomeço. A prova maior disso foi o milagre realizado por Jesus, que devolveu a esse homem sua vida e seus sonhos. Que possamos ter sempre em mente e crer que não existe nada para Deus que seja impossível (Lucas 1:37).


Um aplauso para o Senhor

A grande maioria da população mundial é destra, ou seja, executa a maior parte de suas atividades tendo os membros do lado direito como base da ação. Embora não existam estudos conclusivos sobre a proporcionalidade, as pesquisas realizadas apontam sempre um número inferior a 13% de pessoas no mundo que se consideram canhotas. Então, a maioria esmagadora, seja por fatores genéticos, hereditários ou sócio-culturais, tem a sua mão direita como mestra. Na cultura judaica, a mão direita representava a autoridade, o que pode ser observado em Gêneses 48:14, quando Jacó no momento em que abençoava os filhos de José, inverteu as mãos, colocando sua destra sobre a cabeça do caçula Efraim, delegando a ele a autoridade que teoricamente deveria ser transmitida para Manassés, o neto mais velho. Logo, a mão direita, além de funcional, tinha grande representatividade cultural e espiritual, o que evidencia o qual abalado aquele homem estava, já que a mão enferma era exatamente a que ele mais prezava. 

O famoso caso do homem da mão mirrada (ou ressequida), é mais uma daquelas histórias envolvendo anônimos, que comprovam que o mais relevante não é o milagre em si, e sim os fatores que o envolviam. Uma vez que Jesus interferia nestas situações, a certeza de uma manifestação miraculosa era absoluta e de difícil compreensão, mas os caminhos do milagre têm muito a nos ensinar. Os líderes religiosos estavam furiosos com Jesus, pois pouco tempo antes, ele havia permitido que seus discípulos colhessem espigas para se alimentar, mesmo sendo sábado. Quando tentaram recriminar Jesus, ouviram sua poderosa declaração que “Ele” era o “Senhor do Sábado” (Lucas 6:1-5). Enquanto caminhava para dentro da cidade, Jesus manifestava sua misericórdia a todos que se achegavam, despertando ainda mais a fúria dos fariseus. Ao entrar na Sinagoga, foi seguido por diversos religiosos que queriam encontrar algum argumento para condenar Jesus. Ali, um homem cujo nome não sabemos, vivia um drama pessoal muito intenso. Acometido de uma grave enfermidade degenerativa, viu dia a dia sua mão direita atrofiar. Nesta condição, ele estaria proibido pela lei de entrar no templo, para não contaminar a Casa do Senhor.

Porém, contrariando a sistemática religiosa que lhe era imposta, ele ocultou a mão enferma sobre as vestes e adentrou a Sinagoga para meditar na Palavra de Deus. Embora lhe dissessem que aquele era um lugar onde um “deficiente físico” não poderia frequentar, o homem de nossa história parece ter lido o Salmo 73:17, e compreendido que as respostas para algumas de nossas questões mais relevantes só são encontradas no Templo. Naquele dia, enquanto devorava as palavras dos rabis, tentando entender a teoria, ele viveu a experiência prática de um encontro com aquele do qual os profetas testificaram. Imediatamente os olhos do Mestre descortinaram seu segredo, e então, diante de todos os presentes, Jesus o chama para o meio da congregação. Olhos maliciosos se atentam a cena, buscando um argumento para desmerecer as ações do Cristo. Jesus pede ao homem que estenda a sua mão, a mesma que ele escondia da sociedade. Mas ali, numa atitude de fé, mesmo correndo o risco de sofrer represálias, o homem estende sua mão para Jesus, mas ao invés da atrofia, ele sente cada nervo, cada músculo, cada tendão, cada osso responder prontamente ao seu comando. Jesus tinha lhe devolvido mais do que os movimentos da mão, Ele restaurou sua dignidade.  Os fariseus se retiraram indignados, pois Jesus havia “desrespeitado” o sábado. Saindo dali, iniciaram seus planos para matar o pregador de Nazaré. Já o homem agraciado com o milagre só tinha motivos para agradecer.

Certa vez, um cego que também fora curado num sábado, quando questionado sobre as motivações de Jesus ao “ confrontar” a lei, replicou com uma resposta brilhante: - “Só sei que era cego, e agora estou vendo” (João 9:25). O homem cuja mão ressequida foi restaurada por Jesus talvez tenha feito algo parecido.... Diante das acusações e das indagações dos fariseus, ergueu as mãos para o céu e depois aplaudiu calorosamente ao Senhor em agradecimento...



Participe da EBD deste domingo, 19/07/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento 
Lição 3

Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes




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