Texto
Áureo
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Hebreus 4:16
Verdade Prática
O mais importante para Jesus não é a execução correta de um ritual, mas
sim a resposta espontânea ao clamor da necessidade humana.
Textos de
Referência
Mateus 12:9-13
E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. E, estava ali um homem que
tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É
lícito curar nos sábados?
E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, se
num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará?
Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência,
lícito fazer bem nos sábados.
Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou
sã como a outra.
Uma nova visão sobre a lei
Os dez
mandamentos dados por Deus para a nação de Israel pode muito bem ser dividido
em dois fascículos distintos, de fácil compreensão e que se completam
mutuamente. O primeiro pode ser entendido como um manual do relacionamento da
nação para com o próprio Deus, e o segundo apresenta as diretrizes para uma
relação cordial entre os homens. No que tange ao relacionamento verticalizado
com seu Criador, Israel é ensinado a não ter outros deuses além do grande “Eu
Sou”, não fazer imagens de esculturas para adorá-las, não banalizar o nome de
Deus e guardar o sábado como um dia exclusivo de consagração ao Senhor. Já
quanto aos relacionamentos horizontais, visando a fraternidade entre
israelitas, foi lhes ordenado que honrassem seus pais, e que não praticassem
assassinatos, adultérios, furtos e perjúrios, além de banirem a cobiça de suas
vidas. Soma se ao decálogo, mais de 600 preceitos legislativos, popularmente
conhecido como “Lei de Moisés” que davam as diretrizes sociais, morais e
religiosas da nação. Este compendio de leis, a “mitzvot”, está registrado no texto
sagrado do Pentateuco, e contem cerca de 365 “proibições” diretas e 248
“recomendações”. Jesus nasceu numa época dominada por religiosidade vazia, onde
líderes judaizantes “amarravam fardos pesados sobre os ombros do povo, mas eles
mesmos não se dispunham a mover um único dedo para ajudar carregá-los” (Mateus
23:4).
A intenção
de Jesus nunca foi se opor a lei. Pelo contrario, ele mesmo a cumpriu com rigor
(Mateus 5:17). O objetivo de Cristo era ensinar que a verdadeira religião ultrapassava
a frieza da lei, e era preciso que a obediência a Deus não estivesse atrelada a
uma imposição constitucional, mas sem a um desejo genuíno de adorá-lo por quem
Ele de fato “é”. Assim, toda a mensagem de Cristo apontava para o REINO DE
DEUS, ensinando o caminho de volta para o Pai. Jesus tinha autoridade sobre a
lei, pois não apenas participou ativamente de sua revelação, mas porque a
cumpriu integralmente como homem. Por este conhecimento de causa, Jesus pode
reinterpretar a lei para seus discípulos de forma que ela fosse clara e
cristalina para os cristãos que viriam depois. A visão de Cristo para a lei é
singela, porém profunda, e torna obsoleta qualquer veneração exclusivista por
qualquer um dos seus preceitos. Segundo Jesus, mestre da lei e filho de Deus,
toda a “mitzvot” pode (e deve) ser condensada (e praticada) num único mandamento:
- “Ame ao Senhor, teu Deus, de todo coração, de toda a sua alma, com todas as
suas forças e com toda a sua capacidade intelectual. Feito isto, ame ao teu
próximo como se ele fosse você. ” Quando não é embasada em amor para à Deus e às
pessoas, toda e qualquer religião é nula e sem proveito (Tiago 1:22-27).
Jesus
estabeleceu um novo padrão para sua igreja, livre de legalismo e avesso a
religiosidade pragmática. Seu mandamento é que penhoremos nossa vida em amor.
Paulo foi taxativo quando escreveu aos crentes em Roma, que não deveriam ter
qualquer dívida para com a sociedade, exceto o amor, pois aquele que ama cumpre
a lei (Romanos 13:8). Ações que não se baseiam em amor puro e genuíno, não tem
qualquer sustento diante de Deus. Jesus foi insistente neste ensinamento, ora
com palavras, ora com ações, questionando o falido sistema religioso de seu
tempo, que usava a máscara do “zelo” para justificar suas atitudes egoístas e
seu descaso com os menos favorecidos, colocando a guarda do sábado como um
obstáculo para o fim do sofrimento que consumia a vida de um homem. Onde os “zelosos”
fariseus viram uma afronta à lei de Moisés, o “amoroso” Jesus viu a
oportunidade de transformar uma história, honrando a Deus no sábado, como
honrava em todos os demais dias da semana, amando ao próximo e estendendo sua
mão ao necessitado.
Compreendendo
o sétimo dia
Jesus entrou numa sinagoga e lá avistou um homem que tinha uma das mãos
mirrada. Para aquele homem, o milagre foi o melhor presente de sua vida, mas,
para os líderes religiosos, Jesus havia violado a Lei (Mateus 12:10). O grande
assunto que aparece com proeminência nesta passagem é o dia de sábado. Os
fariseus haviam feito muitos acréscimos ao que as escrituras ensinavam a
respeito do assunto e sobrecarregaram o verdadeiro caráter desse dia com as
tradições humanas (Marcos 2:27 - 3:4). A
lei do sábado proibia todo trabalho nesse dia e os judeus ortodoxos tomavam tão
a sério essa lei que preferiam morrer, literalmente, a que desobedecê-la. O
historiador Flávio Josefo relatou que, na época da rebelião de Judas Macabeu,
alguns judeus se refugiaram nas cavernas do deserto. Antíoco mandou uma legião
de homens para atacá-los. Era um sábado e esses judeus insurgentes morreram sem
um só gesto de desafio ou defesa porque lutar teria significado quebrar o
sábado (Êxodo 35:1-2). Segundo a tradição judaica, havia trinta e nove
atividades que não podiam ser realizados no sábado. Moisés havia proibido o
trabalho no sábado, mas não deu detalhes específicos acerca de que ou como (Êxodo
20:10). Textos como Êxodo 35:3; Números 15:32; Jeremias 17:21; Neemias 10:31;
13:15 – 19, identificam algumas destas atividades proibidas, tais como acender
uma fogueira para cozinhar, apanhar lenha, carregar fardos ou realizar negócios.
A tradição judaica desenvolveu por conta
própria os detalhes acerca da Lei. Assim, em vez de descanso, o sábado se
tornou um fardo que escravizava religiosamente toda a nação.
Embora tenha confrontado o pensamento dos fariseus, Jesus não aboliu a
lei do sábado (Mateus 12:11-12). Em suas refutações, Ele a liberou das
interpretações incorreta, trazendo-lhe purificação de adições inventadas por
eles. Não era intenção de Jesus arrancar do decálogo o quarto mandamento. Ele
apenas o desnudou das miseráveis tradições pelas quais os fariseus haviam
incrustado o dia, transformando-o em uma carga insuportável, em vez de bênção.
Jesus deixou o quarto mandamento exatamente onde encontrou, isto é, como parte
integrante da eterna Lei de Deus, da qual não se pode retirar nem sequer um
til, a qual jamais passará (Mateus 24:25). Da mesma forma, devemos considerar
suspeita qualquer lei religiosa contrária à misericórdia e a o cuidado com a
natureza. Deus quer encontrar em nossas vidas misericórdia e não sacrifícios
religiosos; e infelizmente não somos diferentes desses fariseus e muitas vezes
pecamos no excesso de santidade quando deveríamos amar mais ao nosso próximo (Mateus
12:7). Os fariseus se esforçavam para obedecer às leis do sábado, pensando
estar servindo a Deus e nós também não estamos isentos desse zelo excessivo. Isso
ocorre pela adição daquilo que Deus nunca exigiu que fizéssemos (Mateus 22:29).
Jesus apresentou aos fariseus o verdadeiro princípio pelo qual o sábado
veio a existir: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa
do sábado” (Marcos 2:27). Nestas palavras de Jesus, há uma fonte de profunda
sabedoria. Deus estabeleceu o dia de descanso em favor de em favor de Adão no
paraíso; e renovou-o para Israel no monte Sinai (Êxodo 20:7-11). Esse dia não
existe por causa de Israel. Ele foi estabelecido em favor de toda a humanidade,
visando o benefício e a felicidade do homem. Visava o bem de seu corpo, de sua
mente e de sua alma. Foi dado ao homem como uma bênção e uma graça, não como um
fardo. Assim foi sua instituição original. A observância desse dia nunca teve a
finalidade de interferir nas necessidades humanas. O mandamento não tinha o
intuito de ser interpretado como prejudicial ao corpo do homem ou como um
empecilho aos atos de misericórdia em favor do próximo (Êxodo 20:8). Esse era o
ponto crucial que os fariseus tinham esquecido ou sepultado debaixo de suas
tradições. Jesus deixou claro que deixar de fazer o bem no sábado (ou em
qualquer outro dia) é o mesmo que fazer o mal. Não existe um tempo tão sagrado
que não se possa usar para ajudar o próximo. (Mateus 22:39).
Descanso
para vossas almas
O mandamento da guarda do sábado nada mais era que a oficialização legal
de um exemplo dado pelo próprio Deus na criação do mundo, ou seja, a
necessidade de um dia para descansar (Genesis 2:2). O ser humano foi criado do
barro, e em decorrência do pecado, este corpo corruptível tem um prazo de
validade muito curto, se deteriorando com a passagem do tempo. Para aumentar a
vida útil da “máquina humana”, é preciso alguns cuidados rigorosos, e entre
eles, o repouso necessário. Deus desejava que o homem tivesse a consciência
desta necessidade, mas sabedor da inclinação egoísta pelo “ter cada vez mais”
tão inerente em todos nós, incluiu este preceito no decálogo para fazer com que
o ser humano descansasse na “marra”, tendo um tempo específico para se dedicar
à coisas menos efêmeras. O Salmo 39:6 faz uma interessante análise sobre a
vida: “Com efeito, passa o homem como uma
sombra; em vão se inquieta... Amontoa tesouros e não sabe que os levará”...
De nada vale trabalhar toda uma vida, ajuntar bens e tesouros, e nada ter para
levar na eternidade (Lucas 12:15-21). Durante seis dias, o homem deveria
trabalhar e retirar do “suor” de seu rosto o sustento para sua família (Gêneses
3:19). Porém, no último dia da semana, toda a agitação deveria ser substituída
pela introspecção, e o labor pesaroso daria lugar a um merecido repouso. Neste
dia em particular, o homem deveria estreitar sua relação com Deus, que
infelizmente, é afetada diretamente pelo excesso de atividades diárias. É uma
via de mão dupla, onde Deus dá ao homem a condição de recuperar suas energias
físicas, e ao mesmo tempo, ter um momento de intimidade com seu Senhor. O
problema, é que os religiosos deturparam este princípio, e um mandamento que
deveria trazer descanso para o corpo, se tornou um peso para alma.
Então chega Jesus para modificar esta realidade. Sua mensagem é um
convite para todos que estão cansados e sobrecarregados: - Vinde a mim, e eu vos aliviarei... Exatamente por isso, Jesus era
um verdadeiro imã de problemas. Bastava andar algumas horas ao lado para estar
cercado de pessoas marginalizadas, esquecidas pela sociedade, cansadas da vida
e sobrecarregas pelas imposições legalistas da religião. Jesus ia até elas sempre
com a mesma proposta: - “Deixe o seu
fardo pesado comigo, e passe a carregar o meu, pois o meu jugo é suave, e o meu
fardo é leve”. O tal “jugo” ao qual Jesus se refere, é uma peça de madeira
também conhecida como canga, que serve para unir dois bois, fazendo com que
andem numa mesma passada. Jesus não apenas propõem uma troca de fardo, como
também se voluntaria para caminhar lado a lado, dividindo o peso e facilitando
a jornada. Assim sendo, Jesus utilizou o sábado para oferecer “alívio” para
aquele homem sobrecarregado pelos encargos da lei, proporcionando um descanso
completo, não apenas para o corpo, mas também para a alma.
Alcançando
milagres
O sábado era o dia do descanso. Era costume dos judeus se reunirem na
sinagoga para ler a Torá e se prepararem para uma nova semana. Foi exatamente
nesse dia que esse homem resolveu sair de casa e ir à sinagoga. Ele estava no
lugar certo e na hora certa (Marcos 3:1). Durante seis dias os judeus
estudavam a Torá, a qual era dividida de sete em sete capítulos. No sábado
(Shabat), eles se reuniram na sinagoga para terminar a leitura semanal e,
viraram a página para iniciar o próximo grupo de sete, referente à semana que
se iniciaria no outro dia (domingo). O sábado marcava o fim de um ciclo e o
início de outro. Foi nesse dia de transição que Jesus se dirigiu a sinagoga
(Mateus 12:9-10). Embora o texto comece com uma armadilha para tentar culpar
Jesus de violar o sábado, a história termina com Jesus libertando esse homem e
escrevendo uma nova página em sua vida, dando fim a uma fase e iniciando outra
(Mateus 12:13). De acordo com a tradição, qualquer coisa considerada como trabalho
deveria ser executada até a sexta-feira. Até mesmo um médico não podia operar
porque usar um instrumento era trabalho. Jesus estava sendo criticado por curar
um enfermo, mas Ele não usou instrumento algum. Ele usou o poder de Sua Palavra
(Lucas 24:19).
Há um detalhe muito interessante nesta história. Se compararmos com
Mateus 12:10-13 e Marcos 3:1-6, observaremos que somente Lucas nos conta que o
homem tinha seca sua mão direita. Aqui fala o médico, interessado nos detalhes
do caso (Lucas 6.6). A mão direita ressequida era símbolo de maldição e esse
homem, segundo a Lei, deveria ser considerado imundo perante o povo. A mão
direita era a mão do relacionamento, do trabalho, da comunhão e da restituição.
Evitando ser discriminado, esse homem não declarou seu problema e foi premiado
por sua ousada fé. Jesus o mandou estender a mão e, de maneira instantânea e
milagrosa, ele foi curado apenas pelo poder da palavra de Jesus (Mateus 12:13).
A mão direita é considerada a mão principal. Por ter a mão ressequida, esse
homem não podia trabalhar, logo, deveria estar em grandes apuros por não ter
como ganhar seu sustento (Salmo 137:5-6). A situação desse homem era
constrangedora. Ele era considerado imundo e até da adoração estava excluído.
Esse homem foi corajoso por entrar desse jeito na sinagoga e Jesus o abençoou,
honrando sua fé.
Essa palavra dita por Jesus parece ter exposto esse homem diante dos
fariseus. Mas Jesus jamais pensou em envergonhá-lo. Seu propósito foi dar a ele
a condição de reintegrar-se ao culto. Primeiro mandou que estendesse a mão e,
para que isso acontecesse, o homem deveria crer naquilo que Jesus estava
ordenando ser feito. Em seguida, Jesus o chamou para vir para o meio, como se
lhe dissesse: “A partir de hoje, você não precisa mais se esconder, eu retirei
de sua vida a maldição, agora você pode adorar como qualquer um de nós”. Hoje
Jesus também chama os pecadores para que estendam a mão, exponham seus pecados
e digam que área de suas vidas que está seca, atrofiada e os impossibilita de
agir, para que Ele os possa curar (Mateus 12:13; / I João 1:9).
A mão mirrada pode significar espiritualmente uma vida sentimental
deprimente, um relacionamento familiar infeliz, uma vida profissional sem
prosperidade, a saúde debilitada, o ministério estagnado, sonhos frustrados e
uma vida espiritual infrutífera na presença do Senhor. A proposta do evangelho
é tirar a atrofia da vida de todo aquele que está inoperante em Sua casa. Jesus
tem poder para restaurar as áreas que não funcionam em nossas vidas. Ele nunca
hesitou em fazer milagres, basta-nos apenas crer em Sua Palavra (Mateus 21:22).
Em Isaias 41:10, o Senhor diz que nos toma pela mão direita. Ter a mão direita
restituída representava estar novamente inserido no contexto da sociedade e
apto para exercer tanto o trabalho quanto a adoração a Deus. Com apenas uma
palavra, Jesus reacendeu a chama da vida desse homem. Antes ele se escondia,
agora não tinha mais motivos para fazê-lo. Enquanto a doença o limitava, a
religião e o oprimia. Ao curá-lo, Jesus estava dando a ele a oportunidade de
ter sua mão de volta, ter de volta a comunhão, o trabalho e as demais
atividades que antes não podia realizar. Ao devolver a este homem sua saúde,
Jesus lhe devolveu automaticamente seu trabalho. Um homem sem trabalho é um
homem sem honra; é em seu trabalho onde encontra a si mesmo e encontra a sua
realização (Provérbios 6:6-9 – 30:25). Uma das melhores ações que se pode fazer
um ser humano por outro é dar-lhe trabalho. Ressalte para eles que, ao devolver-lhe
saúde e trabalho, Jesus lhe devolveu também sua autoestima. Um homem volta a
ser homem quando pode satisfazer com independência suas necessidades e as de
quem está sob seu cuidado.
Um novo ciclo começou na vida desse homem e começou pelo estabelecimento
de sua saúde. O que significa o Evangelho sem milagres? Apenas um conjunto de
rituais maçantes e cansativos que, em vez de mudar a nossa consciência para ver
coisas grandes da parte de Deus, nos torna em seus inimigos. Para Jesus, a
religião era serviço. Era o amor a Deus e o amor aos homens. O ritual não
carecia de valor algum, em comparação com o amor posto em ação. Para Jesus, o
mais importante de tudo não era a execução correta de um ritual até o seu
mínimo detalhe, e sim a resposta espontânea ao clamor da necessidade humana.
Estamos vivendo os últimos momentos da Igreja nesse mundo. Do mesmo modo que
esse homem vivia no anonimato, muitos de nós também precisamos dessa palavra
para que nos coloquemos de pé e sejamos fortalecidos nas áreas ressecadas de
nossas vidas. É necessário entender que este é um tempo de uma grande
restauração e de uma virada de página em nosso viver (Romanos 8:19).
A cura milagrosa desse homem nos fala de um tempo de restauração. Ao
esclarecer sobre a lei do sábado, Jesus fez questão de curar esse homem para
nos ensinar que Sua Palavra é poderosa e que a religião somente impede o homem
de achegar-se a Deus. Jesus chamou o homem diante de todos, pediu para que se
pusesse de pé e mandou estender sua mão. É preciso compreender urgentemente
compreender que o Evangelho nos tira da vergonha do anonimato, ergue-nos da
desventura e coloca em nossas mãos a força para receber a graça (Lucas 6:8-10).
Na condição de imundo, esse homem deveria viver a margem da sociedade, privado
de seus sonhos e de suas esperanças. A presença de Jesus naquele lugar foi o
início de uma nova fase em sua vida (II Coríntios 5:17). Esta é uma história
que fala de um tempo de recomeço. A prova maior disso foi o milagre realizado
por Jesus, que devolveu a esse homem sua vida e seus sonhos. Que possamos ter
sempre em mente e crer que não existe nada para Deus que seja impossível (Lucas
1:37).
Um aplauso para o Senhor
A grande
maioria da população mundial é destra, ou seja, executa a maior parte de suas
atividades tendo os membros do lado direito como base da ação. Embora não
existam estudos conclusivos sobre a proporcionalidade, as pesquisas realizadas
apontam sempre um número inferior a 13% de pessoas no mundo que se consideram
canhotas. Então, a maioria esmagadora, seja por fatores genéticos, hereditários
ou sócio-culturais, tem a sua mão direita como mestra. Na cultura judaica, a
mão direita representava a autoridade, o que pode ser observado em Gêneses
48:14, quando Jacó no momento em que abençoava os filhos de José, inverteu as
mãos, colocando sua destra sobre a cabeça do caçula Efraim, delegando a ele a
autoridade que teoricamente deveria ser transmitida para Manassés, o neto mais
velho. Logo, a mão direita, além de funcional, tinha grande representatividade
cultural e espiritual, o que evidencia o qual abalado aquele homem estava, já
que a mão enferma era exatamente a que ele mais prezava.
O famoso
caso do homem da mão mirrada (ou ressequida), é mais uma daquelas histórias envolvendo anônimos, que comprovam que o mais relevante não é o milagre em si, e
sim os fatores que o envolviam. Uma vez que Jesus interferia nestas situações,
a certeza de uma manifestação miraculosa era absoluta e de difícil compreensão,
mas os caminhos do milagre têm muito a nos ensinar. Os líderes religiosos
estavam furiosos com Jesus, pois pouco tempo antes, ele havia permitido que
seus discípulos colhessem espigas para se alimentar, mesmo sendo sábado. Quando
tentaram recriminar Jesus, ouviram sua poderosa declaração que “Ele” era o
“Senhor do Sábado” (Lucas 6:1-5). Enquanto caminhava para dentro da cidade,
Jesus manifestava sua misericórdia a todos que se achegavam, despertando ainda
mais a fúria dos fariseus. Ao entrar na Sinagoga, foi seguido por diversos
religiosos que queriam encontrar algum argumento para condenar Jesus. Ali, um
homem cujo nome não sabemos, vivia um drama pessoal muito intenso. Acometido de
uma grave enfermidade degenerativa, viu dia a dia sua mão direita atrofiar.
Nesta condição, ele estaria proibido pela lei de entrar no templo, para não
contaminar a Casa do Senhor.
Porém,
contrariando a sistemática religiosa que lhe era imposta, ele ocultou a mão
enferma sobre as vestes e adentrou a Sinagoga para meditar na Palavra de Deus.
Embora lhe dissessem que aquele era um lugar onde um “deficiente físico” não
poderia frequentar, o homem de nossa história parece ter lido o Salmo 73:17, e
compreendido que as respostas para algumas de nossas questões mais relevantes
só são encontradas no Templo. Naquele dia, enquanto devorava as palavras dos rabis,
tentando entender a teoria, ele viveu a experiência prática de um encontro com aquele
do qual os profetas testificaram. Imediatamente os olhos do Mestre
descortinaram seu segredo, e então, diante de todos os presentes, Jesus o chama
para o meio da congregação. Olhos maliciosos se atentam a cena, buscando um
argumento para desmerecer as ações do Cristo. Jesus pede ao homem que estenda a
sua mão, a mesma que ele escondia da sociedade. Mas ali, numa atitude de fé,
mesmo correndo o risco de sofrer represálias, o homem estende sua mão para
Jesus, mas ao invés da atrofia, ele sente cada nervo, cada músculo, cada
tendão, cada osso responder prontamente ao seu comando. Jesus tinha lhe
devolvido mais do que os movimentos da mão, Ele restaurou sua dignidade. Os fariseus se retiraram indignados, pois
Jesus havia “desrespeitado” o sábado. Saindo dali, iniciaram seus planos para
matar o pregador de Nazaré. Já o homem agraciado com o milagre só tinha motivos
para agradecer.
Certa vez,
um cego que também fora curado num sábado, quando questionado sobre as
motivações de Jesus ao “ confrontar” a lei, replicou com uma resposta
brilhante: - “Só sei que era cego, e
agora estou vendo” (João 9:25). O homem cuja mão ressequida foi restaurada
por Jesus talvez tenha feito algo parecido.... Diante das acusações e das
indagações dos fariseus, ergueu as mãos para o céu e depois aplaudiu calorosamente
ao Senhor em agradecimento...
Participe da EBD deste domingo, 19/07/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.
Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento
Lição 3
Lição 3
Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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