O apóstolo Paulo, recebeu péssimas
notícias relativas a igreja estabelecida na cidade de Corinto. Aparentemente
tudo ia bem... O culto era barulhento e cheio da manifestação dos dons
espirituais. Aquela, sem dúvida, era a mais carismática congregação de seu
tempo. Porém, bastava um rápido olhar crítico para notar que por de traz de
tanta espiritualidade, se escondia uma igreja problemática e a beira da
falência espiritual. Facções partidárias pulverizavam a unidade da igreja,
causando segregações sociais e ideológicas dentro da congregação, pondo em
xeque até mesmo a liderança paulina. A mensagem pregada por um, logo era
desmentida por outro, e este desatino começou as extrapolar as paredes do
templo, já que muitos irmãos estavam levando suas divergências eclesiásticas
para os tribunais seculares. No trato com as pessoas, a balança sempre pendia
suave para uma classe específica, enquanto outros eram tratados com maior
rigor, mesmo em ofensas menos graves. Paulo então escreve sua mais ácida
e verborrágica epístola: Povo invejoso, rancoroso, encrenqueiro e cheio de
mágoas... Eu queria lhes falar com se fala com crentes espirituais, mas
infelizmente não posso fazer isso, pois vocês ainda são carnais... Não homens
de Deus... Apenas meninos em Cristo (I Coríntios 3: 1-3).
Em cada verso
seguinte, Paulo os instrui a serem complacentes uns para com os outros. Explica
que a igreja é de Deus e não de homens, mas que todos têm funções especiais
dentro dela, já que a mesma é como um corpo composto de vários membros. Ele
orienta aos casais para que se amem e se respeitem, ensina que é preferível ser
prejudicado do que levar outro irmão ao litígio, que o culto deve ser realizado
com decência e ordem e o exercício dos dons precisa ser praticado em obediência
e zelo. Após apontar os principais erros daquela igreja e indicar as ações
corretivas para cada desvio ali existente, o apostolo apresenta aos corintos, a
solução definitiva para todas as mazelas presentes ou futuras... “Eu vou
mostrar a vocês um caminho muito mais excelente” (I Coríntios 12:31)
Ainda que se
possa falar todos os idiomas da terra e conhecer a linguagem do céu... Ainda
que se possua todos os dons e se tenha fé o suficiente para mover montanhas...
Se não houver amor, tudo não passa de um sino fazendo barulho... Mesmo que se
doe todo o dinheiro para os pobres, ou que ainda a própria vida seja ofertada
por alguém... Se não for por amor... Tudo terá sido feito em vão... O amor é
bondoso, gentil, paciente, humilde, complacente, abnegado... Ele não busca interesses
próprios, não se ofende, não se irrita, não se envaidece, não faz julgamentos e
cria intrigas... Na verdade ele tudo crê, tudo espera e tudo suporta, sem
jamais se extinguir... Tudo o que valorizamos hoje, amanhã perderá seu valor...
O belo se tornará feio... O que está cheio se esvaziará.... As coisas finitas
encontraram seu fim... E as imperfeições desapareceram diante da perfeição
divina... Neste dia, quando todos se apresentarem diante de Deus e
justificativas humanas já não surtirem efeito, quando as mentiras deixarem de
existir, quando as partes se tornarem um todo, quando não houverem mais
segredos e mistérios a serem revelados, neste dia, apenas três coisas ainda
terão significância: Fé... Esperança... Amor... E dos três, o mais excelente é
o Amor!
Diferente da
lógica do mundo (I Coríntios 1:27- 28), o amor, um dos princípios do Reino de
Deus, norteou todas as decisões e atitudes de Jesus. Sendo Ele nosso Mestre por
excelência, aprendemos que esse preceito deve fundamentar nossas ações e decisões
em todos os aspectos da nossa vida (Mateus 22:37). Sendo o amor a base, nossa
fidelidade só terá valor se estiver embasada nele. É o que estudaremos nessa
lição. O amor é uma virtude pura e inspirada por Deus, de entrega, de
dedicação, sem a obrigação da reciprocidade. O amor genuíno não exige nada em
troca. É dessa forma que somos amados por Deus. Ah, o amor... Tudo crê, tudo espera, tudo
suporta e jamais acaba. O amor é a base de tudo o que é bom, louvável, justo,
puro sincero, humilde, virtuoso e agradável, devendo portanto, ser sentido,
vivido e trazido a memória constantemente (Filipenses 4:8). Nele se resume e se
encerra todos os mandamentos da lei, seja ela divina ou humana; pois uma vez
que ele seja exercido em plenitude, extingue-se completamente a necessidade de
qualquer outro tipo de parâmetro moral (Mateus 7:34-40).
Existe no
KOINÉ (linguagem grega popular usada na redação do Novo Testamento) várias
palavras que são traduzidas pelo vocábulo “amor” em textos de língua
portuguesa, tais como EROS (amor romântico), PHILOS (amizade ou amor fraternal)
e STORGE (amor familiar). Mas quando se trata do amor de Deus, por Deus ou para
Deus a palavra usada é ÁGAPE (também traduzida por caridade em versões mais
tradicionais da Bíblia). Este é um amor de total entrega, uma doação sem a
preocupação de retribuição ou retorno. É o amor na sua forma mais elevada e
profunda (João 3:16), pois é altruísta, sacrificial, paciente, benigno, capaz
de amar até mesmo os próprios desafetos. Podemos afirmar que tal amor é a base
de todo relacionamento perfeito no céu e na terra. Não é sem motivo que o
batismo no Espírito Santo é muitas vezes relatado e chamado de batismo de amor,
pois é um empuxe que nos impulsiona a um novo relacionamento com Deus e com o
próximo.
Do amor saem
as vertentes que enobrecem o ser humano: bondade, gentileza, presteza,
lealdade, fidelidade, benignidade, honestidade, sinceridade e é claro, a
capacidade de perdoar. Aliás, o PERDÃO é um requisito tão essencial ao cristão,
que a falta dele se torna um empecilho para o recebimento do próprio perdão
divino e consequentemente neutraliza o poder da Graça e compromete
completamente nossa salvação (Mateus 6:15). Por outro lado, é impossível
perdoar sem primeiro desenvolver o amor e ele só pode ser desenvolvido a partir
de uma fonte específica: O amor do próprio Deus.
Talvez a vida
não te de motivos para amar. Talvez sua igreja, sua família ou o seu cônjuge
não te dê motivos para desenvolver o amor, pois você se vê cercado de intrigas,
mentiras e quebra de confiança. As pessoas te desprezam, ignoram, perseguem e
criticam... Você não tem a obrigação (e nem motivos) para amá-las... Por outro
lado, Deus te ama tanto que nem mesmo a profundeza do mar ou as alturas dos céus
são suficientes para mensurar tamanho sentimento; e uma vez que somos imergidos
neste amor, temos tanto dele em nós que a única forma de não sermos “sufocados”
por ele é dá-lo a todos que de alguma forma fazem parte de nossas vidas, mesmo
que não haja nenhum merecimento. Em um de seus textos devocionais, o
escritor Max Lucado discorre sobre o amor de Deus agindo em nós: - “Aqueles
que deviam ter lhe amado não fizeram. Aqueles que poderiam ter-lhe amado não
queriam. Você foi deixado no hospital, abandonado no altar. Deixado com uma
cama vazia, deixado com um coração quebrado. Deixado com sua dúvida, “Será que
alguém me ama”? Por favor escute a resposta do céu. Enquanto você o observe na
cruz, ouça Deus assegurar, “Eu lhe amo”. - Desfrute
plenamente do amor de Deus. É ele que proporcionara a você a capacidade de
desenvolver um amor genuíno, capaz de sustentar sobre si, toda a estrutura
necessária para uma vida de fé e esperança!
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