Texto
Áureo
Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.
João 20:23
Verdade
Aplicada
A pessoa incapaz de perdoar destrói a ponte pela
qual ele mesma deveria passar.
Textos
de Referência
Lucas 7.44-47
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu
esta mulher? Entrei em tua casa, e não me desta água para os pés; mas esta
regou-me os pés com lágrimas e os enxugou com os cabelos de sua cabeça.
Não me deste ósculo, mas está, desde que entrou,
não tem cessado de me beijar os pés.
Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me
os pés com unguento.
Por isso, te digo que os seus muitos pecados lhe
são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
Um
gesto de devoção
Os evangelhos narram duas histórias
distintas que de tão semelhantes chegam a confundir até mesmo leitores atentos.
Ambas falam sobre mulheres que demonstraram sua gratidão pelo amor do Cristo
através do emblemático gesto de “ungir” seus pés com perfumes caríssimos. Mateus
26:2-13 e Marcos 14:3-9 registram a ação da mulher que durante um jantar
realizado em Betânia, na casa de Simão, o “Leproso” (pai de Judas Iscariotes, e que fora curado por Jesus de sua lepra),
se aproxima de Jesus tendo nas mãos um vaso de alabastro (material semelhante ao gesso). Ela se ajoelha em frente a Jesus e começa
a derramar em seus pés um caríssimo perfume feito de “nardo puríssimo” para depois enxugar o precioso líquido com os
próprios cabelos. Os discípulos se indignaram com a cena, pois entendiam que aquela
era uma atitude dispendiosa, já que o dinheiro ali empregado, poderia ser doado
aos pobres. Segundo a avaliação de Judas, tesoureiro do grupo, o valor ali
desperdiçado era de aproximadamente 300 denários, cerca de R$ 15.000. Ao ver a
postura reprobatória de seus seguidores, Jesus os exorta dizendo que aquele era
um gesto único de amor, acalentando seu coração para enfrentar a própria morte,
e que o mesmo, ecoaria pela posteridade. Além disto, Jesus lembrou os
discípulos que eles ainda teriam muito tempo para exercer a generosidade para
com necessitados, porém, muito brevemente seriam privados de sua companhia. João 12:1-8 também registra esta mesma
história, mas desta vez, nos é revelado o nome da mulher generosa: Maria, irmã
de Lázaro.
Lucas 7:36-50 nos conta uma história
muito parecida, porém, em um cenário diferente. Muito antes do famoso “Jantar
de Betânia”, uma outra mulher também se lançou aos pés de Jesus para ungi-lo
com perfume. Não sabemos o seu nome e nem sua origem, pois a única referência
dada pelo evangelista é que se tratava de uma “pecadora”. É provável que este
fato específico tenha acontecido na Galileia, enquanto Jesus participava de um
jantar na casa de Simão, o “Fariseu”. Num ambiente repleto de pessoas muito
ligadas a religiosidade judaica, em nome do amor e movida por íntima gratidão,
uma mulher de péssima reputação social, rompe com as conveniências, adentra a
casa de um homem muito religioso, não se detém diante de monções reprovadoras e
caminha determinada, com os olhos fixos em Jesus. Humildemente, ela se nega a
ficar diante do Messias, e se colocando atrás de Jesus, abraça seus pés e se
põem a beija-los, para logo em seguida, começar a chorar. Ao perceber que suas
lágrimas estão molhando os pés do Senhor, ela passa e enxugá-los com seu
cabelo, e então, derrama sobre eles, sem nenhuma reserva, o perfume de aroma
delicioso que trazia consigo, ungindo os pés de Jesus.
Duas mulheres movidas por sentimentos
muito parecidos, que testemunharam de forma pratica e incontestável o quão
maravilhoso é mergulhar sem reservas no oceano da Graça. Voluntariamente elas
escolheram a melhor parte, e entenderam que não existe lugar mais desejável para
se estar, do que os pés de Jesus. A virtuosa Maria de Betânia, tinha motivos
explícitos para tamanha devoção. Movida pelo amor que sentia por Jesus, seu
mestre e amigo, ela aproveita a estadia do Cristo em sua cidade, para através
da entrega de seu bem mais precioso, agradecer ao Messias por ter trazido seu
irmão Lázaro de volta para vida, e involuntariamente, entra para a história
como a mulher que ungiu Jesus e o preparou para enfrentar a cruz e o sepulcro.
A pecadora anônima não tinha motivos aparentes que justificasse sua atitude, e também
não temos qualquer evidência que Jesus tenha curado alguém de sua família. Mas
ali, naquele momento sublime, o Cristo olha além das aparências e descortina o
coração daquela mulher. Ela estava grata pelo maior de todos os milagres...
Tinha encontrado Salvação. Com seu gesto, Maria agradeceu a Jesus pelo dom da
vida. A pecadora agradecia por ter encontrado a própria Vida e o perdão para
seus pecados.
Entendendo
o conceito do perdão
Perdoar é a decisão moral de remover o ódio
abrigado em nosso próprio coração. Jesus não disse que perdoar seria uma tarefa
fácil. Se aprendermos a orar pelos nossos inimigos, então poderemos fazer todo
o restante (Mateus 5:44). Todo ser humano é falho, imperfeito e sujeito a
erros. Mais cedo ou tarde isso acontecerá. E quando acontecer, o que faremos?
Como agiremos? Consertaremos ou deixaremos como está? Perdoar é possível e, se
aprendermos o que significa, tanto evitaremos quanto iremos reparar sérios
transtornos. Para os rabinos, uma pessoa deveria ser perdoada no máximo até
três vezes e, se houvesse transgressão na quarta, o tal deveria ser castigado.
Eles se agarravam ao conceito de Amós. “Por três transgressões e por quatro”
(Amós 1:3, -13; 2:1-6). Não se podia imaginar que um homem fosse mais piedoso
do que Deus. Dessa maneira, se limitava o perdão a três ofensas. O que Jesus
ensinou a Pedro sobre perdoar setenta vezes sete coloca um fim em regras
humanas, demonstrando claramente que o perdão é possível e que não existe
limite para se perdoar toda e qualquer ofensa (Mateus 18:22). A falta de perdão
além de produzir danos irreparáveis à nossa alma, ainda nos torna inimigos de
Deus (Mateus 6:15). O ato de perdão da parte de Deus não consiste em negar pura
e simplesmente a falta do homem. É preciso entender que Ele não age como se ela
não existisse. Todavia, Ele põe fim em uma situação perfeitamente conhecida.
Deus, o autor do perdão, atua em pleno conhecimento de causa e em plena
soberania. Em Sua misericórdia e paciência, Ele se recusa a executar um
julgamento merecido e concede um adiamento da sentença do homem. Perdoar para
Deus é simplesmente colocar um fim em uma situação.
Uma lição que percorre todo o Novo Testamento é que
o homem deve perdoar para ser perdoado (João 20:23). Quem não perdoa a seu
próximo, não pode pretender que Deus o perdoe. “Bem-aventurados os
misericordiosos”, disse Jesus, “porque eles alcançarão misericórdia” (Mateus 5:7).
Depois de ensinar Sua oração aos homens, Jesus ampliou uma das petições nela
contida: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15). Merece ser
especialmente ressaltado o ensinamento do apóstolo Tiago: ”O juízo é sem
misericórdia para com aquele que não usa de misericórdia” (Tiago 2:13). O
perdão humano e o divino devem andar lado a lado. O religioso tem uma mente
muito aguçada para identificar pecados na vida do próximo e condená-lo pelos
seus atos. Porém, os pecados da religiosidade não estão na aparência, mas no
fundo do coração, no oculto das intenções. Ao contrário do que Simão julgara, os
atos daquela mulher não consistiam em carícias contagiosas de uma mente impura,
mas sim no derramamento de amor sincero de uma mulher arrependida. Emocionada,
ela reconheceu sua condição de pecadora, humilhou-se e demonstrou sua devoção
lavando, beijando e ungindo os pés do Senhor, dando a Ele toda a honra
merecida.
No ano de 1999, o Dr. Fred Luskin criou o projeto
da universidade de Stanford para o perdão. Ele visava o impacto das emoções
negativas, como raiva, mágoa e ressentimento no sistema cardíaco, causados pela
ausência do perdão. Luskin descreve o perdão como sendo uma forma de se atingir
a calma e a paz, tanto com o outro quanto consigo mesmo. Ele afirma que o
perdão reduz a agitação que leva a problemas físicos; reduz o estresse que vem
de pensar em algo doloroso e que não pode ser mudado; limita a ruminação que
leva o sentimento de impotência que reduz a capacidade de alguém cuidar de si
mesmo. A conclusão do seu projeto foi a seguinte: pedir perdão produz cura (Salmo
31:10, 32:1- 3; 38:3). Segundo o Dr. Luskin, o perdão reconhece o mal, mas
permite que o prejudicado siga com a vida. Às vezes, perdoar significa
reconciliar, outras vezes, abrir mão de um relacionamento. Quando duas pessoas
entendem que criaram uma situação desconfortável, o perdão encontra o lugar.
Amor
e Perdão
O religioso Simão estava começando a
ver Jesus com outros olhos. Seu interesse em ouvir as palavras do Mestre nos
leva a crer que a sementinha do Reino de Deus dava sinais de brotar em seu
coração. Mas ao assistir a cena da pecadora ungindo os pés de Jesus, ficou tão
abalado, que sua infante fé, minguou como manteiga no fogo. Em seus pensamentos
Simão conjecturava que não havia qualquer possibilidade de Jesus ser de fato um
profeta, pois um homem dotado da revelação divina, teria discernimento para
compreender o quão pecadora aquela mulher era, e assim, jamais permitir que a
mesma o tocasse. Jesus, ciente dos pensamentos de seu anfitrião, educadamente pede
que o mesmo lhe de permissão para contar uma história. O Mestre discorre sobre dois homens
endividados, cujos bens estão empenhorados ao mesmo credor. Um deles está
negativado em mais de RS 25.000,00, e ele não tem a menor condição de pagar. Já
dívida do outro, embora também seja alta e o pagamento esteja muito atrasado, é
10 vezes menor. O credor, porém, decide perdoar ambas as dívidas, e manda
notificar aos envolvidos, que nenhum deles lhe deve se quer um centavo. Então,
Jesus questiona a Simão sobre qual dos homens deveria mostrar mais gratidão, e
em resposta, ouve o obvio: Aquele que
devia mais. O Mestre, concorda com o raciocínio de Simão e completa
dizendo: - Desta vez, seu julgamento está
correto.... Mas deixe-me te explicar uma coisa...
É neste ponto que fica explícito o
abismo que separa a liberdade cristã encontrada na graça e o legalismo
pragmático implícito na religiosidade. Aquela mulher, despida de moralidade
hipócrita e desarmada das formalidades sociais, se torna um exemplo a ser
seguido por cada cristão. Simão é lembrado que no momento da recepção de Jesus
em sua casa, nem mesmo um beijo no rosto (tão inerente a cultura da época) lhe
foi dado pelo anfitrião, mas a mulher, desde o momento que chegou, não parava
de beijar seus pés. Simão também não tinha oferecido uma vasilha com água para
que seus convidados lavassem as mãos (outro ritual relevante naquela
sociedade), mas a “pecadora” lavou seus pés com lágrimas. Simão não ofereceu um
único pedaço de pano para que Jesus enxugasse o suor de seu rosto, mas a mulher
enxugava seus pés com os próprios cabelos. Simão, não disponibilizou uma única
gota de óleo para ungir a cabeça de Jesus... A pecadora verteu o mais caro dos
perfumes para ungir seus pés. E por que tamanha diferença? Jesus é taxativo ao
afirmar: - Quem foi perdoado sabe amar...
Que verdade reveladora. A posição
social e religiosa de Simão, de nada valia para Jesus, que enxergava o amago de
seu coração, preconceituosos e carregado de pecados. Simão se vestia de
espiritualidade, mas dentro de si estava repleto de traumas e culpas. Ele não
se sentia amado, e com isso, não conseguia externar amor, oferecendo as pessoas
em sua volta um julgamento rancoroso e hospitalidade omissa. Ele convidou Jesus
para entrar em sua residência, mas não em sua vida, recepcionando o “Salvador
do Mundo” como apenas mais um dos muitos frequentadores de sua casa. A pecadora
encontrou em Jesus alívio para sua alma. O Mestre não entrou em sua casa, mas se
tornou “Senhor” da sua existência e tudo se fez novo. Jesus não era apenas mais
“um homem” em sua vida, Ele era o “único” capaz de transformar para sempre sua
história. E Jesus o fez. Ela se sentiu amada e perdoada, e isso a deu força
para amar em abundância: Os seus muitos
pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é
perdoado pouco ama (Lucas 7:47). Jesus passa uma borracha no passado tão
condenável daquela mulher, e lhe oferece uma página em branco para recomeçar
sua história, e a aconselha para “não” errar outra vez: - Vai e
não peques mais... A tua fé te salvou.
A
importância do perdão
Jesus contou a história de um servo que devia uma
impagável soma em dinheiro a seu senhor, o qual havia sido perdoado. Todavia,
esse homem perdoado, não perdoou a dívida de outro que lhe devia uma irrisória
quantia, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida (Mateus 18:30).
A primeira dívida superava o valor do resgate de um rei. O contraste entre as
dívidas era esmagador. O que está em jogo aqui não é o valor da dívida, mas o
perdão. E o que se deve destacar é que nada do que temos que perdoar se pode
comparar em forma vaga ou remota com o que nos perdoou. Fomos perdoados de uma
dívida que está além de todo pagamento, porque o pecado do mundo provocou a
morte do próprio Filho de Deus e, Sendo assim, devemos perdoar como Deus nos
perdoou, caso contrário, não podemos esperar encontrar misericórdia alguma.
Jesus conectou a ação do rei com a ausência de perdão e o resultado foi desastroso
para aquele homem ganancioso (Mateus 18:32-35). Por reter o perdão, aquele
homem foi entregue aos atormentadores, ou verdugos. O termo utilizado é o mesmo
para designar” demônios”. Ou seja, uma pessoa que retém mágoas e não libera o
perdão é uma pessoa que nunca terá paz, será sempre atormentada.
João Batista, o precursor de Jesus Cristo, preparou
o caminho do Senhor com a mensagem do arrependimento, ou seja, a mensagem do
perdão divino sobre todo aquele que desejasse viver uma nova vida de paz (Mateus
3:1-2). A primeira mensagem de Jesus foi: “Arrependei-vos, e crede no
evangelho” (Marcos 1:15). A dívida humana para com Deus era gigantesca e Jesus
veio a esse mundo para quitar essa dívida. Paulo nos afirma que “Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados...”
(II Coríntios 5:19). Deus nos deu o seu “Shalom”, que em sua raiz etimológica
significa: “pagar as dívidas”. Alguns eruditos traduzem como “paz”. No entanto,
paz é para quem não tem dívidas e quem tem dívida não tem “Shalom” (Atos 3:19).
A grandeza do perdão deve ser vista pela grandeza
do pecado que Deus perdoa num momento único. Paulo nos afirma que a cédula de
acusação contra nós foi cravada na cruz (Colossenses 2:14). Nossa sentença
estava escrita, mas por seu infinito amor e graça, o Senhor levou para a cruz
essa sentença. À medida que Seu sangue ia escorrendo através do madeiro, todas
as acusações contrárias a nós foram sendo riscadas. Ali, naquela cruz, estava
em um só homem a sentença de todos os homens, até mesmo, os que ainda viriam a
existir. Agora não existe mais condenação, o sangue de Jesus apagou tudo.
Quando o inimigo olha para a cédula, ele vê o sangue. No entanto, quando nós
olhamos para o sangue, entendemos que temos paz e somos livres (Romanos 8:1-3 /
Hebreus 10:14). Ressalte para eles que muitos foram pegos pelo pecado e postos
em desespero e aflição. Se estes tivessem a segurança de que seria possível, de
algum modo, evitar as consequências de seu pecado, com certeza, voltariam atrás
de suas ações indevidas. Porém, o verdadeiro arrependimento significa não
somente estar aflito pelas consequências de seu pecado, mas também odiar o
pecado em si.
O
maior de todos os milagres
Consideravelmente, o perdão é o maior de todos os
milagres. Nele está contido o ingresso para a salvação e esta é precedida
quando o perdão é estabelecido. Pois, sem ele não há reconciliação. Vejamos
alguns motivos dessa graça divina (Efésios 2:8-9). Por mais que venhamos
interpretar um milagre como estupendo ou glorioso, cada milagre realizado por
Deus tende a nos atrair para Sua presença, causando em nossas vidas outro ainda
maior que é o da salvação (Lucas 10:20). Uma pessoa pode ser curada de câncer e
morrer afastada da presença de Deus. Mesmo que ressuscite, ira morrer outra
vez. E se, após ressuscitar, morrer desviado da presença de Deus? O maior
milagre que as pessoas receberam da parte de Jesus foi: “a tua fé te salvou”.
Houve o perdão e com ele a salvação (Mateus 9:22 / Marcos 5:34; 10:52 / Lucas
7:50; 17:9). O perdão é um mandamento bíblico ordenado por Jesus Cristo. Os
efeitos do perdão são benéficos tanto para quem é perdoado. O objeto do perdão
pode ser uma mágoa, um pecado, um sentimento de culpa, um prejuízo sofrido, uma
palavra maldosa, uma atitude infeliz, uma omissão, uma traição – enfim, coisas
que fazemos ou deixamos de fazer no dia adia. Quando estas coisas são tratadas
com o “detergente” divino do perdão, milagres podem acontecer em nossa vida.
Ressalte para eles que Jesus Cristo tem competência. Autoridade e autonomia
para perdoar (Lucas 5:17-26). O perdão é uma ação que transcende à matéria e
atua no campo espiritual, onde nossos olhos físicos não conseguem perscrutar.
Qual é o motivo de nossa alegria como cristãos?
Qual de nós não se alegraria ao realizar milagres extraordinários em nome de
Jesus? Os discípulos, assim como cada um de nós, também foram tentados a
colocar o motivo de suas alegrias no sucesso ministerial (Lucas 10:19-20). Mas
Jesus lhes disse que maior que tudo isso era ter o nome escrito no livro da
vida, e por quê? Porque se fizermos tudo e não estivermos reconciliados com
Deus, de nada adiantou tanto esforço (Mateus 16:26 / Lucas 9:25). Quando lemos
Mateus 7:22-23, ficamos perplexos com a declaração feita por Jesus, porque o
que adiantou tantos sinais se o maior deles seria estar em paz com Deus? A
âncora da nossa alegria deve descansar não no que adquirimos aqui, mas no que
nos foi reservado na eternidade (Mateus 5:12).
Vivemos em um mundo abarrotado de novidades e
informações, onde a ciência predomina e a tecnologia produz coisas que até
duvidamos ser possíveis. Em meio a toda essa gama de informações e novidades
que nos envolvem, muitas vezes nos esquecemos de nós mesmos. De como seria tão
maravilhoso se pudéssemos viver sem amarguras, ressentimentos, culpas, temores
e sem estar constantemente cometendo mesmos erros. Mas isso não é uma utopia, é
uma realidade. Pedir perdão para muitos é sinal de fraqueza, para nós é a prova
da quantidade de amor que recebemos de Deus (Lucas 7:47). Perdoar é libertar e
ser livre. Quem não sabe perdoar é porque não entende a verdade da cruz, ou
nunca realmente experimentou o gozo de ser perdoado (Mateus 18:32-35). Os sentimentos
de tristeza, de culpa, de vergonha, de rejeição e de humilhação escravizam
alguns ao passado e obstruem o futuro. Até mesmo depois de as lembranças
desaparecerem ou serem reprimidas, muitos descobrem dentro de si reações
negativas e prejudiciais que inexplicavelmente os impulsionam a não avançar.
Assim, permitem que Satanás utilize o passado, impedindo-os de usufruir no
presente a presença de Deus e de um serviço eficaz. A pior coisa que pode
acontecer a uma pessoa que não tem paz com outra é deparar-se com a mesma. O
lugar fica pequeno, o dia praticamente termina e a alegria se vai tão
repentinamente que tudo o que parecia estar bem termina em ira e tristeza. O
perdão nos ajuda não somente a nos livrarmos disto, mas a ser livres, e seguir
em frente. Nunca é tarde para dizer: “eu errei, me perdoe, vamos tentar outra
vez”. O perdão é a ajuda do Espírito Santo para nos livrarmos de todo
sentimento ruim, seja ele qual for. Através do perdão, somos libertos, livres e
com condições de seguir em frente. Nunca é tarde para reconhecer os erros, pedir
perdão é recomeçar. O perdão é remissão de uma dívida. É paz e alegria no
coração.
Um ato de fé e sacrifício
Perdoar é antes de mais nada um ato de Fé, logo,
palavras são risíveis para explicar a sua capacidade miraculosa. Quem perdoa,
inocenta o transgressor de sua culpa, mesmo que a afronta sofrida tenha causado
danos irreparáveis. Quando Jesus revelou aos seus discípulos a necessidade de
se perdoar uma mesma afronta 490 vezes ao dia, imediatamente eles pediram ao
Senhor que a fé lhes fosse aumentada (Lucas 17:3-5). Para se liberar o perdão é
necessário romper com vínculos perniciosos do passado, confrontar conceitos
pré-estabelecidos e renunciar as próprias convicções, tornando o ato de perdoar
em uma atitude de sacrifício e abnegação. Poderíamos comparar a afronta sofrida
por alguém como sendo um profundo corte na própria carne, uma ferida aberta e
exposta, que não se fecha em decorrência das impurezas que se alocam ali. O
perdão é como um bálsamo curador, que tem o poder de purificar e curar ao mesmo
tempo, cicatrizando a ferida. Seria utópico imaginar que após este processo, a
afronta sofrida seja completamente esquecida por quem a vivenciou, mas quando o
perdão é genuíno, essa lembrança não passa de uma mera cicatriz, que embora
esteja ali evidenciando que aquele local específico foi ferido no passado, hoje
não causa desconforto, não incomoda mais, já não dói e nem sangra.
Não perdoar, é cometer um lento e doloroso suicídio
espiritual, pois a mágoa guardada no coração é uma semente produtiva que
germina com rapidez e alastra suas profundas raízes destruindo os alicerces da
fé, da paz e da esperança. Segundo o poeta e dramaturgo inglês Willian Shakespeare,
guardar rancor é como beber veneno esperando que outra pessoa morra. Em outra definição
interessante, a mágoa é descrita como uma pedra incandescente que alguém segura
em suas mãos esperando o momento de jogá-la em seu desafeto. Na edição Nº 13 do
Informe Gospel (fevereiro 2011), o Pr. Wilson Gomes traça uma analogia ainda
mais impactante sobre esta questão, fazendo menção de um terrível castigo da
antiguidade. No antigo Egito, um assassino condenado era atado a sua vítima,
testa a testa, olho a olho, boca a boca, mão a mão, abdômen a abdômen, e assim,
deixado para morrer também. O mau cheiro, a carne putrefata e os vermes passavam
de um corpo para o outro, numa morte lenta, agonizante e desesperadora. O mesmo
processo acontece quando não conseguimos perdoar.... Amarramo-nos a um defunto,
nos alimentamos de podridão e morremos espiritualmente. Muitos estão
acariciando a própria mágoa, amargurando os seus dias, desenvolvendo câncer de
alma e alimentando maus espíritos com seu rancor. Se autodenominam vítimas, mas
estão voluntariamente amarradas a um cadáver, onde já não é possível identificar
quem está mais “podre” diante de Deus e dos homens. Perdoar é libertar-se deste
flagelo, respirar ar puro e voltar a viver.
Perdão é um gesto de grandeza, é um ato que exige
riqueza de alma e caráter. Ao mesmo tempo em que existe o sacrifício pelo mal
perdoado, amontoa-se galardão pela decisão espiritual tomada. Se Jesus Cristo é
o médico que cura almas, ao liberarmos perdão, nos tornamos instrumentos de sua
honra e poder. Para perdoar verdadeiramente, primeiro é preciso buscar uma
força que só existe no amor do próprio Deus. Somente alguém que se sente plenamente
amado pelo Senhor tem condições de perdoar voluntariamente, mesmo que não haja “justiça”
humana nisto. O perdão é essencial para todos aqueles que desejam entrar no
Reino dos Céus, pois nossos pecados só são perdoados, mediante a nossa
capacidade de perdoar (Mateus 18:23-35). Quando perdoamos as ofensas daqueles
que nos tem ofendido, então temos nossas ofensas também perdoadas, e o perdão
provindo de Deus fecha um ciclo glorioso de milagres, curando as feridas, sem
nem ao mesmo, deixar cicatrizes para trás.
Participe da EBD deste domingo, 02/08/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.
Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento
Lição 5
Lição 5
Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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