Naquela manhã, Simão personificava a decepção de uma noite de trabalho improdutiva, a preocupação, o cansaço, e principalmente a frustração, decorrente de uma longa jornada infrutífera. Sua letargia se opõe a alegria da multidão que se aglomera na praia para ouvir o sermão de um jovem pregador chamado Jesus. Pessoas eufóricas e ansiosas pelas surpresas que o dia reservava dividindo o espaço com pescadores cansados e mau pagos que só queriam limpar suas redes e irem para casa descansar. Mas Jesus tinha outros planos. Ele se aproxima de Simão e pergunta: - Me empresta seu barco? E lá se vão mar adentro, Jesus, o dono da esperança, e Pedro, que já não tinha esperança alguma. Estava armado o cenário de um grande milagre.
Diante de ambos, o grande Mar da Galiléia,
elemento essencial para o que irá acontecer. São 22 quilômetros de comprimento
por 12 de largura. Lucas o identifica pelo termo técnico correto, “Lago de
Genesaré”, João o chama pelo título mais passional de “Mar de Tiberíades”...
Mas o nome pouco importa, e sim o que ele tem a oferecer. Jesus usa o barco de
Simão Pedro como um púlpito, e é a partir dele que termina sua pregação. Então,
o pescador frustrado é convidado a voltar ao epicentro de sua frustração e desafiado
a repetir o gesto que o levou ao retumbante fracasso da noite passada: - Lançai
a Rede!
Pedro retruca de imediato: - Mestre, a
noite toda fizemos isto e não pescamos um único peixe... Mas se
retrata imediatamente: - Segundo sua palavra, eu lançarei!
O capítulo cinco de Lucas é o único texto
bíblico a usar o termo grego EPISTATA, que literalmente quer dizer “aquele
que tem o direito de mandar”. Pedro obedeceu ao comando do Epistata e o
milagre aconteceu. Tamanha foi à quantidade de peixes apanhados, que o barco
quase naufragou por excesso de peso.
Quero finalizar este texto te lembrando de
quatro verdades espirituais, que são imutáveis, mesmo que você tente ignorar:
1ª) Todo mundo tem um barco
2ª) Todo mundo tem uma rede
3ª) Todo mundo (voluntária ou involuntariamente)
está em mar aberto
4ª) Jesus está no barco dizendo o que deves
fazer (mesmo que você não o ouça).
O que nos faz diferentes uns dos outros é se
estamos dispostos a ouvir a voz de Jesus e lançar nossa rede outra vez... Mesmo
que o eco da frustração insista em ressoar inconveniente em nossos corações e
mentes...
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