Texto
Áureo
Ora, a fé é o firme fundamento das
coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem.
Hebreus 11:1
Verdade
Aplicada
A fé é o único elo capaz de trazer à
terra o desenho que está projetado nos céus. Sem ela é impossível ver e
conquistar as coisas espirituais que estão ao nosso dispor.
Texto
de Referência
Marcos 5:25-30
E certa mulher que, havia doze anos,
tinha um fluxo de sangue, e que havia padecido muito com muitos médicos, e
despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior; ouvindo
falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste.
Porque dizia: se tão somente tocar
nas suas vestes, sararei.
E logo se lhe secou a fonte do seu
sangue, e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal.
E logo Jesus, conhecendo que a
virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão e disse: Quem tocou nas
minhas vestes?
A
fria letra da lei
Quando lemos o livro de Levíticos,
nos deparamos com diversos pontos da lei mosaica, que de sua forma mui
peculiar, nada mais é do que um imenso cuidado com a saúde pública de Israel.
Entre alguns dos muitos exemplos, podemos citar a proibição do consumo de
certos alimentos, o rigor exigido nos rituais de purificação e o isolamento
obrigatório dos portadores de certas enfermidades. Obviamente, para olhos
ocidentais, alguns tópicos da lei soam cruéis e arbitrários, mas é inegável que
esta legislação serviu ao seu propósito junto a um povo de “dura cerviz”
(Deuteronômio 9:6). A Lei de Moisés foi fundamental para o estabelecimento de
Israel como nação, fazendo com que o bem comum sobrepujasse qualquer
individualidade. A lei era fria e imparcial, e não permitia concessões. Porém,
quando aproximamos nossos olhos da história, veremos que este mecanismo
funcional e muito bem engendrado, ao mesmo tempo em que beneficiava o coletivo,
era responsável pelo drama vivido na individualidade de muitos. Um dos casos mais
conhecidos, pode ser encontrado nas páginas do Novo Testamento.
Numa época onde não existiam
“absorventes higiênicos”, “sabonetes íntimos” ou “consultas regulares ao
ginecologista”, o ciclo menstrual das mulheres era tratado de uma maneira muito
rudimentar. Segundo Levíticos 15:19-28, 18:19 e 20:18, durante sua menstruação,
uma mulher era considerada “imunda” e durante duas semanas, ela não poderia ser
tocada por ninguém, nem mesmo pelo marido. Os sete primeiros dias consistiam no
período de “imundice” e os demais seriam destinados para a purificação. Na pratica,
esta era uma forma de coibir a transmissão de qualquer doença que pudesse ser
contraída pelo contato com secreções humanas, e acabava contribuindo
diretamente para a alta taxa de natalidade entre hebreus, já que as relações
sexuais sempre aconteciam no período de maior fertilidade das mulheres. Este
era um ciclo rotineiro dentro daquela cultura, porém podia ser agravado em
causos de distúrbios hormonais ou períodos menstruais prolongados, pois
enquanto houvesse sangramento, a mulher seria considerada imunda e estaria
privada do contato direto com qualquer outra pessoa, incluindo a própria
família, não podendo nem mesmo compartilhar de talheres, roupas ou assentos.
Mateus, Marcos e Lucas registram a história de uma mulher que sofria de uma
hemorragia constante, estando a mais de uma década privada do toque de seus
entes queridos.
Não sabemos o seu nome e nem sua idade,
mas as poucas informações dadas pelos evangelistas são o suficiente para
entendermos a gravidade de sua situação. Antes da hemorragia, ela tinha uma vida feliz
e abastada com sua família, mas a partir do momento que o fluxo contínuo teve
início, seu mundo desabou. Na tentativa de encontrar uma solução para seu mal,
aquela mulher empregou todos os seus recursos em consultas médicas improdutivas
e medicamentos ineficientes. Nada surtiu efeito. Pelo contrário, a sua saúde só
fazia piorar, e a cada dia a pobre mulher estava mais debilitada. Seu
sofrimento físico, com a perda diária de muito sangue, só não era maior que a
opressão psicológica provocada pela privação familiar e social. Sem mais
dinheiro para investir em tratamento, nada sobrava para lhe dar esperança...
Até que ela ouviu falar sobre certo Jesus...
De
mim saiu virtude
Nesta lição, estudaremos a vida de
uma mulher sofrida, que empobreceu por gastar todo o seu dinheiro em busca da
cura de sua enfermidade. Uma mulher sem paz que, ouvindo falar de Jesus Cristo,
resolve ir ao seu encontro. Em meio à multidão, uma mulher anônima, doente,
falida, mas desejosa por ser curada, rompe o silêncio de Jesus que, ao ser
tocado, tenta buscá-la entre o povo, dizendo: “(...) de mim saiu virtude” (Lucas
8:46). Aos pés de Jesus, ela encontrou a tão sonhada resposta que procurava e
que a medicina lhe havia negado. Durante longos doze anos, essa mulher buscou
incessantemente uma solução para sua hemorragia. A medicina e a ciência de sua época
não puderam curá-la e, dia a dia, sua situação se tornava ainda mais
desesperadora (Marcos 5:25-26). Ela chegou ao final de si mesma e de todos os
recursos humanos. Todavia, quando alçou o fundo do poço, uma fagulha de
esperança irradiou sua alma. Ela decidiu olhar para os céus e determinou em seu
coração que se tocasse em Jesus ficaria sã (Marcos 5:27-28). Existem ocasiões
em que o Senhor nos introduz em processos dolorosos e angustiosos. A finalidade
desses processos é que esvaziemos e cheguemos ao fim de nossos recursos humanos
e naturais. Em outras palavras, é como se o Senhor colocasse uma espada em
nosso peito e nos encurralasse contra a parede para que lhe entreguemos alguma
área de nossas vidas que nunca antes estivemos dispostos a entregar-lhe. Isto
não consiste em uma chantagem, e sim, num ato de misericórdia, que transcende a
compreensão humana e cujo único propósito está em nos aproximar de sua pessoa.
Essa mulher sofria de uma hemorragia
aparentemente incurável e que lentamente destruía sua vida. Sobre ela se abatia
uma pressão emocional que consumia suas forças dia após dia. Além de suas
muitas decepções com os médicos e a pobreza que lhe sobreveio, havia ainda
outro fardo sobre ela, pois, de acordo com a Lei, ela se encontrava cerimonialmente
impura, o que limitava grandemente sua vida religiosa e social (Levítico 15:19-33).
A enfermidade dessa mulher lhe sugou as forças, lhe consumiu todas as suas
finanças e lhe privou do direito de adorar ao Senhor. Vendo que nada mais dava
certo, ela recorreu a Jesus e nEle encontrou cura, alívio, paz e salvação (Marcos
5:28-29). No tempo de Jesus, a maioria dos estudos médicos voltava-se para o
corpo do homem, de modo que um médico não se tornara somente inacessível pela
questão financeira, mas pela própria cultura local. Com exceção de suas
esposas, os médicos eram impedidos de tocar outras mulheres, fator que
possivelmente agravou ainda mais os problemas dessa mulher. Essa mulher não
deixou que nada impedisse de chegar até Jesus. Ela poderia ter pensado não ser
correto procurar Jesus como último recurso. Mesmo assim, ela deixou de lado
todos os argumentos e desculpas. Ela rompeu as barreiras pela fé.
Em meio à multidão somente uma pessoa
se destacou. Aquela sofrida mulher, com muita perseverança e determinação,
resolveu chegar diante de jesus acreditando que um milagre iria acontecer se
pudesse tocá-lo (Marcos 5:28). Essa mulher conseguiu extrair algo de Jesus, o
que lhe deixou curioso em conhece-la entre a multidão (Marcos 5:30, 32). A cura
aconteceu instantaneamente porque naquele toque houve transfusão. De Jesus saiu
virtude e dela saiu a enfermidade. Jesus literalmente tomou sobre si as dores e
as enfermidades daquela mulher e lhe deu automaticamente uma paz que ela nunca
experimentou, juntamente com uma salvação que o dinheiro jamais poderia comprar
(Marcos 5:34). A fé é fundamental para que um milagre aconteça (Hebreus 11:6). Essa
mulher reconheceu sua dificuldade, ela sabia que não adiantava esconder o
problema. Ela sabia que era preciso tomar uma atitude de fé. Só que ela se
ergueu, colocou em seu coração uma meta e não ficou buscando resolver seus
problemas pelo poder humano. A fé vai além da ciência, mas é preciso
determinação e perseverança. Ela encontrou uma multidão à sua frente, mas não
permitiu que isso abalasse a sua convicção (Jeremias 29:13).
A
cura do corpo e da alma
Durante doze anos essa mulher viveu
de forma anônima porque além de ser vítima de uma enfermidade, ainda era vítima
da sociedade. Ela era fisicamente doente e psicologicamente abatida. Mas aquele
toque em especial lhe trouxe tanto a saúde quanto a autoestima. Existem dias
que são marcantes em nossas vidas. Eles sempre começam quando resolvemos romper
as barreiras que nos cercam e acreditar que, em Cristo Jesus, nossas causas
mais impossíveis podem ser realizadas. Foi exatamente o que fez essa mulher.
Embora, Jesus tenha sido para essa mulher o último dos recursos, ela o
sensibilizou de tal maneira que o Mestre procurava vê-la entre a multidão (Marcos
5:32). A mulher planejava desaparecer no meio da multidão, mas Ele a deteve,
tornando público o seu milagre. Ele não desejava ser para ela apenas um
“curandeiro”, desejava ser também seu Salvador e amigo. Queria que contemplasse
seu rosto, sentisse seu carinho e ouvisse suas palavras de incentivo (Marcos
5:33-34). Essa mulher experimentou algo maior do que a cura física ao chegar
diante de Jesus. O Senhor a chamou de “filha” e a enviou para casa com uma
bênção de paz (Marcos 5:34). A injunção: - “Fica livre do teu mal” - vai muito
além da restauração do corpo. Jesus também lhe deu cura espiritual!
Não são poucas as vezes que saímos
para o culto sem determinação. É comum sairmos esperando que algo simplesmente
aconteça, todavia, sem alvos específicos no coração. O milagre alcançado por
essa mulher apresenta níveis espirituais em que vivemos e tudo se resume na
maneira como saímos ao encontro de Jesus. Ela determinou em seu coração que se
tocasse na orla de suas vestes seria curada e assim aconteceu. Essa mulher
mexeu tanto com Jesus que a multidão foi esquecida e somente ela alcançou o
milagre em meio a todas aquelas pessoas. Jesus a trouxe para o meio da multidão
para mostrar a todos que é possível tocá-lo e ser milagrosamente transformado
pelo Seu Poder (Jeremias 33:3 / Marcos 9:23). A fé é a chave para a porta dos
milagres. Sem ela é impossível o céu se mover e por ela se tornou possível os benefícios
alcançados por essa mulher tanto no corpo físico quanto na vida espiritual. Além
de receber a cura imediata, essa mulher foi agraciada com o perdão de seus
pecados e que esse é o maior milagre que uma pessoa pode receber na vida: a
salvação de sua alma. Diga-lhes que os milagres de Cristo eram “lições
práticas” com o propósito de ensinar ao povo espiritualmente cego o que Deus
era capaz de fazer por eles se cressem em Seu Filho.
Entendemos claramente que a fé
provocou o milagre na vida dessa mulher. No entanto, Jesus fez a questão de
enfatizar que sua fé lhe proporcionou algo maior que uma cura. A sua fé lhe
trouxe salvação (Marcos 5:34). Precisamos entender que os milagres são
essenciais, pois eles credenciam a pregação da Palavra de Deus, pois o
Evangelho sem milagres é como um céu sem estrelas. Mas existe algo que devemos
aprender acerca dos milagres. Embora eles sejam o cartão postal da pregação,
eles atingem somente o corpo e não a alma, eles não salvam. É importante
visualizarmos algo mais naquilo que Jesus revela a essa mulher. Porque é
possível um morto ressuscitar e morrer sem salvação. Não existe dom mais
precioso que a salvação (Efésios 2:8-9). Muitos que receberam grandes milagres,
hoje não estão mais na presença do Senhor. A geração que mais recebeu milagres
de Deus não entrou na Terra Prometida. Os milagres são a porta de entrada para
conhecermos a Deus, e são de suma importância e fundamentais para o
fortalecimento da nossa fé, que podem nos levar a uma forte experiência com
Deus. Contudo, ser salvo é o mais importante na vida cristã. A Salvação é nosso
bem mais precioso, e é preciso valorizá-la, lutar por ela e vigiar porque
muitos se distanciaram dela e se perderam (Hebreus 2:3 / I Pedro 1:9).
Um toque especial
Conviver com uma hemorragia contínua,
já em si um grande fardo a carregar. Cólicas constantes, dores lombares e
abdominais, desarranjo hormonal e odores desagradáveis nem eram os maiores
incômodos daquela mulher, mas sim a solidão. Uma mulher em sua condição era
proibida por lei de frequentar lugares públicos, assim, ela não podia fazer
compras, passear com a família, tomar um chá com suas amigas ou participar de
um culto ao Senhor. Além de conviver com seus “demônios interiores”, ainda era
preciso exteriorizar sua miséria, pois sempre que alguém se aproximasse demais,
era sua obrigação civil informar que estava "imunda". Como deveria se sentir cada vez
que precisava proferir essas palavras? Aos olhos da lei, ela não passava de um
agente contaminador. Sem amparo na medicina de seu tempo, aquela mulher tem um
novo lampejo de esperança quando ouve falar de um jovem pregador, que por onde
passa, deixa para traz um rastro de prodígios miraculosos. Até ali, Jesus já
tinha curado leprosos e aleijados, expulsado demônios, transformado água em
vinho, multiplicados pães e feito o mar se acalmar, e tudo isso, o credenciava
como um grande operador de milagres e o único capaz de dar um fim para aquele
imenso sofrimento.
Jesus estava apregoando seu evangelho
na província dos gadarenos quando um homem de alta posição social chamado
Jairo, se lança aos pés do Senhor e pede que Ele socorra sua filha que está
muito doente. Mais tarde, aquela menina seria trazida de volta a vida por
Jesus, mas é no trajeto até sua residência que iremos testemunhar um ato de
muita fé e coragem. Enquanto Jesus caminhava, uma grande multidão se formava ao
seu redor. Discípulos, seguidores, simpatizantes e curiosos se amontoavam em torno de Jesus, formando uma barreira humana quase intransponível. Seria
impossível chegar até ele sem tocar em ninguém. Aquela mulher sabia que só
teria uma chance na vida de se encontrar com o Salvador, mas para isso, ela
teria que atravessar uma multidão, o que certamente implicaria nas punições
previstas em lei. Mas uma certeza absoluta lhe dava coragem para seguir... “Eu
só preciso de um toque”....
Fraca e debilitada, ela começa sua
jornada por entre aquele mar de gente. Certamente ela tentou não tocar em
ninguém, mas bastaram alguns segundos para que o primeiro transeunte esbarasse
nela. A culpa a corroeu por ter “contaminado” um inocente, mas já que tinha
chegado até ali, ela deveria continuar. O progresso era milimétrico e pesaroso.
Ela havia se tornado num farrapo humano, e ali na sua frente, homens empolgados
e mulheres plenas de saúde disputavam cada pequeno espaço. Seu esforço foi
sobre-humano, e exaurida, quase ao ponto de desmaiar, ela viu pela primeira vez
um relance de Jesus. Ela podia vê-lo, mas não o alcançar, pois para isso era
necessário avançar ainda mais.... Ela então, retira forças da única fonte que
resta, a fé. Quase caída no chão, a esquelética mulher estica seu braço até
sentir os ossos estalarem, os milímetros parecem metros, até que ela sente a
ponta de um de seus dedos encostar no tecido da roupa de Jesus. O mundo parou....
Seu corpo é abraçado pelo calor... Ela sente o sangue parar de escorrer.... Uma
força a muito perdida move seu corpo do chão e a mulher se levanta. Ela está
estática e as pessoas passam apressadas a deixando para traz. E então Jesus também
para. Ele se volta para a turba e diz: - Alguém
me tocou... Pedro estranha o comentário, pois centenas de pessoas o estão
tocando desde que desembarcou na praia. Então, o Senhor Jesus revela o quão
poderoso um toque de fé pode ser: - Alguém
me tocou de um modo muito especial... Pois de mim saiu virtude!
Lições
práticas
A Bíblia nos diz que essa mulher, ao
ser chamada por Jesus, se apresentou temendo e tremendo, prostrou-se diante
dEle e lhe disse toda a verdade (Marcos 5:33). Então, diante da grande
multidão, Jesus revela o que sucedeu aquela mulher que o tocara de forma tão
especial. Essa mulher recebeu em apenas um toque a combinação mais perfeita da
graça de Cristo nos oferece. Ela recebe a cura do corpo, a salvação da alma e a
paz (Mateus 5:34). Em meio à multidão que busca Jesus, poucos são aqueles que
realmente conseguem extrair da pessoa de Cristo um significado tão importante
para suas vidas como esse. É comum em nossos dias encontrarmos pessoas salvas e
sem paz em nossos templos. Pode haver quem não concorde, mas o milagre não é
nada sem a salvação e a verdadeira salvação em Cristo é aquela que produz paz
nos corações (Romanos 14:17). Aquela mulher extraiu de Cristo três coisas muito
importantes: a cura, a salvação e a paz. A salvação sem paz é apenas um estilo
religioso, porque estar em paz é ter certeza de que nada nos falta, mesmo que
materialmente ou fisicamente isso não se complete. Nada pode roubar a paz de um
salvo. Bens não produzem paz, nem milagres geram salvação. Mas esses três
fatores podem se harmonizar e tornar-se uma realidade na vida daqueles que
recebem a salvação.
Segundo a Lei, se uma mulher imunda
tocasse alguém nos dias em que estivesse sangrando, aquilo que tocasse também
ficaria imundo. A situação da mulher quando perguntada se tocou em Jesus era
delicada, por isso temeu muito. Ela estava tocando em um homem santo e
quebrando uma regra da Lei diante de muitos (Levítico 15:19). É preciso
urgentemente compreender a grande mensagem deixada por Jesus. Ao tocarmos nEle
pela fé, não importa quão sujos estamos ou quão pecadores somos, em vez de Ele
se contaminar, nos é que ficamos limpos (II Coríntios 4:6 / I João 3:3). Segundo
os costumes da Lei, essa mulher jamais poderia ter tocado em Jesus, porque tudo
o que uma mulher classificada como imunda tocasse seria considerado tão impuro
quanto ela. Ao chamá-la, Jesus não a estava expondo, mas tirando de seus ombros
o fardo pesado da religião, aliviando seu coração e mostrando-lhe que não há
impureza que Ele não possa purificar.
O milagre ocorrido com essa mulher
tem por finalidade ser figura do alívio que o Evangelho proporciona a alma
humana (Marcos 5:29). A experiência de muitas pessoas, que vivem com as
consciências exaustas, tem sido precisamente semelhante àquela que teve a
mulher após ser curada de sua enfermidade. Muitos têm passado anos a fio em
tristeza, à procura da paz com Deus sem jamais tê-la encontrado. São indivíduos
que vêm apelando para todos os recursos humanos possíveis, até que, finalmente,
eles encontram alívio em Jesus (Mateus 11:30). Um toque com verdadeira fé pode
fazer mais pela alma do que uma centena de sacrifícios autoimpostos. Esclareça
e comunique a eles a importância de compreender que a entrega de nós mesmos a
Cristo é ao grande e único segredo da paz com Deus. Não se esqueça de enfatizar
a importância da fé e da determinação como elementos indispensáveis para o
alívio da alma. Não foi permitido que aquela mulher voltasse para casa sem que
primeiro a sua cura fosse manifesta a todos. Não podemos nos envergonhar de
testemunhar de Cristo diante dos homens. Antes, devemos tornar conhecido de
todos aquilo que Cristo tem feito em favor de nossas almas (Marcos 5:33-34).
Antes de receber o convite para
visitar a casa do centurião romano Cornélio, o apóstolo Pedro teve uma visão,
onde vários animais considerados impuros pela lei lhe eram oferecidos como
alimento. Ele recusou terminantemente a oferta, dizendo que jamais em sua vida
havia comido algo impuro e aquela não seria a primeira vez. Surpreendentemente,
Pedro foi repreendido pelo Senhor, pois “nenhum homem pode banalizar algo que o
próprio Deus santificou” (Atos 10:15). Quando
olhamos a história da mulher do fluxo de sangue pelas “lentes” da lei, o que
vemos é uma gigantesca aberração moral. Em seu trajeto até Jesus, ela teve
contato direto com dezenas de pessoas, tornando em impura cada uma delas.
Estas pessoas tocaram em outras pessoas e assim se desencadeou uma rede de
contaminação social, que culminaria em Jesus, o único toque realmente
premeditado pela mulher. Para olhos
pragmáticos, Jesus agora também estava impuro, e quem ele tocasse, se
contaminaria também, incluindo a filha de Jairo, que em poucas horas, voltaria
a viver por um toque do Cristo. A lei generaliza, se faz valer de dados e
estatísticas, enxerga o todo e age em prol dele. Jesus olha a multidão, mas
enxerga pessoas. Ele sabe quem esta “puro” diante da lei, mas carrega manchas
em seu coração, e também enxerga os esquecidos e humilhados, “impuros” diante
da sociedade, mas cujo interior é tão alvo quanto a neve.
Quando aquela mulher anônima tocou a
orla de seu manto, em uma fração de segundo, Jesus pode contemplar seu coração
e sua mente. Ele sentiu a sua dor, testemunhou seu sofrimento, observou cada lágrima.
Ele foi impactado pela sua convicção, pela sua coragem, e acima de tudo pela
sua fé. Para quem se viu abraçada a
tantas esperanças enganosas, ela buscou a verdade. Diante do poder ameaçador da
morte, sua opção foi recorrer a vida. Jesus não bateu na porta de sua casa, não
lhe enviou um convite formal, não a chamou pelo nome, não lançou um olhar
exclusivo para ela... Não haveria garantias de que Jesus a iria atender, e ela
nem esperava por tamanha complacência. Aquela mulher entendeu que o milagre
dependia “dela” e não “dele”. Pela fé, ela tinha certeza absoluta que em Jesus
estava a cura e o fim de seu sofrimento. Pela sua condição ela se negava a
tocar "em" Jesus, pois se sentia indigna de tamanha ousadia... Tudo o que ela
almejava era tocar na sua “roupa”, e armada apenas por sua crença, ela foi e
tocou. Jesus sentiu o poder da fé que nela residia e ao mediante o toque sutil,
liberou virtude abundante. A cura física
foi instantânea. A força do milagre imediatamente a tirou do chão. Enquanto
olha para suas mãos amareladas ganhando novas cores, ela escuta a voz de seu Salvador
dizendo: - Quem me tocou?
E agora? Deve ela se expor e arcar
com as consequências de seus atos ou se manter anônima e ir para casa abraçar a
família? Não há tempo para este tipo de questionamento interior, e ela
prontamente atende a voz de seu Senhor, e imergindo da multidão, assume seu
ato: - Foi eu quem te tocou! Ainda
tremula, ela se aproxima de Jesus esperando uma repreensão, afinal era uma
mulher tocando em um homem, uma “impura” profanando a pureza, uma excluída
diante de um rabi, uma “pecadora” diante do Santo. Mas o que ela recebe de
Jesus é um olhar de compaixão. Encorajada pelos olhos ternos do Cristo, ela
testifica de sua condição e de como fora curada instantaneamente (Lucas 8:47).
Jesus, com a autoridade de um mestre da lei a conforta: - Não tenha medo de represálias e vá em paz para a sua casa. Com a
autoridade do Filho de Deus ele retribui o gesto da mulher, tocando
profundamente sua alma: - A tua fé te
salvou! E uma multidão embasbacada
aprende na pratica a lição que Pedro precisou revisar: - Ninguém pode declarar
“imundo” a quem o próprio Cristo “purificou”! Se Cristo é o destino, até mesmo o que parece
ser um rastro de imundície se torna caminho de Salvação!
Participe da EBD deste domingo, 12/07/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.
Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento
Lição 2
Lição 2
Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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