Enquanto orava
no templo em Siló, Ana era observada pelo sacerdote Eli, que assentado em uma
cadeira, assistia a bucólica cena. Devido a grande tristeza em seu coração,
aquela mulher “literalmente” se jogou ao solo, e sua boca apenas balbuciava
palavras, sem que sons audíveis fossem emitidos. Mais uma vez, Ana é
incompreendida, desta vez por seu líder espiritual, que se aproximando dela, a
acusa de estar embriagada. Quanta injustiça, pois naquele exato momento, em
lágrimas, Ana fazia um voto ao Senhor, dizendo: "Ó
Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te
lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho,
então eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e
a sua barba nunca serão cortados" (1
Samuel 1:10:11). Ao tomar conhecimento da história de Ana, imediatamente o
sacerdote Eli abandona sua posição inquiridora, e age como um verdadeiro homem
de Deus precisa agir: “Vá em paz, e que o
Deus de Israel lhe conceda o que você pediu" (I Samuel 1:17). Bastaram estas palavras de animo, para que
Ana tivesse suas forças revigoradas. A partir deste momento, as lágrimas
cessam, a tristeza vai embora, seu semblante se transforma e ela volta a se
alimentar (I Samuel 1:18). Na prática, Ana saiu do templo da mesma forma que
entrou: sem nenhum filho em seu ventre e ainda estéril. Mas agora, ancorada nas
palavras de Eli, ela tinha certeza que Deus atenderia o pedido feito em oração.
Ana não teve seu filho nos braços imediatamente, mas isso não a fez perder a
esperança readquirida, pois agora, tudo era uma questão de tempo: O Tempo de
Deus. E o que talvez nem ela soubesse, é que já na manhã seguinte, o milagre
começou a acontecer. A mulher estéril agora era uma alegre mãe.
I Samuel
2:1-10 registra uma das mais belas passagens bíblicas, popularmente conhecida
como o “CÂNTICO DE ANA”. Este texto é na verdade uma oração de agradecimento
realizada por Ana, após receber do Senhor a benção da maternidade. Ana não
somente louva ao Senhor por sua fidelidade, como também ressalta o fato de que a
justiça provem de Deus, e que no tempo oportuno, Ele age contra os maus, em
favor dos bons. Outra revelação inserida neste contexto, é que após
entregar seu pequeno Samuel no templo, onde o menino cresceu para se tornar o
maior e último juiz de Israel, um sacerdote reformador e o homem responsável
por ungir os dois primeiros reis da Nação (Saul e Davi); Ana ainda desfrutou da
companhia de mais seis filhos. A mulher estéril agora era uma árvore frutífera,
cuja vida se encheu de alegria com muitas crianças correndo pela casa. Pra quem
almejava um filho, “sete” parece um número muito além das expectativas, mas é
exatamente assim que nosso Deus trabalha: Ora,
àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo
que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera (Efésios 3:20-21).
O Cântico de
Ana:
"Meu
coração exulta no Senhor; no Senhor minha força é exaltada. Minha boca se
exalta sobre os meus inimigos, pois me alegro em tua libertação. Não
falem tão orgulhosamente, nem saia de suas bocas tal arrogância, pois o Senhor
é Deus sábio; é ele quem julga os atos dos homens. O arco dos fortes é
quebrado, mas os fracos são revestidos de força. Os que tinham muito,
agora trabalham por comida, mas os que estavam famintos, agora não passam fome.
A que era estéril deu à luz sete filhos, mas a que tinha muitos filhos ficou
sem vigor. O Senhor mata e preserva a vida; ele faz descer à sepultura e
dela resgata. O Senhor é quem dá pobreza e riqueza; ele humilha e exalta. Levanta
do pó o necessitado e, do monte de cinzas ergue o pobre; ele os faz sentarem-se
com príncipes e lhes dá lugar de honra. Pois os alicerces da terra são do
Senhor; sobre eles estabeleceu o mundo. Ele guardará os pés dos seus
santos, mas os ímpios serão silenciados nas trevas, pois não é pela força que o
homem prevalece. Aqueles que se opõem ao Senhor serão despedaçados. Ele
trovejará do céu contra eles; o Senhor julgará até os confins da terra. Ele
dará poder a seu rei e exaltará a força do seu ungido".
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